Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 129
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Shiki acordou no momento que ouviu um estampido — um grito que preencheu a casa. E, como tinha certeza de que não foi ele o causador do grito, saiu da cama vestindo só a calça da noite anterior e ajeitando os óculos. Seu olhar não escondia o cansaço e a curiosidade, afinal não era comum aquele tipo de acontecimento. Ele nem mesmo olhou para dentro do quarto do moreno quando passou por aquela porta, afinal de contas sabia que ele acordava particularmente cedo para preparar o café da manhã e limpar a casa quando necessário. Ele chegou ao cômodo principal depois de alguns segundos e olhou em volta, mas não havia sinal do moreno, contudo a mesa para o café já estava quase pronta. Ele suspirou e olhou para o assoalho e percebeu um líquido transparente escorrendo do balcão que dividia a cozinha da sala, por isso tratou de caminhar mais um pouco e recuou no momento que sentiu que o líquido estava quente. Ele ouviu alguns gemidos, por isso seu cansaço foi substituído por preocupação e a curiosidade apenas aumentou. 

— Take? — Shiki chamou.

—A-Aqui… — Take disse um pouco afastado. Na direção do fogão com poucas bocas e que uma delas estava acesa. 

Shiki achou a melhor maneira de se aproximar, assim desviou do líquido quente e cruzou o restante do caminho para chegar no moreno que estava de joelhos no chão. Havia uma panela de água que o mesmo costumava usar para esquentar e preparar o café, mas ela estava no chão assim como uma faca com um pouco de sangue na lâmina. O escritor levantou as sobrancelhas e apressou ainda mais seus passos no momento que percebeu um machucado — sangrando — em diagonal no indicador esquerdo do moreno e ao que parecia a palma direita estava vermelha. Ontake mordia os lábios inferiores com força, ofegante enquanto usava o Shōsen Jutsu para diminuir o que parecia uma queimadura. Ele olhou para o escritor que não entendia o que teria acontecido, mas era óbvio demais que o recém chegado estava preocupado. Quando Ontake olhou para Shiki, o escritor notou olheiras em torno dos olhos avermelhados do moreno. 

— O que aconteceu? — Shiki perguntou. Ele começava a se sentir um inútil, afinal não tinha ideia de como ajudar o moreno.

— Bobeira, não precisa se preocupar. — Ontake respondeu, mas acabou sorrindo de maneira que acreditou que serviria para confortar o escritor, então deu continuidade. — Já estou resolvendo a situação. —

— O que aconteceu. — Shiki insistiu na pergunta e agora com um olhar cheio de dúvida, mas parecendo igualmente sério.

— Ah, tudo bem… — Ontake respondeu e olhou para a palma direita que perdia aquela vermelhidão, então continuou assim que sentou-se confortavelmente no chão e longe da faca. — ...passei a noite lendo KonoSuba Alternativo para saber o que adicionar a história, afinal disse que o ajudaria com isso, mas acontece que fui dormir mais tarde do que o habitual e meu relógio interno não atrasa, por isso acordei no mesmo horário de sempre… —

Enquanto Ontake contava o começo daquela história, Shiki aproveitava para pegar um pano de chão e secar o assoalho e depois cuidadosamente retirou a faca e a jogou na pia, por fim fazendo a mesma coisa com a panela, então se sentou ao lado do moreno no assoalho e moveu o rosto para o lado para que pudesse observá-lo.

— ...e aí vim preparar o café da manhã. Apesar de estar com sono, tudo correu bem e não tive dificuldade alguma com a melancia, mas acho que o melão me venceu e tacou minhas sobras para a água que tinha deixado para esquentar. Hm… acho que fechei meus olhos por alguns segundos e aí cortei meu dedo… — O moreno contou e mostrou o corte por onde um pouco de sangue escorria ainda, então deu continuidade assim que suspirou. — ...e aí me distrai com isso, mas assim mesmo continuei com o preparo… o que não levou muitos segundos para virar um desastre, afinal usei a mão direita para segurar a panela e onde estava quente… aí acabei derrubando a faca e a panela. — O moreno terminou de contar e aproveitou para abraçar as próprias pernas e ele encostou a cabeça nelas enquanto seus olhos marejaram e ele acabou por soluçando. — …hic… des… hic… desculpe, Sh-... hic… Shiki. —

Shiki não sabia o que dizer. Ele não era o tipo de pessoa que tentava confortar a outra por algum acontecimento. Ele já tinha feito algo com um certo rosado estúpido, mas foi na base do xingamento é uma provocação aqui e ali. Contudo, sabia um pouco o que o moreno estava sentindo. Ontake era um caso curioso… ele gostava de ajudá-lo com as tarefas domésticas e fazia tudo com muita vontade, por isso imaginou que os erros daquela manhã foram suficientes para… bom, aquilo. Shiki levou a mão direita para o topo da cabeça do moreno, mas não chegou a encostar, deixando-a a menos de dez centímetros acima dele, então recuou a mão e cruzou os braços, incerto de como deveria ajudá-lo. Ele abriu a boca e pensou numa provocação, algo do tipo "Você apanhou para uma fruta e um pouquinho de calor e já tá chorando? Que vergonha, tsc…" ...mas de alguma forma aquilo lhe pareceu errado, por isso se calou e continuou ouvindo os soluços do moreno. Ele sentiu as bochechas se esquentarem, afinal de contas ao seu lado tinha uma pessoa que no momento estava numa péssima situação emocional, assim ele não sabia o que fazer e suas escolhas eram limitadíssimas. 

— É… — Shiki começou a dizer. E pensou cuidadosamente em cada palavra que usaria a seguir. — ...vai mesmo chorar por causa disso? Nem parece a mesma pessoa que bateu com uma frigideira um dia desses e fugiu descaradamente. — Ele tentava não parecer tão provocativo. E seu olhar se suavizou quando reparou que a cabeça do moreno se moveu e assim pôde vislumbrar os olhos avermelhados que se atentaram nele, então continuou. — Eu nunca disse para você fazer o que faz nessa casa, você apenas começou de um dia para o outro, além disso não tinha necessidade de fazer isso se não estava em condições. E afinal de contas… o responsável por tudo isso acaba sendo eu. Não pensei na possibilidade de você lendo o livro durante a madrugada, foi estúpido da minha parte. Então, pode me culpar. —

— Sh-... hic… Shiki… — Take disse e passou a mão esquerda pelos olhos úmidos e acabou encostando ombro a ombro com o moreno, então continuou. — ...ba… hic… bati em você co… hic… com muita força, eu acho, se está sendo ami-... hic.. amigável.. Ou… o homem d-... hic… de la-... hic… lata ganhou um… hic… coração. —

— Eu retiro tudo o que disse. — Shiki disse com um olhar pouco sério. Ele aproveitou para se levantar e coçou o cabelo antes de suspirar e estendeu o braço disponível para o moreno. — Vamos, levanta. Posso não saber Iryō Ninjutsu, mas sei ao menos fazer um curativo decente. —

— Você sabe? — Take perguntou surpreso. Muito provável descrente com aquela informação. Ele olhou para a mão do escritor e gentilmente a agarrou com aquela que não tinha um corte no indicador. — Eu posso resolver isso com o Shōsen Jutsu. —

— É verdade, mas eu assumo seu erro como minha responsabilidade, então me deixe ao menos cuidar desse dedo. Se não der certo… uso a faca para removê-lo. — Shiki respondeu e moveu o braço para trás, desta forma puxando o moreno para cima e imediatamente passando os braços em volta dele quando o mesmo levantou. — Posso remover pelo menos uns três dedos de cada mão se quiser, assim nunca mais vai me bater com uma frigideira. — 

— Eu posso chutá-lo em lugares que realmente doem. — Ontake disse e levantou uma das sobrancelhas, além de um sorriso começar a tomar forma em seus lábios.

— Claro que pode. E pode dormir fora de casa por algumas noites para aprender sobre bom comportamento. — Shiki retornou ao tom provocativo, então deu continuidade assim que olhou na direção do corredor. — Vamos ao meu quarto. —

O moreno se afastou de Shiki e lhe mostrou o dedo médio da mão direita ao mesmo tempo que tomava mais distância. Um ofensivo gesto que acabou fazendo com que escritor soltasse uma ótima gargalhada. Take passou o dedo indicador por seus lábios, desta forma limpando o sangue que escorria, enquanto seguia na direção do quarto de Shiki e parou na porta e então olhou para trás. O escritor acabará de entrar no banheiro e sairá de lá alguns segundos depois com alguns itens na mão direita e usando a esquerda para sinalizar um "xô" ou "vá de uma vez". Take rosnou para o outro, mas aceitou assim mesmo e adentrou ao quarto de Shiki e reparou nos livros que haviam nas estantes — a maioria dele — e nas roupas jogadas pelo chão. O moreno olhou para Shiki que parecia não se importar com a sujeira do quarto.

— Eu vou limpar seu quarto. Deve ter uma doença super contagiosa ou um bicho morto em algum lugar. — Take disse.

— O único bicho aqui é você. — Shiki disse com aspereza, mas era claro que fazia aquilo só para provocar o moreno. Ele olhou para a cama. — Sente-se. —

— E se eu não quiser? — Take perguntou e passou a língua pelo corte que retornou a sangrar e suspirou. 

— Se não quiser por bem, será por mal. Farei questão de chutá-lo se for para levá-lo até minha cama, então você que escolhe. — Shiki disse e cruzou os braços e escorou-se ao lado da porta enquanto o olhava. 

— Você não teria coragem. — Take disse e semicerrou seus olhos, mas acabou sorrindo pelo canto dos lábios por aquela provocação leve.

— Não? Onde que Rin dormiu mesmo? Tenho um pouco de certeza que não foi nessa casa. — Shiki disse e moveu sua cabeça para o lado da porta e fingiu olhar o corredor. — Podemos ir para o seu quarto. Sua cama tinha um cheiro engraçado. —

"Ele sentiu aquele cheiro?" pensou o moreno que não se deixou abalar pelo comentário, apenas manteve-se firme e sorriu enquanto inclinava a cabeça para o lado esquerdo.

— Sim, se chama lavanda. Ótimo em produtos de limpeza. Deveria experimentar, Shiki. — Take respondeu, mas voltou sua atenção para a cama do escritor antes que ele pudesse respondê-lo. — Eu posso dar um jeito nesse corte em alguns segundos… —

— Para… — Shiki disse assim que saiu da parede e usou seu pé direito para acertar as costas do moreno e assim jogá-lo em sua cama. — ...de frescura! —

Take foi atacado de surpresa. Jogado para a cama do escritor e depressa se deitou de barriga para cima e depois se sentou. Ele olhava para Shiki que acabara de sentar ao seu lado, mas o olhar do moreno era uma mensagem silenciosa de "está maluco?" que o escritor só olhou uma vez e acenou como se respondesse a pergunta que havia naquele olhar, assim deixando o moreno levemente surpreendido, pois não esperava que o outro fosse entendê-lo. Shiki pegou a mão esquerda de Take e olhou para aquele corte de alguns centímetros.

— Tem cura, doutor? — Take perguntou.

— O dedo ou sua mentalidade? — Shiki perguntou com um meio sorriso, então dando continuidade assim que pegou um frasco com líquido transparente do lado. — Vamos desinfetar esse corte. —

— O que tem a minha… — Take não concluiu seu comentário.

O escritor passou um pouco de álcool por aquele corte e logo sentiu o moreno encostar a cabeça em seu ombro e sua mão esquerda tremeu por um momento e a direita se fechou em punho na calça que o escritor vestia, agarrando-se com firmeza no tecido. Shiki pôs um pouco de algodão na onde havia o corte e depois o cobriu com uma fita crepe, desta forma impedindo o algodão de escapar do dedo.

— Está pronto… não é um serviço bem feito de um ninja médico, mas tem qualidade nessa simplicidade. — Shiki disse.

— ...você é um idiota. — Take disse depois de recuperar um pouco do fôlego.

— Eu salvei seu dedo. Se quiser, posso terminar de cortá-lo. — Shiki disse com divertimento e sentiu sua coxa ser apertada pela mão direita do moreno, por isso soltou um riso e voltou a falar num tom provocativo. — Isso é um não? —

— O que você acha? — Take perguntou. Sua voz estava um pouco cansada.

— Sobre o dedo? Que dá para mantê-lo. Eu gosto dele, sabe? — Shiki disse, então continuou assim que acomodou sua cabeça em cima da cabeça do moreno que ainda se recuperava do álcool no ferimento. — Sua cama realmente fede… —

— Você não está acostumado com o cheiro de lavanda. — Take disse com um pouco de desprezo. Ele estava cansado, por isso não queria continuar as provocações. 

— É, pode ser. Ahn… Take… eu gostaria de conversar com você sobre um... assunto. — Shiki contava. Ele não sabia exatamente as palavras que usar, mas imaginava que deveria tomar cuidado com elas a partir daquele momento. E sua expressão estava uma perfeita mistura de vergonha e seriedade, então voltou sua atenção para o moreno quando não obteve uma resposta. — … Take? —

Ontake estava com sono. Com muito sono pra falar a verdade, por isso o conforto do ombro do escritor e até mesmo uma cama fizeram com que ele dormisse sentado. E não demorou para que seu corpo caísse para trás, sequer tendo a chance de escutar aquelas palavras ou que viria a seguir se ele não tivesse dormido. O escritor ficou sem palavras ao vê-lo com uma expressão tão suave enquanto dormia com os lábios levemente separados e com algumas mechas escuras lhe cobrindo o rosto, além disso as mãos de Ontake estavam fechadas em punhos. Shiki suspirou. O escritor que ajeitou seus óculos e saiu calmamente da cama e seguiu para o armário, desta maneira escolhendo um conjunto de roupas para o festival — por mais chato que achasse e não participasse da dança, deveria usar alguma coisa bonita — e assim saiu do quarto e seguiu pelo corredor. O escritor retornou para a cozinha e lá terminou os preparativos para o café da manhã — por mais que já fossem nove e quarenta e cinco da manhã.

[ ۝ ]

Ontake dormiu por seis horas. Acordando somente às quatro da tarde e levantando-se na cama ao não reconhecer a acomodação. Suas bochechas coraram ao se lembrar de que foi para lá que Shiki o levou para tratar de um corte no dedo. Ele pôs a mão direita em seu estômago no momento que ouviu um reconhecível barulho e até pensou em sair do quarto, mas olhou para uma escrivaninha que tinha um bilhete em cima de um prato tampando outro prato com um copo cheio de um líquido amarelo escuro ao lado esquerdo. Era a reconhecível letra de Shiki.

"Não tenho que explicar o que tem que fazer né? Acho que já é grande o suficiente para entender."

— Desgraçado… idiota… — Take disse. Apesar das palavras, suas bochechas não perderam o rubor e um estranho, mas contente, sorriso tomou seus lábios. — ...Shiki… —

O moreno pegou o copo e tomou um gole para saber o que era — suco de laranja com algumas gotas de limão — e depois retirou o prato de cima do outro prato e reparou nos lanches preparados. O moreno pegou um pedaço e o abocanhou ao mesmo tempo que olhava em volta do quarto. Tudo estava bagunçado. Ele pôs o lanche de volta ao prato e aproveitou para sair da cama e sorrir com malícia. "Vai me fazer dormir lá fora, é?" pensou com um pouco de divertimento e começou a ajeitar as coisas do escritor, assim dobrando o que estava limpo e pondo em gavetas certas — calças, camisas, cuecas, etc. Ele só não mexeu nas gavetas porque na primeira olhada acabou encontrando um preservativo — XX — e o pôs no mesmo lugar, mas acabou se lembrando de com quem o escritor iria ao festival, por isso suas bochechas se esquentaram e um sentimento incomum voltou a tomar conta dele.

— Eu devia furar essa porcaria e fazê-lo se arrepender por muitos anos… — Take murmurou enquanto andava de um lado ao outro pela escrivaninha e tentando se lembrar se já tinha visto uma agulha naquela casa. — ...mas aí com certeza serei expulso dessa casa. —

O moreno rosnou e voltou a deitar-se na cama e sentiu o cheiro do escritor impregnado nos cobertos que em breve seriam jogados para serem lavados. Ele abraçou cuidadosamente um cobertor branco e grosso e afundou seu rosto nele enquanto suspirava pesadamente. "Eu vou torcer por sua felicidade…" pensou o moreno com olhos mais úmidos que o normal e abraçando com mais força o cobertor. E lentamente movendo seu rosto para a porta do quarto no momento que ouviu alguns passos. A porta ainda estava fechada para sua sorte, mas não era difícil imaginar quem se aproximava do quarto, além disso ele passou uma hora e meia arrumando o cômodo, por isso que já passava das seis da tarde. O moreno engoliu em seco e apressadamente saiu da cama ao rolar e começou a engatinhar pelo chão até escorar-se na porta no momento em que foi aberta.

— O que? Tem senha agora para entrar no meu quarto? Alohomora? — Shiki perguntou do outro lado da porta, mas deu continuidade quando ouviu uma risada. — Pelo menos está vivo. Daqui a pouco o festival vai começar, então vim buscá-lo já que estava tão animado com essa droga. —

— Ah… tá… eu… você… se afaste, ok? — Take pediu do outro lado ao reparar no quão melhor tinha ficado o quarto do escritor.

— Você não colocou fogo no meu quarto… colocou? — Shiki perguntou um pouco irritadiço, mas também preocupado, afinal o moreno prometera dissolver a casa em certo momento.

— Ahn, não… — Take disse.

— Certo… e porque não está me deixando entrar no meu quarto, oh sabedoria limitada? — Shiki perguntou e levou seu punho direito para a porta, assim socando-a uma vez. — O que fez aí, Ontake!? —

— Ah, nada! — Take disse e levou as duas mãos para a boca, assim cobrindo-a e abafando a gargalhada.

— Essa risada só tá me deixando mais preocupado ainda! Abra essa porta ou vou derrubá-la! — Shiki disse do outro lado. 

E era verdade. O moreno ouviu o escritor tomando distância. E assim Ontake sorriu pelo canto dos lábios e aproveitou para se levantar e levar a mão esquerda para a maçaneta. E quando ouviu os passos apressados do escritor se aproximando… ele tratou de abri-la e empurrá-la, desta forma dando acesso ao escritor que se surpreendeu e foi direto para a cama. Ontake gargalhou e levou a mão direita para a barriga e ficou observando-o debruçado na cama arrumada, mas também aproveitou a oportunidade para sair apressadamente de lá e seguir para o quarto. Ele retirou a maior parte de sua roupa — ficando apenas de Boxer — e olhou para o conjunto que havia separado. E depois olhou para a porta do seu quarto no momento que ela foi aberta. Shiki estava bonito de sua própria maneira com a escolha de roupa — um colete preto com mangas longas e alguns detalhes (listras) amarelas que estava aberto para revelar o abdômen, uma calça escura com alguns detalhes (listras também) amarelas e botas marrons de cano longo. O escritor cuidadosamente moveu seus olhos pelo corpo magro do moreno que tentava esconder atrás de algumas peças de roupa — uma camisa preta com listras brancas que iam dos ombros até os pulsos e com duas outras listras que iam da gola até embaixo do sovaco e uma calça escura. Shiki demorou-se a observar o corpo desprovido de músculos ou pelos, então pôs a mão direita em sua cintura e soltou um riso puramente debochado. O que deixou o moreno um pouco mais envergonhado, mas também um pouco desconfortável com aquela situação, piorando só porque o escritor aproveitou para chegar perto dele e ignorar o olhar sério — de uma presa encurralada — que o moreno possuía.

— Você não tem um único músculo. Deve ser tão magro quanto fui aos treze anos. E não tô vendo indício de pelos corporais… — Shiki disse depois de analisar o moreno com certo cuidado e pôr a mão direita no queixo. — ...suas feições combinam com o de uma mulher e seu cabelo longo, sem dúvida, o confundiria facilmente a uma. —

"A falta de testosterona e o estresse da convivência com aquela mulher… tudo resultou nesse corpo" pensou o moreno que sentia as palavras do escritor, mas não parecia que ele estava zombando dele, mas praticando uma costumeira provocação. O moreno soltou a peça de roupa e caminhou em direção ao escritor e pôs as mãos no abdômen dele e começou a empurrá-lo para fora do quarto. 

— Se isso é pelo que fiz ao seu quarto, então aceito. Aquele lugar era um verdadeiro chiqueiro, talvez Teikō me agradeça mais tarde… se conseguir levá-la para cama. — Take disse enquanto continuava empurrando-o para a saída de seu quarto.

— Você acha que quero levá-la para a cama? — Shiki perguntou. E estava para dar continuidade, mas acabou sendo interrompido.

— Acho. — Take respondeu.

E mesmo sendo seu comentário… aquilo lhe doeu mais do que qualquer coisa. Ele continuou empurrando o loiro até a porta, então finalmente a fechando e escorando-se nela e deslizando por ela até sentar-se no chão e suspirar pesadamente. Ele ouviu os passos se distanciando da porta e pôde ouvir a porta da casa sendo aberta alguns instantes depois. O moreno se deitou no chão gelado e adotou uma posição fetal enquanto passava os braços pelo meio das pernas e mantinha os olhos atentos no assoalho. "Eu tenho certeza, na verdade. Teikō tem qualidades sociáveis melhores que as minhas… tem tudo o que uma mulher pode oferecer… e eu sou… eu… um cachorro de rua de bolas cortadas e a mente atormentada… qualquer um iria preferir a Teikō com aqueles belos olhos azuis e aquela confiança toda… eu sou apenas um…" o moreno parou com aquele pensamento e suspirou pesado antes de se sentar novamente e olhar para as peças de roupa que estavam no chão.

— É hora da festa… — Take sussurrou. 

Ele poderia deixar aquele tipo de pensamento para o dia seguinte, naquela noite tudo o que mais gostaria era de divertir-se com pessoas e dançar ao lado de uma fogueira enquanto tinha-se música a noite inteira. Para o dia seguinte ele poderia retornar a aqueles pensamentos.

 


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