The Last of Us Parte 3 Fanfic escrita por KevindeAlmeida94


Capítulo 1
Vol. 1 - Retorno Vazio




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— Você acha que tem volta?

— Não sei. É.… É complicado.

— Não fala isso, cara, eu me espelhava em vocês. Se não deu certo com vocês, eu fico até em dúvida comigo e a Julia.

— Que isso. — Soltou uma risada curta e melancólica — Vocês são incríveis. Meu caso teve problemas externos,  sabe.

— O lance com seu irmão, né? E como você com isso?

— O de sempre, não dá pra parar. — Apoiou os cotovelos na mureta e suspirou. — Ele sempre reclamava quando eu fazia corpo mole mesmo.

— Por isso você aqui vigiando o portão hoje?

— Também. Certas vigílias me acalmam. Me ajudam a colocar a mente no lugar. 

— Ei, Tommy! Tem alguém se aproximando — disse o rapaz apontando a arma.

— Estranho, está mancando, vindo direto pra nós...

— Deve ser um corredor, vou dar fim nisso.

— Espera... — Tommy frisou os olhos. — Ah meu Deus, Ellie! — Mesmo manco, desceu as escadas correndo, quase caindo várias vezes. Jackson ecoou seus gritos. — Abram os portões, rápido!

Um amontoado de pessoas se apressou ao grande portão de madeira para abri-lo.

— Vamos, ajudem ela! Ou o aleijado aqui vai ter que fazer tudo sozinho?! — Disparou ele, enquanto um rapaz e uma jovem correram ao encontro de Ellie, pondo-a em seus ombros.

Ela estava com a roupa encharcada de sangue, o rosto abatido e dificuldades para andar. Seu corpo desnutrido era praticamente carregado pelos soldados.

— Caramba, Ellie! Você acabada — disse Tommy ao se aproximar.

— Já se olhou no espelho hoje, Tommy? — A voz mal saiu de sua boca.

— Sua barriga... — Pois a mão, que imediatamente se manchou de vermelho. 

— Essa porra de ponto de novo. — Um de seus olhos estava fechado de dor.

— O que te aconteceu? Ellie?! Ei... Garota! — Ela não respondeu e sua cabeça estava pendurada ao corpo. — Droga! Levem ela para o ambulatório agora!

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— Ela perdeu muito sangue, perdeu dois dedos também. Está desnutrida e...

— E o que mais?! — perguntou Tommy ansioso.

— É estranho, não sei ao certo.

— Desembucha de uma vez, doutor!

 — Ela foi mordida. Na mão esquerda. A mesma mão que perdeu os dedos. A princípio achei que fosse um infectado. Mas a mordida dela já está cicatrizando, se fosse um infectado, ela já teria se transformado. Para ser sincero, não sei como ela ainda está viva.

— É, doutor... Ela é osso duro de roer.

— De qualquer forma, ela precisa ficar alguns dias em repouso. E seria bom ter guardas por precaução. Não queremos um infectado surpresa dentro de Jackson.

— Relaxa, doutor, eu assumo daqui. Obrigado por tudo. — Ele cumprimentou o doutor, que consentiu com a cabeça e se dirigiu à porta. — Ah, mais uma coisa, doutor, vamos deixar esse lance da mordida só entre nós, ok? Não queremos causar pânico desnecessário. — Mais uma vez o médico acenou e saiu do quarto. 

— Eu tô de castigo agora? — A voz de Ellie surgiu fraca em seu leito.

— Está! O máximo de ação pra você agora é uma dose de Savage Starlight no vaso sanitário.

— Que nojo, Tommy.

— E não é lá que se leem os gibis?

— Me lembra de nunca pegar um gibi seu emprestado. — Eles riram sem jeito.

— Que susto você nos deu, hein? Dina vai te matar quando te ver desse jeito.

— Se depender dela, não vai mais me ver de jeito algum.

— Como assim?

— Eu a deixei. Fui uma idiota! — Virou a cabeça para parede. — De novo.

— O que você fez?

— Não consegui deixar pra lá, Tommy. — O olhar melancólico no vazio. — Eu fui atrás dela.

— Foi... Foi ela que fez isso com você?! Filha da puta desgraçada! — Levantou exaltado e chutou uma cadeira. Sua perna latejou em dor, mas estava furioso a ponto de não se importar. — Ela vai ter o que merece!

— Ela já teve!

— Você a matou?! — Seu olhar estava fervilhando, as veias da testa saltadas. Ellie permaneceu em silêncio, encarando-o. — Eu juro por Deus, Ellie, se ela estiver viva eu mesmo vou atrás daquela canalha desgraçada.

— Está feito, Tommy! — Ellie o interrompeu. — Está feito!

— Você conseguiu?

— Já disse que está feito, droga. — Apertou o lençol com os dedos que sobraram. Seus olhos se esconderam.

Tommy respirou fundo olhando para o teto, então levantou a cadeira que acabara de chutar e se sentou. Após um breve silêncio, ele se debruçou em Ellie. 

— Obrigado! Sério mesmo, Ellie. — Suspirou. — Finalmente... Joel pode descansar em paz. — Ellie pareceu ficar bastante incomodada com isso. — Dessa forma, aprenderão a nunca mais mexer com Jackson.

— Não sobrou ninguém pra vir a Jackson, nós mesmos garantimos isso, Tommy — continuou Ellie, o rosto retorcido.

— É verdade, os putos tiveram o que mereciam — completou Tommy aliviado. — Bem, finalmente um alívio. Acho que vou aproveitar para acertar as coisas com Maria. Ela não aprovou nossa decisão.

— Dina também não. — Seu peito pesava como chumbo. 

— Fique tranquila, vocês vão se acertar.

— Acho que não desta vez. Ela deixou claro que não estava disposta a me esperar. — Tommy mudou seu semblante, ele encarou Ellie por um instante.

— Ellie... Me desculpe por ir atrás de você naquele dia. Não queria jogar a responsabilidade pra você. Se ao menos eu conseguisse me movimentar direito...

— Tudo bem, Tommy, eu precisava daquilo também. Não foi culpa sua. 

— Vou te ajudar a encontrar Dina. Maria com certeza sabe de algo. 

— Ela sabe? — Ellie se esforçou para se levantar, mas falhou miseravelmente.

— Calminha aí... Você precisa descansar primeiro. Um passo de cada vez, garota, e olha que pra mim isso é literalmente. — Ele forçou uma piada e riu sem graça. — Vou te deixar em paz. Não dê trabalho pras enfermeiras. — Ellie concordou com meio sorriso, se virou nos lençóis e encarou a parede pelas próximas horas.

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— Olha só quem finalmente teve alta! — disse Tommy com os braços abertos e um largo sorriso.

— Oi, Tommy. — Ellie o abraçou sem jeito.

— Que isso, garota, ânimo! Vai me dizer que já com saudades da comida do ambulatório?

— Aquela porcaria?! Prefiro perder o resto dos meus dedos — respondeu em tom sarcástico.

Tommy soltou uma gargalhada animada. 

— Esse é o espírito!

— E aí, fez ela falar? — perguntou enquanto arrumava suas roupas na mala em cima da maca.

— Então... — Tommy desviou o olhar coçando sua cabeça.

— Ah, não! Sem essa de “então” — imitou a voz de Tommy, ridicularizando-o. — Você me deve essa!

— Eu sei, eu sei! Mas você sabe que as coisas entre eu e Maria não estão lá essas coisas. Se ela já era difícil quando a gente tava junto, imagina agora.

— Porra, Tommy! — Ela pegou sua mochila e marchou em direção à porta.

— Ei, ei calminha! — Entrou em sua frente. — Eu não descobri, mas consegui convencê-la a conversar contigo. Pediu pra nos encontrarmos na casa dela.

— Então, estamos esperando o quê? 

Ambos se dirigiram ao lar de Maria. Era uma casa enorme, dois andares, paredes de madeira azulada com leves descascados pelo tempo e chuva. Folhas alaranjadas estavam pelo telhado e por todo seu quintal. Ellie e Tommy estavam em frente à porta de entrada. Ela respirou fundo. Tommy estava inquieto, ajeitando sua roupa, conferindo o hálito e penteando seu cabelo.

— Tommy, isso não é hora! 

— Eu sei, eu sei. Mas não tenho mais meu olhar 43, preciso garantir no resto. — Ellie virou os olhos e bateu na porta. Maria abriu, o rosto fechado, cabelo loiro Chanel, um casaco preto de veludo com um cinto azul marinho em volta. Os três se encararam em silêncio.

— Seu cab... — Tommy foi interrompido por um olhar fulminante de Maria, ele engasgou, testou sua voz numa tosse, abaixou sua cabeça e recomeçou: — Seu... Seu cabelo está incrível, Maria.

Ela simplesmente o ignorou, seus olhos vidrados em Ellie. A convidou para entrar de forma curta e grossa, e assim Ellie o fez. Tommy a acompanhou, mas foi barrado por uma das mãos de Maria.

— O que você fazendo, Tommy? 

— Ué... — Confuso, ele olhou para Ellie e novamente para Maria. — Você disse para voltarmos assim que saíssemos do hospital.

— Eu disse para você trazê-la assim que ela saísse. Muito obrigada. Agora pode ir — ordenou ela e virou as costas.

— Espera! — Tommy segurou a porta. — Eu quero ajudar a Ellie a c... 

— Você já não ajudou demais na situação dela com a Dina?

— Tudo bem, Tommy, depois a gente conversa. — Ellie o confortou.

O rosto de Tommy murchou e seus olhos perderam o brilho enquanto Maria bateu a porta em sua cara.

— Não está sendo muito dura com ele? — questionou Ellie.

— Estou — respondeu secamente e apontou para uma poltrona no meio da sala.

— Ele gosta muito de você. — Ellie se sentou.

— Eu sei — continuou Maria, o rosto fechado, duro como ferro.

— Talvez se você...

— Logo você quer me dar conselhos sobre relacionamento, Ellie? — Maria a interrompeu cruzando os braços.

— Pera, o quê? — Ellie franziu o cenho. — Eu só  tentando...

— Tentando o quê? Piorar mais um relacionamento?! 

— Uou! Calma lá! — Ellie se levantou.

— Sente-se aí, mocinha! Você está na minha casa, dentro da minha cidade! Você fez muita merda, e não adianta pagar de durona! Agora você vai me escutar! — gritou Maria, apontando o dedo para ela. Ellie forçou os olhos e os dentes. No momento em que começaria a discutir, Maria se antecipou. — Deixar Dina e o bebê pra trás?! Sozinhos?! Onde é que você estava com a porra da cabeça?! — Ellie perdeu sua ferocidade instantaneamente, ficando com as sobrancelhas leves e olhar cabisbaixo. — Eu agradeço você ter trazido o Tommy de volta, ou pelo menos parte dele, mas largar seus amigos pra trás, Ellie, você não é disso! Eu perdi o respeito que tinha por você e se você está pensando que é discutindo que você consegue o q...

— Me desculpe... — A voz baixa e fraca a interrompeu.

— O que disse?! — Maria perdeu a linha de raciocínio e a encarou confusa.

— Eu pedi desculpas.

— Nossa... — Olhou para os lados, desconcertada. — Ellie Willians pedindo desculpas, estamos mesmo no fim do mundo.

— Eu  arrependida, legal?! Não precisa ficar caçoando!

— Escuta aqui, se você acha que é só pedir desculpas da boca pra fora...

— Porra, Maria! — Ellie socou o criado mudo ao seu lado. — Eu perdi tudo! Eu perdi o Joel, perdi o Jesse, e eu escolhi perder a Dina e o JJ. Nem a bosta do violão eu consigo tocar mais! Eu  bem ciente disso, saber que deito todas as noites sem saber onde a mulher que eu amo está e saber que tudo isso é culpa minha. Eu sei de toda essa merda, legal?! É por isso que eu aqui... Eu quero encontrar a Dina pra consertar essa merda toda... — Ellie baixou a cabeça e se perdeu em memórias obscuras. — Não tive tempo pra dizer pro Joel o quanto eu o amava. Não vou cometer o mesmo erro. E você também não deveria cometer. — Ela a encarou, os olhos carregados de sentimentos

Maria olhou para a janela e viu Tommy sentado no meio fio, mexendo nas folhas. 

— Dina partiu há algumas semanas, foi para o norte em direção a Menvile. — Ela pegou um mapa e mostrou a rota e o destino. 

— Menvile? — Ellie levou as mãos ao seu ferimento nos dedos como num tique, enquanto tentava se recordar de onde ouvira esse nome. — Dina disse que, na sua infância, ela e sua irmã fugiriam pra Menvile. Mas Tália morreu antes disso. — Maria ficou a encarando em silêncio. — Não faz sentido ir pra lá com o JJ, seria correr risco à toa. A não ser que.... A irmã dela está viva?! — Arregalou os olhos.

— É uma hipótese.

— Mas... — Os olhos ziguezagueando em pensamentos enquanto levava sua mão à boca. — Por que ela mentiria sobre sua irmã pra mim?

— Bem, isso é algo que você vai ter que perguntar a ela.

— Quantos soldados você mandou com ela?

— Três.

— Só três?! Meu Deus, Maria, ela com o JJ.

— Foi você que deixou ela. Eu sou quem deu apoio, armamento, suprimentos e homens para sua proteção. Ao contrário de você, que estava brincando de vingança, eu tenho uma cidade para gerir.

Ellie pega o mapa com força, o amassando, enquanto encara Maria com desgosto. 

— Um cavalo e o mínimo de munição. Não posso mais gastar suprimentos com você, Ellie.

— Eu sei — respondeu brusca.

 — E mais uma coisa... — Maria pegou no braço de Ellie. — Não estraga as coisas com Dina.

— Nem você com o Tommy. — Ela puxou o braço violentamente e a encarou com nariz retorcido. Virou de costas, abriu a porta e pausou por um momento. — Obrigada, Maria. — Bateu a porta.

Tommy se levantou rápido, apesar das dificuldades. Aproximou-se mancando e pergunta ansioso:

— E aí, como foi? 

— Ela me deu o endereço.

— Isso! — Forçou o punho em comemoração. — Quando partimos?

— Como é? — respondeu ela sem entender.

— Ué, quando partimos?

— Eu vou sozinha, Tommy — respondeu Ellie e acelerou o passo.

— O quê?! Não, não, não! Espera. — Ele se apressou para acompanhar Ellie. — Eu posso te ajudar!

— Isso não aberto para discussões! — Acelerou ainda mais o passo.

— Calma, Ellie. — Tommy tentou a acompanhar, mas sua perna manca não o obedecia. — Você não pode ir sozinha, é perigoso demais.

— Eu fui para Santa Barbara sozinha, eu consigo chegar até Dina. — Ellie ajeitou a mochila e apertou mais o passo.

— Ellie, espera. — Tommy tropeçou e caiu. Bateu com o peito no chão e ficou todo sem jeito.

— Tommy! — Ellie agachou para ajudá-lo.

— Não! — Tommy empurrou a mão de Ellie. — Que grande piada eu sou. Como vou te ajudar se nem consigo ao menos acompanhar seus passos. Eu perdi meu olho bom, não consegui vingar meu irmão, estraguei as coisas com Maria e não consigo nem consertar a merda que fiz a você e Dina... — A voz tremulou, olhar ao chão.

— É, Tommy, você fez merda. Mas quem não faz merda nesse mundo de merda?! Pelos seus feitos, é incrível que ainda esteja respirando. Você salvou Joel inúmeras vezes, de infectados, de babacas e até dele mesmo. Você ajudou Maria a construir tudo isso aqui! Sem contar que a galera te venera, você é um herói pra cidade. A Maria só precisa de um tempo. — Ela esticou a mão para ajudá-lo.

— Você só querendo me adular — respondeu se apoiando em Ellie para se levantar.

— E desde quando eu faço algo do tipo, Tommy?

— É verdade, você é a maior babaca com todo mundo.

— Ei! — Ellie socou de leve a costela de Tommy.

— Ai!  brincando,  brincando.

— E olha, o lance com a Dina não foi culpa sua, ? Foi decisão minha deixá-la pra trás. — Levou sua mão aos dedos que lhe faltavam. — Seu lugar é aqui, Tommy, ajudando a melhorar a cidade, treinando os recrutas, organizando as tarefas. Aliviar em vez de dar problemas pra Maria.

— Ela acha que eu sou o problema em si. — Riu sem graça. — E nem tenho mais meu olhar de galã pra ela me perdoar.

— Ah, para! Seu charme nunca foi seu olhar, sempre esteve nos seus perfumes — brincou Ellie.

— Uma vez quase morri por um frasco deles. Na verdade, quase morri três vezes por isso. — Eles riram enquanto caminhavam.

 


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Notas finais do capítulo

Gostou da leitura? O que aguarda Ellie nessa nova busca? Ela encontrará Dina novamente? Onde estará Abby? Deixa nos comentários o que achou e as teorias para o próximo volume. Curta e compartilhe para aquele(a) amigo(a) que ama The Last of Us.
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@escritorkevindealmeida



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