O Corredor Da Morte escrita por Chrys Monroe


Capítulo 4
Parte III - 48 horas


Notas iniciais do capítulo

Olá, perdão pela demora!

Motivo: estou trabalhando demais, inclusive aos fins de semana agora, por isso fiquei sem tempo pra terminar esse capítulo, que estava quase pronto há dias, mas aqui está.

Boa leitura a todos ♡



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Parte III - 48 horas. 

 

 

"Uma fotografia é um segredo de um segredo. Quanto mais ela te fala, menos você sabe." - Diana Arbus. 

 

 

 

 

Achei a atitude do Aro extremamente babaca, mas a reação da Isabella me intrigou. 

Apesar de ter demonstrado certo incômodo, a morena não teve a reação explosiva que nós todos esperávamos. 

— Eu hein?! Pensei que a Isabella ia surtar quando visse o ex-marido. - Jasper comentou se escorando na parede - Mas ela ficou praticamente inerte. 

— É como se ela não se importasse com mais nada mesmo. - Rosalie analisou - E estivesse conformada com seu destino. - Deu de ombros - Isso até faz sentido pois ao contrário dele, ela parece arrependida dos tais crimes. Mas... Sei lá! Sinto que tem algo errado aí. 

— Pois é. Enfim, vamos entrevista-los novamente. - Falei esfregando uma mão na outra. 

[...]

— Como foi para você esse encontro com  Isabella, Aro? - Jasper iniciou a entrevista.

— Foi legal, divertido. Vocês viram como ela está acabada? Nem parece que ainda está na casa dos trinta anos. E pensar que quando a conheci, era uma bonequinha de uns quinze anos. Olha o que tempo faz com as pessoas, não é mesmo?! - Aro ironizou e Jasper revirou os olhos. 

— E os corpos das garotas? Vai nos revelar de uma vez por todas onde estão? - Rosalie questionou apoiando as mãos na mesa. 

— Trouxeram minha bebida como pedi?

— Você sabe que não pode consumir bebida alcóolica aqui, Aro. - Relembrei. 

— Qual é agente Cullen?! Daqui a 48 horas, vou estar no inferno. Uma bebidinha seria ótimo para dar uma refrescada, sabe? Já que dizem que estou indo para um lugar bastante quente. - O canalha continuou com as piadinhas infâmes. 

— É, mas quem garante que você vai nos revelar mesmo se trouxermos essa maldita bebida? - Jasper perguntou - No passado  você fazia o mesmo. Quer saber? Vamos deixar você aqui e perguntar tudo para sua ex-mulher. 

— Ela não sabe!

— Como não sabe?! Você não disse que ela era sua cúmplice? - O moreno desviou o olhar. 

— E era, mas há coisas que só eu sei. Só eu sei! - Reforçou abrindo aquele sorriso podre de novo na cara. - É isso, tragam minha bebida e tentem a sorte! 

[...]

Após a entrevista fustrada com Aro, tive uma ideia. 

Preciso cumprir minha promessa a Alice e descobrir se Isabella matou ou não aquelas garotas. 

Mas só há um jeito de descobrir. 

— Cadê os outros agentes? - Isabella perguntou assim que entrei na sala de visitas, com uma pasta nas mãos. 

— Estão com Aro. - Menti pois na verdade, Rosalie e Jasper estão lá fora, acompanhando o interrogatório através da câmera de segurança que há aqui dentro.  

Optei por entrar sozinho como estratégia do meu novo plano. 

— Quero conversar a sós com você. 

— Diga. - A morena respirou fundo, enquanto eu abria minha pasta - Apesar de que acho que não temos mais o que conversar.

— Ah, temos sim. - Afirmei - Conhece essas mulheres? - Perguntei colocando uma série de fotos sob a mesa - Sabe quem são? As suas vítimas. 

— É, são sim. - Ela olhou rapidamente para as fotos e virou o rosto. 

— E sabe quem são essas daqui? - Coloquei outras fotos em cima - Os corpos delas. Das que foram encontradas, né? Já que não temos o paradeiro de pelo menos cinco vítimas. OLHA! - Bati com a mão na mesa, assustando Isabella que olhou para as fotos e engoliu em seco.

Em questão de segundos, seus olhos se encheram de lágrimas.

— Não sou obrigada a ver isso. Quero voltar pra minha cela agora. - Virou o rosto para o lado novamente. 

— Por quê? Se você é a merda de uma assassina, qual o problema de ver o resultado das suas atitudes?!

— Por favor, me deixa voltar pra minha cela. - Isabella insistiu, com a voz trêmula. 

— Não! Você só vai voltar quando eu quiser! E a nossa conversa está tão boa, tão agradável. Não é mesmo?! Olha pra essas malditas fotos! - Mandei em tom ameaçador. 

— Eu não consigo, eu não consigo. - A morena se desesperou e começou a chorar, cobrindo o rosto entre as mãos - Eu não...

— VOCÊ NÃO AS MATOU? RESPONDE! - Bati com a mão na mesa novamente a fim de assusta-la. 

Deu certo pois ela se alterou novamente. 

— NÃO! Era isso que você queria ouvir? Pois bem, a resposta é não! - Repetiu se levantando da cadeira e quando se deu conta do que disse, se sentou novamente,  chocada com sua atitude - Droga! - Resmungou. 

— Por que assumiu a culpa então? - Me sentei na frente dela, agora mais calmo. 

Sabia que ela não tinha matado aquelas mulheres.

Sabia!

— Minha vida acabou há muito tempo, Edward. Quando me casei com Aro, quando descobri anos depois o que ele fazia. E na verdade, eu também sou culpada - Deu de ombros - Afinal, Aro cometia aqueles crimes debaixo do meu nariz e eu nunca... Nunca percebi. Pior, sequer me interessei em perceber alguma coisa. Pra mim, era ótimo quando ele sumia para não ter que aguenta-lo dentro de casa. Nunca tentei descobrir o que ele tanto fazia naquele celeiro. Eu também tenho culpa, Edward. Eu sei que tenho! - Continuei chorando. 

— Você não tem. - Segurei a mão dela que se surpreendeu com meu carinho. 

— Tenho sim. Se eu tivesse procurado saber o que acontecia ali, teria evitado muitas mortes.  

— Sinto muito. - Continuei segurando a mão dela, que era áspera e gélida. 

— E a sua filha? Renesmee. 

— Está em um lugar melhor. 

— Você a matou? 

— Renesmee não podia mais viver naquele ambiente. O que seria do futuro dela?! 

— E você preferiu acabar com o futuro dela antes, sem lhe dar chances?

— Renesmee não tinha mais chance alguma. - Deu de ombros novamente - Filha de um casal de psicopatas? Não tinha, estaria marcada pelo resto da vida. Quero ir pra minha cela. Agora. - Insistiu. 

— Está bem. Pode ir então. - Concordei e o policial ajudou a morena a sair. 

Porém, meu plano ainda não acabou. 

Não mesmo. 

[...]

— O que está fazendo aqui na minha cela? - Bella perguntou surpresa, enquanto o guarda abria a cela dela para eu entrar. 

— Nossa conversa ainda não acabou. - Avisei. 

— O que mais quer de mim? - Bella perguntou irritada, e olhei ao meu redor. 

A cela dela era escura, com alguns livros e fotografias de Renesmee, ainda criança, espalhadas pelas paredes, junto com alguns desenhos infantis. 

Como em todas as fotos de Alice, ambas pareciam muito felizes. 

— Você diz que matar sua filha foi uma espécie de tiro de misericórdia. Não é?

— Como disse antes, Renesmee não tinha chances.

— Uhum - Vi também, algumas folhas de revistas, com dezenas dançarinas de balé, em cima de uma pequena mesinha feita de cimento - Você gosta de balé clássico?

— Quando criança, meu sonho era ser uma grande bailarina. - Naquele momento, Bella quase chegou a esboçar um sorriso.  

— E essa companhia de balé? Vejo que se repete a todo momento, as mesmas bailarinas sempre. - Reparei, gravando o nome na minha cabeça. 

Isso é no mínimo, estranho. 

— O senhor não tem nada melhor para fazer? Desculpe, mas me faltam somente 48 horas de vida. Gostaria de aproveitar meu tempo lendo ou fazendo alguma outra atividade mais agradável. 

— Está bem. - Fiz sinal para o guarda abrir a cela - Nos vemos em breve, Isabella. 

Muito mais breve do que você pensa. 

[...]

— Não entendi, Ed. O que essas bailarinas tem a ver com o crime? - Rosalie perguntou com a sobrancelha arqueada, andando de um lado para o outro da sala de reuniões.  

— Vocês já irão entender. - Telefonei para Alice. 

Depois de três toques, a morena me atendeu. 

— Agente Cullen? Alguma novidade? - Questionou com a voz tensa - Diga que sim, por favor! 

— Alice, me diz uma coisa... Por que Isabella gosta tanto de balé? - Coloquei no viva-voz, para que meus colegas escutassem também. 

— Bella ama balé, sonhava em ser bailarina quando criança. E todos os meses, me pede para comprar todas as revistas,  jornais, imprimir matérias da internet com notícias do balé da cidade, do resto do país. As apresentações, novidades, enfim... Tudo! 

— Algum tipo de balé específico?

— Mais infantil, juvenil. Por quê?

— Por nada. Até breve, Alice. - Desliguei. 

— Dá para explicar logo qual é a sua teoria, criatura? - Jasper indagou de braços cruzados. 

— Posso estar viajando na maionese? Posso! Mas Isabella vive dizendo que a filha está em um lugar melhor e agora, como Alice disse, gosta que separem as notícias do balé da cidade todos os meses. A cela dela estava cheia delas revistas, aliás. 

— Está querendo dizer que uma das bailarinas pode ser a Renesmee? - Rosalie indagou de olhos arregalados. 

— Como... Como ela faria isso? - Jasper perguntou confuso. 

— Não sei, mas acho que temos que ao menos checar essa linha de investigação, antes de descarta-la de vez. - Sugeri mordendo os lábios.

— Vou conseguir a lista de crianças matriculadas em aulas de balé clássico da cidade e arredores. - Jasper avisou nos dando as costas e saindo da sala de reunião. 

— Isso... - Murmurei esboçando um pequeno sorriso. 

[...]

Não vou negar. 

Uma parte minha quer muito que a Bella seja inocente. 

Mas a outra, tem medo de estar fazendo papel de idiota. 

— Aqui está. - Jasper avisou voltando a sala com vários papéis - Já passei um pente fino antes, escolhendo escolas de balé com alunas de idade próxima a que Renesmee estaria se estivesse viva hoje. 

— Quantos anos a filha da Isabella teria agora? - Rosalie perguntou de boca cheia, pois estávamos comendo um lanchinho para enganar o estômago. 

— Acho que uns doze anos. - Respondi mordendo um pedaço de sanduíche - Vamos lá. 

[...]

Uma hora depois...

 

— Agora a lista está bem menor. Sete meninas de doze anos que foram adotadas. - Rosalie constatou dividindo as folhas entre nós - Elizabeth Toth... Rebecca Johnson... 

— Olha essa aqui, gente! Nathalie é o nome da menina, pelo foto dá pra notar que tem certa semelhança com Isabella, não acham? - Jasper me mostrou a foto de uma menina que tinha os cabelos da cor exata aos de Isabella - Tem doze anos, foi adotada aos três anos. 

— Mesma idade em que Renesmee "morreu" - Constatei fazendo aspas com as mãos. 

— Acho que vou fazer uma visitinha aos pais da Natalie amanhã cedinho. - Jasper sugeriu dando um sorrisinho de canto de boca. 

— E eu vou falar com Isabella agora mesmo. Quem sabe arranco alguma coisa dela? - Avisei me levantando e saindo rapidamente.  

[...]

— Você de novo? Não é possível. - Bella revirou os olhos assim que me viu.  

— Temos que conversar. - Me sentei à frente dela, na sala de interrogatório. 

— O que quer?

— Natalie Carpenter. 

Isabella simplesmente paralisou naquele momento. 

— O que você disse?

— Você ouviu muito bem. - Cruzei os braços. 

— Não sei do que está falando. - Desviou o olhar. 

— Estou falando da sua filha. Você sabe muito bem. Por favor, não adianta tentar me enrolar, já sei que essa garota é sua filha. Jasper está indo até os pais da criança conversar com eles nesse exato momento e vai descobrir a verdade. Enfim... Seja sincera comigo de uma vez por todas.

— Você não pode me obrigar a falar, Edward. Não tem esse direito! - Se alterou - Por que está fazendo isso comigo? Por quê?! - Cobriu o rosto entre as mãos. 

— Tenho direito sim, não é justo o que você está fazendo. Não é! Se você não matou aquelas mulheres... Se não matou a Renesmee... Por que está aqui? Por que está no corredor da morte?

— Porque eu quero. Simples assim! - Deu de ombros. 

— Não entendo. Isabella... - Segurei a mão dela, que estava sob a mesa - Por favor, confie em mim. Alice me pediu para provar sua inocência e eu realmente quero muito saber se você é inocente. 

— Por que se importa tanto com isso? - Algumas lágrimas caíram de seus olhos.

— Eu não sei. Apenas sei que me importo. Muito. - Conclui e ela suspirou profundamente, antes de me contar a verdadeira história.

[...]

— Foi tudo muito rápido. Quando descobri que Aro era um serial killer, tentei ligar para a polícia, mas ele me flagrou, me bateu e acabou me vencendo, como sempre. Ainda me fez limpar a cena do crime e voltou a me colocar em cárcere privado. No caso da última vítima, eu já tinha todo um plano pronto na minha cabeça. Tentei liberta-la, desamarra-la, a garota até conseguiu pedir ajuda por telefone, mas Aro a matou também. 

— Então é por isso que havia sinais de que você estava presente naquele celeiro e tinha tido contato com algumas das vítimas. - Constatei. 

— Sim. Antes da polícia chegar, eu já sabia o que viria pela frente. Aliás, assim que percebi que Aro era muito pior do que parecia, percebi que tinha que salvar a minha filha, Edward. Dei um jeito de pegar Renesmee e coloca-la na porta do convento da cidade no momento certo, alguns dias antes da polícia invadir a fazenda. Eu era amiga de uma freira de lá, pois foi minha professora na infância. Essa freira me ajudou passando informações da minha filha por cartas durante anos, até ela ser adotada. Até o nome da família que a adotou, me foi dado. Depois que a freira morreu, tive que pedir a Alice, que me passasse informações da minha filha. 

— Alice sabe de alguma coisa? 

— Não, não sabe. Fiquei com medo de contar e ela me dedurar, já que não se conforma que estou no corredor da morte.

— Isabella...  

— Pode me chamar de Bella. - Deu um sorriso triste. 

— Bella... Se você não matou ninguém, por que prefere estar aqui? - Continuei segurando sua mão. 

— Minha vida acabou, Edward. Acabou no dia em que me casei obrigada com Aro. Eu tinha quinze anos, aquele desgraçado abusava de mim, me batia, me manteve em cárcere privado por anos e anos... Era um sofrimento sem fim. Quando eu tinha decidido me matar, sair daquele inferno, descobri que estava grávida de Renesmee. Não tive coragem de me matar, não tive! E quando ela nasceu, foi como se um raio de sol invadisse minha vida. Eu e ela contra tudo e contra todos. Era pra ser assim. Mas quando descobri o que o pai dela fazia, quando eu vi o que eu vi... Percebi que minha filha jamais teria paz se soubesse quem eram seus pais. O fardo de ser filha de assassinos em série é pesado demais, iria atrapalhar todo o futuro dela. 

— E Aro sabe o que houve com a filha de vocês?

— Não, jamais. Sumi com Renesmee pouco tempo antes da bomba estourar e dei uma desculpa esfarrapada para Aro. À princípio, meu plano era pegar minhas coisas e fugir. Por isso, antes garanti que Renesmee estaria bem, que estaria segura para que se algo desse errado, só eu me ferrasse. Como disse antes, meu plano inicial mesmo, era fugir, deixar o tempo passar e depois voltar ao orfanato, pegar Renesmee de volta e sumir nesse mundo. Fiz minhas malas, mas quando estava de saída, Aro apareceu. Brigamos, enfim, a polícia apareceu e agiu comigo como se eu fosse culpada dos crimes. Tinha também uma vítima que Aro tinha acabado de fazer naquele momento. Depois, Aro perguntou sobre Renesmee e para que ele a deixasse em paz, eu disse que ela estava morta, que eu tinha lhe matado, mas a polícia ouviu e me acusou desse crime também. Preferi não rebater para preservar minha filha. Protegê-la. Era só o que eu queria no final das contas. 

— Você não precisa morrer para isso, Bella. 

— Falei com os olhos lacrimejando também. 

Tô sentindo uma pena tão grande dessa mulher. 

Bella não merecia ter passado por tudo isso. 

— Eu não tenho vontade alguma de continuar neste mundo. Renesmee está bem, saudável, se tornando uma linda bailarina. Ela está feliz sem mim. E assim, vai continuar. Eu nunca terei o direito de ser a mãe dela, afinal, ela já tem pais de bom coração, que a amam muito. Por favor, não conte a ninguém o que eu te disse aqui. É muita informação, sei que você deve estar com a cabeça fervendo neste momento. Se pudesse, te explicaria tudo com muito mais calma. Mas acho que não temos mais tempo. Não é?  

— Temos sim. Vou chamar a promotoria, advogados, tudo! E entrar com um pedido para impedir sua execução. 

— Não adianta, Edward. Não dá mais tempo. Querendo você ou não, eu serei executada daqui 24 horas. 


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Notas finais do capítulo

Corram para o grupo do facebook, que vou postar uma enquete importante da história lá depois.

Aliás, vou já perguntar por aqui também. Vocês gostariam de um capítulo narrado pela Bella contando com detalhes como tudo esse babado aconteceu?

Me digam nos comentários!