Ladrões e Piratas escrita por Sirena
Gil pulou na água pelo que Harry contou ser a oitava vez nos últimos cinco minutos.
— Entra logo, Jay! – bufou, tentando puxar o namorado pelas mãos.
Era um dia ensolarado e perfeito para uma visita ao Lago Encantado. Harry e Gil pularam logo na água após o piquenique, mas Jay se contentou em tirar a camisa e ficar com as pernas mergulhadas.
— Eu não sei nadar, Harry!
— Como não?
— Morávamos numa Ilha! – Gil concordou, tentando afogar Harry de mentirinha.
— Tinha uma barreira em volta!
— Parte da água tava dentro da barreira! – Harry observou, empurrando Gil.
— Tinham tubarões e crocodilos na água!
— E se você não consegue nadar pra salvar sua vida de um tubarão faminto, você não deveria nem estar vivo. – Gil argumentou, jogando água em Harry que logo respondeu ao ataque, rindo.
— Vocês nadavam com tubarões?
— Você não? – Harry arqueou a sobrancelha. — Gil, não tinha clube de nado com tubarões em Dragon Hall?
— Não. Eu aprendi a nadar com tubarões com a Uma quando me juntei à tripulação.
— Serpent Prep com certeza dava de dez a zero na escola de vocês.
— Há! De jeito nenhum! – Jay bufou.
— Ah, é? Então entra aqui! – Harry riu, o puxando com força pelas mãos até cair na água.
Jay engasgou, passando os braços em volta dos ombros de Gil, tentando manter a cabeça fora da água.
— Harry!
— Ignora, Jay. Vem cá. – Gil sorriu segurando Jay mais perto. — Vamos pra parte funda, eu te ensino a nadar.
— Não vamos pra lugar nenhum, pode parar! – Jay bufou, tentando se segurar numa das pilastras do antigo templo, as pernas envoltas da cintura de Gil.
Mas tentar resistir à força do filho do Gaston não dava muito certo e logo estavam no meio do lago.
— Qual é? Não é você que curte esportes? – Harry provocou, nadando logo atrás deles.
Jay rangeu os dentes, apertando mais os braços em volta do pescoço de Gil quando pareceu que o loiro iria soltá-lo.
— Eu curto esportes em terra.
— Larga de frescura!
— Calma, pensa que se você se afogar, tem dois namorados prontinhos pra te salvar. – Gil consolou, sorrindo. — A água aqui é calminha, dá pra você tentar ao menos a boiar. Relaxa.
A contragosto, Jay concordou.
Harry colocou a mão em seu pescoço e Gil em suas costas, o ajudando a deitar sobre a água.
— Você precisa relaxar. – Gil suspirou.
— Eu tô relaxado!
— Tão relaxado quanto meu pai perto do Tic-Tac.
— Qual é? Você vai deixar o Harry te zoar, Jay? – Gil arqueou a sobrancelha. — Agora relaxa. O importante é manter o nariz fora da água ok?
— Ok.
— Solta, Harry.
Harry se afastou. Jay pareceu mais tenso.
— Vou soltar também tá?
Os dois pegaram Jay assim que ele afundou.
— Tá tudo bem.
— Duendes, você é ridículo! – Harry dava risada.
Jay praguejou chutando água em Harry enquanto subia nas costas de Gil.
— Até a margem, por favor.
— Eu sou o que? Um táxi? – Gil deu risada. — Corrida, Harry!
— Beleza.
— Como assim, corrida? Eu tô... – Jay apertou com mais força os braços em volta do pescoço de Gil quando ele e Harry começaram a nadar velozmente, dando braçadas e pernadas até as margens do templo.
Jay deu um suspiro de alivio pulando de volta para o chão de pedra, deixando novamente apenas os pés dentro da água.
— Ganhei! – Gil comemorou, rindo.
— Ganhou nada! – Harry rangeu os dentes, fazendo careta. — Eu cheguei primeiro!
— Claro que não!
— Claro que sim! Eu sempre estou em primeiro! – Harry bufou, empurrando Gil contra as pedras e agarrando seus cabelos enquanto descia os lábios para o pescoço do namorado, passando a língua pela pele molhada.
— Cês sabem que o Lago Encantado é cheio de fada, né? Querem mesmo dar um show pra elas?
Harry grunhiu. — Fadas não merecem um show tão bom. – bufou, se erguendo de volta para o chão de pedras do templo.
Gil sentou-se entre os dois e balançou o cabelo, tentando tirar o excesso de água antes de ir pegar uma toalha. Harry o segurou antes que se levantasse e deitou o rosto em seu ombro.
— Então, que coisa é essa de dia dos namorados que o Gil me contou?
— Ah, ainda tá um pouco longe. É só daqui uns dias. – Jay deu de ombros. — Tô escolhendo os presentes. Podemos almoçar juntos e sair para algum lugar. Algo assim.
— Hum...
— E como tá as coisas na Ilha? Harriet vai mesmo vender o navio? – Jay arqueou a sobrancelha. — Poderíamos comprar e usar pra viajarmos pelo mundo.
— Eu não sei se quero viajar tanto quanto vocês dois. – Harry admitiu.
— Qual é? Passamos dezoito anos trancados numa Ilha! Você não quer mesmo ver tudo que nunca pudemos ver? – Gil arqueou as sobrancelhas, surpreso. — Podemos ir a Terra do Nunca, depois ao País das Maravilhas, passear em geleiras e explorar Sherwood... E... E tudo aquilo que aprendíamos na escola? Sobre reinos escondidos, cavernas de tesouros perdidas e tudo que podíamos encontrar... Vai ser legal, Harry.
— É, falando assim parece legal. – concordou. — Mas, não é a mesma coisa que a gente imaginava, né? A parte legal da pirataria é sair pilhando e saqueando e aqui em Auradon... Isso não é muito bem visto.
— Mas, podemos procurar tesouros perdidos. Piratas fazem isso também, não é? – Jay deu de ombros. — Meu pai conhece várias lendas sobre tesouros perdidos no deserto. Lugares que fariam os tesouros da Caverna das Maravilhas parecerem esmolas!
— Isso parece legal... – admitiu. — Mas, poderíamos procurar por anos e nunca encontrar nada, né?
— E essa não é metade da graça? – Gil riu. — Realmente não parece legal pra você, Harry?
— Parece... – admitiu dando um sorrisinho. — Tá, parece legal.
— Relaxa, Gil, ele só gosta de ser um estraga-prazeres.
Harry tentou jogar um pouco de água em Jay.
— Acho que Harriet não vai comprar uma casa. CJ e eu estamos tentando convencer ela a pagar um tratamento com as fadas curandeiras pro papai. Você sabe... – ele parou um instante, respirando fundo. — Depois de algumas décadas preso na Terra do Nunca com várias crianças imitando o som do crocodilo que comeu a mão dele e fazendo ele ter várias crises por isso... Ele não é muito estável e também como na Terra do Nunca o tempo não passa... Ele não tem muita noção de tempo, aí acaba não ligando muito quando eu e a CJ sumimos por muito tempo porque nunca parece muito tempo.
— Vilões fazendo terapias com fadas... O mundo dá voltas. – Jay sorriu, tentando parece solidário com a história. Independente da razão, lembrava bem que o velho Capitão Gancho não era bom com crianças. — O sol já tá se pondo, melhor voltarmos para escola.
— Tá.
***
Eles voltaram para a cidade no carro alugado e caminharam até o estacionamento do colégio, se empurrando, apostando corrida e pulando sobre bancos e rampas. Pessoas se assustavam, pulando para trás e desviando, mas nenhum dos três se importava, rindo entre pulos e cambalhotas até chegarem.
— Você já tem mesmo que ir? – Gil questionou, se encostando contra a moto de Jay, os braços em volta da cintura do namorado.
— Tá tarde, vida.
— É, Gil, os molengas desse lado da ponte dormem cedo. – Harry riu puxando o queixo de Jay com o gancho para dar-lhe um selinho. — Morrem de medo do escuro.
— Há-há. – Jay revirou os olhos começando a tatear os bolsos do casaco. — Eu queria poder ficar mais, vidas, mas é minha vez de preparar o jantar na Evie.
Gil cruzou os braços e revirou os olhos indo para o lado de Harry, colocando a mão no bolso do casaco vermelho de couro do namorado.
— Eu... Não encontro minha chave. – Jay fez careta.
Harry e Gil esconderam um sorriso.
— Harry, você roubou minha chave de novo?
— Eu? – o rapaz franziu a testa e então sorriu tirando as chaves da moto do bolso. — Talvez. Me desculpe, querido, mas pilhar e saquear é como nós, piratas, demonstramos nossos sentimentos.
— Engraçado, o Gil não fica pegando minhas coisas. – Jay rolou os olhos, subindo na moto e pegando a chave de volta.
Gil e Harry trocaram um olhar e o loiro riu.
— Na verdade eu peguei as chaves e entreguei pro Harry. Desculpa. Velhos hábitos custam a sumir, né?
— Considere essa a nossa linguagem do amor, querido.
Jay bufou. — Eu não sei por que ainda me surpreendo! Ligo para vocês mais tarde, ok?
— Ok. – Gil suspirou de cabeça baixa.
— Tá legal.
***
— Harry... – Gil começou hesitante, uma tigela de uvas no colo. Banho tomado, cabelo molhado, bermuda moletom marrom e nenhuma camisa.
— O que foi que você já tá chorando por aí, bem? – Harry arqueou a sobrancelha procurando uma roupa para vestir.
— Você acha que o Jay se irrita por ficarmos pegando as coisas dele?
— Claro que não. – bufou, revirando os olhos e vestindo uma camisa preta cheia de furos e manchas brancas. — De onde você tirou isso? Ele é da Ilha igual à gente, entende o nosso jeitinho vilão de demonstrar amor.
— Mas, ele tá aqui em Auradon tem tempo! – observou. — Talvez ele não goste mais tanto do jeitinho da Ilha de fazer as coisas. Quer dizer... Ele mudou pra se adaptar aqui, né? Então... E tem toda essa coisa de dia dos namorados que ele quer fazer, então... Talvez devêssemos ser mais românticos com ele? Românticos, tipo Auradon, sabe? Com danças ou flores ou... Ele é filho do Jafar, né? E se voássemos num tapete mágico? Igual o Aladdin com a Jasmine!
Harry franziu os lábios e colocou uma calça antes de se jogar na cama ao lado do Gil.
— Sinceramente?
— Sinceramente.
— Isso parece chato e entediante demais! Mas, já que você insiste... Onde conseguimos um tapete desses?
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