1001 Palavras escrita por SeoLunz


Capítulo 1
Capítulo Único - Nas Suas Palavras Encontrei a Paz


Notas iniciais do capítulo

Olá, querides, espero que estejam bem. Faz muito tempo (eu acho) que não posto nada aqui, então trouxe a minha primeira tentativa de 2Won para vocês. Confesso que não conheço muito do Monsta X, mas gostei tanto de escrever com esses dois que trarei mais fics com eles. Espero que gostem de 1001 Palavras!



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Wonho pendurou sua jaqueta e retirou os sapatos ao adentrar a casa que dividia com seu melhor amigo, Chae Hyungwon. O campus universitário que ambos frequentavam não era muito distante do prédio de apartamentos em que moravam e mesmo assim, era longe o suficiente para que o publicitário fosse surpreendido pela chuva torrencial que maltratava as estradas do lado de fora; ele sentiu como se o firmamento, por algum motivo, resolvesse cair sobre sua cabeça.

Ele afastou os fios molhados que grudavam em sua testa pálida e jogou no chão os diversos papéis molhados que, posteriormente, seriam usados para o planejamento de seu trabalho de conclusão de curso, entretanto, não imaginava que teriam a mesma utilidade dado os enormes borrões multicoloridos em que tinham se transformado. Sua bolsa carteiro abarrotada de livros foi deixada de lado, deixando-a apoiada contra a parede enquanto pegava alguns panos secos para livrar o assoalho do apartamento dos rastros que havia feito.

Se morasse sozinho, provavelmente já teria tirado as roupas úmidas e pesadas, e as jogados pelo apartamento para que seu corpo esbelto secasse naturalmente, porém, mesmo morando com seu melhor amigo há vários anos e já o tendo visto desnudo diversas versas e vice-versa, tinha de manter o decoro; afinal, eles não possuíam toda essa intimidade um com o outro que a maioria das pessoas imaginavam — sendo quase irmãos, haviam limites que nenhum deles seria capaz de cruzar.

O publicitário colocou as mãos na cintura e olhou para o hall de entrada que permitia uma visão ampla da sala de estar e dos móveis planejados que compunham o local. Hoseok não ficou surpreso com a visão caótica que se estendia a sua frente, já estava acostumado a falta de organização de seu amigo e, mesmo detestando viver em uma ambiente sujo, não havia mais o que ser dito, pois Hyungwon se negava a escutar — teimosia esta que resultou em diversas brigas ao longo dos anos. 

Haviam pratos e bowls em cima da mesa de centro, restos de cereal e leite da manhã e, provavelmente, da tarde. Também haviam copos com água pela metade e canecas esquecidas com café — o cheiro pungente da bebida escura empesteando o ar e causando no rapaz uma leve dor de cabeça. Mas a situação da sala não se limitava apenas a louças e talheres, como também meias sujas jogadas pelos cantos e camisas por lavar sobre o encosto do sofá. Lee apenas suspirou profundamente, sabendo que teria de limpar aquele lugar de cima abaixo — se fosse outra pessoa, possivelmente já teria mandado Hyungwon embora daquele lugar.

Com passos lentos, Wonho atravessou o corredor da entrada e procurou Hyungwon pela casa toda. Não havia sinal de seu companheiro de quarto em nenhum lugar e, pelo que se lembrava, o rapaz não tinha ido para a faculdade naquela manhã. Ao adentrar a cozinha com as louças amontoadas nos braços e deixa-las dentro da pia, notou um pequeno bilhete deixado sobre a bancada de mármore e o pegou com seus dedos longos.

— Droga — murmurou o platinado. — Me esqueci completamente.

Wonho parou um pouco e respirou profundamente, repousando o bilhete sobre o tampo da bancada. Ele sentou-se em um banquinho de madeira com um copo de água em suas mãos e olhou para o nada, imaginando se, desta vez, as coisas tinham dado certo para o seu amigo. Não era a primeira vez que Hyungwon buscava a aprovação de um avaliador para que seus manuscritos fossem publicados por uma editora, mas admirava secretamente a sua persistência em continuar tentando. Ele já tinha lido alguns capítulos de seu livro e, mesmo sendo um leigo em literatura e em como funcionavam os processos de escrita e organização textual, mergulhou profundamente nas palavras do companheiro de quarto como uma singela poesia recitada pelo vento em uma praia.

Sua contemplação fora interrompida quando ouviu um estrondo ecoando pela casa vazia. O platinado fez questão de se levantar, mas conteve-se a permanecer inerte quando Hyungwon parou na entrada da cozinha. O moreno estava molhado da cabeça aos pés, as bochechas coradas e os cabelos molhados pingando no chão de madeira, mas o que mais partiu o coração do menor foram as lágrimas que escorriam pela face avermelhada do mais velho misturadas a água da chuva, porém visíveis dado os olhos inchados. Um amontoado de papéis amarrotados e encharcados eram apertados pelos dedos dele, e Wonho reconheceu de longe.

— O que...

Ele não teve tempo para terminar, pois Hyungwon cruzou a pouca distância que os separava e arremessou o manuscrito com raiva dentro da lixeira, saindo com passadas pesadas da cozinha sem dirigir qualquer palavra para o colega de quarto. Sem pensar muito, Wonho partiu ao seu encontrou, impedindo de fechar a porta do quarto e adentrando o local.

Diferentemente do restante da casa, o quarto de Hyungwon era bem mais organizado; aquele lugar era o seu santuário. Uma cama grande o suficiente para que ele coubesse estava acostada em uma das paredes e uma escrivaninha abarrotada de apostilas e papéis ao lado do leito, na parede oposta dois enormes armários repletos estavam lotados com livros dos mais diversos assuntos, principalmente aqueles relacionados a oficinas de escrita e organização de roteiros. O moreno colocou as mãos na cintura e olhou para o amigo jogado sobre o colchão com as pernas para o alto, nem mesmo tinha se livrado das roupas molhadas antes de se deitar.

— Vamos, me diga o que aconteceu.

Hyungwon fungou e lançou um olhar choroso para o amigo corpulento perto da porta.

— Você sabe o que aconteceu. — O moreno não estava nenhum um pouco contente, a voz embargada emitida pelo emocional ferido chegava a ser insuportável para que Wonho permanecesse ouvindo e, caso coubesse a ele e suas ações resolvessem alguma coisa, daria uma surra naqueles que merecessem. — Mais uma editora recusou meu manuscrito. Eles disseram que não era profundo o suficiente e nem o tipo de conteúdo que chegariam a publicar. Sinceramente, Wonho, não sei quero voltar a escrever. Foram doze editoras e nenhuma se interessou por 1001 Palavras.

Revirando-se na cama, ele trouxe as pernas para junto do peito, abraçando-as. Um sentimento conhecido surgiu no peito de Wonho ao observar os movimentos vagarosos e acuados como se fosse um pequeno animalzinho machucado. O menor atravessou o pouco espaço que os distanciava e circundou seus ombros em um abraço, trazendo a cabeça úmida para descansar em seu peito.

O platinado nunca o tinha visto daquela forma, mas reconheceu os traços dadas as tentativas passadas — seu manuscrito foi recusado mais uma vez. Desde sempre soube como Hyungwon adorava os modos como as palavras eram formadas, os mundos construídos e os personagens tomavam forma, cada um tendo uma carga emocional e histórica que fazia com quem fossem amados ou odiados. 

O jovem universitário sempre fora apaixonado por seus amigos de papel e os textos que criava quando eram menores fazia parte dele. Era doloroso ver seus sonhos sendo destruídos pouco a pouco e não conseguir fazer nada para ajudar, apenas estar ali para quando desabasse.

— Não deixe de escrever — disse Wonho. — Essa é a sua vida.

— Minha vida está acabada.

— Deixa disso. — Wonho suspirou profundamente, apertando Hyungwon entre seus braços. — Li e reli 1001 Palavras diversas vezes, Hyungwon, e gostei muito do que escreveu. Tem talento com as palavras e deveria deixar que as outras pessoas também conhecessem seu trabalho, e vou te ajudar nisso. Não precisa de uma editora, podemos fazer isso de forma autônoma. Só quero que pare de chorar e não desista de escrever.

Hyungwon se desvencilhou do abraço de Wonho e seus olhos pequenos e lacrimejantes focalizaram o sorriso à sua frente. O moreno secou as lágrimas teimosas com a manga da camisa molhada e fungou antes de responder:

— Faria isso por mim?

Wonho deixou um beijo em sua testa e sorriu.

— O que eu não faria por você, Hyungwon.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Espero realmente que tenham gostado. Gostaria de agradecer a @Nutela_Kpop pela maravilhosa capa que aqueceu meu coração e a @meteorocky pela betagem que salvou a minha vida. Nos vemos nos próximos projetos desse ano, anjinhos!



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