Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 127
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A estranha não entendeu o motivo para aquele grito, assim como muitos outros desavisados que passavam e olhavam com curiosidade para a cena. A estranha olhou para trás como se houvesse uma pessoa por ali que o moreno estivesse se referindo, depois olhou para os lados e não demorou a perceber que os únicos ali pareciam apenas curiosos, mas não afetados por aquele berro do moreno. A estranha terminou de morder um pedaço de seu taiyaki e usou o punho direito — com o indicador à mostra — para apontar ao próprio rosto enquanto suas bochechas se moviam em claro sinal de que mastigava a comida.

— Comigo? — A desconhecida perguntou, sua voz não passando de um sussurro e carregado pela curiosidade.

O moreno rosnou e sentiu suas bochechas ferverem por conta da crescente raiva. Era bem óbvio que referia-se a aquela garota, com quem mais seria se não ela. Ontake não se importou ao ouvir alguns risos de pessoas que assistiam com uma leve curiosidade a cena, contudo escutou duas ou três pessoas comentarem que a garota os roubou a menos de três horas, mas aparentemente que a desconhecida não dava a mínima ao levantar os braços e dobrá-los acima da cabeça e levar as mãos para a nuca. A expressão da garota não escondia sua despreocupação.

— Com quem mais seria? — Ontake perguntou, mas deu continuidade antes da garota ter a oportunidade de respondê-lo. — Devolva o meu dinheiro. —

— Você quer de volta? — A desconhecida perguntou e inclinou a cabeça para o lado direito e olhou para algumas nuvens com formatos engraçados e depois voltou sua atenção para o moreno e usou o indicador para apontar ao céu, então continuou. — Aquela parece uma kunai. —

— É óbvio que quero meu dinheiro! E você vai me devolver.— Ontake disse com rispidez e dando um passo adiante na direção da garota e lambendo os lábios inferiores. — Sua pequena… —

— Eu não estou com seu dinheiro. Gastei uns minutos atrás com esse taiyaki. — A desconhecida respondeu e usou a mão disponível para mostrar o taiyaki. — Quer um pedaço? —

Ontake estava para gritar de raiva. Ele não acreditava que a desconhecida ousou gastar um dinheiro que não a pertencia, ou melhor, que contou com tenta naturalidade o que fez. E estava até mesmo para correr até ela e tentar agarra-la, mas obviamente prevendo que a mesma desviaria como das outras vezes que tentou pegá-la.

— O que está fazendo parada aí, Kohi? — Uma voz feminina que o moreno reconheceu de algumas horas antes. Era de Kokoa que saia de uma loja ao lado e mantinha os braços cruzados em baixo dos seios. E que continuou assim que notou a presença do moreno. — Hm, você é o garoto de mais cedo, não é? O que está fazendo com Kohi? —

— Esse é o garoto do Iryō Ninjutsu que disse a pouco, Kokoa-sama. — Kohi disse no lugar no moreno e voltou a abocanhar o taiyaki enquanto prestava atenção em Kokoa que parecia analisar a situação. 

— Curiosamente é o mesmo garoto que esteve na residência de Jiki-kun, hm… pode ser que esteja nos seguindo para ter algum… serviço especial? — Kokoa disse. Seu olhar carregava muita malícia e ela devagar passou sua língua pelos lábios superiores. — Sinto lhe dizer, mas não praticamos esse tipo íntimo de arte, apenas a dança e a música. —

— E a ladinagem. — O moreno disse com um olhar mais sério, porém com seu temperamento mais calmo. Ele cruzou os braços e caminhou para perto de Kokoa e levantou sua cabeça para olhá-la. — Vocês são ladrões, aproveitadores. —

Um brilho de diversão rondou o olhar de Kokoa e ela se esforçou ao limite para não sorrir. Até mesmo Kohi, que estava parada a menos de dois metros, tinha a atenção no garoto que se aproximou da líder de seu grupo. Kokoa enxergava em Ontake nada mais do que desafeto, mas também outras coisas que a mesma não pretendia explorar naqueles olhos rubros. Ela não perdeu a pose.

— Não nego que somos. — Kokoa disse e revirou seus olhos e um sorriso puxado pelo canto esquerdo tomou seus lábios, então continuou. — Contudo, nossos espetáculos fazemos gratuitamente, por isso consideramos que o roubo é uma forma de sobrevivência. —

— Sobrevivência é o meu… — Ontake não concluiu seu comentário.

— Frequentamos Yattsuhoshi a vinte e um anos, muito mais tempo do que você tem de existência, meu garoto. — Kokoa disse e levou sua mão direita para o cabelo de Take e passeou uma mecha por seus dedos. — As pessoas já estão habituadas a perderem um pouco de dinheiro quando passamos alguns dias aqui. Certamente que há reclamações como pode ver… — Kokoa sussurrou e levou sua mão direita para o queixo do garoto com alguns dedos nos lábios dele, desta forma fazendo um biquinho e sutilmente moveu para o lado esquerdo. — ...mas há também pessoas que carregam misérias para que não sintam-se tão prejudicadas. —

O moreno olhava — de maneira forçada — para algumas pessoas acompanhadas que parecia refonhece-las e murmuravam para seus parceiros alguma coisa. Mesmo que elevasse sua audição seria incapaz de entendê-los naquela distância, mas imaginou que falavam sobre uma das duas pessoas ali que provavelmente roubou-os. Ele retornou sua atenção para Kokoa no instante que ela moveu seu queixo.

— Uma vez ao ano saímos de Kumogakure para andarmos pelo mundo por quatro meses e vermos coisas inéditas. Pode não parecer, mas sempre há novidades. Então, saímos do País do Relâmpago e vamos para o País da Água… um lindo arquipélago, mas de vez em quando nos deparamos com piratas, depois ao País dos Ventos e nos encontramos com saqueados naquele escaldante deserto, depois ao País da Terra, por fim ao País do Fogo com alguns bandidos. Sabe porque ainda sobrevivemos a essas vinte e uma viagens? — Kokoa perguntou e levou a mão disponível para o pano que cobria seus seios e puxou de dentro uma moeda de ouro. — O dinheiro é nossa forma de sobreviver. Se não dermos dinheiro aos piratas morremos no mar, se não dermos aos saqueadores morremos no deserto, se não dermos a bandidos morremos na estrada ou na floresta. Então, sinta-se contente, pois está ajudando pessoas a sobreviverem. —

— Está errada… — Ontake disse com um pouco de dificuldade, afinal de contas era bem complicado falar quando seus lábios formavam um biquinho quase humilhante.

— ...hm, estou? Em que estou errada? — Kokoa perguntou rendendo-se a um pouco de curiosidade.

— Eu não ajudo pessoas dessa forma. Eu ajudo com o Iryō Ninjutsu. Eu ajudo… porque todas as pessoas são minhas companheiras. — Ontake disse ao lembrar-se da primeira regra que um certo rosado lhe contou bem no início do seu treinamento. 

— Que idiotice. — Kokoa disse e balançou sua cabeça em negação.

E lá estava o momento. Sua unica chance de conseguir algum tipo de vantagem com as duas pessoas. Ele não dependeria de Ninjutsu, afinal o Katon poderia se espalhar e causar um incêndio e o Suiton necessitava de uma fonte de água — se não fosse experiente — e o Kekkei Genkai de Natureza Avançada — Futton — seria prejudicial se acabasse se espalhando por uma grande área. Ele fechou sua mão direita em punho e a direcionou ao queixo de Kokoa que parava de balançar sua cabeça. Um sorriso tomou os lábios do moreno quando seu punho quebrava depressa a distância para o queixo da mais velha. E o sorriso se perdeu no momento que seu punho parou a menos seis centímetros do queixo de Kokoa. Isso só aconteceu porque a garota — Kohi — segurava um pouco abaixo de seu cotovelo com força. Ele olhou para a garota e naquele momento pôde enxergar uma calma e concentração incomum naqueles olhos verdes como olivas, mas seus lábios sequer tremiam… não havia um sorriso para dizer exatamente o que estava sentindo. 

— Muito bem, querida. — Kokoa disse enquanto um suor solitária escorria pelo canto esquerdo de seu rosto. 

— Iryō Ninjutsu e suas regras não são idiotice. — Ontake disse ríspido e tentando fazer com que seu punho continuasse o caminho para acertar o queixo da mulher, mas as tentativas eram em vão. — Iryō Ninjutsu faz parte do sonho de uma pessoa que espalhou sua vontade para outras. Não vou permitir seu menosprezo na minha frente, sua… —

Kohi ficou em silêncio. Contudo, seus olhos verdes como olivas pareciam carregados de surpresa com o comentário do moreno, porém assim mesmo não soltou o antebraço dele — até mesmo fazendo mais força — enquanto observava-o, achando interessante ter um tipo de vontade que fazia com que uma pessoa atacasse a outra por mera insinuação de que era puramente idiotice. 

— ...sua? — Kokoa perguntou.

— Vaca imunda. Provavelmente é o que esse idiota tem a dizer, mas se força-lo um pouco pode ser que use vagabunda ou alguma coisa do gênero. Ele não sabe xingar corretamente as pessoas, acho que tenho que ensinar isso para ele em algum momento. — Uma voz masculina logo atrás de Kokoa. Era Shiki, que exibia um olhar calmo como se não desse a mínima para a situação, mas era óbvio que se concentrava no moreno, contudo sua voz carregava um pouco de seriedade.

— E quem é você? — Kokoa perguntou e olhou para trás e novamente cruzou seus braços abaixo dos seios. 

— Alguém de mais importância que a vaca peituda que me fez uma pergunta. — Shiki respondeu de forma seca e mantendo aquele olhar calmo, porém concentrado no moreno que estava ainda com o braço impedido por outra garota. — Sua história é tão triste que está me fazendo chorar. Quem sabe, venda minha casa e órgãos para ajudá-la a sobreviver pelos próximos anos? —

Ontake mordeu os lábios e levou a mão disponível para a boca, assim controlando-se em não gargalhar por causa daquele comentário grosseiro do escritor. Contudo, algumas pessoas que assistiam riam descaradamente.

— Você está me zoando? — Kokoa perguntou, mas continuou assim que ficou de frente para o loiro que não sentia necessidade de encara-la nos olhos. — Você sabe quem sou? Eu sou… —

— ...não dou a mínima. Mas é bom saber que tem inteligência suficiente para perceber que estou zoando com você. — Shiki disse mantendo o tom levemente sério e não dando a mínima para a mulher que ficou de frente para ele. — Vá para sua maldita floresta, bruxa. —

Ontake não se aguentou. Ele emitiu um "Pfft" e começou a gargalhar levou a mão livre para o estômago enquanto curvava seu corpo. Shiki sorriu minimamente pelo canto dos lábios ao escutar a risada do moreno. Até mesmo Kohi teve de morder os lábios com força para não gargalhar das atravessadas. 

— Bruxa? — Kokoa perguntou. Era óbvio o quão surpresa ficou com aquela ofensa.

— Está repetindo o que eu disse? Por acaso tem problema de audição? — Shiki perguntou com aspereza.

Kokoa rangeu seus dentes. Ela com certeza não permitiria desaforo de alguém como aquele rapaz, por isso levantou seu braço esquerdo com a palma aberta e o desceu com intenção de dar um belo e merecido tapa em Chishiki, porém sua palma parou.

— KOKOA! — Era Shojiki que estava assistindo aquela discussão desde o começo.

— Heh… — Shiki sussurrou e sorriu pelo canto dos lábios.

Muita coisa aconteceu em poucos segundos. A principal era que Ontake movia seu braço esquerdo e o passava pelo pescoço de Kokoa com intenção de sufoca-la com um mata-leão enquanto seu braço direito era segurado com amis força por Kohi. E a outra coisa interessante era a presença de Shojiki que saia de perto de algumas pessoas e andava a passos firmes na direção de Kokoa que ainda não entendia o que tinha acontecido, mas sentia que estava lhe faltando ar e sabia que a razão era o moreno que usava o peso para puxa-la para trás. 

— Jiki-kun!? Isso… eu não… isso não é o que parece. — Kokoa disse de forma apressada e com um pouco de medo.

— É o que parece. — Shojiki disse assim que parou a uma distância razoável da mulher e cruzou os braços com um olhar mais sério. — Você estava para machucar alguém de Yattsuhoshi, sabe muito bem que não tolero isso. —

— Mas ele que… foi… ele que começou… — Kokoa tentou se pronunciar.

— Você disse alguma coisa para ela de maneira ofensiva, Chishiki? — Shojiki perguntou e olhou na direção do escritor e piscou de forma discreta seu olho esquerdo para ele.

— Não que eu me lembre, senhor. — Shiki respondeu e pôs as mãos nos bolsos da calça que vestia e sacudiu seus ombros com desinteresse. — Eu só vi que Ontake estava cercado por duas mulheres e pensei em vir ajudá-lo, então essa pessoa tentou me dar um tapa por atrapalhar o que iria acontecer aqui. —

— Hm… você confirma a história, Ontake? — Shojiki perguntou e retornou sua atenção para o ninja médico que removia seu braço de volta do pescoço de Kokoa.

— Jiki-kun! Isso não aconteceu de verdade! Ele me chamou de bruxa e todos aqui puderam ouvir! — Kokoa disse com os olhos marejados em nítida preocupação, então continuou ao apontar para só próprio peito. — Me chamou de vaca peituda e tudo mais. —

— Eu... confirmo que Shiki… Chishiki… apareceu e ela tentou bater nele sem mais nem menos senhor… — Ontake disse.

— Vocês ouviram Chishiki ser agressivo com essa moça? — Shojiki perguntou e olhou em volta e viu muitas pessoas balançarem a cabeça em negação, então retornou sua atenção para Kokoa e seus olhos esverdeados cintolaravam de raiva, mas parecia que havia um mínimo de diversão neles que apenas Take e Shiki perceberam. — Meu escritório, agora. —

— Kohi, até mais tarde. — Kokoa disse.

A líder da caravana teve seu pescoço solto e assim caminhou numa distância de seis metros atrás de Shojiki. Kohi soltou o braço de Ontake e apenas continuou lhe encarando, mas não com toda aquela concentração e sim com curiosidade, contudo desviou sua atenção para o escritor que se aproximou do moreno e engoliu em seco quando percebeu o olhar pouquíssimo amigável — muito comum de Shiki — e assim tornou a se afastar. Ontake olhou para o bravo esquerdo e pode enxergar a marca da mão da garota e depois olhou para Shiki no momento que ele segurou com cuidado sua mão esquerda com a direita dele e a mão esquerda do escritor pousou suavemente no braço dele e passou o indicador e o médio pela marca de mão.

— Está doendo? — Shiki perguntou. Sua voz soando muito diferente de poucos instantes e até mesmo seu olhar mudava enquanto olhava para a marca da mão no braço do moreno.

— Ah… um pouco. — Ontake respondeu e sentiu as bochechas se esquentarem um pouco. Ele nunca imaginaria que o escritor faria aquele tipo de coisa. — Como sabia que aquilo não era permitido? —

— Violência nos cidadãos de Yattsuhoshi? Eu não sabia. — Shiki disse e soltou um risinho e aproveitou para mostrar a língua num momento de descontração.

— Você ia ser estapeado. — Take disse e levantou uma das sobrancelhas.

— Hm… valeria a pena. — Shiki disse e levantou seu olhar para que enxergasse os olhos rubros do moreno. Ele moveu sua cabeça para o lado esquerdo e disse com suavidade. — Vamos para casa. —

— Porque? — Take perguntou.

— Não sou bom com essas coisas, mas acho que uma compressa de gelo seria de grande utilidade. Então, vamos para casa que vou cuidar disso… — Shiki disse e se virou de costas para o moreno e começou a puxá-lo.

O moreno ficou em silêncio, mas não lutou contra a ideia do escritor de levá-lo para casa, nem mesmo quis que ele soltasse sua mão enquanto era levado. Ontake só acabou sorrindo e sentindo o calor de suas bochechas diminuírem. Era por aquele tipo de coisa que parecia tão simples que fazia com que se apaixonasse cada vez mais pelo escritor. O moreno sentiu o polegar acariciando sua mão e aumentou um sorriso satisfatório.

 

— ...sim, vamos para casa. — Take disse, mas parou de caminhar no momento que sentiu um puxão em sua roupa e olhou para trás, então dando continuidade. — Pois não? —

Quem estava o impedindo de continuar nada mais era que a garota — ladra, pequena rata — que segurava sua camisa e olhava para ele. Até mesmo Chishiki parou de caminhar e olhou para a garota e acabou levantando uma das sobrancelhas.

— O que foi? — Take perguntou.

— Hm… — Kohi murmurou e soltou a camisa do moreno e cruzou os braços abaixo dos minúsculos seios, então continuou. — ...você citou o Iryō Ninjutsu a pouco e até mesmo mencionou sobre regras e uma vontade. —

— Sim… — Take disse e olhou para Chishiki que tentou puxá-lo cuidadosamente para perto dele, então sussurrou. — ...que foi? —

— Nada… só não confie muito nesse tipo de gente. — Shiki disse e percebeu o olhar sério da garota para ele, por isso assumiu um olhar igualmente sério como se fosse uma competição idiota.

— Pode me ensinar? — Kohi perguntou e usou o indicador da mão esquerda para cutucar o da mão direita e suas bochechas. Ela assumia um sorrisinho suave quando sua atenção se voltou para o moreno.

— Não, ele não pode. Tenha um bom dia. — Shiki disse e começou a puxar Take para longe da garota, mas continuou assim que sentiu uma certa resistência. — Take? Você não… —

"Rin gostaria disso. Esse é o propósito da Rokujūshi, né? Seus membros passam o conhecimento adiante e isso se espalha para cada vez mais pessoas…" pensou o moreno que estava mais do que obviamente inclinado a recusar, mas aprendeu o suficiente com um certo rosado, por isso estava bem dividido com suas opiniões.

— Sem roubar os cidadãos de Yattsuhoshi, entendeu? Se me encontrar no hospital às… dez da manhã, posso ensiná-la. — Take disse e estendeu a mão disponível para a garota com a palma aberta e esperando um aperto de mãos. — Pode ser? —

— Ah… — Kohi murmurou. Ela baixou seu olhar para o chão e pensou bastante no assunto, então voltou sua atenção para o moreno e apertou a mão dele. — ...tudo bem. —

[ ۝ ]

Anoiteceu. E agora o moreno encontrava-se na banheira com água quente e olhava para o teto do banheiro com um pouco de desconcentração. "Fiz o certo? Eu sou do tipo que gosta de uma boa informação, mas aquela garota não me rendeu qualquer coisa além de dinheiro roubado, então valeu a pena o acordo? Uma informação para cooperação futura, foi assim que comecei ao lado daquele idiota das cerejeiras, então… o que essa garota me renderá?" pensou e mordiscou seus lábios enquanto batucava os dedos na banheira e acabou por suspirando e depressa se ajeitando na banheira quando a porta do banheiro se abriu e por ela entrou Chishiki que lhe lançou um olhar sério.

— Você não bate? — Take perguntou.

— Não quando moro nessa casa a mais tempo do que você. — Shiki respondeu e, em vez de seguir para a pia e escovar os dentes, se aproximou da banheira e olhou para o moreno com grande parte do corpo escondida por água quente e vapor. 

Mesmo que fosse impossível ver, Ontake cruzou as pernas para esconder mais ainda o que lhe sobrará de uma maluquice materna. E suas bochechas se esquentaram enquanto o olhar de Shiki era mantido nele.

— Você está bem? — Shiki perguntou com suavidade. Parecia um pouco difícil para ele assumir aquele comportamento. 

— Hm? Ah… o gelo ajudou bastante, assim como esse banho está ajudando. — Take respondeu e olhou para o braço esquerdo que não estava mais dolorido e depois olhou para Shiki. — Porque você tem uma banheira e um chuveiro? —

— Porque se a criatividade não me aparecer no chuveiro, tenho essa banheira. — Shiki respondeu com naturalidade, mas então continuou com um ligeiro tom provocativo e malícioso. — Se quer saber... já tive muita criatividade nessa banheira. —

— Está virando um pervertido? — Ontake perguntou com um olhar mais sério do que antes, mas com as bochechas coradas por imaginar o escritor naquele tipo de situação. 

— Não. Só que há lugares nessa casa que… — Shiki continuou com aquela malícia. Ele só queria continuar provocando o moreno e via breves resultados no tom de sua voz e até mesmo em seu olhar. — ...eu gosto de usar a criatividade quando você não está por aqui. Um longo e duro tempo de solidão. —

— Seu pervertido… — Ontake disse e usou sua mão direita para jogar um pouco de água na direção do escritor que saltou maravilhosamente bem para trás. Ele sentirá maior quantidade de saliva em sua boca em resposta a ênfase em "longo" e "duro". — ...suma daqui! —

— Hm? Estou falando do meu lápis e do meu cérebro. Sou um escritor, está lembrado? Preciso de criatividade e recorro a alguns cômodos para usá-la. Em que estava pensando? — Shiki disse com muita inocência, mas obviamente que estava se divertindo com o moreno. 

— Ah… nada. — O moreno disse um pouco envergonhado e então engoliu em seco e usou o indicador da mão para fazer um sugestivo gesto. — Chegue mais perto, Shiki. —

— O que você está aprontando? — Shiki perguntou, mas mesmo sem obter sua resposta ele tornou a se aproximar mais da banheira e curvou a parte superior de seu corpo um pouco, obviamente estava com dúvidas quanto a ações do moreno. 

— Um agradecimento. Muito… — Take disse. E então ágil como um gato levou seus braços para cima, na direção do pescoço do moreno onde o abraçou e o puxou para baixo ao mesmo tempo que usava-o como apoio para se levantar e levar seus lábios a bochecha dele. — ...obrigado. —

E deu certo. O beijo funcionou perfeitamente na bochecha do loiro, mas o moreno não contava com as consequências, afinal de contas tinha empurrado Shiki para a banheira. E assim o loiro adentrou na água quente num tombo e a água acabou escorrendo da banheira por conta do peso adicional do escritor. E então os dois perceberam o que tinha acontecido… Ontake e Chishiki estavam com seus rostos muito próximos e os braços do moreno continuavam em volta do pescoço dele. Os dois trocam olhares sutis e aparentemente encorajadores para alguma coisa e até mesmo o moreno engoliu em seco. Os braços de Chishiki estavam dentro da água e ele sabia — um pouco — onde suas mãos tocavam… era a cintura do moreno que naquele momento tinha deixado as pernas abertas, mas certamente que o escritor não enxergava isso por causa do valor de toda aquela água quente. Pingos caiam de fios do cabelo do escritor e alguns escorriam pelo rosto do moreno e pingavam quando alcançaram seus lábios. As bochechas de Ontake estavam bem avermelhadas, tudo porque o mesmo conhecia bem seus sentimentos a respeito de Chishiki, sabia o quanto o queria, ou melhor, desejava aquela proximidade e aquele contato tão gentil… ele sentia seu coração disparando enquanto seus olhos vermelhos brilhavam com suavidade. Já Shiki… só parecia muito surpreso com o que havia sucedido aquele abraço e ele não sabia se era seu suor ou a própria água que escorria pelo canto do rosto e pingava ao chegar no queixo, contudo seus olhos pareciam expressar outra coisa além da calma… até parecia que ele esperava por alguma coisa acontecer. Chishiki conseguiu se desvencilhar do moreno e apressadamente deixou a banheira e depois o banheiro. Ontake levou as mãos ao rosto ao ver-se solitário no banheiro e enfim submergiu sua cabeça na água e berrou.

Ele saiu do banheiro três minutos depois e seguiu direto para o seu quarto. Ele trancou a porta e pôs uma camisa na maçaneta para que ninguém pudesse vê-lo o que estava fazendo. E deitou em sua cama e passou as próximas duas horas mordendo o travesseiro e usando os dedos e lembrando-se do toque de Chishiki em sua cintura e quando se lembrava do olhar dele… o movimento dos seus dedos ficavam mais rápidos. Ele passou duas horas apenas naquilo… até dormir um pouco aliviado e suado.

 


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