O Príncipe Lycan {Twilight/Beward} escrita por alane


Capítulo 8
Brigando


Notas iniciais do capítulo

Queridas leitoras, a partir de agora, um novo capítulo será postado toda terça. Como são capítulos grandes, esse é o tempo que eu preciso pra conseguir escrever tudo da maneira que eu gostaria. Muito obrigada à todas as que estão comentando e incentivando; foi o que me fez voltar a essa história ♥ Vocês são maravilhosas!



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Bella

Quando Angela saiu, decidi que era hora de ser prática. Não tinha esperanças de Edward me deixar ficar nesse dormitório, então resolvi que era hora de organizar minhas coisas. Coloquei meu celular para carregar, finalmente, encontrei minhas malas e as deixei abertas sob a cama pra poder guardar todas as minhas roupas. Não era muito e essa parte foi bem fácil. Ainda havia uma série de livros e outros objetos pessoais que eu havia trazido em caixas há menos de um mês quando me mudei. Claramente não tinha mais as caixas. Recorri então às malas de Angela. Sabia que ela não se importaria; eu as devolveria assim que tivesse tudo acertado na casa de Edward. Apenas uma hora após começar minha empreitada, tudo já estava embalado e pronto para ser levado.

Decidi então olhar minhas mensagens. Tinha 17 de mamãe. Mais algumas de alguns amigos checando se eu estava bem, além das de Angela, é claro. Priorizei as de mamãe. Ela estava preocupada, tentando saber como eu estava desde ontem à noite. Respondi rápido

— Estou bem mamãe. Fiquei sem bateria ontem à noite, mas tudo correu bem. Estou na faculdade agora.

Sua resposta foi imediata. Mais uma torrente de mensagens, as primeiras dando graças aos deuses, as próximas com um bombardeio de perguntas, mais algumas aliviadas de que eu ainda estivesse autorizada a vir para a faculdade e não tivesse sido carregada para fora do país.

Foi quando me dei conta do quanto precisava dos meus pais. O conforto e a normalidade da casa em que cresci, um pouco de colo e carinho para acalmar os meus medos do futuro era tudo o que eu queria. Decidida, tirei o vestido de Alice e coloquei minha roupa de exercícios. Correr pela floresta na velocidade sobre-humana que eu tinha geralmente me fazia chegar em casa em 40 minutos. Com sorte, eu passaria algum tempo com eles e voltaria para a faculdade antes que Alice terminasse as aulas, sem que Edward sequer soubesse. Vesti um moletom com capuz pra poder esconder meu rosto e evitar chamar mais atenção para mim mesma enquanto me esgueirava para fora da área dos dormitórios e então até a floresta. Ainda recebi alguns olhares, provavelmente por causa da nova estranha aura que eu estava emitindo, mas, no geral, eles me ignoravam rapidamente quando encontravam apenas o capuz do moletom ridículo no qual eu havia me enfiado.

Nem podia expressar o meu alívio quando finalmente alcancei a borda da floresta. Caminhei um pouco mais mata adentro, escutando qualquer sinal de movimento, mas não havia nada, ninguém estava me seguindo. Então corri. Queria que fosse em minha forma de loba, mas mesmo sem isso, correr era bom. A sensação do vento batendo no meu rosto, a velocidade, os cheiros da floresta... Eu estava em meu elemento natural e me senti confortável pela primeira vez na minha própria pele desde que havia encontrado Edward.

Meus sentidos também haviam aumentado, e acabou que fiz o caminho para casa em menos de meia hora, conseguindo escutar até o som do vento ao redor da casa quando ainda estava à algumas milhas de distância; completamente em silêncio dentro dela, indicando que não havia ninguém. Mas tudo bem, meus pais faziam plantão e geralmente chegavam por volta desse horário.

Encontro a chave reserva que meus pais esconderam de baixo de um vaso pesado quando comecei à frequentar a escola, pensando justamente nessa situação: eu aparecer sem minhas chaves e eles ainda não terem chegado. Decido por fazer um sanduiche enquanto espero, já que não comi nada durante o dia. Sorte minha que a geladeira dos meus pais sempre está abastecida. Estou terminando de comer quando ouço o carro deles estacionando.

“Bella! Bella querida! Você está aqui?” Eu corro para fora da cozinha para encontrar minha mãe em seu uniforme de enfermeira e um olhar aliviado em seu rosto. Ela me engolfa em um abraço que apenas uma mãe consegue dar e eu respiro seu aroma familiar e reconfortante. Papai está vindo logo atrás e rapidamente se junta a nós, depositando um beijo em cada uma das nossas cabeças. Nós então nos sentamos e eu sou bombardeada por perguntas.

Basicamente tentando ter certeza de que eu estava bem e sendo bem tratada, o que eu estava; mas, mesmo assim, eles tocavam meus braços e me olhavam procurando por hematomas – os que, graças aos céus, estavam escondidos, porque eu obviamente ficaria mortificada caso tivesse que os explicar aos meus pais. “Estou bem, mãe, eu juro” assegurei com o sorriso mais sincero que consegui, saindo das mãos dela antes que ela descobrisse o chupão no meu pescoço.

“Ela parece mesmo bem, querida” Meu pai tentava acalmá-la.

“Querida, por que você não nos contou sobre James?”, minha mãe por fim perguntou, com lágrimas formando uma piscina em seus olhos e eu podia ver a preocupação que ela mantinha escondida dentro de si. Desviei o olhar, não querendo ver o desapontamento no rosto deles.

“Desculpe” disse baixinho, “eu não queria que vocês pensassem que não fui boa o bastante para ele”.

“Absurdo!” Meu pai diz bravo. “Aquele garoto foi estúpido ao rejeitar você. Se ele não fosse o filho do Alpha, eu iria mutilá-lo por se atrever a causar-lhe dor”. Eu posso ver seu lobo querendo subir à superfície quando seus olhos brilham um perigoso tom de cinza, ele segura os braços da cadeira como se dependesse disso para se manter quieto, mas ainda ouvimos pequenos rosnados saindo de seu peito.

“Se acalme, Charlie. Não podemos fazer nada estúpido. Especialmente não agora”, minha mãe fala suavemente enquanto alcança suas mãos, parecendo acalmá-lo.

“Além disso, você teve uma segunda chance agora, não é querida?”, ela continua, sorrindo para mim.

“Sim, embora eu ainda não entenda como isso é possível”.

“Lycans não seguem estritamente as mesmas regras que a natureza nos impõe querida. Eles regem o nosso mundo, é claro que há exceções que nós  nem conseguimos começar a entender. O importante é o que você sente por ele”

“Eu não sei o que sinto mamãe”, disse triste. “Há alguma coisa, mas eu não consigo realmente entender o que é... É tão diferente de tudo o que senti da primeira vez”. Olho para eles um pouco perdida.

“Isso é normal, querida. Você obviamente passou por muita coisa com a rejeição daquele merdinha”, ela seguiu brava, “construiu muros ao seu redor para proteger seu coração.”

“Não se preocupe. Há um plano para tudo; te ensinamos isso, não ensinamos minha Bells?” Papai segura as minhas mãos enquanto fala. Aceno para ele, esperançosa. “Não pense demais no futuro, apenas coopere com ele. Está claro que a deusa tem planos maiores para você”. Mamãe passa as mãos no meu cabelo e me puxa para o seu ombro, “o importante é que você saiba que, não importa o que o futuro lhe reserve, nós sempre estaremos aqui pra você”.

Me sinto emotiva com as declarações dos meus pais... era exatamente disso que eu precisava há meses, quando James me feriu daquela maneira; gostaria de ter contado mais cedo a eles. Eu, com certeza, não precisaria ter passado por tudo sozinha. Se minha tia não estivesse lá por mim pelo menos na pior fase, eu provavelmente ainda estaria em depressão. Sigo descansando nos braços dos meus pais por mais um tempo até que a porta de repente é escancarada. Todos nós nos levantamos assustados; eu principalmente. Não por medo do desconhecido, como meus pais, mas porque um cheiro familiar enche minhas narinas e eu sei exatamente quem vai irromper nessa sala. Minha loba, que não costuma ter reações fortes desde o episódio com James, briga para vê-lo através dos meus olhos, e sei que esses estão mudando de cor nesse instante.

“Alteza!” Meu pai diz surpreso quando Edward entra com o semblante mais fechado que já vi.

Estou ferrada.

Todos nós estávamos rígidos esperando pelo que Edward faria, sua postura pingava arrogância e sua aura demandava submissão. Eu podia sentir a palma das minhas mãos começarem a suar, toda a excitaçao por vê-lo após algumas horas distantes havia desaparecido. Meu estomago afundou de tal maneira que me arrependi do sanduiche que havia comido mais cedo. Edward colocou aquela máscara inexpressiva que os Lycans usavam tão bem; mas quando seus olhos encontraram os meus, eu pude ver a fisgada de irritação nele, como se estivesse sendo pega fazendo algo errado. Eu não sabia se deveria ficar assustada ou começar a pedir perdão, mas tinha certeza de que nenhuma dessas coisas me salvariam.

Emmett entrou logo atrás do Príncipe, sua face com a mesma máscara impassível. Como eles souberam que eu estava aqui? Alie estava na aula, ela ainda não tinha como saber. Ou isso era apenas uma coincidência? Será que ele já havia planejado vir visitar meus pais e nós nos encontramos aqui ao acaso? Eu duvidava.

De toda forma, decidi me manter firme e não demonstrar meu medo. Eu não estava fazendo nada errado ao visitar meus pais, não sou prisioneira de Edward, ele não pode ficar bravo comigo por isso.

“Bem... Bem-vindo, Alteza”, minha mãe gaguejou um comprimento. “Por favor, sentem-se”, ela continua, indicando o sofá em que estávamos abraçados há apenas um minuto. Eu não digo uma palavra, mas me movo para perto dele, esperando que isso aplacasse um pouco seu humor e o da loba em mim, que por alguma estranha razão, estava ansiosa desde que sentiu o cheiro dele entrando na casa. Seus olhos me seguem como um falcão, sem sequer parecer notar as demais presenças na sala enquanto me aproximo. O ar entre nós parece ficar mais denso a cada segundo. Meus pais mudam o peso de um pé pro outro, claramente agitados e nervosos. Sei que Edward espera que eu abaixe minha cabeça, mesmo que eu não sinta a mesma urgência que qualquer outro lobo e, embora eu não queira parecer uma coelhinha assustada, o faço pensando que será mais fácil para os meus pais se eu não desafiá-lo agora. Relutantemente, me obrigo a curvar o meu pescoço, abaixando a cabeça em submissão quando paro na frente dele, travando o meu maxilar no processo para me impedir de dizer ou fazer qualquer coisa impertinente.

Sinto quando ele passa a mão no meu cabelo, o afastando do meu pescoço, para revelar o chupão que ele deixou ali e lentamente acariciá-lo com a ponta do dedo. É o suficiente para que eu sinta arrepios por todo o meu corpo e meus dedos dos pés se encolherem dentro dos meus tênis. Olho para seu rosto apenas para ver o sorriso cretino de quem sabe exatamente o que está fazendo comigo. Quero estapeá-lo até arrancar aquele sorriso estúpido da cara dele, mas simplesmente desvio o meu olhar novamente para o chão.

Odeio isso. Odeio com todas as forças. Meus punhos estão fechados rigidamente de cada lado do meu corpo para garantir que não os enfiarei na cara do Príncipe. Odeio ser fraca e não poder me defender dele, assim como não pude me defender quando James me rejeitou daquela forma cruel. Agora, estou à mercê dessa besta para que ele faça comigo o que bem entender.

Ele faz um último carinho na minha cabeça, me mimando por me submeter a ele como um bom cachorrinho. Então me puxa para a o seu peito, de costas para ele, colocando um braço possessivo ao redor da minha cintura enquanto encara com os meus pais. Consigo ver meu pai apertando o seu maxilar para a demonstração de posse de Edward, mas ele se mantém controlado.

“Sinto muito que não pudemos nos apresentar apropriadamente ontem, eu estava com pressa para levar minha Luna embora”. Edward começa, dando um sorriso de lado perfeito fazendo uma pausa antes de continuar, “Mas agora espero que possamos usar os minutos que eu e Bella temos para estar aqui para cuidar disso”.

Meus olhos arregalam por um instante antes que eu possa me recompor. Minutos? Em alguns minutos ele vai me levar embora, sem considerar se eu quero ir e eu certamente ainda não estava pronta. 

“Alteza, eu tenho certeza que...” Meu pai começa hesitante, mas Edward o interrompe com um sorriso polido.

“Por favor, me chame de Edward. Nós seremos família assim que eu marcar sua filha”. Um arrepio corre pela minha espinha enquanto suas palavras me lembram do meu destino. Mesmo meu pai engole em seco digerindo as palavras dele.

“Obrigado, Alteza, mas achamos melhor manter as formalidades do seu título”. Meu pai fala tanto por ele quanto por minha mãe, que acena em concordância.

Edward encolhe os ombros sem dizer nada, me segurando ainda mais firme em seu peito.

“Por favor, sentem-se” Meu pai oferece novamente apontando o sofá. Ele nem mesmo sorri, mostrando o quão infeliz está com toda a situação.

“Não obrigado. Nós não ficaremos por muito tempo, então vamos apenas direto ao ponto”. Edward diz direto, com um sorriso para suavizar, mas eu sei que é apenas uma fachada. Há uma pontada de raiva em sua expressão e seu aperto em minha cintura está cada vez mais duro.

“Certo, se é o que quer”, meu pai resmunga concordando.

“Como vocês sabem, eu sou um Príncipe. O próximo na linha de sucessão, o que significa que sua filha será a Princesa e futura rainha assim que for marcada por mim. Quero garantir que ela será tratada com o máximo cuidado e adorada como a rainha que ela deve ser. Cuidarei de todas as necessidades dela e farei tudo para que ela seja feliz, como um bom Lumni deve fazer. Nunca faltará nada para ela e ela nunca terá razão para se entristecer por minha causa. Como pais dela, devem saber que seguirei a tradição e os presentearei com o que vocês escolherem. Seja ouro, diamantes ou uma matilha para governarem, o que quiserem, será de vocês”.

É comum em nosso mundo que um homem em alta hierarquia presenteie os pais de sua Luna quando a encontra. Uma tradição que todos os alfas e betas seguem. Alguns dão casas, outros pagam em dinheiro, e alguns até entregam um pedaço de terra. É como eles asseguram aos pais dela que poderão cuidar de tudo o que elas precisarem. Mas toda uma matilha? É um pouco demais.

“Isso é... muito generoso de sua parte... Alteza” minha mãe intercede quando meu pai não fala nada, ainda boquiaberto. Ambos claramente desconfortáveis.

“Imagina, vocês são os pais da futura rainha. Merecem o melhor”. Ele diz com um aceno de mão, como se não fosse nada. “Bem, antes de mais nada, gostaria de presenteá-los com uma lua de mel no Havaí. Soube que no próximo mês vocês completam 20 anos de casado e isso precisa ser celebrado. Cuidarei das acomodações e quaisquer outras despesas que tenham. Sobre a formalização do meu compromisso com Isabella, vocês não precisarão mais trabalhar como enfermeiros no hospital local. Se quiserem posso mantê-los com uma mesada generosa, ou construir um hospital para vocês gerenciarem. Basta fazerem a lista do que precisam e providenciaremos todos os equipamentos e equipes necessárias”.

Edward dizia como se falasse do tempo, mas para nós... Isso era muito. Meu pai demorou um momento para recobrar a compostura antes de responder.

“O... Obrigado Alteza, minha Luna e eu não conseguimos expressar nossa gratidão, ou nosso choque, pela sua generosidade”. Edward respondeu com um sorriso enquanto me mantinha ainda firmemente apertada contra ele. “Mas sinto que não podemos aceitar nada disso”, meu pai finaliza após compartilhar um olhar com a minha mãe. Edward arqueia uma sobrancelha à declaração dele.

“A felicidade da nossa filha é a única coisa que nos importa. Nós estamos contentes com a vida que levamos e não queremos mudá-la. A única coisa que pedimos é que não nos afaste de Bella... Se puder... Se puder dar a ela algum espaço...”

“Sim, Alteza” minha mãe endossa, “nós acabamos de descobrir sobre o que aconteceu com a Bella há alguns meses e nem podemos imaginar todo o sofrimento que ela precisou suportar... Então, por favor, eu duvido que ela esteja completamente recuperada e...”

“Eu já a marquei, Sra. Swan?” Edward a cortou em um tom de gelo que denunciava por completo o quão furioso ele estava com a conversa. Meus pais engolem em seco sentindo a opressão de sua aura exacerbada agora.

“Não, Alteza”, minha mãe sussurra após um momento de silêncio enquanto Edward a encarava hostil esperando por resposta.

“Podemos não ser exatamente do mesmo mundo, mas vocês devem conhecer sobre Lycans o suficiente para saberem que quando encontramos nosso escolhido, não hesitamos nem um segundo antes de marcá-lo e somos obsessivamente possessivos com quem nos pertence. Então, o fato de que eu ainda não cravei os meus caninos no pescoço de Isabella deveria ser demonstrativo o suficiente do meu cuidado para com ela”, ele diz o final entre dentes, “eu não entendo que outro tipo de espaço ela precise, mas duvido seriamente que seria capaz de qualquer outra concessão. E com certeza não serei brando com quem tentar colocar mais restrições no meu relacionamento com a minha Luna” Sua voz havia adquirido um tom perigoso e a sala ficou em silêncio assim que ele acabou.

Eu respirei fundo mediante sua ameaça, me sentindo embaraçada pela forma como ele falava com os meus pais que apenas tentavam me proteger, prontos para sacrificar qualquer coisa por mim. Me mexo incomodada com o seu aperto na minha cintura, querendo me afastar um pouco de seu corpo, mas ele estala sua cabeça para mim com um aviso no olhar enquanto me segura impossivelmente ainda mais firme. Então encara meus pais novamente.

“Eu compreendo se não quiserem meus outros presentes mas, por favor, aceitem a viagem. Agora peço licença, eu e minha Luna precisamos ir para casa”. Ele anuncia autoritário, não deixando nenhum espaço para argumentos.

Minha mãe me olha culpada, tristeza por todo o seu rosto por não poder me ajudar. O rosto do meu pai não está melhor quando ele dá um aceno curto de cabeça para Edward. Eu odeio ver o olhar de derrota nos rostos deles e meu coração se aperta. Edward já está me puxando para a saída, mas eu puxo meu braço com força, “pelo menos me deixe me despedir dele”, digo irritada e olho com raiva quando ele não me solta de imediato. Corro para abraçar meus pais e uma lágrima escapa dos meus olhos; não era pra ser assim. Eu estava acostumada a vir vê-los quando bem quisesse e agora... Edward obviamente decidiria sobre isso também.

Depois de um último beijo na bochecha, eu relutantemente deixei meus pais e passei por Edward, sem me incomodar em acompanhá-lo, indo direto para a porta de trás do veículo que nos esperava lá fora. Edward, no entanto, está bem atrás de mim e bate a porta assim que eu começo a abri-la, e eu o encaro novamente com raiva. A sua própria raiva quase me faz recuar, mas eu me recuso a ser covarde e sustento firme o seu olhar. Ele abre abruptamente a porta do passageiro na frente para mim e praticamente late, “Entra. Agora!”. Eu ergo o meu queixo e entro com o máximo de dignidade que consigo reunir, ainda o encarando com raiva enquanto ele mantém a porta aberta para mim.

Ele anda então até o lado do motorista e começa a dirigir em silêncio. O clima no carro não poderia ser mais desconfortável. Sinto meus olhos embaçarem e me recuso a reconhecer a presença de Edward durante todo o caminho até a casa dele. O que é fácil, porque ele também não diz nada. Mas eu consigo sentir as ondas de raiva vindo dele enquanto ele dirige. Emmett é uma estátua sem emoção atrás, quase invisível.

Quando finalmente chegamos à casa, Emmett imediatamente vai estacionar o carro e nos deixa sozinhos enquanto sigo Edward para dentro. Mexo minhas mãos nervosamente, cada vez mais desconfortável com o silêncio dele, posso ver os músculos das suas costas duros e tensos, flexionando enquanto ele passa pela sala se encaminhando diretamente para o quarto, mas ele para na ponta da escada quando percebe que não estou mais atrás dele e se vira com uma expressão questionadora. Em resposta, eu simplesmente caminho até o sofá e me sento. Preferiria enfrentá-lo aqui que no quarto.

“Tudo bem, então. Vamos conversar aqui mesmo", ele começa duro, vindo parar na minha frente, "você disse que queria ir para a aula, e eu permiti com a condição de que você voltasse diretamente para casa quando terminasse. Poucas horas depois eu recebo uma ligação de um dos meus seguranças dizendo que você havia ido para a floresta e corrido” Ele narra calmamente cada palavra, se segurando para não gritar enquanto se encaminha para minha frente.

“Então foi assim que você soube onde eu estava” eu rio sem humor. “O que eu sou agora? Sua propriedade, que não pode ir a lugar nenhum sem permissão?” Eu o encaro de volta enquanto me levanto. Sua expressão fica ainda mais fechada e ele se aproxima ameaçadoramente de mim.

“Eu fui apenas visitar os meus pais. O que tem de errado nisso? Você planeja me trancar nessa maldita casa? Mas que merda! Eu não sou um objeto para você possuir e dispor à sua bel-vontade e eu posso fazer o que caralhos eu quiser!” Nem nos meus sonhos mais loucos eu imaginei que um dia gritaria de forma tão desrespeitosa para um Lycan. Seu maxilar está tremendo e ele agarra meu braço enquanto me puxa para ele. Nossos peitos se tocando enquanto nos encaramos, me sinto pequena diante de sua altura vários centímetros acima de mim.

“Você fazia o que caralhos queria até ontem a noite, mas não mais. Você é sim minha agora. E eu gostaria de poder trancá-la no meu quarto, amarrada à minha cama, mas isso, infelizmente, é considerado barbárie nesse século” ele expira, sem realmente aliviar qualquer tensão. “Sim, você poderá ir aonde quiser, mas não enquanto a porra da minha marca não estiver no seu pescoço. Meu lobo não permitirá e eu não responderei por mim se seguir me desafiando! Tem noção de como foi difícil controlá-lo quando cheguei em seu dormitório e todas as suas coisas estavam empacotadas?”

Ele pensou que eu havia fugido. Nós nos encarávamos muito próximos agora, nossas respirações tocando nossos rostos. Eu estava pensando em dizer a ele que fiz aquilo apenas para poder trazer minhas coisas para a casa dele, mas um sorriso malicioso passou pelo seu rosto antes que eu pudesse abrir a boca.

“Você quer ser livre para ir aonde quiser, certo?”, disse falando baixo e lento, mudando toda a atmosfera ao nosso redor; porque mesmo que sua voz estivesse mansa, eu senti um arrepio na espinha percebendo o quão perigoso ele parecia de repente. Suas mãos foram para a minha nuca, afastando meus cabelos antes de inclinar meu pescoço com firmeza. Ele expõe a pele da minha jugular inclinando minha cabeça para ele enquanto seus olhos ganham aquele brilho dourado que eu sei que quer dizer que seu lobo está na superfície. “Como quiser, querida. Vamos marcá-la então, o que acha?”.

“Edward” Eu sussurro desesperada. Ele é muito mais forte que eu e se realmente estiver decidido a fazer isso agora, eu não terei o que fazer. Coloco minhas mãos em seu peito tentando afastá-lo, mas é como tentar empurrar uma rocha. Estou em pânico vendo seus caninos para fora enquanto ele se aproxima. “Edward” imploro novamente, ouvindo minha voz parecer frágil até mesmo aos meus ouvidos.

Ele pisca surpreso parecendo recobrar um pouco de sanidade, mas seus olhos ainda estão dourados. Sua palma vem para a minha bochecha, “minha doce Isabella, dizer o meu nome desse jeito apenas me encoraja ainda mais”. Ele sorri diabolicamente mostrando seus caninos afiados enquanto eles retraem para o tamanho natural. Eu tremo, em grande parte de medo, mas também de desejo quando sinto seus dedos acariciarem meu rosto e pescoço. “Mas deixaremos isso para outro momento”, me sinto levemente aliviada, mas ele não acabou “Agora, acho que nos entendemos. Enquanto o seu pescoço permanece livre da minha marca, você não está autorizada a ir a lugar nenhum sem a minha permissão expressa. Entendeu?” Ele seca uma lágrima traidora que escorreu sem que eu percebesse pela minha bochecha. “Não chore, meu bem. Eu já prometi aos seus pais que você jamais se entristeceria por minha causa”. Ele diz com uma expressão zombeteira de preocupação em seu rosto.

“Se ao menos eu pudesse eliminar a existência daquele vira-lata, as coisas seriam tão mais fáceis”. Ele bufa irritado. Volta a tocar meu cabelo, gentil dessa vez, e me puxa para o peito dele, “Uma pena que ele realmente seja o herdeiro da maior matilha da América e as pessoas notariam se ele sumisse... Embora em casos extremos veneno é sempre uma opção” acrescentou a última parte tão baixo que eu quase não ouvi.

“O que disse?” Ele me encara e eu me sinto petrificada pelo quão calmo ele podia falar isso, como se estivesse falando do tempo e não de matar meu Lumni. Deus, eu odeio associar essa palavra ao James, me deixa enjoada.

“Você não vai machucá-lo”, eu o aviso me sentindo idiota por ainda me importar com aquele babaca, mas esse é apenas a nossa conexão falando.

Os olhos de Edward voltam a brilhar perigosamente dourados, sua fera mostrando o seu desgosto pela minha preocupação por outro homem. “Cuidado com isso, querida. Defendê-lo com tanto afinco enquanto a existência dele está me impedindo de ter o que desejo pode ser um incentivo irresistível para que eu satisfaça a minha vontade”, ele ameaça.

“Você sabe o que aconteceria comigo se fizesse. Viu o que acontece com a outra metade quando a alma gêmea morre”.

“Não. Eu vi apenas o que acontece quando almas gêmeas marcadas, com conexão forte entre si, morrem”, ele diz me fazendo olhar confusa para ele. “Você não foi marcada, e não compartilha nenhum tipo de conexão mais forte com ele. Se ele morrer, esse laço entre vocês será completamente desfeito e você nem vai sentir. Por que é que você acha que quando alguém marca quem não é seu verdadeiro escolhido, ele nunca mais pode encontrar sua verdadeira Luna ou Lumni?” Ele me pergunta com a sobrancelha levantada, “é porque o laço entre eles foi rompido, já que eles se conectaram com outra pessoa. E é isso o que vai acontecer com você se ele morrer”.

Eu fico pensando em suas palavras em um momento. Faz sentido. Geralmente quando alguém perde sua alma gêmea, ele fica severamente doente e é muito comum que morra em pouco tempo também. Mas isso é por causa da conexão que elas compartilham, a marca entrelaça suas almas e um não pode mais viver sem o outro.

Quando ambos não se conhecem, porém, não sentem nada. Assim como, se marcarem outra pessoa antes de se conhecerem, podem até cruzar o caminho um do outro e não saberão que um dia estiveram destinados.

Então, se algo acontecesse ao James, eu não sentiria nada. Nós com certeza não temos um relacionamento. No máximo eu sinto desgosto por ele. As vezes consigo sentir quando ele está se relacionando intimamente com alguém, uma dor em meu estômago que me faz perder o ar. Mas isso é por causa do laço que, embora frágil, ainda compartilhamos. Então, se ele morresse, eu jamais sentiria isso novamente. Me sinto levemente tentada com a ideia de nunca mais ser machucada por James, mas quando olho de volta para o rosto de Edward me sinto enjoada pela minha linha de raciocínio. Eu posso até odiar James agora, mas não desejo sua morte.

“Você não vai matá-lo”. Eu respondo baixo, porém firme. Seu sorriso despenca e uma expressão sombria cruza seu rosto. Ele cruza as mãos em suas costas numa postura rígida.

“Que pena”, ele murmura antes de me cercear até estar atrás de mim e se abaixar para sussurrar no meu ouvido. “Ele a rejeitou e marcou outra na sua frente. Eu só posso imaginar o que você e a sua loba sentiram... A dor, o desprezo...” Ele continua em um tom persuasivo.

“Isso não significa que eu o queira morto” viro minha cabeça para interrompê-lo. “E agora você está sendo cruel”.

“Tudo bem então” ele se afasta e vai ao bar servir-se de uma dose de whiskey. “Mas se ele me der qualquer motivo, por menor que seja, tenha certeza de que eu não hesitarei”.


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Notas finais do capítulo

E agora? Como é que esses dois farão as pazes? Alguém tem que ceder. E será que Edward vai atrás de James? (eu iria rs)
Até terça :)



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