Opening

Após descobrir que Gwyndolin estava preso, Nier encontra outro ótimo motivo para ir à Araruna. Takashi estava lá, disso ele tinha certeza. Ele fecha os olhos e começa a pensar, como se lembranças viessem à sua mente.

 ...

 Em um dia qualquer, a ordem dos cavaleiros condenados, a Saligia, estava em seus aposentos, no momento de descanso entre suas missões. Já haviam praticado e treinado, Takashi e Nier já haviam lutado, Asura estava acordando nesse momento, pois treinava à noite, onde seus poderes e seu corpo eram mais fortes. Então, sentados em sua mesa quadrada, Nier propõe um pequeno jogo para eles: dizer o lugar onde mais queriam viajar, seja para visitar ou para morar. Nier começa, e fala que poderia ser qualquer lugar calmo, fazendo todos se indagarem sobre o quanto ele estava irritado ou estressado. Skanfy fala de Antares, e todos pensam sobre como ela poderia aumentar suas habilidades culinárias na cidade. Quando chega a vez de Takashi, ele fala:

—Araruna. – Fala o homem alto com músculos bem definidos, além de um cabelo grande e um olhar frio. Se não fosse companheiro deles, com certeza pareceria um bandido.

—Como? – Indaga Gwyndolin.

—É, Araruna. Parece um lugar bom para se viver. Não concorda, capita?

—Não, nem um pouco.

Takashi o encara em silêncio.

—Takashi, essa é uma cidade onde só existem ladrões, estupradores e a escória da sociedade. – Explica Krioni.

—Me parece ainda melhor depois dessa explicação. Lembra um tanto da minha adolescência. – Fala com uma expressão que lembrava um sorriso.

—Se eu tivesse uma adolescência assim, não gostaria de revivê-la quando adulta... – Fala Lilian, o Pecado da Inveja, um pouco assustada.

...

 Nier ri com o canto da boca após se lembrar desse dia, e volta a se concentrar no presente. Gwyndolin estava preso. Por algum motivo, ele estava preocupado com ele, mas no fundo, não estava. Não sabia dizer exatamente o que sentia, mas ainda assim, pretendia resgatá-lo. Já estavam viajando há um dia até Araruna, e deviam chegar pela manhã na cidade dos ladrões. Ele realmente estava preocupado, só que com Camille. Por isso, foi a outras cidades antes. Ele sabia que Takashi estava ali, mas não poderia arriscar ir sozinho ou apenas com ela para essa cidade. Ele se debruça na janela de seu quarto, e observa o pôr do sol entre as longínquas montanhas da Britânia.

Ele se perde em seus pensamentos ao observar o céu alaranjado, com a luz do sol refletindo nas nuvens, criando um cenário extremamente confortante, até que ouve Skanfy chamar todos para comer.

Após jantarem e passarem o tempo jogando conversa fora, com toda a atenção da princesa para ouvir histórias sobre alguns de seus feitos, como lutar contra um ciclope, eles se preparam para irem dormir. Skanfy e Camille decidem ir dormir antes, mas Asura puxou um baralho e “alugou” seu capitão até tarde da noite.

Quando decide ir dormir, ele entra no seu quarto, troca a roupa para uma mais leve e se deita ao lado de Camille. Ele tapa a garota para que não pegasse um resfriado, e logo adormece. Quando ele abre seus olhos, não está em sua cama. 

De novo não... Pensa cansado e sem vontade de entrar novamente naquele lugar.

Dessa vez, ele está em uma sala chique e escura, com uma lareira em uma parede, e vê quatro homens sentados em poltronas luxuosas com uma pequena mesa à frente olhando para a lareira, de costas para ele.

—Olá capitão. – Uma voz calma fala com Nier.

—Quem está aí? – Ele fala se posicionando para combate. Um homem sentado nas cadeiras, estala os dedos, e três figuras desaparecem.

—Sente-se, Nier. Vamos conversar. – Nier se aproxima do homem de maneira desconfiada, sem sair da guarda. 

Quando vê os cabelos azuis e olhos acinzentados, aliados a inconfundível tatuagem no lado direito do seu rosto, sorri e relaxa. Krioni, o Pecado do Orgulho, estava ali. Então, Nier se senta ao lado do seu velho amigo, já que não seria algo terrível que aconteceria – ao menos era o que esperava.

Aquela cena e aquela imagem que Nier via era tão real que chegava até a assustá-lo, será que finalmente ele reuniria mais um de seus aliados? O único que ele não sabia onde estava, mas o que Krioni queria com ele naquele ambiente tão estranho?

—Bem Nier, não vim de tão longe para que você fique me olhando com essa cara de espanto, e não precisa se incomodar. Estamos só eu e você aqui e tomei os cuidados necessários para que ninguém nos interrompa.

Krioni soltou seu bom e velho sorriso sádico e sarcástico, mas Nier podia sentir a confiança que suas palavras lhe traziam. O garoto então se acomodou enquanto aguardava ver o que seu amigo queria. Após alguns instantes, o Mago do Orgulho finalmente aproxima seu corpo da mesa e com um movimento de suas mãos, faz aparecer uma caneca com uma bebida, empurra para Nier e logo se põe a falar.

—Minha vinda até aqui tem um único propósito Nier, alertá-lo de que o que vão enfrentar vai além de qualquer coisa que já enfrentamos até hoje, não são apenas cavaleiros sagrados, o ataque que sofreram não foi apenas um aviso, tão pouco distração, existe algo sombrio rondando Lioness, algo grande e poderoso, mas nada comparado com o que pode acontecer se você perder o controle, eu não posso me juntar a vocês agora, e nem sei quando essa reunião será possível, mas preciso que me prometa capitão, que não perderá o controle e que recuará se for preciso.

Havia um tom de preocupação na voz de Krioni, afinal o tão poderoso mago estava com medo? Mas medo do que exatamente? Inimigos? Não, Krioni não era do tipo que tinha medo de inimigos, e ele não pediria que Nier recuasse sem um propósito. Nier permanecia imóvel, olhando a caneca sem dizer uma palavra.

—Você não irá recuar, não é mesmo? – Krioni bate com a mão na mesa – Droga capitão, você não entende que pode colocar a vida de todos em risco? O cajado de obsidiana não está comigo, ele foi selado eu não posso usá-lo e você sabe bem o motivo, se você perder o controle e eu não conseguir chegar a tempo, perderemos tudo e você perderá o que mais ama. – Krioni faz aparecer uma esfera em sua mão, que resplandecia o rosto de Camille dormindo ao seu lado, de Ryon dormindo em uma caminha do lado da cama, e de Skanfy e Asura dormindo nos seus quartos. – Eu posso não estar presente fisicamente capitão, mas eu realmente me preocupo com vocês, não com todos vocês, mas isso não vem ao caso, lembre-se que o reino está em jogo, e um deslize e teremos mais uma Grisgandor...