Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 53
S03Ch17;




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Misa lentamente abria seus olhos. Não levou muito tempo para perceber que estava num quarto de hospital. Seu corpo repousava numa cama até que confortável, olhando para o lado esquerdo vislumbrou uma janela enorme, mas que por estar deitada não teria como ver a área que os pacientes geralmente iam para descansar ou tentar esquecer que estariam presos num quarto de hospital, mas dali era possível enxergar uma macieira com bons frutos e alguns prédios da cidade. Ela tentou se sentar, mas sentiu uma pontada de dor no peito e gemeu de forma chorosa ao retornar a sua posição original, no entanto desviando sua atenção para a porta que era aberta.

— Uma costela quebrada e alguns pontos na barriga. — Foram as palavras iniciais de Akami que segurava na mão direita uma prancheta com as informações precisas da garota. — O corte na sua barriga não representa perigo nenhum para nós, mas para você e praia… —

Misa não entendeu de início, por isso que Akami revirou seus olhos, encurtou sua distância com a garota e puxou o uniforme de paciência para o lado, desta forma revelando a roupa íntima escura da Yamanaka que de imediato ficou envergonhada, até o momento em que percebeu uma cicatriz de oito centímetros no lado esquerdo de sua barriga. Ela voltou sua atenção para Akami que voltava a mexer na peça de roupa, cobrindo a garota antes que ela pudesse reclamar, cruzando os braços e desviando sua atenção por um momento.

— Sua audição deve ter se normalizado a essa altura do campeonato, mas espero que possa me entender. Espera, eu não tô falando com uma surda? — Akami perguntou.

— Calma. Por favor, calma. — Misa comentou e levou as mãos para a cabeça, massageando-a um pouco. — Porque comentou sobre minha audição? —

— Tinha sangue escorrendo dos ouvidos. Então fizemos um exame e estávamos certos, mas depois de algumas horas repetimos o exame e estava um pouco melhor do que antes. — Akami respondeu.

Ele aproveitou para pegar o controle da cama e moveu a parte superior para que Misa tivesse uma melhor visão do exterior do hospital. Depois, pegou o controle da televisão e a ligou e abriu um sorriso animador quando viu que passava um desenho.

— Horas? Por quanto tempo estou nesse quarto, Akami-san? — Misa perguntou. Ela ainda se sentia confusa, mas imaginava que em breve aquilo passaria. 

Ela o viu concentrado no desenho, por isso se moveu até onde podia — e que não doeria — e usou o punho para acertar o braço dele. Akami massageou o local atingido, depois olhou para a garota com uma expressão séria, irritadiça. Um lado que ele ainda não conhecia da garota.

— Uma semana. Você está nessa cama há uma semana. — Akami respondeu. Desta vez foi ele quem assumiu uma expressão mais séria. — Doeu, sabia? —

— Uma semana? E a Sakura-sama? E o Rin? — Misa perguntou. Ela começou a sentir-se em desespero, por isso que seus olhos ficaram mais úmidos do que se esperava.

— É… aconteceu um monte de coisa. — Akami comentou, levando sua mão direita para o cabelo e o coçando, mas suspirando antes de continuar. — Sakura está acompanhando Rin na viagem dele. Recebemos uma carta há alguns dias sobre essa decisão dela. —

Misa ficou em silêncio, mas sua expressão lentamente se alterava. Em qualquer momento, choraria de forma infantil. Akami preferiu pelo silêncio, sem alterar a seriedade de seu olhar. Shiawase entrou em silêncio no quarto depois de ouvir a resposta de seu marido, se aproximou da cama e estendeu seu braço direito, então usou a palma para bater na cabeça de Akami sem se importar se foi ou não forte, o corpo do ruivo se curvou além de ir para frente um pouco, levando as mãos para onde sua mulher o acertou, mas olhando para a rosada que o olhava com seriedade.

— Não assuste ela. Seu idiota, estúpido sem sentimento. Não tá vendo que ela vai chorar? — Shiawase perguntou. Ela usou a outra mão para apontar para Misa que naquele momento estava surpresa pela violência gratuita. 

— Eu só estava me divertindo com ela. — Akami comentou. Seu olhar perdia aquela seriedade, desviando o rosto quando percebeu a raiva nos olhos de sua mulher. — Tá… eu tô errado. —

"Por trás de um grande homem, se tem uma grande mulher" a Yamanaka pensou, mas não se aguentou por ver a mudança do ruivo. Ela levou as mãos para sua boca, cobrindo-a enquanto gargalhava. Achava divertida a relação de marido e mulher da família Katsuryoku, isso levava ela a acreditar que eles eram a razão para Rin ser gentil, descontraído. Porque era isso que o casal era: descontraído, gentil. Ela levou o indicador da mão direita para os olhos, secando as lágrimas de alegria que escorriam, mas depois sua atenção se voltou para Shiawase que prestava atenção nela.

— Quanto tempo estou nessa cama, Shiawase-san? — Misa perguntou. Gentileza rondava tanto em seus olhos quanto em seu sorriso. — Aparentemente, não posso confiar em seu marido. —

— Não pode mesmo. — Shiawase sussurrou e levou a mão direita para a bochecha de Akami, apertando e puxando como uma forma de punição. — Mentiroso. —

— Em algum momento eu contaria. — Akami comentou sentindo dor na sua bochecha, mas se aliviando quando sua esposa afastou a mão.

— Quando ela estivesse em prantos por não ter a chance de se encontrar com nosso filho? — Shiawase perguntou e rangeu seus dentes, mas desviou sua atenção para a Yamanaka na cama e cruzou os braços abaixo dos seios. — Sakura cuidou muito bem. Ela sabia que você quer muito acompanhá-la na viagem, por isso deu seu máximo para cuidar da costela quebrada, mas não teve força suficiente para resolver esse corte.. —

Shiawase comentou, mas se aproximou da garota e levou a mão para a barriga dela, removendo novamente o tecido e mostrando a cicatriz ali, mas passando o polegar pelo que restava de um ferimento. Ela voltou sua atenção para a garota que a olhava com um pouco de vergonha.

— Eu acho sexy pessoas com cicatrizes, Misa-chan. Mostra que sobreviveram a algo mais forte do que elas. — Shiawase comentou e piscou seu olho direito, levando a outra mão para sua cintura e suspirando. — Você se lembra do que aconteceu? —

Akami pareceu curioso também. A única coisa que sabia era pela boca de sua esposa, ou seja, Misa caindo do céu com um sapo com pouco mais de quatro metros, o anfíbio desaparecendo quando a entregou. Era tudo isso de informação que os dois possuíam. Misa coçou seus olhos, levantando a cabeça em seguida e olhando para o teto do quarto, mas depois retornando sua atenção para a macieira que era a vista de sua janela, suspirando e voltando a atenção ao casal curioso.

— Podem me levar lá fora? Tem algo que gostaria de fazer antes de responder a essa pergunta, Shiawase-san. — Misa respondeu. Seu olhar se abaixou para a mão direita, a fechando em punho pouco depois.

— Vá buscar uma cadeira de rodas. — Shiawase comentou num tom ríspido, olhando para seu marido que recuará mais um passo. — A namorada dele estava quase chorando por sua culpa. Você deve isso aos dois. Como se sentirá quando Rin souber? —

— Ah, que saco… — Akami sussurrou.

"Não importa o quão forte de espírito é um homem, ele vai mostrar bondade para com a mulher que ele ama" Misa pensou, recordando-se de ter lido uma frase semelhante num livro dos Nara. Akami suspirou depois de receber aquela ordem, mas concordou com o pedido, ou melhor, ordem de sua esposa. Ele saiu do quarto. Misa estava para comentar alguma coisa, mas se calou no momento em que ouviu a tosse seca e demorada do ruivo no corredor, a atenção dela se voltou para Shiawase que balançava a cabeça de um lado a outro.

— Ele não me parece o tipo de pessoa que faz piadas. — Misa sussurrou, sentindo ter dito algo errado quando Shiawase lhe olhou e um frio passou em sua nuca.

Mas… o olhar de Shiawase se suavizou.

— E não é. Bom… só quando tem alguma coisa errada. Por isso sei que tem algo o incomodando, mas tô casada com ele a muito, muito tempo para saber que vai falar quando quiser, ou melhor, se quiser. — Shiawase parou de falar e riu um pouco baixo antes de continuar a falar. — Vai ver… foi assim que estragamos o Rin. —

Misa ficou em silêncio, no entanto esticou seu braço direito com a palma aberta, balançando a cabeça de um lado a outro.

— Não estragaram. Vocês o criaram bem, Shiawase-san. Ele é tudo que foi, é hoje, e será no amanhã por causa da forma que foi criado. — Misa sussurrou. Sua voz não escondia a gentileza de sempre da Yamanaka.

Shiawase sorriu pelo canto esquerdo dos lábios, mas aceitou a mão estendida da garota, se aproximou um pouco mais da loira, encostando sua testa na dela, mantendo seus olhos concentrados nela, e sorrindo.

— Você será uma ótima nora para a Sakura-sama. — Shiawase sussurrou, diversão rondando em seus lábios.

Misa ficou em silêncio, mas aquele comentário foi extremamente efetivo. As bochechas dela se esquentaram com violência, isso se espalhou para suas orelhas, e ela tentou esconder o rosto com a palma das mãos de forma infantil. Shiawase gargalhou, enchendo o cômodo quase deprimente com sua alegria.

— E para mim também. — Shiawase comentou uma última vez.

— Hey, hey… — Akami comentou. Desta vez usando sua mão esquerda para segurar a cabeça da esposa com força. Seu olhar não era gentil. — ...não vá apressando as coisas. Não dê uma de casamenteira, entendeu? —

Shiawase inflou as bochechas, mas por pouco tempo. Ela aceitou, suspirando em seguida e olhando para a cadeira de rodas que o ruivo trazia para que colocassem a mais jovem. Com cuidado — por mais que a Yamanaka estivesse fora de risco — ela foi posta na cadeira. Depois, deixaram o quarto do hospital e seguiram pelo corredor, mas desceram o andar por um elevador. 

Em poucos minutos já estavam do lado de fora. Na macieira que Misa enxergava de seu quarto. Ela olhou para o céu azulado com nuvens, sorrindo antes de levantar os braços, se espreguiçando e usando de ânimo para sair da cadeira e manter-se de pé. Akami estava para falar alguma coisa, mas Shiawase lhe socou o estômago o fazendo encolher o corpo. Se Misa estava bem fisicamente, não havia mesmo o porque dela usar uma cadeira de rodas, mas infelizmente eram normas do hospital. A Yamanaka se lembrou de algo, por isso levou o polegar direito para os lábios o mordendo, depois se ajoelhando e espalmando o chão.

— Kuchiyose no Jutsu! — Proferiu. 

No mesmo instante um símbolo surgiu. E uma fumaça branca foi liberada desse símbolo como numa explosão concentrada. Misa engoliu em seco, mas alargou um sorriso quando viu o sapo de quatro metros ou um pouco mais que tinha invocado com sucesso na tentativa anterior. Gamarito, como se intitula, estava deitado no gramado verde, não usava seus equipamentos, ou seja, era só um sapo grande e da cor do musgo de olhos azuis. O anfíbio abriu sua boca, disparando a língua para uma maçã no topo da árvore e a trazendo para si, onde a engoliu numa única abocanhada.

— Oi, Gamarito. — Misa comentou. Ela se aproximou um pouco mais do sapo, mantendo um sorriso gentil. 

— Garota… — Gamarito comentou. Piscou primeiro seu olho direito, depois o esquerdo. — ...porque me chamou dessa vez? —

— Ele é um sapo. Um sapo grande. — Shiawase comentou, recuando e ficando logo atrás de Akami.

— E eu pensando que você estava imaginando coisas… — Akami sussurrou e cruzou os braços. Como se uma pessoa de apenas 1,78 conseguisse alguma coisa com um sapo de 4,87. 

O anfíbio olhou para Shiawase, por isso deixou sua posição e semicerrou seus olhos, mantendo sua concentração na mulher e coaxando.

— Você tava com uma cara muito boba naquela hora. — Gamarito comentou, coaxando de forma animada, mas voltando a atenção para sua invocadora. — O que tô fazendo por aqui? Eu podia ter recusado a invocação, mas fiquei curioso. Porque quer invocar alguém se não tem nada acontecendo? —

"Dá para rejeitar uma invocação?" Misa pensou, mas guardou aquela informação. Ela se aproximou um pouco mais do sapo que ficou olhando para ela com uma leve confusão, mas piorou quando a Yamanaka o abraçou e esfregou o rosto em seu abdômen. Tratando-o como se fosse a coisa mais preciosa do mundo.

— Um agradecimento, Gamarito. Estou te agradecendo por ter salvado a minha vida no outro dia. — Misa comentou, levantando seu rosto para que visse a expressão surpresa do anfíbio. — Duas vezes, na verdade. —

O sapo estava para dizer alguma coisa, mas Shiawase tomou coragem.

— Como assim salvou sua vida? — A mais velha perguntou.

"É verdade, tenho que contar o que sei para eles" pensou, coçando seus olhos ao se lembrar do rosto de Dante, mas agradecendo por não ter sonhado com ele ou se lembrar da música que o mesmo cantou. Ela se virou, desta forma ficando de frente para Shiawase, mas usando o anfíbio como apoio para suas costas. E Gamarito nem pareceu verdadeiramente incomodado por aquilo, ele só levantou sua cabeça e disparou a língua para alcançar outra maçã.

— Conheci a alguns dias uma pessoa chamada Dante. Desde o primeiro dia até o último… aquele em que conversamos no corredor, Akami-san… ele usava só Bunshins para falar comigo. E aparecia e desaparecia com extrema facilidade, mas acho que ele cansou de brincar comigo. — Misa comentou e olhou para sua mão direita, ou melhor, para o polegar que terminava de escorrer uma fina linha de sangue. — Ele me prendeu em três Genjutsu, me invocou para outro lugar e ia me matar, mas consegui me livrar e lutar com ele… um pouco. Enfim, ele ia me matar, mas consegui invocar Gamarito. E ele me protegeu de um golpe, e também fugimos do combate. — Ela fechou sua mão direita em punho antes de concluir sua resposta. — Ele se intitulou como Death. —

Mas aquela informação não tinha tanto significado para Akami ou Shiawase. Eles não estavam por dentro do que Naruto, Sasuke, Sakura ou Rin sabiam, por isso Death não era tão importante assim. Akami estava para dizer algumas palavras, mas foi interrompido.

— Já está melhor, Misa-chan? — Era Hinata. A princesa do clã Hyuga usava suas roupas comuns e estava acompanhada de Himawari que segurava uma cesta de guloseimas. — Veja só… um sapo. —

— E aí. — Gamarito comentou, levantando o braço direito como um cumprimento para a morena de olhos perolados.

— Nee-san está melhor? — Himawari perguntou ao se aproximar de Misa.

A Yamanaka sorriu. Adorando a preocupação das duas consigo, por isso que levou sua mão direita para o cabelo da mais jovem e a acariciou, mas sua atenção voltou para a mais velha. 

— Melhor me sinto, mas são eles que têm que me dar alta, Hinata-sama. — Misa comentou.

— Bom, então… — Shiawase começou a dizer, mas foi interrompida.

— …está liberada para ir para casa e fazer sua mala de viagem. — Uma voz feminina. Bem conhecida por qualquer um daquele hospital ou fora dele.

A atenção de todos se voltou para Sakura que chegava de outro lugar. A rosada mantinha um olhar gentil e ao mesmo tempo sério. Se Misa estava bem para andar e invocar um sapo e não sentia dores, então estava melhor. E realmente estava melhor por causa da ajuda da kunoichi das lesmas. Gamarito coaxou, levantou novamente o braço direito.

— E aí… — Ele cumprimentou.

[ ۝ ]

Enquanto isso, Rin caminhava pelo corredor do hospital, suas mãos guardadas nos bolsos da calça, um bico nos lábios, desta forma assobiando baixo enquanto entrava na UTI. Alguns médicos olharam para ele, mas por saberem que o mesmo estava embaixo da asa de Saryu, deixaram-no de lado. Ele continuou caminhando com desconcentração, mas parou quando chegou numa sala de emergência e olhou pela janela de vidro. Do outro lado encontrava-se um rapaz com incontáveis mordidas graves por seu corpo. Mordidas de Coyote. Os braços, ombros e pescoço estavam completamente prejudicados. O rosado sorriu pelo canto dos lábios, uma expressão mais séria tomou seus olhos e ele removeu as mãos dos bolsos e se espreguiçou, mas sua atenção se desviou no momento em que Doro apareceu, ou melhor, agarrou seu braço direito e o juntou ao seu corpo. A garota mantinha um sorriso divertido.

— O que está fazendo por aqui, Rin? — Doro perguntou, mas olhou para onde o rosado olhava e depois o encara novamente. — Esse não é… —

— É sim. O cara que bebeu veneno de escorpião voltou, mas dessa vez decidiu aprontar com outro tipo de animal. — Rin respondeu. Seus olhos esverdeados se voltam para a garota. — Tenho uma coisa para você. Me disse que seu aniversário é em 9 de Maio, lembra? —

— Sim. — Doro respondeu.

— Tome… — Ele comentou, removendo do bolso esquerdo uma caixinha larga escura com uma fita vermelha enrolada. — ...um presente atrasado. —

— O que é isso? — Doro perguntou.

Rin não respondeu. A garota só pegou a caixinha, removeu a fita e destampou, desta forma revelando um curioso item. Era um disparador de senbon. O item possuía cinco barris por onde as agulhas seriam disparadas. Doro olhou para Rin depois de analisar o presente.

— Você está se especializando em venenos. Por isso achei que gostaria disso, Doro. Dá para disparar Senbon envenenadas a longa distância. Ahn… desculpa se não gostou. Eu não sei escolher presentes… — Rin contou, mas ficou em silêncio quando a garota o abraçou. — Você gostou? —

— É horrível, mas é um presente seu. Por isso que vou usá-lo. — Doro respondeu.

Rin sorriu. Ele levou a mão direita ao cabelo da garota, desta forma afagando enquanto olhava para o paciente.

 


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