Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 94
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Levou um pouco mais de dez horas, mas o rosado conseguiu. Ele chegou em Konohagakure um pouco depois das nove da manhã e sequer parou ao passar pelos portais antigos e avermelhados da grande aldeia. A alguns minutos que não usava o Raiton: Hageshi Senkō, mas ainda era suficientemente rápido para fazer com que os papéis de uma mesa de recepção voassem quando passou por ela e continuou com seu caminho pela rua principal até aproveitar-se daquela velocidade para saltar a um telhado próximo. Ele estava consideravelmente baixo para ter um vislumbre de toda Konohagakure, por isso continuou saltando de telhado em telhado e gargalhando animado quando estava no ar e até mesmo acenando para crianças muito pequenas que olharam curiosas para o "esquisitão saltador de telhados" como escutaria por lá em algum momento nos próximos dias. Enquanto saltava, Rin removeu do bolso de sua calça uma das kunais pertencentes a Ashram e que agora possuía a sua marcação na lâmina escurecida. O rosado girou seu corpo no ar e soltou a pequena arma na direção do Monumento dos Hokage. Um sorriso maior cresceu em seus lábios enquanto sua expressão ficava cada vez mais tranquila. Ele veio a desaparecer assim que botou seus pés no telhado seguinte, desta forma ressurgindo onde sua kunai foi parar, ou seja, o rosto de pedra do Sétimo Hokage — Uzumaki Naruto. 

O rosado estendeu os braços. Aquela sem dúvida era a melhor vista que teria de Konohagakure. O rosado respirou fundo e inclinou a parte superior de seu corpo para trás, sentindo não apenas o aroma perfeitamente agradável que sentia tanta falta, mas também uma brisa fresca que o recebeu convidativa. Rin tentou observar o movimento rotineiro das pessoas nas inúmeras ruas, mas não conseguiu por ter ficado muito alto. Então, sua atenção se voltou para o prédio avermelhado e circular muito próximo do Monumento dos Hokage e com o kanji "Fogo" numa placa de poucos andares, ou seja, o Escritório do Hokage. "Será que dou um alô para o Naruto-san? Seria bom dizer que já estou de volta…" o rosado pensou e estava para ir até lá e ocupá-lo por alguns minutos, mas parou ao perceber um movimento em outro lugar. 

Um movimento de crianças no pátio da academia. Uma boa maioria encontrava-se assistindo a um combate simulado entre outros dois colegas. O rosado levantou uma das sobrancelhas e sentou-se no monumento e cruzou as pernas, mas baixou um pouco sua cabeça e permitiu que um sorriso gentil e satisfatório tomasse conta de seus lábios, isso porque a responsável por supervisionar o combate simulado era Yamanaka Misa que gargalhou contente ao receber uma flor de algum aluno. "Eu tenho concorrência? Vou me lembrar do seu rosto…" o rosado pensou com um pouco de divertimento, então levou o cotovelo esquerdo para sua coxa e apoiou o queixo na palma, desta forma mantendo sua atenção na loira e esquecendo-se dos alunos. "Parece que nem se esforça para controlar essa turma, mas aposto que, com o seu jeito carinhoso e amável, conquistou-os rapidinho…" pensou o rosado que suspirou antes de colocar-se de pé e assobiar ao pôr os dedos médio e indicador nos lábios, assim fazendo um prolongado e chamativo som que chamou a atenção das crianças para o alto. Ele levantou o braço direito no momento que a loira no chão seguiu o olhar dos estudantes.

— Não é para isso que voltei… — Rin sussurrou e lentamente baixou seu braço direito e fechou a palma em punho, porém sorriu maliciosamente. — ...mas… —

O rosado saltou do rosto de pedra e chegou ao pátio da academia, porém agachado quando pousou e suspirou, ignorando que as crianças tomaram distância quando o mesmo aterrissou. Ele olhou para a única mais velha daquele grupo e percebeu as mudanças de seu olhar em poucos segundos. Havia a preocupação nos olhos azuis, mas também a saudade que sentia por aquele rapaz de cabelos róseos que emanava uma boa sensação. O rosado levantou-se e levou a mão direita ao cabelo, desta forma arrumando-o para trás e engolindo em seco enquanto encurtava sua distância com a loira que mantinha uma prancheta com o nome dos alunos em suas mãos. 

— Não tive a oportunidade de ler a carta que me enviou. Alguém pegou em meu lugar e colocou fogo nela, mas… — Rin começou a falar, mas não teve a chance de concluir seu comentário.

— ...você voltaria assim que soubesse o quão ruim seu pai estava. — Misa disse depois de interrompê-lo. Ela olhou para as crianças que assistiam e voltou sua atenção para o rosado próximo dela, por isso começou a sussurrar. — Matamos a saudade depois. Seu pai está no quarto trezentos e cinco. —

— Obrigado, mas... — Rin disse, mas deu continuidade assim que encurtou mais a distância que os separava. — ...tava querendo mostrar aos garotos da sua sala que a concorrência é bem… —

— Katsuryoku Rin… eles são crianças. — A Yamanaka disse tentando um pouco de seriedade em sua voz, mas acabou soando mais com divertimento.

A Yamanaka não lutou contra quando o rosado levou a mão direita para a sua cintura, assim puxando-a para mais perto dele, então levando a mão esquerda ao pescoço da loira que fechará os olhos quando sentiu aqueles toques, além de obviamente separar um pouco seus lábios. O rosado aproximou seu rosto ao da loira, então selou seus lábios com o dela como um beijo que durou uns trinta segundos para terminar, mas ambos foram capazes de sentir a suavidade daquele afeto. Os dois puderam escutar um "eca" da maioria dos alunos e "uou" dos outros. A Yamanaka quem interrompeu o beijo, mas manteve seus olhos fechados por alguns segundos antes de aproximar seus lábios do ouvido esquerdo do rosado.

— Agora que já provou alguma coisa para essas crianças, então… — Misa começou a dizer, mas foi interrompida pelo rosado.

— ...não precisa me dizer. — Rin disse.

Ele afastou-se da garota que voltou a segurar a prancheta com as duas mãos e contra o peito. O rosado suspirou, então olhou para algumas crianças que prestavam atenção nele e até sussurravam "que cara maneiro!", o que de certa maneira fez o rosado sorrir e acenar para aquelas crianças. Ele puxou novamente a kunai já marcada e a jogou numa direção específica. Ele acenou para as crianças que ficaram sem entender o porquê da ação dele, assim como a própria professora que inclinou a cabeça para o lado direito e estava para dizer alguma coisa, mas quase pulou de susto quando o rosado desapareceu completamente da sua vista. Misa olhou para alguns garotos que se aproximaram dela com os olhos brilhando em animação.

— Professora! Quem é aquele cara? — Um deles perguntou.

— Vocês… — Misa começou a dizer. E pensou bastante nas palavras que usaria naquele momento, por isso sorriu divertidamente para seus estudantes. — ...gostariam de conhecê-lo? O dia da profissão está chegando, por isso imagino que dê para chamá-lo. —

— Profissão? A profissão dele é ser maneiro? Que incrível! — Perguntou outro aluno, dessa vez embasbacado. 

— Não… — Misa disse para o aluno e sorriu pelo canto dos lábios antes de esclarecer. — Ele é um ninja médico, treinado pela Sakura-sama em pessoa, então podemos dizer que suas habilidades são incríveis. —

Misa ouviu sussurros das alunas que mencionaram como Rin era bonito, a Yamanaka não prolongou a conversa por conta da aula, mas sem dúvida gostaria de conversar com a turma sobre Rin, quem sabe gabar-se um pouco por namorarem. A loira deu seguimento a sua aula de combate simulado. 

Enquanto isso, Rin corria por uma das ruas de Konohagakure, saltando por pedestres que vez ou outra ficaram em seu caminho e que conversavam sobre alguma coisa que não interessava ao rosado. "Seria tão prático ir pelo esgoto, mas não lembro qual canal usar para chegar ao hospital…" pensou o rosado que continuou correndo e pulando. Em certo momento, Rin saltou para o telhado de uma casa e manteve-se agachado nele por alguns segundos e coçou seu cabelo enquanto ofegava, demonstrando o óbvio cansaço que sentirá naquele dia. "Desde que deixei Amegakure que não descansei…" pensou e levou o antebraço esquerdo para seu rosto, assim secando um pouco do suor que escorria. Rin tornou a se levantar e fechou seus olhos por um momento, desta forma aproveitando uma brisa fresca que mexeu com seus fios rosados. O loiro engoliu em seco e tornou a abrir seus olhos, então correu para a beirada do telhado e saltou para o próximo.

Em poucos minutos o mesmo chegou em frente ao Hospital de Konoha. A grande construção esbranquiçada de cinco andares com o kanji "Cura". Ele conhecia o suficiente daqueles corredores, afinal passava grandes horas de seu dia por ali, obviamente que alguns minutos dessas horas era procurando um local para descansar tranquilamente por horas, por essa razão não precisava perguntar a ninguém o caminho até o terceiro andar ou onde ficava o quarto. Ele só seguiu andando apressado pelos corredores e escadas e olhando para a numeração das portas quando chegou ao terceiro andar. "Trezentos e dois… trezentos e três…" pensou o rosado que então parou na porta do quarto de numeração 304 e a deslizou, desta forma dando acesso ao cômodo e olhando para seu interior.

Seu pai realmente estava naquele quarto, mas não em suas melhores condições, seu cabelo ruivo cairá quase que todo, além disso seu rosto… seu corpo… estava magro, cansado demais. Sua pele ficará mais pálida, por isso os arranhões em seu pescoço se tornaram nítidos. Ele não estava sozinho no cômodo. Shiawase encontrava-se ao lado direito da cama e sentada numa poltrona, esta não parecia diferente da última vez que Rin a viu, ou seja, na discussão familiar em que soube sua origem. E Sakura estava do lado esquerdo de Akami com as mãos em seu abdômen e com energia emanando de suas palmas, provavelmente retardando o máximo que podia daquela doença. Os três olham para ele.

— Rin! — Shiawase disse e saiu da poltrona e correu para abraçá-lo. 

— Oi, mãe. — Rin disse e abraçou sua mãe adotiva, porém correspondendo com aquele sentimento agradável que a mesma possuía no abraço.

Rin olhou para Sakura depois que a rosada foi afastada do ruivo a quem tratava. Akami podia estar quase sem forças, mas ainda fez questão de usar o que lhe sobrou para jogar a kunoichi das lesmas em direção ao garoto. Rin sorriu pelo canto dos lábios, mas de um jeito um pouco diferente, então parou de abraçar Shiawase para terminar de se aproximar de Sakura e abraçá-la.

— Você está bem? — Sakura sussurrou.

— ...cansado. A algumas horas, quase que sozinho, acabei com uma gangue que controlava Amegakure. — Rin sussurrou, mas deu continuidade assim que a rosada se afastou do abraço, mas manteve as mãos em seus ombros como se quisesse esclarecimento. — Longa história. —

— Rin… — Shiawase chamou, dando continuidade assim que olhou para Akami na cama. — ...ele está… —

— Eu sei… — Rin disse áspero. 

O rosado afastou-se da kunoichi das lesmas. Ele manteve os braços cruzados enquanto se aproximava da cama e olhava para a pessoa ali deitada, mas que o encarava com um sorriso no rosto. Haviam aparelhos demais conectados ao corpo do ruivo, mas todos informaram a mesma coisa sobre a saúde dele. "Tudo está fraco. Desde o batimento cardíaco até os pulmões…" o rosado pensou e voltou sua atenção para o homem na cama, então sentou-se na poltrona em que Shiawase ocupará a pouco tempo.

— Desde quando você tem cabelo longo? — Akami sussurrou.

— Tava ocupado demais para pensar em cortá-lo, me dá um desconto. — Rin disse, mas deu continuidade assim que pôs a mão direita no queixo. — O que acharia se eu começasse a usar um rabo de cavalo? —

— Acharia que meu filho não tem mais solução. — Akami sussurrou e então gargalhou, mas obviamente com muita dificuldade e só parando quando começou a tossir. — Em que você tava ocupado? —

— Vamos ver… — Rin disse enquanto fechava suas mãos em punhos com força, odiando a situação atual de seu pai. Ele deu continuidade assim que suspirou. — ...tava descobrindo quem realmente sou, mas também tava aperfeiçoando meu Iryō Ninjutsu em Sunagakure, então viajei para Amegakure na esperança que a clínica de lá pudesse me ensinar alguma coisa, mas… —

— ...mas meu filho era mais inteligente e talentoso que eles, por isso não tiveram nada para te ensinar, então você os ensinou. — Akami disse depois de interrompê-lo.

— Não mesmo. — Rin disse. Ele deu continuidade assim que olhou para a janela do quarto e viu como o dia estava agradável. — No começo estava querendo resgatar uma amiga que conheci a caminho de Sunagakure e que pensei ter sido sequestrada… —

— Doro está bem? — Sakura perguntou.

— ...nunca esteve em perigo. — Rin respondeu a pergunta da rosada, dando continuidade assim que voltou sua atenção para o homem de cama. — Então, agi com precipitação ao tentar bater de frente com um cara que liderava outra gangue, mas acabei perdendo e participando forçado de um evento mortal. —

— Quanta aventura… — Akami sussurrou.

— E ainda nem acabou. Conheci outra pessoa do clã Katsuryoku. — Rin disse e cruzou suas pernas na poltrona.

— O que? Sério? E qual o nome dessa pessoa? — Akami perguntou. Ele parecia um pouco cansado, mas certamente era por gastar fôlego com as perguntas.

— Tsuko. Ela agia com o braço direito do líder da gangue que enfrentei inicialmente ao pensar que minha amiga estava em risco, mas enfim… — Rin disse e levou a mão direita ao queixo e o coçou antes de dar continuidade. — ...tive de participar desse evento chato e conheci algumas pessoas que tentaram me matar, mas não conseguiram porque sou filho do grande Akami, então a teimosia está até mesmo para morrer. —

Tanto Sakura, quanto Shiawase, mantiveram silêncio. As duas sabiam o quanto os dois necessitavam daquela conversa, mas não ousaram sair do cômodo. As duas enxergavam a sombra da tristeza ocupando os olhos do rosado, mas deixaram que as coisas acontecessem.

— Hm… — Akami murmurou, mas um sorriso passou por seus lábios.

— E alguns problemas aconteceram durante esse evento, mas seu filho consegue encontrar uma solução. — Rin disse. 

— Que problemas? — Akami perguntou.

— Pessoas explodiram. O líder da gangue inimiga era do clã Chinoike, então conseguia de algum jeito explodir as pessoas. — Rin respondeu.

— E qual foi a solução desse problema que meu filho encontrou? — Akami perguntou.

— Salvei o máximo de pessoas que pude. Esse é o trabalho de um Ninja Médico. Nós salvamos nossos companheiros até o momento que parem de respirar. Não devemos desistir de dar tratamento para as pessoas. Estou certo, Sakura-sama? — Rin perguntou.

Sakura começou a dizer, mas calou-se no momento em que Akami abriu a boca.

— Rin, eu… — Akami começou a dizer, mas foi interrompido.

— Você vai me escutar! — Rin disse áspero e levantando-se da poltrona. Seus olhos estavam sérios e tristes para o homem na cama. — Há tratamentos para a sua doença. Orochimaru-sama pode cultivar pulmões novos misturando suas células com as de Senju Hashirama. Nós não desistiremos de dar o melhor tratamento para você. Entendeu? —

— ...meu câncer está em estágio três. — Akami disse e levou a mão direita aos olhos, coçando-os antes de dar continuidade. — Ele se espalhou para o coração. Então… o que mais aconteceu em Amegakure? —

Rin ficou em silêncio e sentiu os joelhos cederem, por sorte sentou-se na poltrona e pôs os braços em suas pernas, então começou a abrir e fechar suas mãos algumas vezes. 

— Porque não está aceitando tratamento? — Rin perguntou, mas deu continuidade assim que olhou para o ruivo na cama. — Você vai… —

— Morrer? Heh… vou te passar algo que meu pai me passou, garoto.. — Akami disse, então continuou assim que mexeu seu braço e estendeu sua mão e o rosado a pegou. — Quando você acha que uma pessoa morre? Quando uma kunai perfura seu coração? Não. Quando são vencidas por uma doença incurável? Não! Elas morrem… quando são esquecidas. —

— Eu preciso de você! — Rin disse um pouco alto e voltou a se levantar e pôs a mão direita na camisa. — A mãe precisa de você! —

— Não… você não precisa de mim a muito, muito tempo. — Akami disse e soltou um riso bobo e cansado antes de continuar. — Você cresceu antes que nos déssemos conta, tornou-se forte ao ponto de sobreviver a… como mesmo disse… um evento mortal. —

Rin ficou em silêncio.

— ...continue a história. Quero saber o que passou nesses últimos meses. — Akami pediu ofegante.

Rin continuou em silêncio e exibiu um olhar mais sério.

— Rin… continue a história. — Akami pediu novamente.

Rin mordeu os lábios, baixou sua cabeça e suspirou, levantando-a em seguida e olhando para o teto antes de voltar sua atenção ao ruivo de cama.

— Um mês se passou desde que o evento acabou de um jeito inesperado. Nesse período, desenvolvi meu esquadrão de ninjas especializados em Iryō Ninjutsu chamados de Rokujūshi, mas são poucas pessoas e uma delas está me acompanhando, mas a deixei para trás para que pudesse conversar com você e tentar fazê-lo mudar de idéia. — Rin disse.

— Que bom que veio. E vejo que meu garoto está tornando-se responsável por outras pessoas. — Akami disse, então aguardou pela continuidade.

— ...é. — Rin disse.

— O que mais, Rin? — Akami perguntou.

— Acabei com uma gangue que causava o terror em Amegakure pouco depois de um ataque à nossa base. — Rin disse.

— Rin… — Akami o chamou, assim continuando quando ganhou a atenção dele. — ...quem realmente é? —

Rin ficou em silêncio com aquela pergunta, então levou a mão direita ao cabelo e o coçou antes de suspirar preguiçosamente. Ele saiu de seu assento para se aproximar das mulheres que ouviam atentamente a conversa, então agarrou-lhes as mãos.

— Sou quem eu quiser. Posso ser Uchiha Rakun, mas também posso ser Katsuryoku Rin. — Ele respondeu a pergunta, mas deu continuidade assim que seu Sharingan se ativou. — Não tem como ser um não sendo o outro, não tenho como rejeitar uma dessas identidades já que se completam. Os Katsuryoku me criaram e permitiram que eu desenvolvesse minha personalidade, minha forma de enxergar o mundo. Os Uchiha me deram a vida, sem isso não teria como desenvolver minha personalidade ou minha forma de enxergar o mundo. —

Rin ficou em silêncio ao fim do comentário, contudo sua atenção continuou no ruivo de cama que sorriu pelo canto dos lábios. 

— Essa é outra prova de que cresceu. — Akami disse, dando continuidade ao coçar o braço direito. — Poderia me contar com detalhes sobre sua aventura? —

— É claro. — Rin disse e afastou-se das duas mulheres, retornando para a poltrona e cruzando os braços assim que se sentou. — Conheci uma Besta de Cauda em minha viagem para Sunagakure. —

— É? Nossa… o que você fez? — Akami perguntou.

— O mais óbvio. Falei que era filho do grande Akami, por isso que sentiu medo de mim. — Rin disse, mas começou a rir e balançou a cabeça de um lado para o outro. — Brincadeira. Ele me agradeceu por ter enfrentado alguns escorpiões que se tornaram praga no deserto, então me deu um pouco de seu chakra… e uma carona para Sunagakure, se não íamos morrer no deserto. —

— Você tem o Chakra de uma Besta de Cauda? — Os três perguntaram em uníssono.

— Verdade… era um segredo que não contei nem para a Doro. — Rin disse e coçou uma das bochechas coradas e mostrou a língua antes de continuar. — Esqueçam que eu disse isso, tá? —

— Garoto… — Akami começou a dizer, mas acabou gargalhando como não fazia a algum tempo, dando continuidade assim que parou de rir. — ...você é único mesmo. Então, continue com a história. — 

Rin obedeceu, mas preferiu deixar o assento sempre que chegava a uma parte da história em que enfrentava alguém, assim gesticulando movendo os braços para frente com as mãos fechadas em punhos como se estivesse enfrentando alguém invisível. A alegria e tristeza eram sentidas nas palavras e no olhar do rosado, mas também na presença do próprio Akami que exibia uma expressão tranquila, surpreendendo-se sempre que ouvia algo que deveria mesmo deixá-lo surpreso.

— Então, essa Doro engravidou do líder da gangue que criou esse "Coliseu"? — Akami perguntou.

— Meu obviamente que não é, mas... — Rin disse e levantou uma das sobrancelhas enquanto deixava seus braços cruzados, dando continuidade assim que suspirou. — ...Tsuyu não é de todo mal. Alguém da família dele é do clã Hyuga, mas não sei exatamente o que aconteceu para chegar em Amegakure. Eu prometi que voltaria para ajudá-la com o nascimento da criança, mas também quero ver como estão indo as coisas com a Rokujūshi. —

— O seu pequeno esquadrão de ninjas médicos. — Akami disse, mas deu continuidade assim que olhou para a janela do quarto. — E aquela Katsuryoku que encontrou? —

— Ela… morreu. — Rin disse e mordeu os lábios um pouco. Ele não virá a morte de Tsuko, mas escutará a explosão. — Havia um traidor na Mangetsu que destruiu a carta que me enviaram. Eu teria vindo um mês mais cedo se soubesse a sua situação, pai. M-Me de-des-desculpe… —

Os olhos esverdeados brilharam. Era tão óbvio que o rosado se esforçava para não chorar, mas aparentemente seus sentimentos e a vontade eram muito mais fortes que o seu desejo.

— ...garoto. Não comece a chorar, senão também vou. — Akami pediu enquanto seus olhos exaustos umedeceram um pouco mais.

Rin se esforçou, obedecendo-o e controlando-se, desta maneira aguentando para não chorar. O ruivo observou o rosado por alguns segundos e sorriu pelo canto dos lábios, admirando a força de vontade de seu garoto. "Ele cresceu, mas também continua o mesmo. Você será um bom homem. Né, Rin?" pensou Akami que soltou um riso solitário enquanto deixava sua expressão o mais suave possível, mas a alterou um pouco quando levou a mão direita ao peito e começou a tossir. Nos primeiros segundos era uma tosse fraca, como se houvesse um pigarro na garganta, mas então a tosse piorou quando sangue a acompanhou e se arrastou pelo canto dos lábios do ruivo. Sua tosse piorou mais e mais sangue escorreu de seus lábios e ele moveu o braço esquerdo à frente do corpo com a palma aberta quando Sakura tentou se aproximar dele. Até mesmo o rosado se levantou, mas acabou sendo puxado por Shiawase quando a mulher o viu preocupado, assim segurando-lhe a mão direita dele.

— Eu… eu tô bem… — Akami disse quase sem fôlego e usando a mão direita para limpar o sangue que escorreu pelo canto de sua boca. Era nítido seu esforço para falar e até mesmo para respirar. — Rin, me faça um favor. — 

— Diga. — Rin disse e olhou para um dos aparelhos que mostrava a saúde de seu pai, mas retornou a atenção para ele.

— Poderia cuidar da sua mãe? Eu a amo, mas não quero que ela tenha pressa em me acompanhar para o outro mundo. — Akami disse e suas bochechas ganharam um pouco de coloração.

— Seu bobo… — Shiawase sussurrou e levou o indicador da mão esquerda para um dos olhos úmidos.

— Esse é o favor mais idiota que você me pediu. Sabe disso, né? — Rin disse, mas deu continuidade assim que balançou a cabeça de um lado a outro e suspirou. — É claro que vou tomar conta dela. —

— Muito obrigado… — Akami disse, mas deu continuidade assim que levou uma das mãos aos olhos. Ele começou a chorar e a soluçar antes de dar continuidade. — Está na cara que eu não quero morrer… eu acho que sou teimoso mesmo... —

Um riso escapou do rosado, afinal conhecia a teimosia de seu pai. E se ainda resistia a um câncer de estágio três que passou dos pulmões ao coração, então aquele exemplo de teimosia era o melhor em anos dele. Rin parou de rir no momento que os soluços do ruivo cessaram e fechou suas mãos em punhos com muita, muita força enquanto sentia as duas mulheres abraçarem-no. Ele tentava ao máximo ignorar o aviso da máquina alertando sobre uma parada cardíaca do ruivo. O rosado simplesmente permitiu que as lágrimas escorressem junto a uma expressão infantil e triste, o mesmo acabou soluçando e mordendo os lábios em certo momento.

— Velho imbecil… morrendo com essa cara de contente… — Rin conseguiu dizer.

Era verdade. A expressão no rosto de Akami era tranquila com as marcas finais de lágrimas que já não mais escorriam de seu rosto pálido e cansado. Havia um sorriso gentil e reconfortante ocupando seus lábios. Akami só aguentou até aquele momento para que pudesse rever seu filho, só aguentou para ouvi-lo dizer que cuidaria de sua esposa, mas também só aguentou para que pudesse vê-lo bem e ter noção de como o mesmo crescerá.


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