Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 115
S05Ch21;




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O rosado acordou cedo naquele dia. Ele levantou seus braços e assim se espreguiçou e coçou seus olhos esverdeados por alguns segundos. E moveu o rosto numa direção específica quando ouviu um riso, como se a cena dele acordando fosse divertida para alguém. E ficou quieto ao observar Sasuke sentado numa das cadeiras da mesa de café da manhã e observando-o da mesma forma que Sakura estava fazendo. Rin se sentou no sofá e cruzou suas pernas, mas continuou com a fina coberta no colo. "Por um momento me esqueci de ter dormido nesse apartamento" pensou e coçou seu cabelo por algumas vezes, mas então sorriu para os dois que continuavam o encarando.

— Que horas são? — Rin perguntou e pôs o cotovelo esquerdo na perna e manteve o punho fechado no queixo. 

— Cedo. — Sasuke contou.

— Daqui a pouco estou indo para o hospital, Rakun. Pretende acompanhar e dar uma escapada para uma eventual soneca? — Sakura perguntou.

— Esse é um plano excelente. — Rin disse e sorriu pelo canto dos lábios, mas balançou sua cabeça de um lado a outro. — Fica para outro dia, Sakura-sama. —

— Venha comer alguma coisa. — Sasuke disse e olhou para a jarra de café que havia à disposição na mesa, depois voltou a atenção para o rosado. — Quais seus planos para hoje? —

Rin saiu do sofá e caminhou os metros restantes até a mesa de café da manhã, então sentou-se no mesmo lugar que na noite anterior e encheu uma xícara com café e pegou uma laranja que tinha à disposição, depois um pão e mordeu um pedaço. Ele olhou para Sasuke que aguardava ainda por uma resposta, por isso suspirou.

— Não tenho planos ainda. Eu só gostaria de passar em casa para trocar de roupa, então ficar à toa por Konoha. — Rin respondeu e abriu um sorriso pelo canto dos lábios.

— Eu gostaria de conversar com você sobre o Mangekyou Sharingan. — Sasuke disse e levou uma xícara de suco de abacaxi aos lábios e tomou um gole curto, então continuou. — Sobre os riscos. Porque há riscos para esses olhos. —

Rin ficou em silêncio. E percebeu como a atmosfera do lugar se alterou um pouco. Assim como também percebeu que podia ser cedo, mas Sarada ainda não tinha aparecido para o café da manhã. "Ou já saiu e está aproveitando a ausência dela para ter essa conversa comigo, ou ainda está dormindo. Como eu queria ser do tipo sensorial para ter essa resposta..." pensou o rosado que acabou suspirando e coçando seu cabelo com a ponta dos dedos da mão esquerda.

— Já estou sabendo dos riscos, Sasuke-san. — Rin disse e pegou uma faca e levou para a palma da mão enquanto era vigiado pelos dois. — Orochimaru-sama me contou sobre a cegueira, por isso estou combinando o Mangekyou Sharingan com o In'yu Shōmetsu para que isso não aconteça, e está dando certo. Posso dizer que há entrelinhas nos termos de uso do Mangekyou Sharingan, e estou usando-as a meu favor. —

— E quanto… — Sakura começou a falar, mas foi interrompida pelo rosado.

— ...não. Minha cabeça não mudou pelo que chamam de "Maldição do Ódio", de certa forma continuo como sempre fui. — Rin disse enquanto a interrompia. Ele tomou um gole do café e voltou sua atenção para o moreno. — Mudei de ideia, Sasuke-san. Eu tenho uma ideia do que gostaria de fazer hoje. O treinamento de Chidori que mencionou ontem… —

— Estava pensando em começarmos amanhã. — Sasuke disse.

— Comece hoje comigo. Além disso, há uma habilidade do Mangekyou Sharingan que gostaria de mostrá-lo. — Rin disse.

Sasuke pensou em negar aquele pedido, mas o garoto parecia um pouco sério com o pedido, por isso voltou sua atenção para Sakura que não escondia a surpresa ou a diversão de vê-los interagindo, depois o moreno retornou sua atenção para o garoto e balançou sua cabeça, desta maneira concordando com o pedido dele.

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Se passaram quarenta minutos. E agora Sasuke acompanhado por Rin terminavam de saltar por galhos de árvores. O moreno guiou o rosado para o que era uma cachoeira e lhe lançou um olhar cauteloso. E o rosado entendeu e depressa transformou seus olhos esverdeados no Sharingan, então concentrou-se um pouco e evoluiu para o Mangekyou Sharingan. Sasuke percebeu como a coloração daqueles olhos eram opostas ao padrão, ou seja, iguais aos seus. Ele pôs a mão na cintura e sorriu enquanto seu rosto se movia para o lado, continuou observando o garoto.

— O que está querendo me mostrar? — Sasuke perguntou.

— Isso. — Rin disse.

Ele mirou sua atenção na água. Sangue começou a escorrer do olho esquerdo e deslizou por seu rosto. E então chamas negras surgiram um pouco afastadas da cachoeira, mas a princípio na água. Sasuke olhou para as chamas negras e depois para o rosado que levava a mão direita para o olho.

— E posso controlar as chamas com esse mesmo olho. — Rin disse.

— Você tem o Amaterasu no olho esquerdo. — Sasuke disse, mas então continuou quando percebeu que o garoto foi atingido por uma dúvida. — São chamas negras que não se apagam por nada e queimam qualquer coisa. Tenho o Amaterasu no olho direito, mas controlo elas com o olho esquerdo. —

— As minhas chamas se apagam depois de alguns minutos. — Rin disse, e continuou depois de morder seus lábios. — Não é tão exaustivo usá-la. O que gasta é a habilidade do olho direito, por isso uso muito pouco. —

— Chamas negras que se apagam depois de minutos? — Sasuke perguntou para ninguém em particular. E semicerrou seus olhos, observou às chamas negras e depois o rosado. — Chame essa técnica de Ame-no-hohi. E parece que você é capaz de usar o elemento Enton, assim como eu. —

— Ah, sim. Tô desenvolvendo apenas técnicas com o Enton, mas confesso que prefiro os elementos básicos. — Rin disse e seu Mangekyou Sharingan retornou a ser um mero Sharingan. — Vou chamar então essas chamas de Ame-no-hohi. —

— Você é talentoso, então pode escolher o que quiser. — Sasuke disse e sorriu pelo canto dos lábios antes de dar continuidade. — Nunca pensei que alguém usaria Ninjutsu Médico para quebrar uma das regras naturais do Mangekyou Sharingan. Bom, tinha que ser meu filho para fazer esse tipo de revolução. —

Rin ficou em silêncio. Ele sentiu as bochechas esquentarem um pouco com os elogios, até mesmo abaixou sua cabeça para que seu cabelo escondesse um pouco do rosto corado. Ele não conseguia esconder o contente sorriso que tomou conta de seus lábios. E até Sasuke percebeu a reação, por isso que levou sua mão cuidadosamente ao cabelo do garoto e a deixou por lá e gentilmente acariciou. Rin levantou um pouco seu rosto e olhou para o moreno que parecia muito tranquilo em finalmente conseguir afagá-lo.

— Sasuke-san? — Rin perguntou.

— Hm… — Sasuke disse com um olhar bem tranquilo para o rosado. — ...vamos começar esse treinamento do Chidori? —

— Ah, sim. — Rin disse.

— Eu ainda não mostrei o verdadeiro poder daquele Jutsu. — Sasuke disse enquanto tomava um pouco de distância do rosado e ativou seu Sharingan também. 

— Verdadeiro poder? — Rin perguntou e balançou a cabeça de um lado a outro, mas deu continuidade. — Não. —

— A maestria do Chidori depende muito da velocidade do golpe e da habilidade do corpo de produzir muito Chakra. Com essa combinação, focando seu Chakra em um só ponto… — Sasuke começou a explicar e mostrou sua mão que era imediatamente coberta por eletricidade. Aquilo era o Chidori. E além disso tinha o peculiar som de pássaros. O moreno correu em direção a cachoeira. — ...a velocidade do golpe cria um som único que lembra o som de mil pássaros. Por isso essa técnica se chama… — Ele saltou para o meio da cachoeira. — ...Chidori! — 

Um buraco imenso abriu na cachoeira, separando a queda de água por alguns segundos. O rosado ficou em silêncio e surpreso com aquela demonstração, engoliu em seco e dobrou seus joelhos e levantou os braços com as mãos fechadas em punhos. Ele fazia isso enquanto a cachoeira se normalizava e a água agitava o riacho. 

— Incrível! — Rin disse.

— Kakashi me ensinou esse Jutsu. — Sasuke disse e olhou para a cachoeira antes de continuar. — Experimente. Já deve saber como fazê-lo. —

— Sim. — Rin disse.

— Como você tem o Mangekyou Sharingan, você consegue aprender o Chidori. Mas para esse Jutsu, é preciso que você leia os movimentos de seu adversário e ataque de perto… Você pode acabar fatalmente ferido se o oponente contra-atacar. É uma faca de dois gumes. Você precisa acertar seu oponente com um só golpe. Para fazer isso, você precisa focar seu Chakra em um só ponto e aumentar a velocidade do seu golpe. — Sasuke disse.

— Eu posso atacar bem de perto. — Rin disse e piscou seu olho direito para o moreno e estendeu sua mão esquerda para ele. Era óbvio que o rosado queria um comprimento.

Sasuke ficou em silêncio. Ele não sentia ameaça vindo do rosado. E levou sua mão de encontro a dele e assim fez um singelo comprimento. E então reparou numa marcação que começou a surgir um pouco acima de sua luva, então olhou para o rosado em busca de explicação.

— Hiraishin no Jutsu. Aprendi em Amegakure. Vou usar essa técnica para quando quiser atacar de surpresa as pessoas. E o Raiton: Hageshi Senkō V2 me será necessário para outras coisas. — Rin disse e alargou um sorriso.

— Você está bem versátil em habilidades. — Sasuke disse e semicerrou seus olhos. Ele prestou atenção na marcação que lembrava bastante ao Sharingan, então voltou sua atenção para o rosado. — Vamos, mostre o Chidori. —

— Heh, certo. — Rin disse.

"Focar Chakra Raiton em apenas um ponto" pensou o rosado que inspirou, expirou e nesse processo manteve seus olhos fechados, mas os abriu quando soltou todo o ar de seus pulmões. Seu olhar era mais sério e o Sharingan continuava ativado. E agora uma camada de eletricidade controlada surgirá na sua mão direita. Aquele era o Chidori. E o rosado disparou de encontro a cachoeira e começou a imaginar que enfrentava um inimigo. Ele fechou seus olhos e visualizou alguém — idêntico a ele — indo em sua direção para atacá-lo enquanto se aproximava mais da cachoeira. Ele abriu seus olhos depois daquela boa imagem mental e levou a mão direita à frente do corpo.

— Chidori!! — Rin disse.

Deu certo. Surgiu um buraco no perímetro de quatro metros a partir da origem da colisão. A água não escorreu naquele espaço por alguns segundos, mas logo se normalizou e o rosado foi parar dentro do riacho, mas não submergiu já que concentrou chakra em seus pés, então voltou sua atenção para Sasuke que parecia ligeiramente satisfeito com a primeira demonstração. Rin sabia que aquilo era muito pouco se fosse comparar com a demonstração do moreno, mas já era um bom resultado inicial. "Eu preciso reunir mais chakra…" pensou.

[ ۝ ]

Enquanto isso, Miura estava envolvido com a leitura do diário de Kiken'na Yasei, o conhecido chamado Death, que sequer percebeu que havia amanhecido. Ele escolherá sentar-se na única cadeira e manter seu corpo ligeiramente curvado com o cotovelo esquerdo na mesa e com o mesmo punho encostado na sua bochecha, usando a mão direita para virar as páginas.

"Importa que dia seja? Eu acho que não. Hoje recebi uma carta de Gluttony. Ele contou ter encontrado pessoas de Konohagakure."

— Pessoas de Konoha? Quem é Gluttony? — Miura perguntou para ninguém em particular, afinal sabia que estava sozinho naquela cabana abandonada e levantou uma das sobrancelhas. Aquela era primeira vez que a menção de Gluttony aparecerá no diário.

"Não recebi mais nada de Gluttony, mas Prague mandou uma carta. Ele disse ter encontrado pedaços da máscara de Gluttony."

— Prague? — Miura perguntou e levantou uma das sobrancelhas, mas continuou folheando o diário.

"Nos reunimos. War encontrou mais do que um pedaço da máscara de Gluttony, encontrou seu corpo. Eu bem que gostaria que ele estivesse vivo para rir da cara dele. Bom, fiz isso de qualquer jeito quando vimos o corpo. Eu queria matá-lo, mas alguém fez isso antes de mim. É uma pena, havia tanto Genjutsu nele…"

— War? — Miura murmurou. Ele semicerrou seus olhos e mordeu os lábios antes de continuar. — De quatro pessoas, restam três então? Essa Mokushiroku no Kishu ganhou meu interesse, hehehe. —

"Prague mandou uma carta. Disse que está com duas pessoas de Konoha; Uchiha Sasuke e Katsuryoku Rin. Eu quero matar o Uchiha. Eu queria estar lá com ele para ter a chance de matar um dos heróis da guerra. Matar…"

— Sasuke e Rin? — Miura disse e levantou uma das sobrancelhas. Ele alargou um sorriso de pura animação. — Meu genro enfrentou um desses caras? Ah, cacete… PORQUE NÃO ME DISSE ESSA PORRA, CARALHO!? —

Miura gritou e levou as mãos para a beirada da mesa e começou a balançá-la violentamente, sequer importando-se com o rangido que a mesma fazia. Ele sentia-se animado e bravo — principalmente bravo — por aquilo não ter sido dito pelo rapaz que namorava sua irmã mais velha. Ele rangeu os dentes, bufou e retornou a sua postura anterior e continuou lendo o diário. As próximas dez páginas foram escritas com sangue e todas diziam "matar" incontáveis vezes.

"Prague não mandou mais cartas. Gluttony se encontrou com pessoas de Konoha, mas não passou os nomes e acabou sendo morto. Prague divulgou os nomes de duas pessoas que estavam com ele, então não mandou mais cartas, mas ouço histórias. Ele foi morto num vilarejo chamado Yattsuhoshi."

— Meu genro matou Prague e Gluttony? É isso que está tentando dizer em seu diário, Death? — Miura murmurou.

"Invadi Konoha. Estou suprimindo meu Chakra para que a rede sensorial deles não me detectem. Vou procurar a família Katsuryoku, quem sabe matá-los em nome dos meus companheiros?"

— Ele estava em Konoha? — Miura perguntou para ninguém em particular novamente. 

"Soube de algo melhor que família. Esse Rin tem uma namorada. E estou a seguindo, mas porque ela foi ao cemitério? Ah… ela se encontrou com o Sexto Hokage."

Miura levantou uma das sobrancelhas, mas continuou lendo o diário. "Ele estava seguindo minha irmã?" pensou e semicerrou seus olhos, mas continuou com a leitura.

"Estou seguindo essa garota há dias. Ela tem se reunido com o Hokage na casa dele e se divertindo com a filha dele. Não sou doido de tentar alguma coisa com essa criança."

"Descobri onde essa garota mora. Conheci de longe seus pais e sei que tem um irmão e uma irmã. O irmão dela é baixinho, acho que precisa beber alguns litros de leite para crescer"

— Desgraçado… — Miura murmurou enquanto amassava a página em questão. Ele sentia-se bem incomodado em ser chamado de baixinho.

"Interagi com essa garota pela primeira vez. E nem era minha intenção. Fui bem capaz de segurar algumas coisas que escorregaram de sua mão. Ela me agradeceu pela ajuda e ainda perguntou meu nome. O único que me lembrei foi do guarda do Castelo Hozuki que matei antes da minha fuga; Zugaikotsu Dante. Foi bem divertido matar ele. Estrangulamento costuma sempre me animar."

"Como é vantajoso saber o Kage Bunshin no Jutsu. Não preciso sair daqui para ter todo tipo de informação."

"Essa garota está invocando girinos"

"Ela é íntima da família Katsuryoku. Vi ela conversando com a família desse Rin que não está em Konoha. E parece que entregaram alguma coisa para ela. Ela também me chamou de esquisito.'"

"Ela está treinando Jutsus do elemento Katon. E está na hora…"

— Na hora de que? — Miura murmurou.

Ele passou para a página seguinte, mas o conteúdo era uma espiral que foi desenhada com sangue. Ele passou para a próxima página e o mesmo desenho estava nela. Ele continuou passando páginas e vendo que só haviam espirais desenhadas com sangue.

"Querido diário… gostei do que aconteceu nas últimas semanas. Agora tenho uma marca para me lembrar da Misa. E eu quero matá-la mais do que antes. Eu quero fazer coisas com ela antes de matá-la. Quero me divertir bastante antes do último suspiro dela. Aí, minha marca nova está doendo um pouco, acho melhor repousar."

"Diário? Eu quero a Misa. Quero estar por cima dela e com minhas mãos em seu pescoço."

"Meu abdômen está doendo. A marca que ela me deu está doendo ainda, mas essa dor é maravilhosa."

"Eu quero enfiar minha faca no estômago da Misa com ela sofrendo do Genjutsu de Sensibilidade. Quero ouvir seus gritos enquanto rasgo seu corpo. Eu quero a Misa, diário."

"Sonhei com ela hoje, querido diário. Ela estava amarrada e bem machucada, por isso arranjei essa cama. Eu vou atrás dela para fazer isso."

"Sonhei de novo com ela. Agora estava nua e amarrada. E implorando por uma coisa que só eu podia dar. Que sonho perturbador…"

"Estive em Konoha. Vi ela trabalhando na Academia, mas também vi que seu namorado estava a olhando daquela coisa idiota que as pessoas chamam de Monumento dos Hokage."

"Eu quero saborear o sangue dela. Quero morder partes do corpo dela. Quero fazê-la gritar de dor. Querido diário, a espiral está doendo."

"Vou me deixar ser capturado por Konoha. Quem sabe a notícia se espalha e ela tenta me ver? Posso muito bem escapar."

Ele passou as páginas. Elas estavam em branco. Era como se Death não quisesse escrever naquelas páginas por algum motivo, mas Miura sabia que era porque o assassino estava preso, então não teve a oportunidade de preencher as páginas, mas se estava solto porque não retornou para buscar o diário?

"Quem diria, me encontrei com ela poucos dias antes de tentarem me levar para o Castelo Hozuki. De qualquer forma, escapei."

"Me encontrei com War hoje. Ele tentou me matar e dissolver a Mokushiroku no Kishu, mas não deu certo. Ainda bem que o Genjutsu de Paralisia deu certo. É uma pena que Gluttony esteja morto, pois gostaria de vê-lo atacando War por causa dos Genjutsu que pus nele. Será que sigo War para matá-lo quando tiver oportunidade, querido diário?"

"Segui ele até certo ponto. Ele estava a caminho do País das Chuvas, deve ter alguma coisa por lá."

"Querido diário…"

Miura engoliu em seco e sentiu o suor frio escorrer pelo seu rosto e pingar na mesa quando chegou ao seu queixo.

"...vi o irmão da Misa. Ele estava enfrentando um urso-negro."

"Death ainda usa essa cabana" pensou o loiro que depressa saiu da cadeira e já foi segurando uma das adagas enquanto se virava. Ele sorriu pelo canto dos lábios e varreu o espaço com seus olhos dourados, mas não viu nada perigoso. Ele poderia enfrentá-lo, sabia disso. Em poucos instantes Death estaria morto se o encontrasse, e por causa disso receberia algum tipo de recompensa de algum Kage por matar aquele inimigo. Só agora que estava se dando conta, mas ele adormeceu por horas depois de enfrentar o urso-negro, ou seja, Death teve altíssimas oportunidades para se aproximar e mata-lo se pretendesse, mas retornou para a cabana só para pôr aquelas palavras no diário. E, além disso, passou a madrugada lendo, por isso imaginou que Death poderia aparecer em breve. "Quando ele voltará? Eu acho melhor avisar Konoha de que ele está aqui. Uma equipe com alguns Jounin será bem melhor. Sim, isso parece uma excelente ideia" pensou Miura que olhou para o diário e o fechou, então disparou de encontro a porta da cabana e passou por ela e começou a correr na direção que ficava Konoha.

— E eu pensando em quanto tempo levaria para perceber que a cabana não estava abandonada. Chegou até a última página? — Uma voz que ele não conhecia.

Miura olhou para os lados e buscou pela presença, mas não havia ninguém no chão e nem mesmo nas árvores em volta, então olhou para a cabana. Ou melhor, para o telhado de madeira da cabana. E depressa puxou mais uma adaga de dentro da jaqueta. Lá encontrava-se o fugitivo completamente agachado com os joelhos dobrados e os antebraços nos joelhos, seus olhos azuis calmos, mas ao mesmo tempo sérios, se concentraram apenas nele e em mais nada na redondeza. Um vento foi o suficiente para mexer um pouco com o comprido cabelo negro do assassino que mantinha roupas escuras e bandagens da ponta dos dedos até os ombros, sua máscara de ferro com lentes vermelhas estava na mão direita.

— Death… — Miura sussurrou.

— É um desprazer conhecê-lo. — Death disse e inclinou seu rosto para o lado direito, desta forma deixando mechas de seu cabelo escorrer para seu rosto. Um sorriso de orelha a orelha surgiu e parecia que divertimento passou por seus olhos azuis. — Eu ainda não sei o seu nome, irmão de Misa. —

— Hehe… — Miura soltou um riso. E girou duas adagas em suas mãos e depois segurou-as com firmeza por seus cabos. — Yamanaka Miura, lembre-se desse nome no pós vida, desgraçado. Vou levar a sua cabeça para Konoha. —

— Gosto do espírito. — Death disse e depressa colocou-se de pé e deu um passo adiante no telhado, desta forma caindo direto para o chão. 

Miura observou Death. Ele não carregava qualquer arma para confronta-lo apesar de tê-lo visto enfrentar um urso-negro de três metros e sessenta e dois centímetros, o que significava alguma coisa que o Yamanaka não entendeu. Ele engoliu em seco quando o assassino deu um passo adiante e mais outro. Ele podia sentir a pressão que a presença do moreno possuía — assustadoramente cruel, mortal. E mesmo assim o Yamanaka não perdeu o foco e correu na direção de Death e depois saltou, passando por cima dele e chegando ao chão e depois tentou atacá-lo com uma adaga em suas costas, mas o moreno usou o pé direito como apoio e levantou a perna esquerda, assim acertando-o com um chute alguns centímetros abaixo do cotovelo, desta maneira levantando seu braço e falhando com o ataque. 

— Este é o fim. Belo amigo. Este é o fim. Meu único amigo, o fim. — Death começou a cantar ao mesmo tempo que baixava a perna esquerda e a usava como apoio para girar seu corpo e acertar um chute com o pé direito no rosto de Miura. — Dos nossos planos elaborados, o fim. De tudo o que resta, o fim. —

Miura foi pego por aquele chute. E até por isso parou no chão e com a marca do ataque no canto de seu rosto. Ele depressa se levantou e olhou para Death que cantava uma canção que o mesmo não gostou. O Yamanaka novamente se aproximou e tentou acertá-lo com uma adaga no abdômen, mas o assassino lhe segurou o pulso que segurava a arma. Miura sorriu pelo canto dos lábios e tentou usar a adaga da outra mão, mas novamente o pulso foi segurado. As lâminas ficaram próximas de acertar Death. Ele só precisava de um pouco de força para esfaqueá-lo. Miura soltou a adaga da mão esquerda e os olhos do assassino se concentraram na arma caindo, até por isso se desconcentrou do ágil garoto que jogou a adaga da mão direita para cima, o mesmo abocanhou e aproximou seu rosto ao de Death e fez um corte em diagonal. Ele acertou o assassino e fez um corte de quinze centímetros em seu rosto, mas por um deslize não acertou um dos olhos. Death soltou seus pulsos e depois lhe deu um chute que o afastou um pouco. O assassino pôs a mão no rosto e reparou no sangue que manchava seus dedos, depois olhou para Miura que continuava segurando a adaga em sua boca.

— De tudo o que resta, o fim. Sem salvação ou surpresa, o fim. Eu nunca o olharei em seus olhos de novo. Você pode imaginar o que será? Tão sem limites e livres. Desesperadamente precisando de uma mão estranha. Numa terra desesperada? — Death continuou cantando. 

— Já falaram que você canta bem? Você poderia se inscrever num show de talento, mas não passará de hoje. — Miura perguntou com um sorriso quase provocativo.

Miura novamente atacou. Ele tentou um corte em diagonal novamente com a mão direita, mas seu pulso foi segurado pouco antes. E depois tentou a mesma coisa com a mão direita, mas não deu certo. Ele sorriu pelo canto dos lábios e moveu sua perna direita e passou o pé por trás do calcanhar direito de Death. Sua intenção era derrubá-lo e cair por cima dele e esfaqueá-lo. E sentiu-se animado quando a queda aconteceu, entretanto o assassino continuou o segurando e pôs os pés em seu abdômen, então usou muita força para jogá-lo para trás durante a queda. Death deu uma cambalhota no chão e sorriu para o Yamanaka que estava novamente a alguns metros dele.

— O assassino acordou antes do amanhecer, e colocou suas botas. Ele pegou um rosto da antiga galeria e andou pelo corredor. Ele entrou no quarto que sua irmã vivia, e então ele… — Death cantava.

Ele avançou de encontro ao Yamanaka. E era um pouco mais rápido do que Miura que recuou um passo por puro medo. Death aproveitou esse único recuo para saltar enquanto corria e assim acertou o rapaz com uma voadora em seu abdômen, desta forma fazendo com que ele soltasse a adaga que estava em sua boca e também o jogasse violentamente contra uma das árvores, assim fazendo com que seu corpo batesse no tronco.

— ...visitou o seu irmão, e então ele… — Death cantava. Ele sentia-se cada vez mais animado conforme a música e o confronto se desenvolviam.

Ele pegou a adaga que ainda estava no ar, então avançou de encontro ao Yamanaka e tentou acertá-lo com um golpe usando a arma pequena, mas não deu certo. Isso porque Miura cruzou as duas adagas que carregava — no conhecido formato de x — e defendeu-se do ataque e até mesmo mudou a trajetória da lâmina, desta forma fazendo com que Death acertasse o tronco da árvore que o loiro tinha escorado suas costas. Death sorriu pelo canto dos lábios e moveu seu joelho direito para cima, desta maneira acertando um golpe no queixo de Miura que rangeu os dentes e caiu para o lado esquerdo. Contudo, o Yamanaka não ficou parado, assim que seu corpo tombou ele moveu suas pernas e deixou-as bem juntas no abdômen, depois moveu ambas para frente e assim acertou dois chutes no assassino, desta maneira fazendo-o recuar um pouco. Por metros mais do que suficientes para que Miura desse outra cambalhota e depressa ficasse em pé.

— Andou pelo corredor, e chegou até uma porta e ele olhou para dentro. Pai? — Death continuou cantando mesmo quando sentia aquela dor em seu abdômen. — Sim, filho? — Death passou a língua por seus lábios e até mesmo por alguns centímetros do ferimento que ainda sangrava, assim saboreando seu sangue. — Eu quero te matar. Mãe, eu quero… —

Death avançou. Ele passou pelo tronco da árvore e agarrou a adaga que tinha deixado por ali. E novamente tentou atacar o Yamanaka e levou a adaga de encontro ao rosto dele, mas houve aquele bloqueio em x novamente. Dava para ver os olhos dourados do garoto refletirem na adaga que era empunhada por Death, assim como seus olhos azuis e calmos eram refletidos nas duas que o Yamanaka segurava. O assassino moveu sua outra mão e a atenção de Miura desviou por um segundo para a mão que estava vazia, depois voltou sua atenção para Death que abria a mão que segurava a adaga e fez a arma escorrer pelo ar e ir na direção do chão, mas o assassino segurou com a outra mão que não havia usado até a pouco tempo e a moveu para a abertura que encontrou. A adaga acertou entre o úmero e clavícula do ombro esquerdo de Miura. 

— Desgra… — Miura não concluiu seu comentário. Ele estava com tanta adrenalina que a dor era praticamente ignorada, mas ainda tinha noção de que doeria assim que relaxasse. 

Death sorriu pelo canto dos lábios. Ele aproveitou para puxar a adaga e observou a mancha de sangue se formando na manga da roupa do Yamanaka. E perdeu um pouco de sua concentração por causa dessa apreciação. Ele se desconcentrou do confronto, Miura se aproveitou e girou seu corpo usando o pé esquerdo como apoio e usou toda força num chute com seu pé direito. Ele acertou a lateral do assassino e o jogou para dentro da cabana escura e derrubou até mesmo a porta de madeira com o impacto. O Yamanaka pôs a mão direita em cima de seu recente ferimento e olhou na direção de Konoha. Ele precisava correr. Precisava pedir por socorro e um esquadrão de qualificados ANBU para lidarem com o assassino. Ele não dava conta sozinho. Ele aproveitou para correr na direção da floresta e sequer olhou para trás, mas sua corrida não durou muitos segundos. Isso porque seu corpo logo caiu e ele não entendeu nos primeiros segundos, mas olhou para trás e aí percebeu o que tinha acontecido; sua perna esquerda estava amarrada por um fio que originava-se de dentro da cabana. Ele olhou para as adagas que estavam a centímetros de seu alcance e tentou agarrá-las para cortar a linha, mas acabou sendo puxado na direção da cabana.

— Este é o fim, belo amigo. Este é o fim, belo amigo, o fim. Dói te libertar. Mas você nunca vai me seguir. O fim das risadas e das mentiras suaves. O fim das noites que tentamos morrer. Este é o fim. — Death continuava cantando de dentro da escura cabana. 

Miura cravou suas unhas no gramado e rangeu seus dentes e tentou se aproximar das adagas que continuavam próximas, mas não dava certo. Ele continuava sendo arrastado para dentro da cabana que tornou-se silenciosa. O olhar de Miura mudou drasticamente. Havia medo e nenhuma confiança nos olhos dourados do ágil Yamanaka. Um medo profundo enquanto seu corpo chegava cada vez mais perto daquela cabana, da entrada escura e do alcance de Death. Lágrimas começaram a escorrer pelo canto de seus olhos e voltou sua atenção para frente, para os oito rastros que seus dedos e unhas fizeram para impedi-lo de chegar mais perto na cabana e que de nada adiantava. Ele gritou com todo fôlego que havia em seus pulmões. Um grito de medo enquanto submerge na escura cabana.


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