Misa estava acompanhada por Konohamaru Sarutobi. Alguns dias se passaram desde seu encontro com a família Katsuryoku, o presente recebido serviu como combustível para deixá-la animada. A Yamanaka queria acreditar que era um ser superior desejando boa sorte, incentivando-a. Quando chegaram ao campo de treinamento sete, Konohamaru cruzou seus braços e concentrou sua atenção na garota que andava distraída a sua frente.

— Pode me explicar porque me trouxe aqui? Eu tenho assuntos para resolver. — Konohamaru comentou. Era uma meia verdade na última parte de sua frase. Sim, tinha assuntos a serem resolvidos, mas eram pessoais. — Pensei que a minha parte em seu treinamento já tivesse acabado, Misa. —

Misa parou de andar. Então, olhou para trás e piscou algumas vezes. Se distraiu a ponto de esquecer o motivo pelo qual chamou o capitão da equipe sete. Ela suspirou, levando a mão direita para trás da cabeça e esfregando a área. Em parte, sentia-se culpada por ocupar o Sarutobi com seus problemas, mas o mesmo era o único que poderia ajudá-la.

— A verdade é que por muito tempo acreditei que o Suiton era minha área, mas um teste do Kakashi-Sensei provou que eu estava errada. O elemento do meu Chakra é o Katon, Konohamaru-Sensei. — Misa comentou, abaixando sua mão direita e olhando para a palma um pouco machucada ainda, mas a fechando em punho e encarando o capitão. — Você é o único que conheço com o elemento Katon. Por isso, pensei que você poderia me dar um treinamento extra. —

"E ainda tenho de melhorar na área de sensoriamento" pensou. Quase formando um bico com seus lábios por se lembrar de Dante que desaparecia com muita facilidade. Ela olhou para o Sarutobi que havia erguido uma das sobrancelhas depois daquele pedido. A atenção dele se sustentou na Yamanaka que aguardava ainda por sua resposta. Ele olhou em volta algumas vezes, certificando-se de que não eram seguidos por ninguém, mas depois retornou sua atenção na garota que recuou um passo ao sentir aquele tipo de atenção.

— Tudo bem, mas quero ver seu Kuchiyose no Jutsu antes. — Konohamaru disse. Ele desfez o cruzamento de seus braços, levando a mão direita ao queixo, pensando no jutsu mais básico a ser mostrado para a garota. 

— Meu Kuchiyose no Jutsu? — Ela perguntou, mas aceitou o pedido já que aparentemente ele faria o que foi pedido por ela.

Misa olhou para sua mão direita. Levou o polegar para os lábios e mordeu ao ponto de sangrar. Ela deixou o sangue escorrer, mas se ajoelhou e levou a palma ao chão. Desta forma, um símbolo surge onde havia espalmado e dele uma fumaça escapa. E puderam ver o resultado quando afastou da palma direita do gramado. Era um girino — como sempre — com patas traseiras, mas com um detalhe adicional de que agora tinha patas dianteiras curtíssimas, provavelmente ainda seriam desenvolvidas. Ela suspirou, levantando o braço direito com o punho fechado, um nítido gesto de comemoração feito pela Yamanaka.

— Patas dianteiras e traseiras! — Misa sussurrou. Ela considerava aquela invocação como um sucesso, por mais que fosse um fracasso. 

— Isso não é um sapo. — Konohamaru comentou. Sua mão direita continuava no queixo, alisando-o com tranquilidade, enquanto olhava para o girino saltitante.

— Dê tempo, Konohamaru-Sensei! — Misa esbravejou. Ela pegou o girino, deixando-o na palma direita e o levou para o lago daquele campo de treinamento e o deixou por lá, mas retornou sua atenção ao Sarutobi. — Girinos são tímidos porque são frágeis. Então, precisam de tempo para se desenvolverem. —

"Ela nunca vai invocar um sapo do Monte Myoboku" Konohamaru pensou, mas deixou aquele assunto de lado. Não era para aquilo que foi levado ao campo de sua equipe. Ele encurtou sua distância com a Yamanaka que agora tinha as mãos na cintura, os olhos da garota se concentraram nos dele por alguns segundos. Ele esticou o braço direito com o punho fechado, exceto pelo indicador, apontando para o lago onde a garota deixou o girino.

— Vamos começar por um básico. Seu alvo será a água para que não tenhamos problemas. — Konohamaru declarou. 

Então, começou a formar os selos com as duas mãos e liberou de sua boca uma saraivada de bolas de fogo de porte pequeno. Cada uma delas atingiu a água, desta forma subindo um pouco de vapor. Ele voltou sua atenção para a Yamanaka.

— Use os selos: Rato, Tigre, Cão, Boi, Coelho e Tigre. — Konohamaru explicou, mas continuou ao levar a mão direita ao queixo, coçando-o. — O nome é… —

— Katon: Hosenka no Jutsu? — Misa perguntou, mas continuou ao ver a curiosidade estampada nos olhos do Sarutobi. — Qualquer um sabe o nome desse Ninjutsu, Konohamaru-sensei. Não me culpe por saber pelo menos isso, OK? —

— Ah, certo. — Konohamaru contou, levando a mão direita para a nuca, coçando e rindo. — Faça um teste. —

Misa concordou. Então, formou os selos ditos, inspirou com profundidade e expirou o que acumulou nos pulmões, mas soltou pela boca. Com isso, criou nada mais do que brasas. Ela olhou para o Sarutobi ao seu lado que olhava incrédulo para o que a garota fez, mas ao mesmo tempo ele sabia que não devia se surpreender já que ela não invocava direito um sapo.

— É um Ninjutsu de Rank C. — Konohamaru comentou, mas levou a palma direita ao rosto por sentir vergonha do que acabara de presenciar. — Mais uma vez. Isto não é tão difícil. —

— "Kore"? — Misa perguntou. A Yamanaka levantou as sobrancelhas, sentindo as bochechas se esquentarem e um sorriso tomando seus lábios. — Você tem um tique, Konohamaru-sensei? —

— O meu Kore não foi um Kore… foi um Kore para "isto"... de "isto não é tão difícil". — Konohamaru tentou se explicar, mas a reação da garota serviu para dizer que já era tarde demais. — Naruto fala Dattebayo, Boruto Dattebasa. Sakura usa Shannaro. —

— Rin fala "Shannaro, Kuso Baka". — Misa comentou. Se lembrava ainda da primeira vez que o ouviu soltando aquela frase. Ela olhou para Konohamaru. — Os melhores ninjas tendem a ter um tique? —

— Só vamos de uma vez. Faça o Jutsu, quem sabe eu responda se conseguir um bom resultado. — Konohamaru comentou, mas deu continuidade ao pôr as mãos na cintura. — Seu treinamento será por etapas. Vamos do C até o A, entendeu? —

— Ah, sim. — Misa respondeu. 

De certa forma tinha sentido. Ele queria fazer com que ela aprendesse de forma correta, por isso subiriam de acordo com seu progresso. Era como subir alguns lances de escada. Ela não queria ignorar os dois degraus anteriores e já fazer algo estúpido no último degrau.

A atenção da Yamanaka se concentrou no lago. Depressa formou os selos que foram ditos previamente pelo Sarutobi, então expulsou de sua boca meia dúzia de bolas de fogo de porte pequeno. Todas foram para a água. Novamente o vapor subiu quando houve o impacto da chama com a água. Misa voltou sua atenção para o Sarutobi, um sorriso malicioso tomou seus lábios.

— "Os melhores ninjas tendem a ter um tique?" — Misa repetiu a sua pergunta anterior. 

— Sinto que houve trapaça. — Konohamaru sussurrou para ninguém em particular. Ele suspirou, mas voltou seus olhos para a Yamanaka ao seu lado. Ela não abandonava aquela malícia. — Não. Repita esse Jutsu até que tenha se acostumado com ele. Vamos acostumar seu corpo a fazer de forma automática os selos de cada Ninjutsu. —

Misa lentamente perdeu aquele sorriso malicioso. No lugar, desenvolveu um deprimente, mas suspirou e bateu em suas bochechas com a palma de suas mãos. Deixou marca, doeu, entretanto não se incomodou e olhou para Konohamaru que se surpreendeu com aquela ação da garota.

— Tá bem! Eu tô fervendo de emoção, Konohamaru-sensei! — Misa comentou, mas sabia em algum momento que se arrependeria daquelas palavras tão animadoras.

[ ۝ ]

E como se arrependeu. Misa deixou o campo de treinamento um pouco tarde da noite. Havia se esgotado em todos os sentidos possíveis, sentia dores nos dedos por fazer tantos selos, mal havia Chakra para lançar um Hosenka no Jutsu, seu corpo inteiro reclamava de dor e cansaço, mas uma parte dela sabia que aquela sensação seria recompensadora. O seu amuleto — guardado ainda no bolso — transmitia esse achismo. O lado bom era que pegou o jeito do estilo Katon nas técnicas mais básicas, o lado ruim era que Konohamaru repetiria aquele treinamento no dia seguinte. Por isso, sabia que não teria moleza com o capitão da equipe sete. A Yamanaka olhou para sua mão trêmula, abaixou a cabeça e suspirou enquanto a fechava em punho por sentir um formigamento. 

— Você está péssima. — Uma voz logo atrás dela.

Ela não queria olhar para trás. Já conhecia a voz serena e masculina, mas levantou sua cabeça, desta forma olhando para o céu escuro e fazendo um cumprimento qualquer com sua mão esquerda.

— Dante. É você mesmo ou é algum Bunshin? — Misa perguntou. Ela nem olhou para trás. Não estava afim de ver o rosto tranquilo do rapaz que virá com certa frequência.

— Muda alguma coisa se não for eu mesmo? — Dante perguntou.

— O que está querendo? — Misa perguntou. Estava cansada demais para prolongar uma conversa com aquela pessoa. Ou ser gentil com o pouco conhecido.

— Tenho que querer alguma coisa para falar com você? — Dante perguntou novamente.

Misa parou. Ela abaixou a cabeça novamente, suspirando e usando a mão direita para coçar seus olhos. Então, moveu a parte superior do corpo para trás para que olhasse o rapaz, mas o corpo dele já estava em chamas e um sorriso esnobe ocupando seus lábios. Era um Bunshin que optava pela saída dramática.

— Em algum momento já vi o seu original? — Misa perguntou enquanto olhava para o Bunshin queimando.

— Em breve. Não vai demorar muito. — Dante respondeu, mas piscou seu olho direito para a garota antes de desaparecer. — Boa noite, Yamanaka Misa. —

— Boa noite… — Misa sussurrou.

Ela se virou no momento em que o Bunshin desapareceu. Levantou seus braços, se espreguiçando. O que mais ansiava era sua cama, ou melhor, seu confortável colchão, mas sabia que deveria visitar uma pessoa como prometeu fazer. Por isso que seguiu numa direção específica, desejando esquecer naquela caminhada o breve encontro com Dante ou o que foi dito pelo mesmo.

A loira parou em frente a porta da casa da família Uzumaki, levou o punho direito para a porta e bateu algumas vezes enquanto encostava seus ombros e aguardava para ser atendida.

Naruto quem abriu a porta. E não demorou para pegar a Yamanaka antes dela cair no assoalho de entrada. No início ficou surpreso, mas não demorou para que entendesse o porquê da garota estar naquela situação.

— Naruto-sama… boa noite. — Misa sussurrou. Ela sentia o calor do corpo do Uzumaki, por isso suas bochechas se esquentavam.

— Você tá exausta. — Naruto declarou.

— Devia ver o outro cara… — Misa sussurrou, mas deu continuidade ao soltar um suspiro prolongado. — Nah… o Konohamaru tá bem demais… eu que estou um caco. —

— Veio ver a Himawari? — Naruto perguntou.

— Queria brincar com ela. Compensar a minha ausência. Ela merece isso. — Misa respondeu. Ela estava para dizer outra coisa, mas o rubor cresceu em suas bochechas quando seu estômago fez um barulho alto. — Desculpe… —

— Quando foi a última vez que comeu? — Naruto perguntou.

— Meu café da manhã. Fui treinar, por isso esqueci de almoçar. — Misa respondeu.

— Que bom que chegou numa boa hora então. — Naruto comentou.

"Boa hora?" Misa pensou, mas então sentiu um agradável cheiro que a fez salivar um pouco mais, seu estômago roncou novamente. Ela engoliu em seco, se dando conta de que chegou na casa do Hokage na hora do jantar. Naruto a guiou até a cozinha. Lá ela vislumbrou uma maravilhosa refeição, mas depois voltou sua atenção para o Uzumaki.

— Pode se servir, Misa. — Naruto comentou.

— Não tem problema? — Misa perguntou. Seu estômago roncou novamente e ela sentiu vontade de socá-lo. 

Antes que Naruto tivesse a oportunidade de responder, Himawari se adiantou. 

— Onee-san, do meu lado! — Himawari comentou.

— Quer que eu faça seu prato, Misa-chan? — Hinata perguntou.

Misa havia se distanciado do Hokage para que pudesse ocupar o assento ao lado da morena mais jovem, olhou para a princesa do Byakugan por um certo tempo. Tempo o suficiente para que seu estômago fizesse um barulho insuportável de novo. Ela balançou a cabeça, rejeitando a pergunta da Hyuga. A atenção da Yamanaka se voltou por um momento para Himawari.

— Depois do jantar vamos brincar, tudo bem? — Misa perguntou. A Yamanaka levou sua mão direita ao cabelo da criança e a acariciou. — E Gamamosu está bem? —

— Sim! — Himawari respondeu para as duas perguntas, mas apontou para um aquário do outro lado da cozinha. — Ele está alí, Nee-san. —

— Ah, que bom que cuidou dele. — Misa comentou. Ela aproveitou da proximidade com a criança para beijar sua testa com suavidade. — Fico feliz, Hima-chan. —

— Você gosta mesmo de crianças, Misa-chan. — Hinata constatou. Um sorriso gentil ocupava seus belos lábios.

Misa sentiu as bochechas se esquentarem. Ela sentia vergonha em admitir que gostava de brincar com elas, mas aquilo já fazia parte dela. Olhou de relance para a Hyuga que perceberá sua reação. Misa abaixou seu olhar, mas moveu a cabeça, desta forma concordando silenciosamente com a mais velha. Hinata não apenas sorriu por aquela resposta que já esperava, mas soltou um risinho fofo e baixo. A Yamanaka olhou para a cadeira vazia na mesa.

— Cadê o Boruto-kun? — Misa perguntou.

— Ele avisou que chegaria mais tarde. — Hinata respondeu já que Naruto parecia não saber do paradeiro de seu filho.

— Vamos nos divertir até a chegada dele, Hima-chan. — Misa comentou, desta vez olhando para a mais jovem.

[ ۝ ]

Quem dera isso fosse verdade. Misa não conseguiu brincar com Himawari por mais de dez minutos antes de se sentar numa poltrona, relaxar seu corpo e simplesmente descansar. Ela estava cansada de todos os jeitos possíveis, só recentemente relaxava por ter conseguido desenvolver o Rasengan, mas em troca tinha de invocar um sapo — e só vinha girinos — e agora queria aperfeiçoar seu Ninjutsu, por isso estava exausta e não durou muito tempo. Naruto olhou para a garota exausta em sua poltrona e sorriu. Ele não a levaria para casa, mas também não deixaria que dormisse ali no sofá. Por isso, gentilmente a pegou no colo e subiu as escadas de sua casa, seguindo para o próximo andar e indo ao quarto de Himawari que já estava dormindo também. Ele cuidadosamente pôs a Yamanaka na cama de sua filha e se afastou da cama, mas olhou para trás — para a cama — quando viu Hinata na porta e sorrindo. Ele também sorriu ao ver que Himawari e Misa, por mais cansadas que estivessem, se abraçaram sem interromper o prazeroso sono.

A Yamanaka sorria enquanto dormia. Isso porque sonhava com um belo jardim florido num dia de céu azulado e sem nuvens, quase podia sentir o odor dos vários tipos de rosas e tulipas daquele jardim, sentir a grama se enroscando nos dedos. Até mesmo aproveitar da companhia de Rin que estava ao seu lado, admirando o tempo e de olhos fechados, mas o rosado segurava com gentileza sua mão direita, entrelaçando seus dedos. Então, ele abriu seus olhos esverdeados e devagar foi aproximando seu rosto ao dela. Misa fechou seus olhos e abriu devagar seus lábios enquanto sentia a outra mão dele alcançar sua bochecha naturalmente quente. Então, naquele sonho os dois se beijaram como se fizessem aquilo diariamente, mas mantendo a paixão que sentiam pelo outro.

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Rin não conseguia dormir naquela noite. Por isso que estava sentado na cama com Doro ao seu lado, mas a garota dormindo profundamente. Ele olhou para o lado direito, desta forma olhando por algum tempo para a noite que avançava vagarosamente. E suspirou, pensando no rosto da garota que teria deixado sem notícias.