Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 13
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Rin abriu seus olhos e percebeu que encontrava-se num local escuro e enevoado com um pouco de água escura e estrelada. "Que lugar é esse?" o rosado pensou e levou as mãos para a calça escura e moveu seu rosto de um lado a outro para tentar identificar o estranho lugar que foi parar. 

— Tem alguém aí? — Rin perguntou e olhou em volta ao escutar o eco de sua pergunta e levantou as sobrancelhas. — Que lugar é esse? — Ele perguntou por mais que soubesse que não obteria resposta.

"Quando fui trazido para cá?" pensou e deu um passo adiante com o pé esquerdo e repetiu com o direito. Ele ouvia seu caminhar por aquela água escura e engoliu em seco enquanto mantinha as sobrancelhas levantadas. O som de seus passos era semelhante a algo pingando na água e criava pequenas ondinhas que desapareciam não muito depois. "Isso tá me lembrando daqueles gibis de suspense. Quando o monstro vai aparecer e tentar rasgar a minha cara?" pensou e continuou olhando em volta com intenção de encontrar qualquer coisa, mas tudo o que via era aquele infinito escuro e enevoado com o chão de água negra e estrelada. "Isso não parece um Genjutsu" pensou.

— Porque não é. —

Ele parou de andar no instante que uma voz masculina contou sobre algo que estava pensando. Inspirou fundo e olhou devagar para os lados, mas a névoa densa deixava tudo mais difícil.

— Quem está aí? — Rin perguntou e sentiu o coração acelerar no peito enquanto continuava buscando a fonte, ou melhor, a pessoa que o respondeu.

— Já se esqueceu de nós? — 

"Duas pessoas" pensou ao confirmar que a voz responsável por aquela pergunta era mais feminina, mas assim como a outra carregava um tom sombrio e carregava um eco bem suave. Ele sentiu o suor escorrer por seu rosto e engoliu em seco enquanto continuava olhando em sua volta. 

— Se aparecerem, posso me lembrar de vocês. — Rin comentou e um sorriso foi puxado pelo canto esquerdo de seus lábios com um pouco de malícia. 

"E, quem sabe, socar até conseguir escapar desse lugar" pensou e aproveitou que suas mãos estavam guardadas nos bolsos da calça para fechá-las em punhos e redobrou sua atenção. Ele esperava por alguma resposta vinda da escuridão, mas tudo o que recebeu foi o silêncio. E, por isso, mordeu os lábios e deu alguns passos adiante.

— Só quero saber como me tiraram da Vila da Folha. — O rosado disse e engoliu em seco e novamente parou de andar para esperar uma resposta.

— Você nunca deixou a Vila da Folha. —

Foi uma resposta em conjunto da escuridão. Então, da densa névoa um movimento, ou melhor, dois. E então um corpo humano deixou a névoa e fez com que Rin recuasse por alguns passos e quaisquer palavras que tivesse a dizer lhe fugiram da mente. Seus olhos esverdeados se encontram com os azuis acinzentados de Kira Uzumaki. O rosto, oi pior, o corpo inteiro da ruiva perdia a cor natural enquanto sangue seco manchava seus belos lábios que formavam um sorriso de orelha a orelha pelo segundo em que deixou a névoa. Havia um ferimento visível no corpo da Uzumaki que era em seu peito, largo o suficiente para se ver do outro lado e por onde escorria um pouco de sangue. Rin removeu a mão direita do bolso de sua calça e a levou para a boca quando viu a companheira de equipe. 

— Você mentiu que iríamos juntos. —

Se Kira apareceu à sua frente, a segunda voz vinha do lado direito ao de Rin e devagar saia da névoa. Li ainda tinha uma espada atravessada em seu peito e perfurando seu coração. O corpo do espadachim exibia a mesma tonalidade que a ruiva. O sangue que escorria da lâmina em seu peito e pingava no chão, ou melhor, na água que reluzia as estrelas, marcava seu caminho. Rin balançou sua cabeça enquanto sua mão esquerda também saía do bolso e levava para a boca. Os olhos esverdeados do rosado se encontram com os castanhos acinzentados do espadachim e, desta forma, ficam cheios de água e o rosado sequer tem controle sobre a emoção antes de começar a chorar e permitir que as lágrimas escorressem por seu rosto. 

— Mentiroso. — Era a voz de Li, mas carregando um toque sombrio e eco. O braço direito do espadachim se endireitou e ele apontou com o indicador para o rosado. — Mentiroso. —

— Mentiroso. — Era a voz de Kira e, assim como Li, carregada com um tom sombrio e eco. O braço esquerdo se endireitou e apontou com o indicador para o rosado. — Mentiroso. —

Rin balançava sua cabeça como se não acreditasse no que via e ouvia. As duas figuras deram um passo adiante e ele recuou antes de olhar para o lado esquerdo e reparar num terceiro movimento da névoa. Suitai Hyuga acabava de sair de dentro da névoa e seus olhos perolados se cruzaram com os esverdeados do ex-aluno, a morena não tinha um único grão de cor em seu corpo. Nenhum dos três tinha cor ou calor. A morena possuía uma espada no seu peito assim como o espadachim que estava do lado direito. Ela só inclinou para o lado sua cabeça e sorriu mostrando os dentes manchados de sangue.

— Mentiroso. — Foram suas palavras sussurradas de um jeito sombrio e com eco como os outros dois, mas dito também de um jeito calmo como era natural da Hyuga. — Mentiroso. —

Rin perdeu completamente as forças nas pernas e se ajoelhou e curvou seu corpo quase encostando a testa no chão de água estrelado enquanto lágrimas escorriam por seus olhos. Escutou as três pessoas se aproximarem e os sussurros de "mentiroso" não ser interrompido como se fosse uma canção sombria e eterna. O jovem de cabelos róseos não conseguia proferir uma única palavra e abriu os olhos quando os passos chegaram ao fim, mas não os sussurros. Ele segurou mechas de seu cabelo e então endireitou seu corpo, mas só para jogar a parte superior para trás enquanto tirava as mãos do cabelo e berrava com todo o fôlego que seus pulmões dispunham. Um grito longo e duradouro que sobrepujou a canção sombria e ecoou por aquele vazio enevoado. Um grito que fez com que os outros três se calassem.

E então abriu seus olhos e percebeu que encontrava-se ainda no quarto do hospital, mas não era só isso. Uma enfermeira desconhecida segurava seu braço direito enquanto que sua mãe o esquerdo. A roupa hospitalar dele estava molhada por um suor frio e a parte superior de seu corpo um pouco inclinada por seus pés apoiados no colchão da cama. "Um pesadelo" pensou e se entregou à força das duas mulheres que aparentemente impediam seus movimentos. Quando sua mãe viu que o mesmo já estava bem, ou melhor, acordado e são do que acontecia, soltou seu braço e a outra enfermeira fez a mesma coisa.

— O que aconteceu? — Rin perguntou e olhou para suas mãos trêmulas antes de voltar seus olhos para a mãe que segurava gentilmente seu braço.

— Vim para ver como estava, mas você começou a sussurrar "mentiroso" e a se mexer enquanto dormia e a suar frio. — Shiawase olhou para a enfermeira que passou o antebraço pela testa suada. — Imaginei que poderia acabar  se machucando e gritei por ajuda e seguramos seus braços. Então você gritou e acordou. — A mãe o respondeu e pôs a palma direita na testa do mais jovem e afastou quase que um segundo depois. — Você está gelado, Rin. O que aconteceu? —

Ele se lembrava com perfeição do que tinha acontecido, ou melhor, do que não aconteceu. Seus olhos perderam um pouco do brilho comum enquanto voltava a olhar para as mãos trêmulas e as fechar em punhos. Ele não gostava de mentir para sua família e não começaria agora.

— Um pesadelo. Sonhei com eles me chamando de mentiroso. — Rin a respondeu e prosseguiu ao perceber uma leve confusão no olhar de sua mãe. — Nosso inimigo era forte demais. Dissemos que morreríamos juntos. Eu sobrevivi, mas acho que não devia. Sou o culpado por meus amigos estarem mortos. —

"Síndrome do sobrevivente?" Shiawase pensou e engoliu em seco. Não queria cogitar a ideia de que seu único filho estivesse passando por algo daquele tipo, mas infelizmente parecia real. A mulher levou novamente sua palma direita ao rosto do garoto e o moveu para que pudesse vislumbrar os belos olhos esverdeados de seu menino, mas sem aquele brilho alegre costumeiro. Ela abriu a boca e pensou em dezenas, centenas e milhares de palavras a serem ditas para aquele momento, mas nenhuma lhe escapou dos lábios. Ela inspirou com profundidade antes de levar a outra mão ao rosto de Rin e esfregar as bochechas do garoto com os polegares e devagar aproximou seu rosto da testa dele e o beijou antes de encostar sua testa à dele e sussurrar.

— Está errado em tudo. — A médica sussurrou. Não havia necessidade de aumentar sua voz já que estavam tão próximos. Sua voz se mantinha calma para que o mais jovem se acalmasse e compreendesse as palavras seguintes. — Você devia sobreviver para que contasse suas histórias. Só assim as pessoas saberiam como seus amigos foram incríveis. Você não é o culpado pelas mortes dos seus amigos, Rin. — Shiawase não fraquejou com suas palavras. — Você não é mentiroso. É o garoto mais verdadeiro que conheço. — A rosada levou seus lábios para a bochecha esquerda do mais jovem e depositou um beijo antes de continuar com sua resposta. — O garoto mais teimoso que vi em toda minha vida, o que é mais leal com os seus sentimentos, o mais preguiçoso. — Shiawase moveu o rosto e levou seus lábios para a bochecha direita de Rin e beijou antes de continuar o respondendo. — O mais talentoso. Mas não é mentiroso. E nem culpado pela morte de ninguém. —

Rin ficou em silêncio, mas não escondia a surpresa pela sinceridade de sua mãe. Ele fechou devagar suas mãos em punho e se esforçou em sorrir, mas sentia-se cansado de algum jeito para fazer até mesmo aquilo. Fechou seus olhos para aproveitar do contato que sua mãe oferecia, mas os abriu quando a mulher recuou suas mãos.

— Podem sair um pouco? — O rosado perguntou. Ele olhava para os belos olhos esverdeados de sua mãe quando fez aquela pergunta. — Estou suado demais. E não quero trocar de roupa com uma enfermeira bonita ou minha mãe no quarto. —

— Eu não sabia que era tímido. — Shiawase murmurou e endireitou seu corpo e levou a mão direita para o cabelo do garoto e o afagou antes de se afastar. — Eu já vi o que você tem guardado, querido. Esqueceu que troquei suas fraldas? —

— Mãe. — Rin murmurou, mas não havia se envergonhado com a resposta de sua mãe. 

— Certo. Me chame quando tiver trocado de roupa. — Shiawase comentou e se aproximou da enfermeira e a empurrou de maneira cômica para fora do quarto.

Rin inspirou fundo antes de se sentar na cama e olhar para o pequeno guarda-roupa do lado esquerdo do quarto e que dispunha de uma boa peça de roupa pessoal. Ele saiu da cama e vestiu uma camisa rosa com uma calça moletom rosa escuro e sandálias pretas. Mirou seus olhos esverdeados na porta deslizante do quarto e balançou a cabeça antes de sua atenção se desviar para a janela e se aproximar desta e a abrir silenciosamente. "Se eu não sou o culpado, sei quem culpar então, mãe" pensou e seu olhar se tornou ligeiramente mais sério antes de sair do quarto pela janela e pular para o telhado do prédio adiante. O rosado não sentia dor mais em qualquer região do corpo. Ele olhou em volta antes de se situar e então disparou seguindo uma única direção. Seu olhar depressa se tornando mais sério enquanto pulava entre os prédios e ganhava pouco a pouco mais velocidade. Sequer percebeu a mudança de seus olhos para o tom avermelhado com uma mancha escura em cada um dos lados. Ele fez um selo com suas mãos e duas versões dele surgem correndo para fazê-lo companhia. Ele pulou e então sentiu os punhos de suas cópias nas solas dos pés lhe dando um poderoso impulso para cima. A mais de trinta metros no ar, vislumbrou um pedaço da aldeia e rangeu seus dentes antes de repetir os mesmos selos e mais duas cópias surgirem e, desta vez, o impulsionam para frente e não para cima. Rin aproveitou a velocidade e fechou sua mão direita em punho com toda força que tinha, ou melhor, que sobrava ainda depois de usar o máximo de clones que conseguia. 

— SHANNARO, KUSO BAKA! —

Gritou e acertou seu punho direito no vidro do escritório do atual Hokage. Não foi necessário dizer que devido a força e a velocidade o vidro se estilhaçou e ele invadiu o escritório, mas não apenas isso. Passou direto e só parou por causa da reforçada parede em que ficava a porta de entrada e saída do escritório. Poeira subiu por todo o canto assim como a papelada voou por aí. Seus olhos voltaram a cor esverdeada de sempre, mas seu olhar ainda era agressivo e ele virou seu corpo já se preparando para socar a primeira pessoa que visse na sua frente, mas sentiu um aperto firme no pulso e seu corpo foi imobilizado. A primeira pessoa que viu quando a poeira baixou foi o conselheiro do atual Hokage, ou seja, Shikamaru Nara que segurava seu pulso e ainda usava uma das técnicas do clã para impedir seu movimento. E a segunda foi o atual homem por trás do posto de líder da aldeia, ou seja, Naruto Uzumaki, que estava atrás de sua mesa e o encarava com aqueles olhos azuis semelhantes aos de Kira. O rosado rangeu os dentes enquanto seu olhar ficava mais e mais sério.

— Assassino. — Foi tudo o que sussurrou para o loiro atrás da mesa.


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