Sins of Hope escrita por DGX


Capítulo 26
O Terror de Zugmon




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/802562/chapter/26

Opening

Camille retornava para o Delito como sua amiga havia pedido, mas a todo momento pensava no que fazer caso encontrasse um Cavaleiro Sagrado. Ela tinha medo de encontrar um e ser morta e sua missão fracassar.

Fugindo e se escondendo por entre ruas e ruelas da cidade, e não apenas dos cavaleiros e do padre, mas sim também de ladrões e sequestradores, a princesa se depara com Zugmon correndo hipnotizado atrás de sua bíblia.

A flecha de Skanfy continuava voando com o pesado livro e por uma corrente de ar, é empurrada para a direção do beco onde Camille estava. Ao ver a curva, a mesma sentiu um frio enorme em sua espinha. Cada passo do enorme homem hipnotizado pelo livro voador parecia ressoar em sua mente, como se fosse um enorme tambor sendo batido por gigantes. Ela precisava agir, e rapidamente.

Ao olhar para seu lado direito, ela viu que havia uma janela entreaberta de um edifício, e não teve tempo de pensar duas vezes: correu com toda sua velocidade, se jogou para dentro da janela e se escorou exatamente abaixo dela, tentando se espremer o máximo possível contra a parede. 

Sentiu os passos passarem por ela e se afastarem, fazendo seu palpitante coração se acalmar. Quando olhou com mais atenção para dentro do edifício, viu que algumas crianças amedrontadas estavam ali, como aqueles dois que tinham sido arrastados para a plataforma de execução. Elas pareciam estar a alguns dias sem comer direito e estarem muito mal cuidadas, talvez fossem até órfãs. Ela se sentiu muito triste ao ver aquela situação, e ver o quanto as pessoas do seu reino estavam sofrendo, algumas mesmo antes da tomada da Psychomachia. Teria ela e o resto da realeza negligenciado tanto assim o seu povo? Desde quando essa miséria existia ali? Afinal, Gallien não era um homem justo? Ou seria isso culpa do resto dos nobres?

—Quem é você, moça? – Pergunta a irmãzinha do menino de mais cedo, quebrando os pensamentos de Camille. – Você parece ser rica, o que faz nessa cidade?

Camille de fato parecia e era rica. Afinal de contas, era uma princesa. Sua pele era bem cuidada e seu cabelo era macio e bonito, sempre soube como cuidar dele e de sua pele.

—Meu nome é... – Antes que pudesse falar, ouviu os pesados passos como um terremoto de Zugmon, e fez um gesto pedindo para todas as assustadas crianças ficarem em silêncio, que acatam sua sugestão.

Cada vez mais altos e fortes com gemidos de “minha bíblia”, os passos de Zugmon pareciam se aproximar, até chegarem bem perto de onde estavam. Quando Camille os ouve exatamente atrás da janela onde estava sentada, percebe que eles pararam nela.

Mas não. Zugmon apenas tropeçou e continuou correndo atrás de seu pesado e grande livro. Ela suspira aliviada, seu corpo completamente tensionado relaxa.

—Meu nome é Camille Lioness. Eu sou a princesa desse reino. – As crianças ficam espantadas com a informação. Algumas a olham maravilhadas. Uma princesa naquela cidade? O que ela estaria fazendo? E princesas existem? Já outras a olhavam com nojo, como se odiassem a família real. – Sei que vocês devem estar se perguntando o que eu faço aqui, e bem... eu estou em uma jornada para salvar o reino. E prometo que quando eu o salvar, vamos olhar com olhos melhores para Araruna.

Os olhos das crianças brilhavam com a princesa Camille em sua frente. Nem todos os nobres eram ruins, no fim das contas. Ela pega a bolsa de moedas que estava carregando e deixa para eles, dizendo para comprarem algo para comer quando as coisas acalmassem, e então se despede deles, para voltar para o Delito.

Após alguns minutos correndo, ela finalmente vê a taverna, e corre ainda mais rápido para chegar logo e se esconder do perigo. Porém, ao abrir a porta do bar, encontrou Ryon sendo esmagado pela enorme mão de Zugmon. Aparentemente, o gato acabou mexendo em sua bíblia e era animal de pecadores imundos, pelos gritos dele com o felino.

—O que tá fazendo aqui princesa? Corra por sua vida, garota! – Ryon exclamou às pressas de maneira heróica, mas já era tarde, o padre se virou lentamente para encarar a princesa.

—Fiquei imaginando o quanto eu ainda teria que esperar por você, princesa! O senhor Vincent deixou claro que deveríamos levá-la para ele, viva ou morta. E você finalmente está aqui. – Camille não recuou, olhou ao redor procurando por algo que pudesse usar para salvar Ryon. O gato podia ser chato, mas ainda assim, era seu amigo e seu gatinho.

—Solte ele! – Pediu para o inquisidor, mas obteve apenas as gargalhadas do mesmo – Minha vida vale mais que a dele.

—O que?! – O gatinho gritou com uma expressão de surpresa, mas rapidamente compreendeu o plano da princesa quando olhou para os olhos amedrontados da mesma. – Quer dizer, isso mesmo, pensa bem cara, ela é a princesa, tá certo que eu tenho sete vidas, mas não quero desperdiçá-las...

—Calado. – Zugmon jogou Ryon na direção da bancada de bebidas. O impacto causou a destruição de uns barris e a queda de algumas garrafas.

O enorme inquisidor foi em direção à princesa, erguendo uma de suas enormes mãos. Num momento prudente, Camille jogou em sua direção algumas das cadeiras e até mesmo algumas mesas, fazendo alguns obstáculos para ganhar tempo, enquanto circulava em direção à bancada.

—Isso não vai funcionar comigo, princesa. – O padre jogou as mesas e cadeiras longe, fazendo Camille começar a tremer ainda mais e suar frio.

Camille então entrou correndo, pegou Ryon que estava ainda caído em meio aos cacos de vidro e se apressou em correr para o segundo andar, se esquivando de penas que pareciam ser feitas de metal.

—O que pensa que vai fazer, princesa? – Ryon falava enquanto via o seu mundo girar.

—Ganhando tempo, até que alguém chegue. – Fala concentrada em derrubar coisas na escada para impedir Zugmon.

—Não é mais fácil gritar por socorro? – Questiona o Gato. – Nier vira rapidinho se for você... – Com uma expressão de frustração, Ryon se calou após Camille tampar sua boca com as mãos.

—Você fala demais. – Ela fala isso e aperta uma das bochechas do gato, enquanto entrava em seu quarto.

—Não pense que pode escapar de mim, apareça ou eu queimo esse poço de heresia e o transformo em cinzas! – Zugmon exclamou enquanto Camille amarrava os lençóis um no outro criando uma espécie de corda, que usaria para pular do segundo andar.

Seu tempo era curto, e Zugmon se aproximava lentamente como se fosse um lobo atrás de uma presa.

—Vou contar até dez para aparecer princesa, ou eu destruo esse lugar. Você é uma preciosa oferenda a Vincent, e eu quero fazê-lo feliz, por ele ter concedido a mim e meus seguidores o poder sagrado. - O padre destruiu a porta do primeiro quarto – Um! – Revirando todo o lugar atrás de Camille, mas não achando nada – Dois!

A princesa se apressava em terminar sua corda provisória. Quando terminou, a lançou sobre a janela, prendendo uma das pontas sobre a cama para ajudar na descida.

—Três! Estou ficando sem paciência, princesa! – O barulho de seus enormes punhos fez a princesa pular assustada, e ao ficar na ponta da janela sentada, apenas esperando o momento exato. – Quatro! – Zugmon quebrou a porta de seu quarto. – Finalmente te achei, herege!

—Não mesmo! – Camille pulou se segurando na corda provisória de lençóis com sua mão direita, enquanto segurava Ryon com a outra mão. Quando saiu da janela, viu diversas penas de aço voando e se tivesse demorado mais um segundo, ela teria sido atingida. No meio da descida, umas penas acertaram o nó da corda, fazendo ela cair de costas no chão e sentir uma enorme dor, que fez lágrimas saírem de seus olhos juntamente de um grito agudo, ao ponto de fazê-la não conseguir se mexer, mas Ryon caiu em pé, como todo bom gato. 

Ao ver que Camille não conseguia se mexer, começou a arrastá-la pela gola. Ele era incrivelmente forte para seu pequeno corpo, mas não conseguia fazer aquilo de maneira rápida para fugirem.

Se levante Camille! Vamos garota, você precisa se levantar! Não é hora de morrer nem nada do tipo! Vamos, vamos!

Após se concentrar com muita força em ignorar a dor e seus ferimentos, conseguiu começar a se mexer de novo. Ela se levantou e começou a correr em direção à vila, fazendo o padre pular da janela e ir atrás dela e de Ryon, que corria sozinho agora.

Com apenas um movimento, Zugmon, o Inquisidor lançou uma potente rajada de magia na direção dos dois. A energia rasgava o ar e destruiu inúmeras árvores que estavam ao redor do Delito. Seu ataque ia certeiro na princesa, se alguém não tivesse a jogado no chão antes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sins of Hope" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.