Sins of Hope escrita por DGX


Capítulo 30
Rainha de Camelot




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Opening

O arquimago finalmente voltara para Camelot, caminhando no grande salão de pedras cinzas com um tapete vermelho bordado em fios dourados que lhe dava livre acesso ao trono da rainha, usando sua clássica capa azul marinho com bordas prateadas que lhe cobria a cabeça com um capuz. Sempre muito pensativo caminhando de cabeça baixa sem falar com nenhum dos guardas ou criados que por ali estavam, os mesmos já estavam acostumados com isso, assim como ele próprio estava acostumado aos olhares de julgamento que pairavam sobre ele a todo instante. Foi assim desde que ele chegou ao reino há vários anos atrás, apesar do caos em que Camelot se encontrava, ninguém nunca foi capaz de reconhecer que foi graças a ele que a paz hoje reinava por ali, mas aquela não era a hora nem o momento de remoer o passado, essa era outra história que seria contada mais tarde, sua maior preocupação agora era com Lioness e isso não passava despercebido por sua alteza.

—Merlin! –  Chamou a rainha sentada em seu trono. Uma bela mulher de seus vinte e cinco anos, tendo belos olhos castanhos e um longo cabelo vermelho-vivo. –  Por que está tão agitado? Há algo perturbando sua mente? - Pergunta a rainha, em um tom preocupado.

O mago parou por um instante e começou a fitar a rainha com seus olhos escuros, seu olhar era penetrante, quase que a deixava em transe ao mesmo tempo que a deixava segura. Em um estalo de dedos, congelou todos que estavam no salão do trono da Rainha, criando uma pequena aura ao redor de cada um, que tremia incessantemente, inclusive parando a vassoura que uma das criadas deixou cair.

—Ainda bem que se lembrou que pelos seus subalternos sou e sempre serei conhecido por Merlin, o amaldiçoado que salvou esse reino, afinal... – Ele soltou um riso sarcástico que ecoou pelo salão agora vazio. – Esse é o nome que me colocaram, não que eu me importe, o grito de pessoas fracas nunca me incomodou.

Merlin levitou até próximo a rainha e pairou frente a ela, com os cabelos lhe cobrindo os olhos agora, em um tom mais sério.

—O que te traz até aqui, Krioni? – Perguntou , com um sorriso amigável e  sereno, usando o verdadeiro nome de Merlin, Krioni, um dos membros da lendária ordem de Cavaleiros Sagrados de Lioness conhecida como Saligia.

—Sinto que meus dias em Camelot estão por acabar, minhas pesquisas chegaram ao fim e... – Krioni fez uma leve pausa enquanto olhava para a lua por uma das janelas do palácio. – Meus companheiros precisam de mim em mais uma batalha, Lioness será coberta pela escuridão, e eu não posso permitir que isso aconteça, o rei... ele.... carrega algo com ele. – Krioni se conteve, e soltou um grande suspiro. – Não posso lhe pedir que se junte a mim Arthuria, nem posso colocar o seu reino em meio a uma guerra dessas, mas se o que eu estou pensando acontecer... – Ele levantou uma esfera de energia que mostrava imagens de um passado distante, onde demônios estavam lutando, humanos sendo dilacerados, deusas, fadas, gigantes todos em um banho de sangue. – Esse mundo estará novamente em trevas.

O mago se virou de costas para a rainha, agora olhando para o grande salão e em um tom de saudades voltou a falar.

—Eu sinto falta daqueles paspalhos, bom, nem de todos eles... Mas a maioria me faz falta, eu terei que voltar em breve, aceitarei de bom grado se vier comigo, afinal você não se tornou apenas minha rainha, se tornou uma companheira de guerra, a guardiã de um dos meus maiores segredos e tesouros. – Krioni segurou firme em um colar que carregava com ele. – Assim como alguém que conheci há muitos anos atrás.

Arthuria se encontrava ainda sentada no trono de Camelot, estava refletindo sobre o inesperado pedido de Krioni. Ele foi o salvador de seu reino, era eternamente grata ao seu grande feito, porém quanto isso lhe custaria? 

Logo se levantou com seu típico ar de superioridade e confiança que havia adquirido ao longo dos seus 7 anos de reinado, havia sido coroada com apenas dezoito anos de idade, após a morte de seu pai, no período mais difícil da história de Camelot. Agora se encontrava no mesmo transe que Krioni a alguns minutos atrás, andava rapidamente de um lado para o outro no grande salão real.

—Há sete anos atrás, Krioni, o reino estava afundado em puro caos. Você ajudou Camelot em sua mais obscura fase e eu nunca soube como retribuir esse favor... – Arthuria se pôs a falar ainda rodeando o salão,  não ousando fitar o mago. – Mas, agora é Lioness que precisa de ajuda, eu sempre soube que uma hora ou outra você teria que  partir... – Continuou a falar com uma certa melancolia estampada em seu rosto, afinal, foram sete anos ao lado do mago, o laço que acabou desenvolvendo com Krioni foi muito profundo. Arthuria finalmente  parou, de frente para ele. – Porém nunca pensei que seria por conta de Lioness estar correndo perigo. - prosseguiu, agora seu semblante era de preocupação.

A rainha passou a encarar o mago firmemente com seus penetrantes olhos acastanhados, estava lembrando através daqueles olhos negros tudo que haviam enfrentado e conquistado. 

—Por sua causa, Camelot está em paz e por isso iria com você... – Indagou sentindo um nó na garganta. – Porém Camelot ainda precisa de mim aqui... – Falou se virando de costas para o mago. – Mas, se o quê diz é verdade e tenho total confiança que sim... Camelot também corre perigo, se uma Guerra Santa se iniciar... – Disse se sentindo receosa. - Todos os reinos serão castigados, e isso inclui Camelot. – Completou decidida com o que deveria fazer em seguida.

Arthuria encarava o trono real, seu leve vestido branco de seda balançava persistentemente por conta do vento forte da noite que entrava pelas janelas do salão. A mesma levou suas duas mãos até sua coroa a tirando.

—Não podem saber que eu saí do Reino, isso pode atrair um grande mal...  – Falou andando até o trono, depositando a coroa em cima do mesmo – Será bom tirar esse peso por um tempo e voltar a sentir o da armadura...  – Disse dando um de seus adoráveis sorrisos. – Eu irei com você, meu velho amigo! – Pronunciou com um sorriso decidido, vendo o mago se virar e a encarar com seus olhos penetrantes, com um leve ar de aprovação. – Quando iremos partir?

—Em breve, Arthuria. – Respondeu o mago. – Ainda não é a hora de fazermos isso. Primeiro deixe-os se reunirem, então partiremos.

—Entendo... – Respondeu se sentando no trono, visivelmente chateada por não poder entrar em um combate novamente de imediato. – Então, devemos levar algum deles conosco?

—Quando chegar a hora veremos. Por hora, acho que apenas dois serão necessários. Meus companheiros são fortes o suficiente.

—Espero que esse momento chegue logo... Estou começando a enferrujar, e sinto falta de uma boa aventura. – Fala fazendo beiço.

—Eu até conjuraria algo para que enfrentasse, porém...

—..."conjuração não é o meu forte". – Completou Arthuria. – Eu sei. Você falou isso um milhão de vezes. - Respondeu, dando uma risadinha abafada - E exatamente por isso temos um conjurador excepcional aqui em Camelot. Creio que algum de seus amigos também seja um, não?

—Infelizmente, sim. E ele não é meu amigo. – Respondeu Krioni irritado.

—Ora, e quem ele é? – Perguntou com um sorriso sarcástico. – Para você, arrogante desse jeito e que não liga para ninguém, não gostar dele a esse ponto...

—Seu nome é Gwyndolin. O Pecado da Luxúria. Infelizmente, é o maior necromante não Lich da nossa era. Preferia um desses no seu lugar, sinceramente falando.

—Você fala o mesmo do nosso... 

O mago dá as costas para Arthuria, e começa a deixar o salão. Em outro estalar de dedos, semelhante ao que fizera alguns minutos atrás, faz os empregados voltarem a se mexer, e sai do salão com o baque da vassoura caindo no chão. Arthuria apenas observa a cena, dando uma leve risada, afinal, não importa os anos que se passem, Krioni continua sempre o mesmo mago orgulhoso de sempre.


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