Ladrões e Piratas escrita por Sirena


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo tem a participação de Harriet e CJ Gancho. Harriet é uma personagem da série de livros da Ilha dos Perdidos e CJ da animação Descendentes: Mundo de Vilões. De acordo com os livros, Harriet é a filha mais velha do Capitão, Harry o filho do meio e CJ é a caçula.



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Jay prendeu o cabelo andando pela Ilha dos Perdidos e pensando em Gil. Os dois estavam juntos desde que a barreira havia quebrado e cada dia se tornavam mais próximos. Próximos o bastante para ambos terem tido a conversa. Aquela em que tomaram uma decisão possivelmente arriscada e apressada sobre a relação deles.

— Você acha que dá pra amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo? - Gil havia perguntado timidamente, mexendo no cabelo do moreno de forma distraída.

— Acho. - Jay tinha respondido, encarando o teto, passando um braço em volta da cintura de Gil. — Por que a pergunta?

Eles estavam deitados na cama, conversando casualmente após um dia longo.

— Só tava pensando… - Gil tinha hesitando. 

— Você?

— Sem graça. - Gil revirou os olhos, apoiando as mãos no peito nu do namorado. — É que… Eu gosto de você.

— Eu também.

— Mas… Eu também gosto do Harry.

Jay deu um meio sorriso tentando não rir enquanto prensava o loiro na cama 

— Eu também.

Gil arregalou os olhos, parecendo ao mesmo tempo surpreso e alegre com a informação.

— Sério?

Jay deu de ombros encostando o queixo no ombro de Gil e beijando sua bochecha enquanto pensava.

A Ilha nunca foi o melhor lugar do mundo, mas antigamente, quando Harry estava ao seu lado, tinha a sensação de ser menos cruel.

Eles corriam por aí, pulando de um canto para o outro, roubando tudo e se deitando na areia da praia, próxima a barreira no fim do dia, observando Auradon ao longe e tentando roubar um do outro.

Mas, aí Harry começou a se meter com Uma e eles se afastaram. Um pouco depois, Harry e Mal começaram um namoro que acabou logo e antes que Jay se desse conta, Harry era seu maior inimigo na ilha.

E ainda assim, por mais raiva que sentisse. Não conseguia parar de se lembrar das tardes deitados na areia, vendo o dia virar noite, sendo observados pelo oceano sombrio.

— Sério. - respondeu por fim. 

— O que a gente devia fazer sobre isso? Tipo… Alguma coisa? – Gil perguntou hesitante, abraçando o pescoço do moreno e brincando com os cabelos dele.

Jay franziu os lábios pensando.

— Podíamos pedir ele em namoro. – declarou por fim.

— É sério?   

— É, ué. - deu de ombros. — A menos que você ache que seria um problema...

— Não, eu só… Não sei se ele… Se ele… Sabe?

— Sei. - Jay concordou. — Por que não tenta falar com ele? Tenho certeza que ele te escutaria.

— Talvez.

— Fala com ele. - sugeriu delicadamente, mexendo no cabelo do loiro. — Pode ser que ele aceite.

— E se não aceitar?

— Aí a gente continua como tá. De um jeito ou de outro, tudo vai ficar bem e eu vou continuar com você… Então, de um jeito ou de outro vamos sair ganhando. Mas, se você não quiser...

— Eu quero! – Gil hesitou antes de continuar. — Falo com ele depois.

— Tá bom.

—... Obrigado, Jay.

— Pelo que? – Jay arqueou a sobrancelha.

— Por não me achar estranho.

Jay apenas havia dado risada e voltou a se concentrar em tirar a roupa do namorado.

Agora, saindo do treino, pensava que deixar a cargo de Gil falar com Harry talvez não tivesse sido a melhor das ideias. Já fazia mais de três semanas que conversaram e o garoto ainda não tinha tido coragem de falar com o Gancho, sendo que eles dividiam o quarto! O medo que Gil tinha de tocar no assunto com seu superior beirava ao ridículo.

Pelo menos, era o que Jay achava, mas sabia que talvez não fosse. Ou fosse mesmo. A verdade é que ele não entendia muito bem como a hierarquia dos piratas funcionava então não podia dizer muita coisa.

Ele suspirou virando na Rua do Horror e caminhando em direção a loja do pai. Ainda não se sentia muito confortável com a ideia de voltar na Loja de Quinquilharias do Jafar. Embora tivesse feito as pazes com o antigo grão-vizir, não conseguia se livrar da impressão que a única razão para que o pai estivesse tão carinhoso era simplesmente o fato de estar levando uma boa quantia de dinheiro para ele todo mês.

Foi abruptamente tirado dos seus pensamentos quando ouviu um barulho vindo de um dos becos a sua esquerda, como se alguém tivesse pulado do alto dos prédios. Semicerrou os olhos na direção de onde o som tinha vindo, mas, as sombras formavam um bom esconderijo.

Jay estava atento, apressando o passo e tentando se manter nas sombras enquanto atravessava em direção a loja. Uma lata de lixo caiu em algum lugar à direita e o coração dele disparou se apressando mais ainda enquanto tentava decidir o que fazer.

As ruas da Ilha eram estreitas e curvas, havia muitos lugares para se esconder, não era um caminho seguro. Pensando isso, correu para um dos becos, pulou para cima de uma caçamba de lixo com os braços esticados para alcançar uma escada de incêndio. Se corresse pelos telhados, seria mais rápido e estaria mais seguro. Mas, antes que pudesse alcançar a escada, sentiu alguém pular nele e derrubá-lo no chão.

Jay tentou se levantar, mas, tarde demais, percebeu que não era apenas uma pessoa e se viu prensado no chão com o salto de uma bota pressionando sua jugular.

— Olha o que os bons mares trouxeram!

Infelizmente, Jay reconheceu o sotaque e a voz dramática.

— CJ! – falou o mais alto que pôde. — Me solta!

CJ deu risada enquanto a irmã se abaixava. Jay bufou alto sentindo Harriet puxar suas mãos e amarrá-las com uma corda, num nó perfeito de marinheiro.

— Gancho! – Jay rosnou enquanto CJ tirava o pé de seu pescoço e ria balançando os cabelos loiros. — O que posso fazer pelas senhoritas?

As irmãs de Harry Gancho reviraram os olhos simultaneamente e o puxaram de uma vez para cima.

— É um prazer te ver, Jay. – Harriet sorriu enquanto falava. — Mas, você não devia tá aqui.

— O que vocês duas querem?

CJ suspirou com impaciência. — Não temos que nos explicar pra um vira casaca!

— Calista... – Harriet censurou a irmã, que apenas resmungou. — Não é pessoal Jay, ordens de baixo. Qualquer vira casaco que pisa na nossa parte da Ilha tem que ser levado pro navio.

— Não sabia que o capitão continuava do lado errado das coisas. – Jay cuspiu, tentando não revirar os olhos. CJ estremeceu.

— Papai não está dando ordens, Jay. Elas estão vindo bem debaixo.

CJ não precisou ser mais clara para que Jay entendesse. Ele suspirou alto quando Harriet o empurrou em direção as docas e por mais desconfortável que fosse, não reclamou. Sabia que elas não tinham muita escolha.

— Por que vocês não foram estudar em Auradon igual ao Harry? – questionou casualmente enquanto tentava desfazer o nó da corda o mais discretamente que podia.

— Você acha mesmo que combinamos com a Chatolandia? – CJ debochou. — A única coisa boa de lá são as roupas.

— E a comida. – Harriet acrescentou.

— E os garotos.

— E as garotas.

— Certo, eu entendi. – Jay suspirou tentando não rir.

— Com mil demônios do mar! O que vocês duas estão fazendo? – Jay olhou assustado para Harry Gancho que os observava chocado. Jay não pode deixar de sorrir com a preocupação dele. — Por que estão tentando trazer lixo para o navio?

Jay sentiu como se tivesse levado um soco no estômago e não pode disfarçar a irritação.

— Vá ao inferno, Gancho.

Harry o olhou com descaso um momento antes de se voltar para as irmãs, esperando por uma explicação.

— Ordens da Úrsula, Harryzinho. – Harriet falou, como se fosse óbvio.


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