O Príncipe Lycan {Twilight/Beward} escrita por alane


Capítulo 10
Alternativa




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/803213/chapter/10

Edward olhava para Isabella com um misto de surpresa e descrença. Pensou que há qualquer momento ela riria dele. Mas ela continuou apenas o encarando expectante. 

“O que exatamente propõe, Isabella?” 

“Eu só pensei que...” Ela respirou fundo tomando coragem e continuou com mais firmeza, “Nossa situação é claramente atípica. Você obviamente não vai me dar espaço, mas meu lobo ainda não consegue reconhecê-lo. Mas também... ficar longe... não me faz bem também”. Ele analisava o rosto dela. “Estamos em um impasse. Não somos um casal de alma gêmeas normal, eu ainda não consigo ser a companheira que você precisa e você precisa que eu esteja por perto para manter sua fera sob controle então... Então... e se... namorássemos... Como fazem os humanos?”, o olhou novamente mordendo os lábios. 

Ele não resistiu e tocou seus lábios com os dedos, libertando-os da prisão de seus dentes. “Isabella, se soubesse as coisas que tenho vontade de fazer com a sua boca quando morde seus lábios assim”, disse rouco, tendo dificuldade de se concentrar. “Um namoro. Certo. Como isso funcionaria?” 

“Eu não sei. Seria novo para mim e para você, mas minimamente as expectativas seriam as mesmas. Namorados saem, conversam, tem encontros. São amigos, se apoiam... também fazem amor, até onde eu sei”, disse corando ainda mais. “Seria uma forma de nos conhecermos, criarmos intimidade... de termos um direcionamento para a nossa relação que tem sido tão... confusa”. 

Viu que ele sorria para ela e se sentiu incentivada. Se levantou então sob os joelhos, ficando a altura do pescoço dele e voltou a beijá-lo. Seguiu com sua tarefa de abrir os botões que faltavam em sua camisa. “Qual a finalidade de tantos botões?”, disse rouca. 

“Provocar-me, com certeza!” Edward sentenciou. Seu membro já armava uma barraca em suas calças. Bella seguia mordiscando sua pele enquanto lentamente conseguia abrir sua camisa, por fim, a tirou, o deixando nu da cintura para cima. Colocando as mãos espalmadas sobre o peito definido de Edward, percebeu que sentira falta dele. Ele aproveitou para lhe capturar os lábios, a segurando pela cintura e a puxando de volta para o seu colo. Uma perna de cada lado dessa vez. 

Bella usava uma camisola que ia até o meio das suas cochas, dando a ele livre acesso à sua calcinha. Edward estava faminto por ela, há dias sem poder tocá-la. Deixou que seu aroma o acalentasse, o guiasse. Beijou-a. Súbita e apaixonadamente. Bella não teve força e nem vontade para resistir quando ele a levantou apenas para deitá-la gentilmente na cama, se acomodando entre suas pernas. Restou apenas se render ao que viesse, o tempo da reserva tinha acabado. Sem nunca perder o contato das bocas, Edward retirou as calças e apertou sua rigidez no corpo macio de Bella, comprazendo-se com as sensações que por dias estiveram perdidas. E Isabella correspondia. Quente, vibrante. Enlouquecendo-o. 

Removeu a camisola que ela usava. Seus lábios vagaram pelo vale entre seus seios, até se deter em num deles, experimentando. Faria amor com ela sem pressa dessa vez, sabendo que ela o aceitava, que não o repeliria no dia seguinte, creditando a noite de paixão à um truque de sedução. 

~* 

Acordaram preguiçosamente na manhã seguinte. Completamente enrolados nos braços um do outro. Edward por um momento apenas a olhou despertar, com receio de que novamente ela se afastasse dele. Mas Bella sorriu ao abrir os olhos. 

“Bom dia, namorado”, brincou. 

“Bom dia, namorada”, Edward riu e a trouxe para ainda mais perto. Afundando seu nariz nos cabelos dela. Bella reagiu e levantou o rosto para ele, oferecendo os lábios para que beijasse. Ele não recuou, apossando-se rapidamente da boca ainda inchada de tudo o que fizeram na noite anterior. Edward foi para cima dela, suas mãos passeando por todo o corpo de Bella, sua ereção já visível. Quando deslizou os lábios para o pescoço dela e as mãos para os seios, Bella gemeu e o agarrou de volta, fincando as garras nos ombros largos, se permitindo pela primeira vez aproveitar a sexualidade exacerbada dos lobos. Edward desceu as mãos para sua intimidade, vendo que ela já estava pronta para ele. A penetrou ficando quieto por um momento, apenas a acariciando e beijando, enquanto sentia Bella contrair-se em volta de sua rigidez. Estava perdido, sabia, jamais haveria melhor sensação que aquela. 

Após satisfeitos, seguiram deitados por mais um tempo. Ambos com um sorriso no rosto. 

“Sexo matinal. Outra primeira vez para mim”, Edward declarou feliz. Fazendo com que Bella sorrisse. 

“O que fará do seu dia hoje?” 

“Estou tentado a te prender nessa cama o dia todo”, respondeu. 

“E um Príncipe pode se dar ao luxo de ser preguiçoso?” 

“Quando a criatura mais tentadora do mundo está nua sob seus lençóis, sim, com certeza” ele provocou; mas a verdade é que não podia. Havia muito que deveria fazer. Passou os últimos dias com dificuldade para se concentrar, acumulando todo o trabalho que deveria ter feito. “E você, o que pretende?” 

Bella hesitou, ainda com receio de que ele tivesse mudado de ideia... “Bem, já que me liberou, vou a faculdade”, falou olhando o rosto de Edward, sondando em suas expressões se ele protestaria. Mas ele se manteve neutro, então ela continuou. “Talvez ver meus pais”, enumerou, ainda testando se ele proibiria, “e ir treinar como sempre, eu acho”. 

“Eu não sei se gosto muito desse hábito”, Edward respondeu jocoso. 

Bella franziu a testa. De tudo o que ele poderia protestar, ele escolheu o treino? “Por que não? É saudável, dentro da sua casa, e eu fico completamente sozinha”, riu da implicância dele sem entender. 

“Sim, mas eu tenho certeza de que você imagina a minha cara naquele pobre saco de areia”, a olhou arqueando uma sobrancelha. 

“Edward! Você esteve me espionando”, ele riu sem esconder sua molecagem e ela balançou a cabeça indignada para ele. 

De repente, ficou sério. “Foi... difícil... ser ignorado por você. Eu a assisti treinar todos esses dias porque sentir a sua raiva era menos ruim que o seu desprezo”. Declarou com uma sombra no olhar. O coração de Bella apertou. 

“Não era exatamente direcionada a você”, respondeu baixinho. “É claro que você me enfureceu, mas... A questão é que, quando tudo aconteceu, eu me senti muito vulnerável. Depois que eu consegui me recuperar o suficiente da rejeição de James, eu prometi a mim mesma, e a minha tia, que jamais me deixaria ser tão fraca e indefesa de novo. Eu já tinha tido mais merda do que a maioria dos adolescentes por causa da perseguição de Victoria e o desprezo de James. Me machucou todos os dias vê-lo se exibindo com Victoria por aí. Minha loba ficando mais e mais fraca... Eu chorei até cair no sono todas as noites desde que o laço com James se formou. Escondendo tudo de todo mundo, inclusive dos meus pais... E aí, quando eu achei que as coisas finalmente iam voltar a ficarem bem... Você apareceu. Aquela tinha sido a primeira noite que eu realmente me senti bem; eu cogitava tentar novamente me transformar quando Angela apareceu correndo e me rebocou até você”. Riu sem humor. “E aí, cada vez que você era autoritário ou ameaçador de alguma forma, me lembrando que dessa vez eu não tinha poder nenhum para me defender; para sequer pedir ajuda, eu me senti de novo como aquela garota fraca. Eu só... fiquei tão cansada de pessoas usando suas posições hierárquicas para fazer o que quisessem comigo. Me fechei dentro de mim mesma para me proteger de passar por tudo aquilo de novo. Nas poucas vezes em que me permitia extravasar os sentimentos, eu estava tão brava. Muito menos com você do que com todo o resto... Quer dizer, minha loba nem o reconheceu e eu já me sinto possessiva com você as vezes; eu entendo essa parte da sua natureza. O problema maior era com a deusa por me enfiar nessa situação impossível; e comigo mesma, por não conseguir sentir tanta raiva de você quanto eu gostaria e me deixar dominar por sentimentos que eu não estava disposta a reconhecer”. 

Edward ouviu tudo em silêncio enquanto a segurava e alisava seus cabelos. “Bella, sei que já falhei em promessas antes, mas... Te juro com a minha vida, você jamais terá motivos para querer se proteger de mim novamente”. Beijou a testa dela e lhe deu o dedinho para selar a promessa, a fazendo rir e trazendo de volta o clima leve. Sua fera estava satisfeita. Não mais tão obsessivo para marcá-la agora que sabia a extensão dos danos que a rejeição causou, mais protetor em relação à sua Luna. Em paz com a expectativa de que ela pudesse vir a amá-lo mesmo antes de aceitá-lo como seu Lumni. 

Bella estava adorando aquele novo arranjo. Viu Edward aceitar qualquer migalha sua, apenas um olhar o deixava esperançoso nas últimas semanas. Mesmo antes de conversar com Alice, sabia que iria tentar se resolver com ele. Não aguentava mais o olhar torturado em seu rosto. Foi isso o que a fez criar coragem. Sentia-se livre para ser a namorada que bem entendesse, sabia que Edward ficaria feliz com qualquer coisa que fizesse para se aproximar dele, mesmo que não tivesse experiência no assunto. 

“Bem”, ela se apoiou nos cotovelos, ficando por cima dele. “Nós já fizemos as pazes”, disse distribuindo beijos pelo peitoral de Edward enquanto pontuava cada frase, “Tivemos excelente sexo de reconciliação” – “não posso discordar disso”, Edward riu— “conversamos... rimos... experimentamos sexo matinal” – Edward gemeu sob seus beijos, “não tenho mais certeza sobre sair da cama”— “acho que pra seguirmos o roteiro... perfeito... dos namorados... deveríamos tomar banho... e fugir... para tomar café... antes que o seu dia... cheio de responsabilidades... comece”, distribuiu o último beijo mordiscando um dos gominhos de seu abdominal esculpido e pulou da cama. 

“Volte aqui, pequena provocadora”, Edward rosnou indignado. 

“Não! Você precisa sair da cama”, disse coquete correndo até o banheiro. Parou na porta apenas para olhar para trás, diretamente para ele, enquanto deixava o lençol cair no chão, ficando completamente nua. 

Edward entendeu o convite e seguiu Bella para o chuveiro. Parece que teriam mais primeiras vezes, pensou feliz. 

~* 

Aquela estava sendo uma manhã perfeita, Edward pensava enquanto tomava café olhando Bella sorrir. Suas mãos estavam entrelaçadas sobre a mesa. Jurou a si mesmo que manteria aquele sorriso no rosto dela, mesmo que tivesse que engolir seu orgulho pra isso. 

“Eu tava pensando...”, ela começou insegura, temendo que estivesse abusando de sua sorte, “que talvez pudéssemos ver meus pais mais tarde”. 

“Pudéssemos, você diz... nós dois?” Questionou surpreso, feliz, mas ainda assim... Bella assentiu esperançosa, “Não vou mais impedi-la de ver seus pais, Bella, mas não acho que seja uma boa ideia que eu vá”, respondeu desconfortável, “Seus pais claramente não me aprovam e eu não posso garantir que conseguirei controlar o meu temperamento”. 

Bella arqueou uma sobrancelha para ele, “será que é porque você ameaçou a integridade física deles, duas vezes, Edward?”, disse sem esconder o desgosto. 

Edward expirou, “eu reconheço minha culpa, Bella. Mas da última vez... Ficou claro que eles não me querem em sua família. Que escolheriam outro destino para você, se pudessem. E isso,” Edward pausou medindo suas palavras, mas não conseguiu tirar a ponta de raiva de sua voz, “eu não consigo tolerar”. 

“Edward”, Bella começou, “você faz parte da minha vida agora, mas meus pais também fazem. E eu preciso que continuem fazendo”, ela o olhou suplicante, dando ênfase, “preciso dos meus pais, Edward”. Ele fez uma careta pelas palavras dela. 

“Você precisa entender que meus pais são pessoas simples... Ômegas. Em choque por descobrirem daquela maneira tudo o que aconteceu comigo; intimidados por um Lycan como qualquer outro lobo comum; assustados pela forma como você me levou”. Ela respirou fundo, tentando não despejar sobre ele novamente o quanto o comportamento dele foi inadequado e a irritou, “E você não ajudou, os ameaçando enquanto eles só queriam proteger a filha deles”. 

Ficaram em silêncio por um momento, então Bella apertou gentilmente a mão dele de novo, “Por favor? Pode só... tentar... ser mais amigável com eles? Por mim?”. Edward acenou uma vez com a cabeça, concordando, fazendo com que aparecesse um sorriso deslumbrante no rosto de Bella. Se deu conta de que ela estava rapidamente desenvolvendo a habilidade de conseguir tudo o que queria dele, com aqueles imensos olhos pidões e o sorriso que fazia seu coração parar quando via. 

Após deixar Bella na faculdade, Edward pensava que há tempos não se sentia tão em paz quanto naquela manhã em que teve sua menina – sua namorada, pensou com um sorriso bobo, – acordando em seus braços, pronta para se entregar a ele novamente. 

Entrou em seu escritório bem-humorado, desejando a Emmett, que já o esperava, um bom dia animado. “Vejo que a conversa de ontem surtiu efeito”. 

Edward acenou concordando, “nós estamos nos entendendo”. 

“É óbvio pelo sorriso idiota na sua cara”. Edward pensou em retrucar, mas seria inútil. Emmett adorava implicar com ele; e ele realmente tinha um sorriso estúpido que simplesmente não conseguia se obrigar a conter. 

Seguindo para o outro tópico que estava em sua mente, continuou, “antes de começarmos a nos preparar para a reunião com o conselho, preciso que me ajude com algo”. 

“Qualquer coisa”, Emmett respondeu interessado. 

“Vou matar James”, disse simplesmente. 

Emmett suspirou frustrado, “Edward, já conversamos sobre isso. Por mais que eu goste da ideia de defender a honra da futura rainha, as consequências para a comunidade na América seriam... severas”. 

“Ele a torturou, Emmett”. Edward completou sombrio. 

“Sei disso, mas...” Emmett não conseguiu completar quando foi interrompido novamente. 

“Não sabe. Ele a torturou. Literalmente” 

Emmett agora parecia realmente preocupado. Com o semblante fechado, se sentou em frente à mesa que Edward ocupava e pediu por explicações. “A que, exatamente, se refere?” 

“Bella me contou ontem. Ele não completou a rejeição. Marcou Victória sem ter quebrado a conexão entre os dois”, Emmett não pôde conter um rosnado ao ouvir o que Edward falava. “Ele sabia o que estava fazendo. É o filho de um Alfa. Foi treinado em todas as nossas leis, sabe que os rituais existem por um motivo”. Emmett acenou curto. 

“Como faremos isso?”. Edward sabia que sempre poderia contar com o primo que, além de ser extremamente leal à coroa, era, para todos os efeitos e propósitos, um irmão para ele. 

“Obrigado”, Edward respirou fundo, aliviado que agora tinha Emmett ao seu lado. “Ainda não sei. Penso em marcar uma audiência com Laurant. Seria uma desculpa fácil, dado o que aconteceu na cerimônia. Posso provocá-lo, induzi-lo até... James tem um temperamento de merda, não se controlaria. O ataque direto seria motivo inquestionável”. 

“Posso arranjar isso, Edward”, Emmett acenou sério. Depois de um tempo declarou, “ao menos sabemos que nossa futura rainha é muito forte”. 

“Ela é. Quando sua loba estiver completamente desenvolvida, será incrível”. 

“O que quer dizer com completamente desenvolvida?”, Emmett questionou confuso. 

“Graças ao que aquele bastardo fez, sua loba saiu de controle antes do tempo, sem conseguir completar a transformação. Desde então, Bella não consegue se transformar”. 

“Não consegue... Mas então, como foi que ela induziu Leah?” 

Edward não havia pensado nisso. Até onde sabia, alguns poderes floresciam nos lobisomens após a transformação, em maior e menor medida dependendo de sua força, mas nunca antes. A explicação mais aceita para isso é que Selena havia dotado alguns deles apenas para mantê-los protegidos de humanos, em uma época em que eles eram extrema minoria e humanos os caçavam. 

“Eu a mordi na noite anterior... Ainda que não tenha sido para marcá-la, é com certeza um compartilhamento de energia vital. Ela ficou visivelmente mais forte depois disso. Talvez venha daí o efeito”. Edward respondeu ainda pensativo. 

“Não faz sentido”, Emmett discordou. “A não ser que você tenha compartilhado o seu sangue com ela...”, olhou para Edward buscando uma confirmação, mas Edward apenas balançou a cabeça negando, “então beber dela deveria deixá-la mais fraca, não mais forte. A força extra vem da mera conexão com você, como foi com sua mãe; e não seria o suficiente para que ela já desenvolvesse um dom, especialmente não antes que sua loba fosse libertada”, Emmett pareceu querer dizer mais alguma coisa, mas se calou ensimesmado. 

“O que é Emmett?” 

O primo o conhecia bem demais, pensou enquanto coçava a nuca temendo a reação de Edward quando desse voz às suas suspeitas; mas sabia que não adiantaria tentar esconder dele e, diabos, se ele estivesse certo, era melhor que investigassem o quanto antes, “é só que... você não acha que ela parecia dominar bem aquele dom?”, Emmett parou, deixando que Edward absorvesse o significado de suas palavras, “bem demais para quem nunca tinha praticado?” completou. 

Edward o olhava sério, “acha que ela é a relíquia que estamos procurando?”. 

“Ela poderia ser... Quer dizer, faz sentido, não faz? Ômegas não são ligadas à Alfas, geralmente. Uma rejeição nesse nível deveria matá-la. Mas ela não só sobreviveu, como foi enviada a você”. 

Edward suspendeu a própria respiração enquanto pensava a respeito. Relíquias apareciam de tempos em tempos. Eram raras e demoravam séculos para nascer; mas quando vinham, eram sempre importantes na história, desempenhando papéis fundamentais em revoluções que mudavam por completo suas sociedades. A última de que se tinha notícias, era sua tetravó. Uma loba nascida num tempo em que Lycans estavam fora de controle e abusavam dos mais fracos ao invés de defendê-los. Seu governo viveu uma guerra severa; mas forjou as leis que os regiam até hoje, assegurando o bem-estar de todos os povos. 

Eles viram sinais de uma nova relíquia nas últimas décadas; e deus sabe que precisavam mesmo de uma. Matilhas inteiras estavam em guerra civil, enfraquecidas por Alfas mesquinhos e Lunas vulgares. Até mesmo o laço sagrado estava sendo desrespeitado e mulheres padeciam todos os dias nas mãos de Lumnis que jamais mereceriam o título. Edward lembrou-se dos relatórios que leu sobre a matilha Quileute. Havia crescido em velocidade vertiginosa nos últimos 50 anos, muito acima da média de todas as outras no mundo; era por isso que fora pessoalmente até a cerimônia de James. Se a história estivesse correta, à época de se transformar, a relíquia estaria bem protegida em uma matilha grande e próspera, abençoada por Selena em pessoa, para que tivesse condições de criá-la até que ela pudesse se defender sozinha; e Edward fora verificar se ali poderia encontrar todos os sinais que confirmariam a existência de uma relíquia nesse tempo. 

Encarou Emmett mais sério do que jamais fora com ele, “Essas suspeitas não podem sair dessa sala, Emmett”. 

Emmett apenas acenou curto uma vez, “Mas o que faremos para descobrir se é verdade?”. 

“Se isso for verdade, os sinais continuarão a aparecer e serão claros. Por enquanto, vamos apenas observá-la. Bella já passou por muito, não vou colocá-la sob o escrutínio da corte. Além disso, não há nada que possamos fazer para alterar o destino de uma relíquia; Selena em pessoa a protege e a guia para o caminho que ela deve seguir. Resta a nós apenas ajudá-la”. 

Emmett, se dando conta da enormidade da situação, se levantou, “Eu já a protegeria com a minha vida se ela for apenas nossa futura rainha. Se, contudo, ela também for uma relíquia, você, como seu Lumni, deve ser seu guardião. Serei grato se me deixar fazer parte da guarda dela.” 

“Não poderia contar com um homem melhor”. 

~* 

Adentrando a casa dos sogros naquela noite, Edward estava apreensivo. Sabia que suas primeiras impressões haviam sido péssimas e que os pais de Bella o tratariam com toda a frieza e reprovação que sua posição lhes permitia. Precisava se controlar para ser paciente, simpático até, para não decepcionar Bella novamente. 

Ao menos a recepção dela foi muito mais calorosa. Ela abriu a porta exclamando “Edward!”, animada e sorridente, pulando em seguida no seu pescoço para estalar um selinho recatado em seus lábios. “Senti sua falta”, respirou contra o rosto dele antes de se afastar, pegando sua mão para guiá-lo para dentro. 

“Alteza”, cumprimentaram os pais dela em uníssono quando o viram. 

“Por favor, me chamem de Edward”, ele respondeu. 

Charlie começara a protestar “Nós realmente preferimos...”, mas Bella o cortou antes que concluísse. 

“Que Edward se sinta à vontade, agora que é parte da família, não é pai?”, ela o olhou firme, defendendo o namorado como deveria ter feito na primeira vez que ele foi a casa, implorando com o olhar que Charlie colaborasse com o esforço dele. 

Charlie ficou vermelho, ainda não perdoando com a mesma facilidade a forma como o Príncipe tratou sua filha; mas faria qualquer coisa para facilitar a vida de Bella. Ela havia dito aos seus pais mais cedo que ela e Edward estavam começando a se entenderem. 

“Claro, claro”, respondeu contrariado, “venha Edward, sente-se conosco”. 

“Somos terrivelmente informais nessa casa; a mesa de jantar foi usada pouquíssimas vezes. Gostamos de ficar todos na cozinha enquanto o jantar é preparado”, completou a mãe de Bella. 

“E hoje é noite da panqueca nos Swans, minhas favoritas”, Bella informou animada. 

Edward sentou-se na cadeira indicada na cozinha, observando a família conversar feliz. Os três faziam um esforço para incluí-lo na conversa, o que foi fácil na maior parte do tempo, já que os pais de Bella tinham dezenas de perguntas sobre os dias dela; assunto em que ele estava sempre interessado. 

“Sua vez, Edward!” Bella exclamou de repente. 

“Eu não acho que tenha talento para isso”, ele respondeu tímido. 

“Bobagem! Vem aqui, eu te ensino”. Edward não queria contrariá-la, jamais havia cozinhado nada na vida, mas tinha certeza de que qualquer acidente que causasse, seria menos recriminado que sequer tentar participar. Então se levantou e foi até onde Bella estava, próxima ao fogão. 

“É o seguinte, você segura a frigideira e balança de leve, assim”, ela disse demonstrando, “se a panqueca deslizar com facilidade, é porque já está boa para virar. Daí é só firmar o pulso e dar um leve empurrão para cima, sem muita força pra ela não cair, mas também não leve demais pra ela não virar”. Demonstrou o movimento com o pulso, virando a panqueca como uma profissional. “Sua vez”, entregou a panela para Edward. 

Ele não estava muito confiante, fez o movimento e a panqueca apenas se mexeu um pouco, sem virar de fato. “Pelo menos não caiu no chão”, ele resmungou. 

Bella riu. “Não se preocupe, ninguém consegue de primeira. Tente de novo. Um pouco mais de força dessa vez”. 

Ele fez e dessa vez conseguiu. Bella bateu palmas comemorando de forma infantil. Ele se sentiu exultante. Por um momento se pegou rindo junto com ela, se perguntando como algo tão bobo podia fazê-los tão felizes. Os pais dela olhavam para os dois com carinho, felizes que Edward parecia mesmo estar tentando tratar a filha como ela merecia. 

Após o jantar, foram para a sala; “você podia tocar para nós hoje, Bella”, sua mãe pediu esperançosa. Adorava quando Bella tocava suas favoritas pra ela. 

Edward arqueou uma sobrancelha para Bella ficando vermelha ao seu lado, era novidade para ele que ela soubesse tocar. Por um momento, ela o olhou achando que não conseguiria exibir seus talentos para ele, era demasiado tímida para tocar na frente de alguém que não fosse seus pais. Mas então, criando uma coragem que não saberia dizer de onde veio, decidiu que precisava compartilhar com ele esse lado dela. 

Foi até o piano e se sentou, ainda tímida. Para quebrar o gelo, tocou uma melodia simples, sem letra, então sua mãe pediu que tocasse sua favorita. Bella, agora mais calma, resolveu brincar e tocou um trecho de uma que havia escrito para ela, acompanhando com a voz enquanto repetia as palavras que havia usado para homenagear a mãe quando ainda era criança. 

Edward estava surpreso. Ela era realmente boa naquilo. 

Por fim, sabendo o que a mãe realmente queria, Bella começou a tocar Vienna, a música que sua mãe cantarolava para ela dormir. Edward se sentiu enlevado pela voz suave e rouca que Bella emitia, acertando cada nota do piano. Charlie tirou sua Luna para dançar, um vai e vem tranquilo dos corpos no meio da sala, enquanto a segurava contra o peito. Encaminhando para o fim, Bella avisou “você sabe o que fazer, pai”, disse rindo sem perder o ritmo do piano. Cantou a última estrofe enquanto Charlie girava sua mãe apenas para deitá-la em seu braço e fechar a dança com um beijo. 

Bella se virou no banco do piano admirando os dois e começou a aplaudir, “bravo!”, ela ria. Os dois saíram da pose em que estavam e a aplaudiram de volta, sendo acompanhados por Edward, que os olhava sentindo novamente a seu peito expandir. Era a segunda vez que Bella conseguia esse feito em dois dias. Dessa vez, vendo o amor dos seus pais, Edward entendeu de vez o que ela quis dizer na mesa de jantar no dia anterior. 

O enlace proporcionava uma oportunidade, uma identificação. O que Edward sentia por ela era uma obsessão consequente da magia que os unia. Vendo o amor dos seus pais, entendeu que Bella não aceitaria nada menos que aquilo, nem merecia. Se deu conta de que também não queria nada diferente para eles; e os céus seriam testemunha: ele faria com que ela se apaixonasse por ele daquela maneira. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Príncipe Lycan {Twilight/Beward}" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.