I Would Die 4 U escrita por Mayara Silva


Capítulo 1
Tudo o que eu preciso é que acredite




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Hollywood, Califórnia - 23:52 hrs

 

Apollonia ligou o chuveiro e deixou que a água quente e relaxante molhasse seu corpo. Ela fechou os olhos e não se preocupou com o tempo, só queria desfrutar daquele momento, afinal de contas, não sabia se teria a oportunidade de se hospedar em um hotel de luxo com vista para o letreiro mais famoso do mundo novamente.

Bonita, morena, exótica, olhos castanhos e pele aveludada, características que facilmente deixariam um homem apaixonado. Hollywood, naquela época, não estava muito interessada em tipos como os dela, mas sua beleza e presença forte fizeram os olhos de uma pessoa muito importante naquele meio brilhar.

Desligou o chuveiro e, ali mesmo, enxugou-se superficialmente e vestiu um vestido curto. Embora adorasse aquela roupa, estava fazendo frio e tudo o que ela queria era se jogar em um edredom quentinho. Lentamente abriu a porta do banheiro, olhou para a cama, correu e se jogou nas cobertas. 

 

— Você parece uma criança…

 

No mesmo quarto estava Prince Nelson, agora com seus 24 anos de idade. Ele estava usando uma camisa branca simples, sem mangas, enquanto relaxava e lia sobre si mesmo no jornal daquele dia.

 

— Não é você que está usando esse vestido de verão no outono.

 

— Quer que eu use? Se quiser, eu uso e te provo que você é exagerada.

 

A garota deu uma risada e se aproximou do rapaz para beijar os seus lábios. Ela estava um pouco nervosa no início daquele encontro, mas haviam ficado praticamente o dia todo juntos, àquela altura estar ao lado do super astro Prince já não lhe causava tanto efeito, embora ainda lhe fosse chocante.

 

— Você me faz rir… eu gosto.

 

Ao ouvir o comentário, Prince deixou escapar um riso curto juntamente com um sorriso de canto e, logo em seguida, virou o rosto para outra direção. Apollonia se aproximou e se aninhou aos seus braços, deitando o rosto em seu peito para ouvir a batida harmoniosa do seu coração. Mesmo sua pulsação cardíaca parecia gingar como se a música fizesse parte de seu ser.

 

Prince é um ser iluminado pela música e, agora, o mundo todo sabia disso.

 

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Hotel Palace Wood, Hollywood - 09:22 hrs

 

Apollonia havia acordado cedo para cumprir toda a sua agenda daquele dia. Ela não estava naquele hotel de luxo, com o Prince, apenas para relaxar. Sua vida havia mudado de uma hora para outra quando resolveu fazer o teste para o interesse amoroso do personagem do cantor, para um filme de sua autoria, e conseguiu o papel. Desde então, a garota passou a ser chamada de "musa'' pela imprensa: a musa do Prince.

Embora estivesse gravando todos os dias, ela não sabia nada sobre o filme, exceto as cenas que estava participando. Não sabia sequer o nome dele e não havia ouvido todas as músicas que certamente estariam lá. Prince adorava provocar incógnitas até mesmo em quem não devia, ou talvez ele estivesse apenas querendo fazer alguma surpresa. O que quer que fosse, Apollonia não havia descoberto ainda, mas respeitou esse momento de confidencialidade do rapaz.

 

Assim que se vestiu, saiu do closet que havia ali e se deparou com o rapaz já acordado.

Sorrindo, ela se aproximou e o abraçou por trás, encostando a ponta do nariz na sua nuca.

 

— Vamos juntos ao estúdio?

 

Prince não respondeu. Não era comum todo esse silêncio, normalmente ele não ignorava a garota. Se isso estava acontecendo, provavelmente ele estava pensando e não era um pensamento qualquer.

 

— Prince?

 

— Eu preciso escrever isso…

 

Ele murmurou. Em seguida se levantou. Já estava vestido e pronto para sair.

Quando tocou a maçaneta, virou-se para contemplar Apollonia, que ficou sentada na cama, com as mãos no colo, ainda confusa com as reações dele. O rapaz se aproximou da garota e lhe prolongou um beijo intenso.

 

— Nos vemos mais tarde, no estúdio. Vá, senão irá perder a limousine.

 

— Limousine?

 

A garota não obteve mais explicações. Prince saiu rapidamente para pôr em prática o que quer que estivesse pensando, provavelmente era alguma música nova ou algo do tipo.

 

Artistas e suas excentricidades.

 

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Ruas de Hollywood - 10:15 hrs

 

Prince não perdia tempo. Ainda bem cedo, ele mandou uma limousine levar Apollonia para um hotel mais próximo do estúdio de gravação, enquanto ele iria direto para a gravadora. Após isso, Prince ainda teria que participar de uma reunião sobre a estreia do filme, um ensaio fotográfico e uma entrevista de 30 minutos. Ele ainda precisaria passar no estúdio para gravar as cenas. O rapaz nunca esteve tão ativo em seu trabalho, ele estava preparando os seus próprios degraus e esperava alcançar um maior sucesso do que já possuía.

 

Acostumou-se rápido com aquela sua nova realidade, parecia que já havia sido feito para isso.

 

Até pouco tempo, Prince era apenas um jovem aspirante a músico. Vindo de um bairro pequeno de Minnesota, o rapaz tentava a aceitação nas casas de show, a exemplo de seu pai que trabalhava com o mesmo tipo de entretenimento. Se separou de seu antigo grupo, nunca mais viu André, seu melhor amigo, perdeu completamente o contato com o ex bad boy Michael e jamais soube do destino de Luna, sua antiga musa, por quem teve o coração partido. Se perguntou, por várias vezes, se eles conheciam sua fama, se suas músicas já haviam chegado a eles. Prince tentava não pensar muito nessas coisas, mas havia algo em seu passado que sempre o fazia retornar a essas lembranças.

Agora, Prince não era mais aquele jovem introspectivo, cujo estilo era motivo de piada para os colegas de escola, cujas meninas inventavam desculpas para furar os encontros, cujas habilidades artísticas eram sempre subestimadas. Ele tinha seu talento reconhecido, a mulher que desejasse, o seu estilo era disseminado pela cultura pop, o funk nunca havia sido tão popular quanto naquela época graças às suas músicas… Então, por que ele ainda se perdia nessas memórias do passado?

 

Tentou não pensar mais naquelas bobagens por hoje, queria se concentrar na música que havia pensado de relance, no hotel. Tentou se lembrar da melodia que havia ficado na sua mente, mas só conseguiu puxar alguns refrões dispersos, precisava anotar aqueles pensamentos o quanto antes.

Durante a viagem, escreveu um pouco em um papel, mas não conseguiu se concentrar muito, pois outra atividade estava necessitando de sua atenção. A limousine parou em frente para a agência responsável pelo marketing do seu filme, queriam tirar umas fotos promocionais do astro na sua famosa capa roxa de abas longas.

Prince desceu, acompanhado de sua assessora, e seguiram em frente. 

 

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Agência e gravadora Ebony, Hollywood - 12:10 hrs

 

— Hm… Lembro desse lugar um pouco menor…

 

Disse o cantor, admirando as paredes douradas da gravadora, todas estampando arrojados discos de ouro, platina e diamante de cantores consagrados - e isso incluía um seu também, mesmo que ele ainda fosse considerado um novato naquele meio.

Olhou o disco de relance e sorriu, mantendo os passos adiante. Anos atrás, Prince gravava em um estúdio Ebony que era menor e ficava na mesma rua da sua casa. Ele tinha boas lembranças de lá. 

 

— Senhor, acho que está se referindo a uma filial, não? Essa é a sede.

 

— Nanda… de que adianta ser irônico se você nunca entende?

 

A mulher se calou, um pouco envergonhada. Embora não fosse lá muito paciente, Prince não era grosseiro. Ele suspirou e deu dois tapinhas amigáveis no ombro dela.

 

— Deixa pra lá… Vamos primeiro à reunião, ao ensaio ou à gravação?

 

A moça tentou se recompor, agindo profissionalmente.

 

— Vamos almoçar, senhor. Já são meio-dia.

 

— Ah, pule meu almoço. Quero me ocupar agora.

 

A mulher pareceu preocupada.

 

— Vai pular? Mas sua nutricioni…

 

Rapidamente o rapaz levou o dedo aos lábios da mulher, para que ela se calasse. O toque foi sutil, quase excitante, e sua assessora obedientemente o fez.

 

— Nanda, meu amor… Conte ao seu patrão onde fica a sala da reunião.

 

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Sala de reuniões, Ebony - 12:31 hrs

 

Como avisado, Prince foi o primeiro a chegar. Nem mesmo os seus advogados e demais assessores estavam presentes. O cantor sorriu, seria um momento de sossego para que ele pudesse, enfim, pensar em sua música.

Quando se sentou para descansar, o seu repouso foi arrancado de si com a chegada repentina de Ted.

 

— Meu astro! Meu astro! Sabia que te acharia aqui!

 

Prince suspirou.

 

— Se não é o cara que eu nunca sei o que faz exatamente…

 

— … mas que quebra todos os seus galhos, não quebra?

 

O músico deu ombros.

 

— Meu faz-tudo. Vou te chamar assim. A reunião está prevista para que horas?

 

— Uma e meia. Ah, antes disso, as meninas da produção estão perguntando qual a coleção que você vai vestir pra promover o novo álbum.

 

— Eu falei com a Kim. Precisa ser púrpura. Pode ter branco. Eu quero deixar o "sexy" um pouco de lado e seguir uma abordagem classicista.

 

Ted o encarou, contrariado.

 

— Você já não usou isso em "1999"?

 

— Não, tem uma diferença estética. Você veio por defeito nas minhas ideias, como sempre, ou veio me comunicar algo importante?

 

— Hm… Ah, sim! Já temos algumas modelos pra posar com você. Prince, tem uma que você precisa ver… ela é linda, linda! Eu mesmo a escolhi, é o tipo que você adora!

 

— Estou preocupado…

 

Murmurou o cantor, tirando uma caneta do bolso da camisa do rapaz e a usando para se distrair.

 

— É sério, você vai adorar. Mas se adorar… que tal me dar um aumento, hein? Pela excelente escolha que eu fiz!

 

— Eu vou é te demitir se você não sumir agora, quero ficar um pouco sozinho.

 

Ted deixou uma risada escapar, era costume do Prince fazer esses comentários sarcásticos, porém, quando não viu um sorriso aquiescente no rosto do cantor, engoliu em seco e escolheu não pagar para ver.

Se retirou e deixou Prince em seus pensamentos. Já o cantor pegou a caneta e voltou ao seu brainstorm.

 


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Notas finais do capítulo

Mais uma historinha saindo do forno! Espero que gostem ♡



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