Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 12
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O corpo do adolescente foi levado pela correnteza. Ele perderá completamente a sua consciência ao fim da batalha mortal que lhe rendeu alguns ferimentos adicionais como, por exemplo, aquele no ombro esquerdo e o outro mais sério na barriga. Para a infelicidade de Rin, seu corpo não parou de viajar pelo caminho de água pelas horas seguintes ao combate. 

Sakura Haruno foi a primeira a chegar ao Vale do Fim, se aproximou da beirada e olhou pela grande área buscando pelo corpo dos ninjas que enviaram as cartas para a vila da folha. Alguns segundos depois inúmeros ninjas, o suporte médico da aldeia, surgiram atrás da kunoichi experiente que inclinou um pouco seu corpo.

— Será que tem sobreviventes? — Um dos ninjas perguntou para ninguém em particular.

A mulher olhou para trás, ou melhor, para o ninja que soltou aquela baboseira e transmitiu uma expressão muito mais séria que de costume. Como se considerasse a pergunta um tanto quanto estúpida. Ela moveu novamente sua cabeça e retornou sua atenção à água, ou melhor, as estátuas destruídas no último confronto de seus dois amigos no pós-guerra. E forçou um pouco seus olhos ao perceber algo diferenciado e um sorriso reconfortante tomou seus lábios antes de recuar alguns passos da beirada e depois correr e saltar. A kunoichi caiu na água, mas por causa do chakra nos pés conseguiu andar sobre ela e correu em direção ao detalhe diferenciado que habitava ao que parecia ser a mão de Madara Uchiha. Ela sentiu um pouco mais de alívio quando identificou a pessoa inconsciente, mas mordeu os lábios ao reparar na linha de sangue que saia de seu ombro esquerdo e da barriga e os inúmeros machucados no rosto, o que restava da roupa de Rin era apenas sua calça. A kunoichi ficou ao lado do mais jovem e com certo cuidado ergueu a parte superior do corpo do mais jovem que, com aquele estranho movimento, abriu minimamente seus olhos extremamente exaustos e ofegou enquanto sangue começou a escorrer de sua boca. Tudo o que Rin conseguia ver era um borrão rosado e ele sequer teve força para sorrir ao pensar que fosse sua mãe.

— Mãe. — Foi a única palavra que o mais jovem conseguiu proferir de seus lábios enquanto lágrimas voltaram a escorrer de seus olhos.

— Conserve suas forças, Rin. — A kunoichi sussurrou. Não havia necessidade de falar alto considerando a proximidade com o mais jovem. 

— Equipe. — Outra palavra que escapou da boca do mais jovem. Se ele tivesse forças em seu corpo, com certeza, levaria as mãos para frente dos olhos para esconder sua tristeza naquele momento, mas se sentia cansado demais.

Rin voltou a perder a consciência. Das mãos da kunoichi uma energia surgiu e lentamente foi cuidando dos ferimentos mais leves no corpo do jovem. Ela não precisou olhar para o lado para saber que um ninja médico acabara de chegar e levava uma das mãos para sua boca ao ver a situação que se encontrava o corpo do rapaz de dezesseis anos. 

— Temos que levá-lo imediatamente para a vila. — Foram todas as palavras que o outro ninja disse antes de olhar para a kunoichi que não saia do lugar. 

Sakura segurava a parte superior do corpo de Rin de forma que parecia o abraçar com suavidade, ou melhor, com cuidado. Os olhos da rosada se desviaram do adolescente que respirava com lentidão para o ninja que deu aquela ideia, mas retornou seu olhar ao jovem e balançou a cabeça.

— Talvez não aguente a viagem. — A kunoichi sussurrou e fechou seus olhos ao pensar que se fizessem aquilo teria de dizer para uma mãe e um pai que o filho morreu, mas ali a chance de salvá-lo era um pouco mais alta. 

A kunoichi sabia o que fazer. Por isso desfez aquele selo na sua testa e algumas linhas fizeram o rastro por seu corpo. Ela soltou o corpo do mais jovem com o máximo de cuidado e aproximou a mão direita dos lábios e mordiscou o polegar e depois o levou ao chão. Um selo de invocação surgiu no chão e como reação um pouco de fumaça e dessa fumaça uma lesma branca um pouco maior que um ser humano. 

— Olá, Katsuyu-sama. — A kunoichi das lesmas disse para a sua invocação. Não havia razão em invocá-la maior, como na guerra, sendo que só precisava cuidar de uma pessoa. 

— Ah, Sakura-sama. Quanto tempo. — A lesma curvou a parte superior do corpo como se fizesse uma reverência para a kunoichi. Seu tom de voz era calmo e transmitia uma grande gentileza. 

— Por favor, coloque-o dentro de seu corpo para cuidar dos ferimentos. — A kunoichi apontou com a mão esquerda para o rosado sob seus cuidados enquanto seus olhos ainda estavam na lesma.

— Certo. — A lesma respondeu. 

Katsuyu não era uma invocação desobediente como as cobras ou sapos. Desobediência não era sua natureza, mas sim a gentileza e a serventia. A lesma se moveu e ficou por cima de Rin e lentamente o levou para dentro de seu corpo e, desta forma, iniciou os cuidados emergenciais.

Dias depois, Rin abriu seus olhos esverdeados e moveu o rosto para se situar. "Quarto de um hospital? Eu tô vivo ainda?" pensou e olhou para inúmeros equipamentos médicos que se conectam a fios no seu corpo e que mostravam seus sinais vitais de todas as formas possíveis. "Aposto que foi ideia deles" pensou e imaginou seus pais em desespero pedindo por tudo quando viram a situação que seu único filho estava. Se seu corpo não estivesse tão dolorido teria achado graça e riria daquela imaginação, mas depois da primeira pontada de dor na barriga soube que não era o momento ideal para isso. Bandagens cobriam o ombro esquerdo inteiro do rosado até a sua barriga. Além disso, tinham curativos em seu rosto e nos punhos. Ele moveu o rosto para o lado direito quando ouviu a porta deslizar e seus olhos se encontram com os de sua mestra que não escondeu a surpresa ao vê-lo acordado.

— E aí. — Foram todas as palavras que o mais jovem conseguiu proferir antes de perceber a surpresa da kunoichi. — Eu nem devia estar vivo, né? —

— Não, devia sim. — Sakura comentou e abaixou a cabeça para esconder um sorriso por dizer tão tranquilamente aquelas palavras. Ela se aproximou da cama do rosado e cruzou os braços enquanto o olhava. — Só esperávamos que você acordasse em mais alguns dias, mas essa melhora é um excelente sinal. — 

— Por quanto tempo fiquei apagado? — Rin perguntou com lentidão. Ainda estava grogue por causa de alguma medicação e também por ter ficado inconsciente por tanto tempo. 

— Dez dias. — Sakura o respondeu e coçou os olhos antes de se sentar numa cadeira colocada de propósito do lado da cama por outra pessoa. — Perfuração no pulmão direito e no ombro esquerdo e punho direito quebrado. — A kunoichi dava a informação sem olhar para nada como se tivesse memorizado tudo aquilo. — O que aconteceu? A missão da sua equipe não era lidar com alguns lobos? —

"Se eu tô assim, imagina eles" Rin pensou e fechou os olhos por um momento enquanto um sorriso gentil tomava seus lábios, mas o desfazia quase que no mesmo instante e seu olhar se tornava sério.

— Enfrentamos uma pessoa. Um membro daquele grupo foi avistado por alguns ninjas. Ótimo em Taijutsu e Kugutsu e não precisava de fonte de água para usar Ninjutsu. — Ele fechou os olhos e suas mãos se seguram no lençol branco da cama enquanto se lembrava de alguns detalhes. — O nome dele era Gluttony. —

— O que descobriu? — A kunoichi das lesmas perguntou por mais que soubesse que aquele não era o momento de fazer tal questionamento. 

— O objetivo? — Rin perguntou também, mas ao obter o silêncio como uma resposta, deu continuidade. — Querem promover o caos pelo país, mas isso foi o máximo de informação que Gluttony nos deu. —

O rosado respondeu e olhou para sua mão direita que, além das bandagens bem usadas no seu ombro esquerdo, estava com uma tala. "Acho que exagerei no soco" pensou e voltou os olhos para a kunoichi que havia posto a mão direita perto dos lábios enquanto refletia com a resposta.

— Kira e Li estão bem? — O rosado perguntou com a inocência de uma criança e sentiu as bochechas se esquentarem um pouco. — Suitai deve estar melhor do que a gente por ter mais experiência. Eu quero visitá-los se não tiver problemas. —

Sakura ficou em silêncio. O olhar de Rin, ou melhor, toda a forma dele de agir com aquela pergunta mostrava, ou indicava, que não sabia, ou não se recordava, do que aconteceu com sua equipe. Ela ficou em silêncio por tempo demais, percebeu isso, e sabia que devia ao mais jovem uma resposta imediata. 

— Rin… — A rosada sussurrou e nem se deu conta, mas suas mãos estavam por cima da mão direita do mais jovem. Ela baixou seu olhar por um momento para depois subi-lo e olhar para os olhos esverdeados do jovem. — ...você foi o único que encontramos com algum sinal de vida. Subimos a montanha e vimos a destruição e os corpos, mas já era tarde demais. —

Rin ouvia aquelas palavras gentis em silêncio, mas sem saber como deveria reagir com aquela notícia. Seus olhos só continuavam concentrados nos olhos da kunoichi e se baixavam ao lençol da cama e depois para a mão esquerda. Ele engasgou com qualquer palavra, mas não com a emoção das lágrimas a escorrerem por seu rosto e pingarem na palma esquerda ou no próprio lençol branco. O rosado parecia, ou melhor, não se lembrava dos detalhes finais da luta. Rin pôs a palma esquerda na frente de seus olhos enquanto as lágrimas continuavam escorrendo e, por um momento muito rápido, a cor se alterou ao vermelho anterior, mas retornou ao esverdeado e foram fechados antes dele abrir a boca para gritar. Não um grito de dor. Bom, um grito de dor, mas não dor física. Um grito de dor emocional por perder amigos que foram tão importantes. A kunoichi ficou em silêncio por não saber o que dizer naquela hora, mas lentamente deixou a cadeira que havia se sentado e removeu as mãos de cima da mão do mais jovem. A rosada queria acreditar que ele só precisava de um tempo para se acalmar após aquela notícia. A kunoichi seguiu para a porta e a deslizou para que pudesse sair e olhou para trás antes para verificar que Rin chorava com a cabeça baixa, mas não emitia um único som após aquele doloroso grito. Ela abriu sua boca, mas ainda não conseguia pensar nas palavras ideais para o mais jovem e, desta forma, deixou o quarto.

A kunoichi olhou para o lado direito assim que saiu do quarto e seus olhos esverdeados se cruzam com os de mesma tonalidade da mãe de Rin que havia se encostado na parede e cruzado os braços. 

— Obrigada. — Foi a única palavra que a mãe de Rin cogitou dizer antes de deixar o encosto da parede e seguir o corredor pela direita. 

— Não precisa me agradecer por isso, Shiawase. — A kunoichi murmurou para a colega e seguia pelo mesmo caminho que ela e copiosamente cruzava os braços. — Só não achei necessário uma mãe dizer ao filho que os amigos estão mortos. —

— Me desesperei quando vi que estava acordando. — Shiawase, a mãe de Rin, murmurou e sentiu as bochechas se esquentarem por dizer tais palavras com tanta naturalidade. — Que bom que você estava passando. —

— Você vai vê-lo mais tarde, né? — A kunoichi perguntou. Ela sabia que o aprendiz precisaria de um tempo para processar a informação de que os amigos morreram, mas sabia também que uma visita de entes queridos poderia ser boa para o mais jovem.

— Esperar algumas horas. — Shiawase respondeu e olhou para o pulso direito onde tinha um relógio e depois subiu o olhar para o caminho que faziam. — Duas horas vou visitá-lo. Assim que ele estiver mais calmo. —

Sakura estava para dizer alguma coisa, mas sua atenção se desviou para uma jovem de cabelo loiro e olhos azuis que correu em desespero pelo corredor e quase caiu depois de fazer a curva. A kunoichi se concentrou na menina que ofegava enquanto continuava correndo e passando por elas. As duas médicas olham para a adolescente parando em frente a porta do quarto que a kunoichi acabara de sair e a deslizava para que pudesse entrar. As duas viram as lágrimas de contentamento escorrerem pelos olhos da garota que levou as mãos para frente da boca para conter algum soluço e entrou no quarto. 

— Quem é essa? — Sakura perguntou com as sobrancelhas um pouco erguidas e desviou sua atenção para a mulher que lhe fazia companhia.

— Uma amiga dele. Se não me engano se chama Yamanaka Misa. — Shiawase a respondeu e um sorriso leve foi tomando seus lábios antes de olhar para frente e seguir o caminho. — Ele a salvou de um lobo um tempo atrás. Derrotou o animal com apenas um soco. —

"Derrotou, é?" a kunoichi das lesmas pensou e não pôde deixar de sentir orgulho por ter escolhido Rin como seu aprendiz. Ela retornou a caminhar ao lado de Shiawase e, de vez em quando, fazendo uma reverência para um ou outro médico que parava no corredor para cumprimentá-las. Sakura só parou de andar quando passaram por uma parede espelhada e ouviu os inúmeros choros dos bebês, a kunoichi se aproximou do vidro e olhou para os pequenos e um sorriso diferenciado tomou seus lábios. Era um pouco de felicidade pelas vidas novas que surgiam, mas também havia tristeza assim como em seu olhar que pesava com o tempo. Sua atenção se desviou para o ombro direito quando sentiu um toque gentil e se esforçou para sorrir quando viu o olhar de Shiawase.

— É difícil ainda. — A kunoichi das lesmas sussurrou e lentamente levou a mão direita para o olho esquerdo e secou uma lágrima antes de voltar a andar.

— Posso imaginar. — Shiawase comentou, mas sabia que era uma mentira. Não era capaz de imaginar, ou melhor, de sentir a mesma coisa que a kunoichi sentia.

As duas continuaram a caminhada pelos inúmeros corredores do hospital. Enquanto isso, no quarto em que a kunoichi saiu, Misa abraçava ainda o garoto que correspondia a aquele abraço por mais que sentisse dor. O olhar do rosado era um dos mais tristes que a loira já viu em toda a sua vida. A Yamanaka sabia que um abraço não era suficiente para ajudar seu amigo, mas aquilo era tudo o que podia fazer para ajudá-lo no momento. A mão direita dela subiu ao cabelo róseo e o afagou enquanto a esquerda era mantida nas costas do rapaz.

— Quando escutei o que aconteceu fiquei tão desesperada. — Foram as primeiras palavras que ela conseguiu proferir em minutos de silêncio. — Então ouvi seu grito a caminho daqui e… —

— Correu sem pensar duas vezes? — Rin sussurrou. Sua voz era a mais desanimada possível, mas apesar disso era sentido um tom frágil de brincadeira. 

"Exato" Misa pensou e se sentou na confortável cama, mas sem interromper aquele abraço. A loira sentia os olhos arderem e sabia que era por saber que Rin estava vivo e mordeu os lábios enquanto permitia que as lágrimas escorressem por seu rosto. Rin ainda chorava, mas era pelo luto e aconchegou seu rosto no ombro da amiga e optou pelo silêncio enquanto um confortava o outro.


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