Entrelaços do destino escrita por StarMagic


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



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   - Boa noite, doçura...
A voz suave de Edward atravessou a escuridão da sala. Bella sobressaltou-se e rapidamente tateou a mão até o interruptor, acedendo as luzes. Um par de gélidos olhos verdes a fitavam com desdém. Sentado na poltrona de couro , Edward segurava em uma das mãos um copo de uísque e na outra um cigarro tragado. A gravata estava frouxa e alguns botões da camisa abertos, deixando ligeiramente o peito amostra. Por um instante, ela questionou mentalmente a quanto tempo ele estava em sua casa e o que estivera fazendo ali durante a sua ausência, seu olhar recaiu sobre a garrafa de uísque pela metade , acho que isso já respondia sua pergunta.
      - O que você quer, Edward? Como conseguiu entrar aqui? - Indagou ela, sentindo um misto de raiva e medo.
   Edward riu sarcástico.
  - Bella... - Ele pronunciou seu nome lentamente, enquanto colocava o copo de vidro vazio sobre a mesa de centro. - ...minha adorável ex-namorada, ops, noiva. - Debochou ao levantar-se da poltrona de couro . - Pensei que fosse mais esperta. - Ele tragou o cigarro e depois apagou o mesmo na quina da mesa. - Sabe, as horas que passei aqui me fizeram refletir. Será que não fui claro o suficiente com você?
    Por um momento Bella se questionou o mesmo. Edward era o tipo de homem que vinha com um placa de "perigo, se afaste" pendurada no pescoço, mas também era o tipo de homem impossível de se manter longe. Porém, não foi esse Edward que conheceu aos dezesseis anos. A sombra do garoto de olhos verde esmeralda e sorriso caloroso, ainda pairava sobre a feição fria e cínica. Tão longe e ao mesmo tempo tão perto...


     (...)
      Algumas horas antes...

— Pai, não me venha com esse discurso de netos ! - Protestou Bella, irritada
  Charlie aproximou-se dela, postando-se atrás de suas costas. Ele colocou as mãos sobre seus ombros, apertando-os afetuosamente.
   - Você quer a presidência e eu quero netos, Bells. - Disse ele. - Não seja tão dura comigo. Você é minha única filha, e também, estou cada dia mais velho...
  - Não seja dramático, Charlie Swan. - Ela se virou de frente para o pai, fitando seu rosto enrugado. - Filhos e casamento não se encaixam nos meus planos. Eu nem ao menos tenho um namorado desde...
   A frase morreu em seus lábios. A muitos anos privou-se de lembrar do ex- namorado. Recusava-se até mesmo falar seu nome, mas jamais conseguiu de fato esquece-lo. Edward Cullen , estava impregnado nela.
   - Bella, você é uma bela mulher. - Charlie tocou seu rosto. - Eu sei que acredita que o casamento e filhos podem estragar seus planos, mas não é bem assim. -Tentou explicar, mas Bella sabia onde isso levaria. - É por isso eu quero te propor uma coisa. A presidência será sua, porém, antes terá que cumprir um trato.
   - Se eu cumprir o trato, qual será minha garantia? E o que seria esse trato? Espero que não invente algo mirabolante...
  - Um casamento! - Charlie a interrompeu, sorrindo.
No primeiro instante quis rir, afinal, só podia ser uma piada. Casamento arranjando em pleno século XXI era algo que pensou não existir mais, porém, a confiança de Charlie a fez perceber que não se tratava de uma piada, a conversa sobre netos era algo real.
    - Casamento?
    - Sim! - Charlie foi até a mesa e pegou uma pasta azul-marinho, depois a entregou. - Bella, você é o meu bem mais precioso. Sei que no momento pode ser difícil de compreender, mas para assumir a construtora você precisa de alguém ao seu lado. Esse lugar não é como uma casa de bonecas, você precisa ter o controle e saber controlar, ou senão, será mastigada pelos acionistas. - Ele riu, depois tocou o rosto dela. - O casamento ajudará você ser enxergada com outros olhos...
  - Meu Deus, confesso que não sei nem o que dizer. - Bella olhou para pasta e depois para o pai.
  - Será apenas por um ano, querida.
  - Um ano? - Bella sentiu a raiva transforma-se em um nó na garganta. Queria chorar como uma criança desamparada, a frustação do casamento arranjando a tentava desistir de tudo. Foram anos de preparação, para no final ser reduzido por uma chantagem que a afastaria ainda mais da cadeira da presidência. - Você me quer longe daqui, nunca aceitou nenhum projeto meu. Eu trabalhei mais do que qualquer um aqui. Elevei o nome da construtora a outro patamar, e é nisso que me reduz, a um casamento arranjando com um homem desconhecido...
  A batida na porta a fez silenciar e encarar o pai. O pressentimento ruim do que estava por vim a atingiu como um soco na boca do estômago e se concretizou quando a porta do escritório abriu. No mesmo instante seu olhar cruzou com o seu pior pesadelo, Edward Cullen.
  - Edward, meu garoto! - Charlie cruzou a sala com um sorriso largo nos lábios, logo em seguida o abraçou. - Estou feliz que tenha aceitado meu convite.
   Bella sentiu seu coração afundar. Nada no mundo a preparou para aquele momento. Edward Cullen das suas lembranças não se parecia em nada com o homem que surgiu no escritório. Trajando um terno sobre medida e os cabelos cuidadosamente penteados para trás, ele estava irritantemente deslumbrante, fazendo-a sentir ainda mais desconfortável e irritada.
  - Olá Charlie. - Ele cumprimentou seu pai com um sorriso, mas ao dirigir o olhar para ela o sorriso oscilou em seus lábios. - Bella. - Assentiu discretamente com a cabeça.
  - Não sejam tímidos. - Riu Charlie ao puxar Edward até a cadeira. - Sente-se rapaz. - Pediu ele, enquanto contornava a mesa e sentava na cadeira giratória. Bella afastou-se do pai, mas foi surpreendida pela mão dele em seu pulso. - Fique.
  - Tenho muito trabalho, pai. - Ela desvencilhou do aperto dos dedos do pai. - Depois terminamos nossa conversa...
  - Fique. - Insistiu Charlie, serio. - Ainda temos muito o que conversar.
  Instantaneamente seu olhar cruzou com de Edward, desviando rapidamente, Bella voltou-se para o pai. Não queria nem mesmo imaginar o que viria a seguir. O obvio já a deixava apavorada. Casamento e Edward no mesmo dia não era apenas um coincidência e sim um fato. Sabia o que estava prestes a vim, e não teria forças para lutar contra isso.
  - Pai... -Foi tudo o que conseguiu dizer e só saiu um sussurro. Não conseguia nem mesmo formar uma frase, estava em pânico.
  - Bella, apresento a você seu noivo. - Disse Charlie, sorrindo. - Mas acho que não precisa de apresentações... - Brincou ele.
  - Noivo?
  Edward a encarou, mas ela o ignorou. Isso só podia ser um pesadelo.


    (...)

Bella o fitou.
  - O que você quer que eu diga?
Havia tantas coisas que queria dizer. Tantos sentimentos conflitantes que a assombraram no instante que seu olhar cruzou com o dele, mas não conseguia dizer nada. Estava tão surpresa quanto ele. O casamento não era algo que ela queria e muito menos com o homem que a deixou despedaçada. Porém, tinha algo muito valioso em jogo. Destruir-se ou tentar? Seria apenas um ano, pensou, enquanto o olhava. Edward aproximou-se, fazendo-a dar um passo para trás e bater as costas na madeira fria da porta. Um sorriso cínico curvou no canto dos lábios dele. A proximidade a deixou sufocada, queria empurra-lo, mas seu corpo não obedecia seu comando. Tolamente, permaneceu imóvel, encarando-o hipnotizada.
    Edward passou o braço envolta da cintura dela, puxando-a para sí.
 - Seu cheiro... - - Murmurou ele enquanto baixava a cabeça para o seu pescoço, fechando os olhos ao inalar o delicioso cheiro adocicado que pertencia somente a ela. Queria desesperadamente  aquela mulher, não houve um dia se quer que não a desejasse para sí. Até quando conseguiria se conter e não estragar tudo?
  - Não...
   O sussurro tremulo de Bella o fez recuperar os resquícios de sanidade que ainda o restavam. Ele se afastou bruscamente, cravando os dedos entre os cabelos castanho. Por que justo agora? Não podia deixa-la entrar na sua vida novamente, não antes de se tornar um homem livre de todas as correntes que o prendiam.
 - Desfaça esse casamento. - Ordenou , voltando-se para ela.
  - Acha mesmo que quero continuar com isso? - Indagou Bella,  em seguida suspirou. - Não posso.
  Edward franziu o cenho.
  - Não pode ou não quer?
  - A presidência significa muito para mim...
  - Então é isso? - Ele riu amargurado. - Tudo se trata da maldita cadeira da presidência.
   - Você sabe o quanto isso significa para mim.
  - Acha mesmo que me importo com isso? - Indagou ele, áspero. - Eu fui bem claro com você. Não vamos ficar juntos, não importa o quanto manipule isso...
 - Não seja patético, Edward! - Retrucou, furiosa. - Acha mesmo que tudo se resume em você?
  Bella sentiu o sangue ferver em suas veias. Não queria aquele casamento tanto quanto ele. Somente pensar na ideia de voltar a conviver ao seu lado era o suficiente para deixa-la enojada, mas não tanto quanto desnorteada. Sentimentos que guardou durante tanto tempo explodiam dentro dela naquela instante. Sentia raiva, excitação e isso a enlouquecia.
   - Não me diga que ainda sente minha falta... - Debochou Edward, puxando-a novamente para sí.
  Bella o empurrou, desvencilhando-se. Seu corpo tremia, não de raiva, mas de desejo e isso a deixava ainda mais irritada. Um único toque dele foi capaz de fazer seu corpo estremecer, deixando-a como um vulcão prestes a entrar em erupção.
  - Não! - Exaltou-se, inflamada. - Acha mesmo que senti sua falta? A única coisa que sinto por você é desprezo e pena. - Mentira! Gritou a voz dentro da sua cabeça. - Eu sinto pena de você.
  - Claro. - Edward riu irônico. - Sente tanta pena que nunca conseguiu se manter longe, não é mesmo? Eu sei que era você que me ligava durante a madrugada... - Bella arregalou os olhos em pânico, ignorando-a, ele prosseguiu com um sorriso zombeteiro. - Não era preciso ouvir sua voz para saber que era você. - Ele aproximou-se , pegando uma mecha de cabelo dela e colocando-a atrás da orelha. - Tão bela, mas tão tola... - Disse suavemente. -...você foi apenas um divertimento, mas depois foi ficando cada vez mais entediante. Acho que o ponto alto do nosso relacionamento foi o sexo...sabe...para uma virgem você foi...
   A frase explodiu no ar com o estalo do tapa que Bella lhe deu no rosto. Arfante, ela o encarava atordoada. Lagrimas marejavam seus olhos castanhos. Percebendo o que tinha feito, Bella deu um passo para trás, mas ele foi mais rápido e agarrou seu braço. O olhar dele a deixou aterrorizada. Desprezo e raiva queimavam em seus olhos.
  - M-me solta... - Gaguejou em pânico.
  - Nunca mais faça isso. - Disse Edward, entredentes. Ele soltou o braço dela bruscamente e dirigiu-se ao sofá, pegando o paletó. Então voltou-se para ela e sorrio cínico. - Tenho uma ideia melhor, mantenha o noivado. Vamos ver quanto tempo você aguentará dessa vez, doçura. - Sorrindo, ele se afastou e abriu a porta, saindo pela mesma e a fechando logo em seguida.
  Bella desmoronou no chão frio, sentindo seu coração martelando. Lagrimas rolavam pela sua face pálida. Era tolice pensar que poderia lidar com Edward, era humilhante. Então mais uma vez se viu questionando, será que a cadeira da presidência realmente valia a pena todo o seu esforço?

(...)

Fazia alguns anos desde que estivera na casa que um dia chamou de "lar". Edward cruzou o enorme saguão, evitando olhar ao redor. Não queria mais uma vez ficar presos a lembranças dolorosas que lutava para esquecer.
  - Edward ! - Exclamou Norah, a governanta. A senhora idosa respirava afoita, como se tivesse acabado de correr uma maratona. Uma mecha grisalha desprendia-se do coque quase perfeito no topo da cabeça. Edward não conteve o sorriso e a abraçou, sentia tanto a falta dela. Se não fosse pela governanta, talvez nem mesmo estivesse vivo. Seria grato a ela pelo resto dos seus dias. - Garoto, não devia está aqui! Seu pai já deve está a caminho. - Informou ela, temerosa.
  - Serei rápido. - Disse ele, soltando-a. - Preciso pegar alguns pertences que deixei no meu quarto.
   Norah suspirou.
  - Então seja breve, meu filho.
  Edward assentiu e subiu as escadas a passos largos. No topo da escada o olhar dele cruzou com o de Norah, a governanta lhe deu um sorriso fraco e aflito, ele retribuiu o sorriso e prosseguiu até seu antigo quarto.
  Seus dedos trêmulos tocaram a maçaneta fria, girando-a logo em seguida. Edward entrou no quarto e foi como voltar no tempo. Estava tudo exatamente como deixou a oito anos atrás. Os troféus e as medalhas que conquistou no colegial, reluziam diante dos seus olhos. Até mesmo a colcha da cama era a mesma, tudo impecavelmente limpo e arrumado, como se aguardassem sua chegada. Edward foi até o criado mudo e abriu a gaveta, tirando da mesma um porta retrato coma foto da mãe. Aquela foi a única foto que conseguiu salvar do ataque de fúria do seu pai. Ele sentou na cama e fitou o sorriso vazio da mãe. Recordava-se perfeitamente daquele dia. Foi no verão de 2013, alguns dias depois do seu aniversario e alguns dias antes do acidente que a roubou dele e do seu irmão. A porta do quarto rangeu, sem olhar Edward sorrio.
  - Já estou indo Norah...
  - Olá , Edward.
  O ar congelou em seus pulmões. Edward apertou fortemente o porta retrato, sentindo-o quebrar entre seus dedos. Os cacos de madeira e vidro cravaram na carne das suas mãos, seus olhos recaíram sobre a foto tingida de vermelho pelo seu sangue. Willian correu até ele e arrancou de suas mãos os cacos, jogando-os no chão.
  - Norah! Norah! Norah! - Gritou Willian em desespero. - Traga toalhas!
 - Não se aproxime de mim! - Edward saltou da cama, desvencilhando-se do pai. Por um momento foi como voltar no tempo, mais uma vez se viu como aquela criança indefesa de anos atrás. - Eu vou embora.
  - Você não pode sair com as mãos assim!
  - Santo Deus! - Exclamou Norah, deixando as toalhas caírem ao tampar a boca com as mãos.
 - Está tudo bem, Norah. - Edward tentou tranquilizará.   Ele pegou uma das toalhas no chão e a enrolou nas mãos, estancando o sangue. - Preciso ir.
  - Edward, precisamos conversar. - Disse Willian.
  Edward voltou-se para o pai, fitando-o. O desprezo que sentia por aquele homem era tão grande que o deixava enjoado. Porém, eles precisam conversar, mas não seria hoje e muito menos agora.
 - Sim, precisamos. - Respondeu Edward, seco. - Amanhã irei até o seu escrito, senhor Cullen.
 Willian estreitou os olhos, mas Edward o ignorou e voltou-se para Norah. O olhar da governanta estava marejado de lagrimas, sentiu-se culpado por deixa-la naquele estado.
  - Meu filho... - Sussurrou ela, tremula.
 - Vai ficar tudo bem. - Ele forçou um sorriso e saiu porta a fora.
 Mentira! Não estava tudo bem e duvidava se um dia ficaria. Edward desceu as escadas e cruzou o saguão a passos largos. Ele abriu a porta e saiu, sentindo o ar voltar aos seus pulmões. Seu olhar recaiu sobre a toalha encharcada de sangue, não podia dirigir e também não podia deixar seu carro ali. Descobrindo uma das mãos, pode ver o enorme estrago que causou a si mesmo. Com esforço, conseguiu pegar o smartphone no bolso da calça e discou para a única pessoa que poderia salva-lo naquele momento.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Depois me digam o que acharam.
Até a próxima, beijos!



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