Manifest - Uma História Jily escrita por Lari Black


Capítulo 2
Capítulo 1




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James demorou a processar a informação. Ele e Remus não conseguiram dizer nada sobre o assunto. Só ficaram em silêncio tentando entender como aquilo poderia ser possível. O Potter pensava em seu noivado. 5 anos depois... estaria tudo acabado?

Eles ficaram por horas aguardando para ser interrogados pelos agentes que investigavam onde o avião poderia ter passado os últimos anos. Na realidade, ele só queria sair dali e chegar em casa, dormir, descansar. Sabia que a partir do momento que pusesse os pés em casa, tudo melhoraria. Encontraria Lily, conversaria com ela e tinha certeza que se acertariam.

Seus pensamentos também voaram até sua família. Sua mãe devia ter se sentido péssima com seu desaparecimento. Seu pai morrera anos antes e foi uma fase difícil para Euphenia, já idosa, pois quando teve James já não era tão jovem. E Sirius... Ele e Remus sumidos por tanto tempo. Como ele havia lidado com isso?

James desejava desligar seus pensamentos por alguns instantes para poder se acalmar. Parecia que nada estava como ele deixou. Como enfrentar isso?

—Senhor Potter? - ouviu um homem vestindo uniforme de policial, mas que não apresentava nenhuma postura de liderança o chamando. Sentiu o coração apertar. Será que poderia voltar ao trabalho?

—Sim - levantou e o acompanhou para o interrogatório. Sabia exatamente como aquilo funcionava. Repleto de burocracias que demandavam tempo.

—Sou o Agente Pettigrew, o que se lembra do vôo? - o homem perguntou e James respondeu com toda a calma. Contou cada detalhe, desde a tranquilidade dos primeiros momentos até a tempestade que os deixou em meio a uma turbulência assustadora. Pettigrew anotava tudo com atenção.

—E como se sente? Alguma coisa diferente? - ele questionou novamente.

—Nada diferente, apenas cansado e querendo ir para casa - James foi direto, ansioso para ser liberado.

—Tudo bem, senhor Potter. Aguarde ali fora - ele pediu e James voltou à "sala de espera".

Remus parecia tão assustado quanto James. A situação toda já era complexa e a forma que estavam lidando com eles tornava tudo pior. Pareciam ter medo, mediante toda a proteção que usavam.

—Licença - James levantou e falou alto, já irritado - eu sou policial e sei que não podem nos manter presos aqui a não ser que estejamos detidos. Ninguém aqui cometeu crime, quando vão nos liberar?

Todos encararam James e era perceptível a esperança em cada olhar.

—Tudo bem, estão liberados. Porém serão chamados novamente para realizar alguns testes - um dos policiais disse e abriu a porta da sala onde estavam.

Assim que saíram, James viu uma multidão - familiares dos passageiros - aguardando notícias. Ele e Remus caminhavam rápido, lado a lado, buscando por algum rosto conhecido.

—JAMES! - ele ouviu o grito e viu Sirius correndo na direção deles. Em poucos instantes, se sentiu sendo abraçado forte pelo amigo.

Black abraçava os dois amigos, um abraço coletivo, e chorava. "Vocês estão vivos, meu Deus... vocês estão aqui" - ele ouvia Sirius sussurrando, sem soltar o abraço.

Quando finalmente se afastaram, ele notou que Sirius estava diferente. Alguns traços de idade já marcavam seu rosto, que ainda era bonito como ele se lembrava, mas mostrava que o tempo havia passado.

—Vocês continuam iguais, como isso é possível? - Black perguntou e logo emendou a frase - não importa, o importante é que estão vivos.

Remus, que ainda estava focado na conversa identificou os pais e foi abraçá-los. Enquanto isso, James olhou em volta, mas não viu nenhum sinal de sua mãe.
E nem de Lily.

Sentiu o coração apertar. Dali não podia vir boa notícia.

—Cadê minha mãe, Sirius? - ele perguntou e viu um traço de dor no rosto de seu amigo.

—Ela te amava demais, James - Black disse e eles se abraçaram novamente.

— Não, não... não pode ser - Potter sentia o desespero crescendo. Só podia ser um pesadelo.

—Eu sinto muito - foi tudo que Sirius pôde dizer ao amigo.

James se sentia vazio. Perdera 5 anos de sua vida e agora descobre que sua mãe morreu. Isso não podia ser real.

—E Lily? - ele perguntou e, novamente, a expressão de Sirius mostrou que não teria boas notícias. Porém, Sirius se conteve. Viu que James já estava abalado e decidiu que isso seria assunto para mais tarde.

—Ela está bem, não se preocupe. Depois teremos tempo para conversar sobre tudo. Vem, você deve querer descansar - Black disse, sem conseguir tranquilizar James.

Cansado, triste e frustrado por tanta coisa ruim em pouco tempo, James apenas assentiu. Foram chamar Remus, mas ele havia decidido passar a noite na casa dos pais, depois iria encontrar os amigos.

James sentiu uma pitada de inveja, mas não de forma ruim. Não desejava mal ao amigo, mas queria que sua mãe também estivesse ali com ele.
Em silêncio, ele deixou o aeroporto ao lado de Sirius.

Ele já podia prever: sua vida toda tinha acabado de mudar.

—------

—Quando vocês sumiram, eu... foi horrível, eu não sabia o que fazer. Então uns meses depois, quando eu perdi as esperanças de vocês voltarem, eu entreguei nosso apartamento e aluguei esse aqui - Sirius disse abrindo a porta.

James olhou em volta. O apartamento era menor, mas muito acolhedor. Ele não podia julgar Sirius por ter se desfeito do local onde viviam. 5 anos era muito tempo.

James abriu sua mala e pegou um moletom que não usara na viagem. Aparentemente, tudo o que ele tinha era o que estava na mala, pois provavelmente Sirius também se desfez de suas coisas. Precisava de um banho para esfriar a cabeça, se é que isso era possível no meio de tanta informação.

No chuveiro, lembrou de sua mãe e de tantos momentos que já viveram. Parecia surreal saber que ela não estava mais ali, que nunca mais a veria. Deixou as lágrimas escorrerem e sentiu um vazio tão intenso dentro de si, parecia que a dor nunca diminuiria.

Depois do que pareceu tempo o bastante, ele desligou o chuveiro e se preparou para sair. Ainda queria saber porque Lily não foi lhe receber. Queria saber como a ruiva estava e como passou pela situação de sua "morte".

Quando sentou no sofá da sala, foi a primeira coisa que perguntou a Sirius. "Agora me explica sobre a Lily, como ela está? Por que não foi ao aeroporto?"

Sirius deu um suspiro antes de começar a falar. Estava se sentindo um mensageiro do caos.

—A Lily sofreu muito, James. Nós nos apoiamos um no outro, você não tem ideia de como foi... mas o tempo passou e ela teve que seguir em frente. Ela se casou há um ano - ele tentou amenizar, mas teve que soltar a bomba.

James sentiu um buraco se abrindo em seu peito novamente, antes mesmo do primeiro cicatrizar. Os olhos marejaram, mas ele não quis chorar.

—Eu sinto muito, cara. Mas tenta entender, você tinha morrido. Ela não tinha como saber... ela também sofreu muito - Sirius falou e James assentiu.

—Eu entendo, só... é difícil pra mim. Ontem eu estava no telefone com ela, trocando mensagens e planejando nosso casamento. Hoje ela... meu Deus! É muito difícil - James sentia que não tinha capacidade para processar tanta coisa ao mesmo tempo.

Sirius olhou o amigo com pena, vendo o sofrimento claro em seus olhos.

—Eu imagino como esteja se sentindo, uma bagunça. Me senti assim quando você e Remus partiram. Vocês eram minha família e de repente não estavam mais aqui. A dor não passa, mas diminui, James. E, bem, sobre a Lily, eu não sei... vocês vão ter que conversar em algum momento... - Sirius sentia a obrigação de consolar seu irmão. Passara 5 anos desejando que ele não tivesse partido e estava mais feliz do que podia expressar em ter os amigos de volta, mas imaginava como as perdas atingiram James.

—Eu sei, é só tudo muito repentino. Eu acho que vou dormir um pouco, tudo bem? - ele perguntou e Sirius assentiu, mostrou onde ele dormiria e lhe deixou à vontade.

Sirius desejava profundamente que isso não fosse mais um sonho em que recuperava sua família. Ao mesmo tempo, James pedia a Deus que, quando acordasse, isso tudo não passasse de um pesadelo.

Mal sabia a ele que a bagunça estava apenas começando.

—----

No dia seguinte, James acordou e sentiu o peito apertar ao perceber que não tinha sido um sonho ruim. A vida dele ainda estava aquela bagunça.

—Bom dia - ele disse entrando na cozinha e vendo Sirius sentado à mesa.

—Bom dia - o sorriso do Black era enorme em ver o amigo ali - chegou aquela carta, acho que é algo relacionado ao avião, mas não sei como sabiam que você estava aqui.

—Eles fizeram um interrogatório e eu disse que morava com você. Devem ter deduzido - ele disse abrindo o documento - preciso ir ao St. Mungus fazer uma bateria de exames. O que eles estão pensando? Droga, nós estamos bem.

—Bom, acho que devo te avisar. A Lily trabalha lá, você pode dar de cara com ela.

—Tudo bem... obrigado por avisar, é bom para eu estar preparado... você pode me emprestar alguma roupa, Sirius?

Sirius assentiu e pegou uma calça jeans e uma camisa azul escura para James.

—Obrigado! - ele disse após tomar banho e se vestir. Felizmente, as roupas serviam nele.

—Por nada! Boa sorte lá - Sirius desejou.

E James ia precisar.

—----

Na rua, James sentia olhares estranhos a ele. É claro que o avião virou notícia e todos sabiam que ele era um dos caras que sumiu por 5 anos. Ao chegar no hospital, recebeu a notícia que a Dr. Evans já iria lhe receber. O coração acelerou, seria muito coincidência, né?

—Senhor Potter - uma enfermeira de cabelos azuis chamou e lhe indicou a sala onde ele devia entrar.

Ao passar pela porta, ele viu os cabelos ruivos e os olhos verdes que tanto amava. Ela continuava linda.

—Uau, você realmente não envelheceu. Isso é assustador - ela o analisou. Parecia sem saber como agir diante dele.

—Lily... - ele continuou olhando para ela. Ontem estavam noivos, como era possível que agora ela já era casada?

—Sente-se, vou te fazer algumas perguntas e coletar seu sangue, tudo bem? - ela engoliu suas emoções e manteve o profissionalismo.

—Tudo bem - ele respondeu cabisbaixo. Mas não se conteve em perguntar baixinho:

—Quem é ele?

Lily ofegou. Então Sirius realmente havia contado. Quando saiu a notícia que o vôo havia reaparecido, ele ligou para a ruiva imediatamente, mas ela explicou que não iria ao aeroporto. Ele tentou convencê-la, mas ela estava decidida.

—Severus Snape - ela respondeu baixinho e ele arregalou os olhos. Snape era praticamente seu inimigo. Eles sempre se odiaram e Lily sabia disso. Inclusive, isso causou o afastamento da ruiva e de Snape, pois ele não aceitou a ideia de ela namorar o Potter.

—Ah sim, eu... isso é muito estranho - James suspirou. Em um dia era noivo da mulher que amava, no outro ela era casada com seu inimigo.

—Eu entendo que seja difícil para você, mas foram cinco anos, James. Eu sofri muito, foi muito difícil seguir em frente - a ruiva estava séria. Não queria magoar James, ela sabia que o amava, mas também não podia largar tudo por ele.

—O Sirius me disse isso. Eu entendo, fica tranquila. Só é difícil para mim - ele explicou e ela assentiu.

A situação era complicada para todos.

—Você está liberado... bem, eu fiz os exames pedidos e vou encaminhar os resultados a eles. Só... tenha cuidado - ela hesitou - eles pediram exames extras para você, que não pediram a nenhum dos outros. Não sei o motivo ou o que pode significar.

Ele se surpreendeu, mas ficou feliz pela preocupação dela. Prometeu ter cuidado e foi embora.

James foi caminhando pela rua, mas parou ao ouvir uma voz.

"Salve-a"

Olhou em volta, mas não identificou de onde vinha a voz. Tudo o que tinha lá era uma cabana abandonada.

"Salve-a"

A voz parecia ser dele mesmo. Sentiu que devia estar ficando louco e voltou para a casa de Sirius.

Enquanto ele esteve no hospital, Sirius havia desocupado um quarto que não utilizava e preparado as camas para ele e Remus.

—É temporário, depois podemos procurar um lugar maior, como antigamente - ele explicou. James ficou feliz em ver a preocupação do amigo pelo conforto dele e de Remus.

Lupin chegou à tarde, disse que tinha feito os exames com Lily também e que achava tudo isso uma bobagem.

James contou sobre o alerta que a Evans lhe deu e todos concordaram que isso era estranho. Talvez tenha sido um erro ou algo aleatório. Mas talvez não.

Sirius também contou sobre esses anos que eles perderam. Ele queria desviar o foco de James de todos os problemas, mas era inevitável falar de Lily. Contou que Snape queria que ela se afastasse dele. Foi uma conversa dolorida quando ela contou isso a Black. Ele já tinha perdido todo mundo, temia perder a amiga pelo ciúme de Severus. Foi um medo desnecessário, Lily jamais abriria mão da amizade dele.

James se sentia mal em ouvir isso. Seus pensamentos sempre acabavam voltando a sua mãe e à ruiva.

"Salve-a"

—Vocês ouviram isso? - ele perguntou e o olhar de Remus respondia. Ele também tinha ouvido.

—Ouviram o quê? Não ouvi nada - Sirius perguntou assustado.

"Salve-a"

—Você não está ouvindo alguém dizendo "salve-a"? - Remus perguntou sem entender. O que estava acontecendo?

— Não, isso é uma pegadinha? - Sirius olhou para a dupla. Não parecia pegadinha, eles estavam muito sérios.

—Eu ouvi isso mais cedo, passando perto de uma casa abandonada - Remus disse a James.

—Eu também, exatamente nesse mesmo lugar. Sirius, você ainda está na polícia? Consegue tentar descobrir algo nesse lugar, alguém precisa de ajuda. - James perguntou a Sirius, que olhava assustado a movimentação dos amigos.

—Confia na gente, eu e Remus estamos sentindo que tem algo lá - Potter prosseguiu.

—Só não sei explicar o motivo - completou Remus.

—Tudo bem - Sirius se rendeu. Confiava nos amigos e o tempo não havia mudado isso. Pegou o telefone e disse que recebera uma denúncia anônima. James disse que queria ir junto e, mesmo à contragosto, Sirius não pôde impedir.

Chegando lá, eles chamaram e um homem atendeu. Pediram para entrar na casa e ele não aparentou ser suspeito. Sirius se sentia idiota, James devia estar louco. Por outro lado, a voz na cabeça de James aumentara.

"Salve-a"

—Alarme falso, pessoal - ouviu um dos policiais dizer e interrompeu.

—Espera - James disse e pisou forte onde estava - o chão aqui está oco. Você tem algum tipo de porão?

—Claro que não - o homem negou rapidamente.

—Então não vai se importar se eu... - James abaixou e puxou o tapete, achando uma porta de madeira. Quando olhou novamente, o homem apontava a arma para ele, mas ele não havia sido rápido o bastante. Sirius já estava em alerta e apontava a arma para a cabeça do suspeito. Um outro policial que James não conhecia o desarmou e algemou.

Potter abriu o alçapão e encontrou uma criança de mais ou menos 5 anos.

—Procurávamos essa menininha faz tempo... Parabéns, Black - o outro policial disse indo buscar a menina - Potter, se quiser voltar à ativa, me procure depois. Ele acenou com a cabeça.

Que voz era aquela em sua cabeça?

—----

Retornaram para casa, mas antes que tivesse a chance de perguntar, o telefone de Sirius tocou.

—Oi, ruiva. O James? Está sim, só um minuto - Sirius afastou o telefone do ouvido e avisou: "A Lily quer falar com você". Sem esperar resposta, entregou o telefone.

—Oi, Lily - ele atendeu surpreso e feliz pelo contato.

—Oi, James... eu queria te avisar de novo para ter cuidado. Lembra aqueles exames que te disse? - a voz dela estava tensa. Algo devia estar errado.

—Lembro, o que tem eles?

—Você teve uma alteração no DNA. Eu alterei os resultados para enviar, tentei desviar o foco deles de você. Mas... isso não é normal - ela explicou e ele ficou mais confuso. Vozes estranhas, alteração genética? O que houve nesse vôo?

—Obrigada, Lily. Vou ficar atento! - ele respondeu e rapidamente a ruiva se despediu, sem prolongar o assunto.

Sirius, assim que viu que James não estava mais ao telefone, exigiu explicações. Mas nem James nem Remus sabiam o que dizer.

Eles contaram tudo desde a primeira vez que ouviram a voz e Sirius não disse nada. Aquilo era impossível, mas um avião sumir 5 anos e todos retornarem bem também era.

—Assustador - Sirius disse olhando os amigos.

—Estamos tão assustados quanto você - Remus respondeu e eles trocaram olhares tensos.

James aproveitou a deixa e contou sobre a ligação de Lily. Isso assustou ainda mais o trio, pois provava que tinha algo errado.

—Se você não se importar, James, vou ligar para ela amanhã e pedir para testar no Remus também. Sem vazar para o governo e a mídia, nós podemos investigar - Sirius concluiu. Eles iriam descobrir o que era isso.

 


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Notas finais do capítulo

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