Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 75
S04Ch16;




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— Como eu quero lutar com aquele moleque de novo. — Foram as palavras de Musashi.

Ele estava no mesmo quarto de hospital que Kanako Urai. Sua cama ficava ao lado da mulher que iniciou o evento. Diferente da especialista em Taijutsu, seu corpo não estava tão machucado assim, mas cuidados ainda eram necessários. Por volta de doze horas se passaram desde o final da partida. Ele recobrou sua consciência a pouco tempo. Aquelas palavras chamaram a atenção de Kanako que moveu a cabeça ao lado direito, olhando-o em silêncio. Até Tsuko, que lia uma revista qualquer ao manter-se sentada numa poltrona, olhou para o rapaz. Ele percebeu que virou o centro da atenção delas.

— Que? — Musashi perguntou. Um sorriso puxou-se pelo canto esquerdo de seus lábios antes de dar continuidade. — Eu aposto que essa gorila tem essa mesma vontade, Tsuko! —

— Quem você tá chamando de gorila, cachorro louco? — Kanako perguntou, sentando-se na cama e fechando a mão direita em punho e acertando a palma esquerda. — Hein, quem é gorila? —

Tsuko suspirou. Arrependida em escolher aquele quarto para ler. Lentamente fechou sua revista, levantou-se enquanto dobrava-a, aproximando-se de Kanako e acertando atrás da cabeça dela com a revista, levando a mão disponível para a cintura. Seu olhar não era dos mais amigáveis com a outra mulher que a encarou por um momento. 

— Você nem se recuperou e já está atrás de problemas? Sossega um pouco, Kanako. — A ruiva comentou. E depois mirou seus olhos rubros em Musashi quando ouviu o mesmo rir por causa da bronca que a outra recebia. — E você… —

— Eu o que? — Musashi perguntou, engolindo em seco ao perceber o olhar pouco amigável da ruiva, ou sua mão segurando com maia vontade a revista dobrada. — Eu não fiz nada de- ARGH! —

Musashi se calou quando a revista o acertou. Um tom avermelhado tomou conta de seu rosto. Tsuko cruzou os braços abaixo dos seios, aproximou-se de Musashi e pegou a revista, mas voltou a dobrá-la e o acertou novamente. O especialista em Kenjutsu não entendia o porque era alvo daquilo, mas tentava proteger seu rosto usando os antebraços. 

— Você sequer acordou e está querendo ir atrás de problemas. Por acaso um é mais idiota do que o outro? — Tsuko perguntou, contudo dava-se para imaginar que era retórica a pergunta. — E você ainda fica psicótico no meio desse tipo de evento? Você é retardado, Musashi? —

— Você ficou psicótico? — Kanako perguntou. Ela usava os cotovelos para manter-se sentada na cama, divertindo-se com aquela bronca que não tinha nada haver com ela. 

— Pare, essa porra está doendo! — Musashi pediu, mas de nada adiantou já que os ataques continuaram. Ele deu continuidade com a pergunta da outra mulher. — Eu não fiquei psicótico. E nem sou retardado, Tsuko! —

— Não ficou psicótico? Ah, então aquele descontrole repentino foi nossa imaginação? — Tsuko perguntou. Ela segurou a revista com mais força, concentrando-se um pouco e canalizando eletricidade nela. — Você é um péssimo mentiroso. —

— Eu só me empolguei com aquela luta. Por favor, a gorila se empolgou e você nem… — Musashi levou as mãos para a boca, desta forma cobrindo-a e olhando para o lado. 

— Hã? Gorila, Musashi? — Kanako perguntou, porém com um tom gentil e levemente ameaçador.

A mulher saiu de sua cama, entrelaçou suas mãos enquanto levantava os braços, desta forma estalando os ossos, depois levando o punho direito à palma esquerda. Enquanto Tsuko ficava do lado esquerdo da cama atacando-o com a revista, Kanako aproximava-se pelo direito e parecia disposta a machucá-lo o bastante. Musashi sabia que estava em desvantagem naquele momento, não havia um único bisturi próximo para ajudá-lo, sua única certeza era de que apanharia e muito delas. Ser atingido por uma revista era incômodo, por isso não queria imaginar a sensação de uma revista infundida com chakra Raiton.

— Sem brigas nos quartos. — Uma voz masculina que chamou a atenção dos três.

A atenção dos três desviou-se para a porta deslizante do quarto, desta forma olharam para o médico de cabelos negros penteados para trás, olhos azuis acinzentados e uma queimadura marcando todo seu rosto. Era Uteki na entrada do quarto, mantendo uma expressão séria para os membros de alto escalão da Mangetsu que não faziam apenas barulho, mas também davam início a uma briga. Sua mão direita segurou a porta, deslizando-a e fechando-a, desta forma mantendo-se dentro do cômodo com as outras três pessoas. Apesar da proteção que a Mangetsu oferecia para sua clínica e funcionários, naquele momento era ele quem mandava, por isso aproximou-se primeiro de Tsuko, removendo a revista de sua mão direita, depois olhando para Kanako Urai que estava de pé ainda. A diferença de altura tornou-se bem óbvia com ele sendo quinze centímetros menor do que ela.

— Vá se deitar. — Uteki sussurrou. Sua voz era áspera, nenhum pouco amigável. Sua atenção voltou para a ruiva que continuou olhando-o. — Sente-se. Quantas vezes já não te disse que não deveria se esforçar, Hein? —

Kanako sabia quais as lutas que deveria aceitar, aquela não era uma delas. Ela retornou para sua cama, deitando-se como o médico mandou. Tsuko sabia que estava errada em esforçar-se, por isso abaixou sua cabeça e caminhou até a mesma poltrona de antes, cruzando os braços em seguida. Então, Uteki olhou para Musashi que colocava as mãos atrás da cabeça, mas também olhava para o médico, ou melhor, para a queimadura que marcava seu rosto. Contudo, ele já estava acostumado com aquela atenção indesejada.

— Você não lutará por algum tempo. — Uteki comentou, semicerrou seus olhos e cruzou os braços como se estivesse bem decidido com aquelas palavras. 

— O que? Como assim? — Tsuko perguntou. Ela sabia que o líder da Mangetsu gostaria de ter detalhes da pausa temporária de Musashi, por isso que te a pergunta.

— Porque? — Musashi perguntou. 

— Seis costelas quebradas. Isso resume bem suas perguntas. — Uteki comentou, mas deu continuidade depois de mover sua cabeça e olhar para a porta deslizante, suspirando um pouco irritado ao retornar a atenção para Musashi. — Precisará descansar por dois meses se não quiser ter problemas a longo prazo. — 

Ele sabia o porquê da ruiva ter perguntado. Afinal, qualquer um conhecia o braço direito do líder da Mangetsu, a mulher que era considerada uma espada para aquela gangue. 

— Seu líder já está sabendo disso. — Uteki comentou, porém deu continuidade ao levar a mão direita para a parte de trás da cabeça, coçando-a. — Ele tava procurando o quarto do moleque que chegou antes desse idiota. —

— Ele está aqui? — Uma pergunta em uníssono. De Tsuko e Musashi.

A ruiva levantou-se do assento. E Musashi alargou um sorriso de orelha a orelha, sentindo-se um pouco mais animado, suas costelas podiam estar numa péssima situação, mas não seu espírito de samurai. Uteki percebeu a mudança de Musashi e, por isso, semicerrou seus olhos e rosnou em desgosto para ele.

— Sim, Hyuga Tsuyu está aqui. Veio acompanhado por uma garota. — Uteki respondeu a pergunta de Tsuko, voltando sua atenção para Musashi. — Nem pense nisso. —

— Vou conversar um pouco com Tsuyu-sama. — Tsuko murmurou. Ele olhou para Kanako e depois para Musashi. — É uma ordem: descansem. —

— O que aconteceu com Hosen? O Coliseu continuou? — Kanako perguntou. Ela usava os antebraços para descansar sua cabeça por mais que tivessem travesseiros na cama. 

— Ele desistiu. O vi pela última vez enquanto ele procurava por um banheiro. — Tsuko respondeu a pergunta da especialista em Taijutsu, aproximando-se de Uteki e colocando a mão direita no ombro dele. — Me acompanha? —

Musashi e Kanako ficaram em silêncio, contudo um olhou para o outro. Conheciam bem Hosen, por isso não ficaram surpresos pela desistência do especialista em Kugutsu. Uteki só levantou uma das sobrancelhas, mas não olhou para seu ombro, nem mesmo para trás, somente suspirou, balançando sua cabeça numa confirmação silenciosa para a pergunta da espada da Mangetsu.

— Tá, que seja. — Uteki murmurou, virando-se e seguindo para a porta deslizante com Tsuko logo atrás dele. Ele deu continuidade quando segurou a porta e a deslizou um pouco. — Kanako Urai… seu corpo não apresenta problema algum. Então, pode ir embora se quiser. Musashi… vou mandar colocarem alguns analgésicos no seu soro. —

— Tô afim de ficar. — Kanako murmurou, mas olhou para Musashi na cama ao lado. — Quero irritá-lo um pouco. Além disso, se ele dormir… posso fazer alguma coisa. Se isso acontecer, aí sim vou embora. —

— Que seja, faça como desejar. — Uteki murmurou.

O médico deslizou a porta, então saiu e esperou pela ruiva para deslizar novamente, fechando-a. Ele não se importou com o barulho ali dentro, em alguns minutos uma enfermeira iria medicar Musashi e fazê-lo dormir, então era questão de tempo para Kanako ir embora. Ele suspirou e deu alguns passos, chegando a outra porta e deslizando-a, desta forma entrando no próximo quarto. E era ali que estava Tsuyu ainda com as bandagens em volta dos olhos e sentado numa poltrona, Doro ao lado da única cama e com sua mão direita segurando a esquerda do garoto ali deitado. A kunoichi de Suna olhou para o médico, ou melhor, para a queimadura de seu rosto, mas desviou sua atenção para a ruiva que seguia logo atrás dele.

— Tsuko está aquí, Tsuyu. — Doro comentou. Sua voz soou baixa, provavelmente para não acordar o rosado na cama.

— Então, já soube da situação de Musashi, Tsuko? — Tsuyu perguntou. Ele cruzou os braços, colocando sua perna direita em cima da esquerda. 

— Já. O que faz por aqui? — Tsuko perguntou. Ela saiu de trás de Uteki, aproximando-se de Doro e beijando-a na testa. — Obrigada por acompanhar o Tsuyu, sei como é chato depois de algum tempo. —

— Eu estou cego, não surdo. — Tsuyu murmurou, mas deu continuidade antes que Doro pudesse dizer alguma coisa. — Estou acompanhando ela. Então, quem está sofrendo dessa vez sou eu… —

Tsuko olhou para Tsuyu. Até mesmo Doro olhou para o moreno com bandagens nos olhos.

— É tão chato me acompanhar, Tsuyu? — Doro perguntou. Sua voz não carregava aquele divertimento costumeiro. Ela pesava pelo amigo de cama. 

Antes que Tsuyu pudesse comentar alguma coisa, tentar-se corrigir o que havia dito e que Doro provavelmente entendeu errado, Uteki adiantou-se.

— Sem brigas de casal por aqui. — Uteki murmurou, mas deu continuidade depois de notar um movimento da cabeça do rosado. — Ele está acordando. —

E era verdade. O rosado movia sua cabeça de forma sutil para o lado direito, lentamente seus olhos esverdeados foram sendo abertos, mas ele os fechou no meio do processo. Ele só os abriu definitivamente quando Doro o abraçou, além de abri-los correspondeu ao abraço da garota.  

— Graças aos deuses, Rakun… — Doro murmurou. Aconchegando seu rosto no ombro do rosado de cama, sentindo as mãos dele em suas costas.

— Você está bem… — Rin murmurou. Apesar de recém acordado, sentia um turbilhão de emoções. Ele podia sentir novamente o cheiro de sua amiga, por isso ficava aliviado. — ...isso é reconfortante. —

— Eu quem devia estar dizendo isso, Rakun. — Doro comentou. Ela não parou de abraçar o rosado, porém sua voz soará com divertimento.

— Lógico que Doro estaria bem. — Tsuyu comentou. Podia não estar na conversa, mas não se importou em intrometer-se. — Está sob proteção da Mangetsu. —

Rin parou de abraçar a amiga, afastando-a um pouco e sentando na cama. "Interessante, não está paralisado. E não sofre de lapsos de memória. Nenhuma queimadura também…" Uteki pensou enquanto olhava para o rosado que conseguiu manter-se sentado na cama. Rin olhou de Doro para o moreno sentado na poltrona, lembrando-se vagamente dele, mas depois olhando para a ruiva ao lado do moreno.

— Quem são eles? — O rosado perguntou. Seus olhos esverdeados assumiram uma leve seriedade. 

— Ah… ele se chama Hyuga Tsuyu, líder da Mangetsu. — Doro comentou. Adiantando-se antes que um deles tivesse a chance de fazer tal apresentação. Ela apontou para o moreno, mas depois apontou para a ruiva. — Ela se chama Katsuryoku Tsuko, espada da Mangetsu. —

— Olá… — Tsuko comentou. Lembrando-se do pequeno confronto que tiveram há alguns dias.

— Eu não costumo usar Hyuga, mas é isso aí, Doro. — Tsuyu murmurou. Ele coçou sua cabeça ao fim do comentário.

Rin ficou em silêncio, mas sua expressão alterou-se. Ele estava surpreso com a última pessoa que foi apresentada por sua amiga, mantendo seus olhos esverdeados nela. Até mesmo Uteki ficou curioso, achando que era uma reação tardia de toda aquela eletricidade que percorreu o corpo do rosado.

— Eu também sou Katsuryoku. — O rosado comentou, mas deu continuidade depois de alguns segundos. — Sou Katsuryoku Rin, meu pai é Katsuryoku Akami. Quero dizer, sou do clã Uchiha, mas Akami é meu pai de criação. Ah, cara… a história é um pouco confusa. —

Rin contou o nome de seu pai como se aquilo significasse alguma coisa, como se qualquer Katsuryoku o conhecesse. De certa forma, surpreendeu-se com aquela notícia, mas logo olhou para a barriga da ruiva, lembrando-se de que Doro mencionou que ela estava grávida.

— A próxima geração do clã? — O rosado comentou. Então, se tocou do que estava falando e começou a rir antes de dar continuidade. — Desculpa, você nem deve saber quem é meu pai. —

— Não conheço mesmo, mas sei que não há muitos por aí. — Tsuko comentou. Ela se aproximou de Rin, levando as mãos para as bochechas dele. — Por isso, vou te considerar como meu sobrinho. Não importa se é ou não do clã, você foi criado por um. —

As bochechas do rosado se esquentaram. Ele não tinha noção da árvore genealógica do clã, mas não se importou. Um sorriso gentil tomou conta de seus lábios, fechando seus olhos e sentindo aquelas mãos calejadas nas suas bochechas.

— Eu vou gostar disso. — O rosado sussurrou. Com aquela informação, provavelmente mandasse uma carta para seu pai de criação, avisando ter encontrado alguém do clã.

— Detesto acabar com essa reunião de família… — Uteki sussurrou, enfim falando alguma coisa, desta forma ganhando a atenção de todos. — ...me diga o que aconteceu. —

— Como assim? — O rosado perguntou, sentindo-se um pouco confuso com o médico.

— Você foi atingido por um raio. E o usou para ter um aprimoramento de velocidade. — Uteki contou, mas deu continuidade depois de um suspiro preguiçoso. — Não há uma única queimadura em seu corpo, há apenas duas cicatrizes, mas elas não são recentes. Desde que chegou aqui as enfermeiras estavam prontas para revivê-lo se tivesse um ataque cardíaco, mas isso não aconteceu. Você não está paralisado já que consegue se mover, tem controle de seus músculos. Então, o que aconteceu? —

— Ah. Eu me protegi com uma técnica que meu pai inventou e me ensinou, mas imaginei que não seria o bastante para um raio… — O rosado comentou, mas deu continuidade enquanto coçava seus olhos, lembrando-se da velocidade que recebeu após energizado com eletricidade natural. — ...então usei o In'yu Shōmetsu. Curando meu corpo antes de receber o dano. Acho que fui capaz de reduzir ao máximo os danos, né? —

— Você fala como se eu conhecesse essa técnica… — Uteki sussurrou, balançou a cabeça de um lado a outro e continuou. — ...não há danos em seu corpo. A primeira vez pode ter dado certo, mas nunca se sabe o que pode dar errado. —

— Como assim? — O rosado perguntou.

— Você curou seu corpo antes de receber o dano, mas e se o Chakra acabasse? Não brinque com a sorte, moleque. Você ainda é humano, não brinque de deus. — Uteki comentou. Sua voz soando um pouco áspera. Ele seguiu de encontro a porta, parando na frente dela e olhando para o rosado. — Só vai precisar descansar. Seu corpo não tem problema nenhum. —

Então, Uteki saiu. O rosado ficou em silêncio por um momento, mas sentia que o médico estava certo naquilo. "E se meu Chakra acabasse? Com toda aquela eletricidade… não teria acabado bem mesmo…" o rosado pensou, mas retornou sua atenção para os outros três, ou melhor, para Doro.

— Não está incomodando essas pessoas, Doro? — O rosado perguntou. Queria melhorar um pouco o clima que ficou após as amargas palavras do médico.

— Ela não incomoda ninguém… — Tsuyu se adiantou, porém deu continuidade depois de um sorriso pelo canto dos lábios. — ...ela me diverte bastante. —

Doro só olhou para Tsuyu, lembrando-se dele dizendo sofrer em sua companhia, mas voltou sua atenção para o rosado de cama.

— Não. — Doro respondeu, mas continuou ao cruzar os braços. — Porque atacou naquele dia? Melhor, como nos encontrou? —

Rin olhou para Tsuko. A mulher também parecia interessada naquela pergunta. E depois olhou para Doro que sentava-se na cama.

— Estava preocupado com você. Quando soube o que acontece quando alguém é levado por uma das gangues… pensei que algo ruim aconteceria com você. Eu estava muito preocupado, Doro. Eu não gostaria de perder você. — Rin comentou, mas continuou enquanto suas bochechas ganharam um pouco de calor. Ele gostava de Doro, mas não da mesma forma que gostava de Misa. — Encontrei vocês na sorte. Estava procurando a horas um rosto que vi nas memórias daquele senhor do hotel, mas quando te vi com o cara ali… me deixei levar. —

— Que rosto estava procurando? — Tsuyu perguntou enquanto estava de braços cruzados, sentindo-se um pouco interessado pelo rosado. — O nome… —

— Ah… Chinoike Ashram. — O rosado respondeu, mas deu continuidade depois de coçar seu cabelo. — Vi o que ele faz. E o que acontece com as pessoas que sua gangue captura, por isso fiquei muito preocupado com a Doro. Desculpe se o ataquei, Tsuyu. —

Tsuko sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha com a menção daquele nome, mas desviou sua atenção para Tsuyu que riu por um segundo.

— Você não teria a mínima chance se fosse Ashram no meu lugar. — Tsuyu murmurou com divertimento, mas deu continuidade depois de apontar para onde acreditava estar Doro. — Ashram não passeia com as pessoas, se importa apenas com seu bem estar, ou seja, caga para os outros, não se importaria com a felicidade dela da mesma forma que eu, Rin. —

Rin ficou em silêncio, mas olhou para Doro que abaixou a cabeça, desta forma tentando esconder a ruborização de suas bochechas e orelhas. Ele retornou sua atenção para Tsuyu que parecia não ter se tocado do que disse com tanta naturalidade, por fim olhou para a ruiva que balançou a mão direita de um lado a outro como se pedisse para que ele esquecesse. "Que diabos está acontecendo aqui?" o rosado pensou.

— Tenho uma oferta para você. — Tsuyu comentou. Sua voz não era mais tão amigável, soando mais como de um líder que devia ser respeitado. — O que me diz de… — Ele foi interrompido.

— Não quero. — Rin se adiantou. Ele voltou a se deitar na cama e se espreguiçou antes de continuar. — Uma posição só me traria problemas. E isso é um saco. Já é cansativo esse torneio sem regras. —

Tsuko cobriu a boca com as duas mãos para abafar um riso. Aquela personalidade preguiçosa do rosado era bem curiosa, aparentemente um atrativo dele. O líder da Mangetsu suspirou após receber aquela rejeição, levantando-se e andando um pouco, levando sua mão direita ao ombro da ruiva.

— Amanhã estarei de volta. E farei novamente uma oferta. — Tsuyu comentou.

— Huh, tudo bem. Até amanhã. — O rosado murmurou.

"De qualquer forma, receberá outro não… já tô cansado dos problemas daqui" o rosado pensou enquanto olhava para Tsuko seguindo na direção da porta com o moreno atrás dela, depois olhou para Doro que o abraçou uma última vez.

— Tome cuidado, Doro. — Rin sussurrou, aproveitando-se da que a garota ainda o abraçava.

— Não há nada com o que se preocupar, Rakun. — Doro sussurrou também. Ela levou seus lábios para a bochecha direita do rosado, beijando-o. — Eles são boas pessoas. —

Rin ficou em silêncio, porém olhou para sua amiga quando ela se afastou um pouco. Quando ela estava quase longe dele, alcançou sua mão direita e a segurou um pouco, desta forma Doro o olhou e um sorriso gentil tomou seus lábios. O rosado estava com suas bochechas levemente avermelhadas, seus olhos se desviando de um lado a outro até se concentrarem nos púrpuros dela. "Ele não fica bem sozinho…" a kunoichi pensou enquanto afastava sua mão da dele, então distanciou-se e seguiu de encontro aos outros dois, mas parou na porta e olhou para o rosado que também a olhava.

— Amanhã venho te visitar, Rakun. — Doro comentou, então piscou seu olho direito para o colega.

[ ۝ ]

Algumas horas depois. Doro saiu do quarto. Como antes, não conseguia dormir, mas imaginava que era por estar muito cedo. Ainda não eram nem dez da noite, no entanto não tinha ninguém da Mangetsu acordado. Assim que deixou o quarto, seguiu para o lado direito até o fim do corredor, virando a esquerda então. Ela só parou aquela pequena aventura quando percebeu que Tsuyu não estava longe, mantendo-se escorado ao lado da janela e suspirou.

— Não consegue dormir? — Doro perguntou, mas deu continuidade quando se lembrou da conversa deles. — Qual é o problema? —

— Não. — Tsuyu respondeu, então continuou enquanto um sorriso surgiu pelo canto esquerdo dos lábios. — Acredita que tô incomodado com essas bandagens? Não consigo mais saber quando é dia ou noite. —

Doro só não gargalhou porque sabia que muitas pessoas dormiam, por isso mordeu os lábios para evitar a todo custo uma gargalhada. Ela se aproximou um pouco mais de Tsuyu que tinha a cabeça movida em sua direção, ou seja, confiando o bastante em sua audição.

— Porque não está dormindo? — Tsuyu perguntou também interessado naquela resposta.

— Muito cedo. — Doro respondeu. Ela ficou ao lado do moreno e de braços cruzados antes de dar continuidade. — No hospital… você disse que sofre com a minha companhia. Isso é verdade? — 

— Não. E nunca mais ache isso, Doro. — Tsuyu comentou quase que imediatamente. Não precisava pensar a respeito daquela pergunta. Ele imaginava mesmo que houve uma má interpretação. — Eu gosto da sua companhia. —

— Ah… — Doro murmurou, então levou suas mãos para as bandagens que envolviam os olhos do moreno. — ...será que eu posso tirar? Já se passaram alguns dias… sua visão deve ter se recuperado. —

— Qualquer coisa enrolamos de novo e fingimos que nem mexemos nisso, né? — Tsuyu perguntou, mas balançou sua cabeça, desta forma aceitando o pedido da garota.

Doro sorriu. Ela tinha pensado a mesma coisa que ele. Em enrolar novamente as bandagens caso a visão dele ainda não tivesse se recuperado. Usou seu polegar e indicador da mão esquerda para puxar um pouco da bandagem, então começou a desenrolar.

— Então, se importa mesmo com a minha felicidade? — Doro perguntou, quebrando um silêncio que durava desde quando começou a desenrolar. 

Tsuyu sorriu com aquela pergunta, mas suas bochechas se esquentaram um pouco. As palavras que usou foram no calor do momento, mas realmente se importava com a garota. Ele sentiu quando as bandagens deixaram completamente seu rosto, então lentamente abriu seus olhos amarelos e ficou em silêncio. Sua visão estava recuperada. E agora olhava para Doro que estava tão perto dele, com o brilho da lua deixando-a mais bonita.

— Me importo... — Tsuyu sussurrou. Ele levou sua mão direita à bochecha dela, acariciando-a com o polegar até encostar o dedo nos lábios dela. — ...com sua felicidade. —

Doro não lutou contra aquela sensação, ou com o bom sentimento que o comentário dele causou. 

— Desculpe se a assustei hoje. Não quero que você tenha medo de mim, Doro. — Tsuyu sussurrou, lembrando-se de Tsuko avisando-o de ter assustado a garota.

— Você não me assustou… — Doro comentou, sorrindo um pouco, mas dando continuidade. — Eu não tenho medo de você. —

— Você realmente não tem medo de mim? — Tsuyu perguntou.

— Não, eu não tenho medo de você, Tsuyu. — Doro comentou, mas deu continuidade depois de um sorrir um pouco mais de forma gentil. — Tenho medo de ser abandonada por você. — Doro concluiu.

Antes que o moreno pudesse dizer alguma coisa, Doro se adiantou. Não com palavras, mas com uma ação. Ela aproveitou que ele estava escorado na parede. Levou suas mãos às bochechas dele, aproximou seu rosto ao dele enquanto seus lábios se afastaram. Da mesma forma que aconteceu antes da chegada de Tsuko na área vip do Coliseu, mas ali… todos dormiam. Ninguém passaria por ali para interrompê-los. Até mesmo Tsuyu separou seus lábios quando seus rostos já estavam a centímetros de distância. Doro estava decidida em querer aquilo. O sentimento que estava desenvolvendo por Tsuyu não era como aquele que sentia pelo rosado acamado. Não, o que sentia por Tsuyu era… ela ainda não queria dar nome ao sentimento, mas era forte. 

Seus lábios enfim se encostam. Os dois se beijaram naquele momento único, que ninguém mais, além deles seria capaz de lembrar. Ela sentiu quando a mão disponível dele lhe alcançou a cintura, apertando-a contra seu corpo, mas parando em certo momento e subindo, desta forma acariciando suas costas. O coração de cada um disparou durante o desenvolvimento daquele beijo íntimo.

Doro foi a primeira a afastar seus lábios, mantendo uma fina saliva conectando-os ainda, olhando para os olhos amarelos de Tsuyu que tinha um calor adicional nas suas bochechas. Ela afastou um pouco seu corpo do dele, usando as mãos para isso. Ela via um pouco de curiosidade nos olhos do moreno.

— Agora eu posso dormir… — Doro sussurrou com divertimento enquanto suas bochechas se esquentavam.


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