Sins of Hope escrita por DGX


Capítulo 1
O Encontro do Destino


Notas iniciais do capítulo

Sempre quis postar essa história aqui, mas nunca tive a oportunidade. Agora, teremos por aqui também.



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Opening (Clique para assistir)

Como isso foi acabar assim?

Pensava a princesa Camille, do Reino de Lioness, aos prantos ajoelhada com seu pescoço em um toco de madeira, com seus olhos vendados para não ver a pequena plateia barulhenta que se formava ali. Saíra em uma jornada para salvar o seu Reino, porém aqueles que o ameaçavam a encontraram em uma vila no interior do país, e estavam prontos para ceifar sua vida ali mesmo.

Por mais que tentasse lutar contra o seu destino inevitável, suas mãos e pés estavam amarrados, e se acabasse se mexendo demais, apenas teria uma morte mais dolorosa.

—Últimas palavras, traidora? – Perguntou um jovem rapaz que exalava um ar mágico aterrorizante.

—Eu... – Lágrimas escorriam de seu rosto. – Não quero morrer... E... – Respirou em desespero. – E... eu quero salvar o meu Reino...! – Falou engasgando com o choro.

—Então nos faça um favor e morra, assim ele estará salvo de você e da Saligia! – Respondeu o mesmo homem, irritado.

Com toda sua força, abaixou o enorme machado, visando pôr um fim à vida da garota.

Voltando um pouco no tempo, antes de tudo isso começar, era um dia como qualquer outro no reino, mais precisamente um dia pacato e tranquilo no vilarejo de Oakfield. Os moradores estendendo roupas, crianças brincando, estabelecimentos comerciais funcionando como de costume. Apesar das coisas estranhas acontecendo em Lioness, como a repentina doença desconhecida a qual o Rei Gallien foi acometido, a vida continuava a mesma de sempre por aqui.

Apesar de tudo que que aconteceu, os moradores que ali habitavam sabiam que estavam sendo protegidos pelos Cavaleiros Sagrados, enquanto os mesmos os protegiam da terrível ordem de cavaleiros Saligia, cavaleiros condenados por crimes dos Pecados Capitais que mataram a Rainha Rose e seu pequeno filho Tristan. Bom, pelo menos foi assim que eles foram pintados nos cartazes espalhados por toda Lioness e alguns reinos próximos.

Nesse cenário calmo e tranquilo, uma figura caminhava pela vila, um garoto de média estatura, cabelos castanhos, mais puxados para o tom claro, com olhos alaranjados, que caminhava assobiando pelo local, analisando tudo e a todos e parou quando escutou alguém comentando sobre uma figura sinistra de armadura que andava sobre os arredores de Oakfield, desde que o rei adoeceu.

—Eu tenho certeza que esse ser é a alma atormentada do rei, presa entre a vida e a morte! – Dizia um dos comerciantes que estava entregando seus pedidos pela manhã.

—Não, eu creio que possa ser um dos cavaleiros da Saligia, aqueles malditos nunca aprendem! – Respondeu outro aldeão.

Esse “ser misterioso” despertou a curiosidade do menino, afinal, quem estaria assustando tanto os aldeões desse jeito, ele estava ali apenas de passagem para comprar mantimentos, mas bem que ele poderia permanecer ali por mais algumas horas ou até mesmo dias, para descobrir do que se tratava aquela tal figura. Ao ouvir isso, ele começa a parar de prestar atenção no mundo ao seu redor, e começa a pensar.

O Rei está morto? Não... Ele sabe quando vai morrer desde que despertou a habilidade de ver o futuro, e ele sempre falou que morreria em tempos de paz, com sua filha casada. Tem algo de muito errado nessa história...

Quebrando sua concentração, duas crianças passam correndo por ele, brincando de cavaleiros, com espadas de madeira.

—Ei, volta aqui! Eu, o grande cavaleiro sagrado Trevis vou acabar com você!

—Idiota! Eu sou o chefe da Saligia, o poderoso Nier e vou fazer você beijar o chão!

Ele sorri de leve ao ver as crianças se divertirem, e continua puxando seu carrinho de compras, para retornar ao seu bar, o Delito. Pensava em toda a paz em que o reino estava, e que talvez fosse melhor deixar tudo como está, mesmo com a suposta morte do rei.

Mas não. 

Existe algo de muito errado. Quando isso passa por sua cabeça, seu semblante fecha e ele acaba de subir a pequena colina próxima ao vilarejo para finalmente entrar em seu bar. 

O garoto entrou em seu bar, sendo recepcionado por seu animal de estimação Ryon, um gato amarelo com uma juba de leão de fogo:

—Acordou cedo hein? Pretende estragar quanto da comida dessa vez? – Fala o animal, em tom sarcástico. 

—Não enche, bichano, ou vai ficar sem sobras ou qualquer comida hoje. – Responde o menino com um sorriso maligno no rosto. – E parece até que eu cozinho mal, falando desse jeito... – Murmurou decepcionado

—Gyah! Por favor, não! – Implorou o gato.

—Certo, certo... Agora, confere se tudo tá certo no armazém, tem uma lista com tudo lá. Ele empurra o gato com a perna, que sai resmungando em direção ao  armazém. Enquanto Ryon confere o armazém, ele vai para área externa do bar e fica olhando o horizonte, pensando no que ouviu sobre o rei. 

Por que o Gallien está doente? Ele era bem forte, e nunca ficou de cama em todos esses anos... Isso é tão estranho quanto aquela noite, dez anos atrás... Tem algo errado nisso... Será que isso tem algo a ver com a Psychomachia? Ou será algo mais antigo? Droga, se ao menos eu lembrasse de algo de mais de dezessete anos atrás...

Ryon volta e confirma que tudo que estava no armazém estava correto. Com isso, ambos ajeitaram as mesas, limparam os copos e abriram o bar. Clientes começam a entrar e pedir ovos com bacon, chás e algumas comidas mais leves para abrir seu dia. Com o avançar do tempo, clientes em busca de bebidas alcoólicas como cerveja e hidromel e refeições mais completas chegavam, até chegar ao meio-dia, momento que os trabalhadores iam almoçar, e eles comentavam sobre o fantasma de Oakfield.

—É real essa história sobre o fantasma? Digo... coisas assim não existem. – Ele fala ao se aproximar de dois homens que estavam sentados numa mesa. 

—Bobagem, jovem mestre... As crianças que foram brincar mais cedo ouviram lamento de lá, e o fantasma chorava pela Saligia... mas você sabe como são as crianças, afinal você é uma! Hahahaha! - Riu o homem. 

—Ei, talvez ele queira se vingar da Saligia, afinal eles mataram sua mulher e filho 10 anos atrás... Eu também ficaria pirado se fizessem isso com minha família. - Falou com receio na voz, respondendo ao amigo.

—Ah cara, você que é muito medroso com essa coisa de fantasma, eles não existem! – Falou alto o homem dando tapinhas nas costas do amigo.

—Verdade, não deve passar de uma brincadeira. – Falou o garoto suspirando. – Aproveitem o almoço.

Após se afastar dos homens, sons de passos pesados ecoaram no ar, como se estivesse vestindo uma grande armadura. Conforme o som aumentava, todos ficavam apreensivos. Em um empurrão, um misterioso cavaleiro abriu a porta do bar, e deu alguns passos para dentro, fazendo todos pararem de conversar e de comer, fazendo seus corações dispararem. Com a voz abafada pela armadura, ele fala:

—Sa... Li... Gia...

E caiu no chão com um baque, fazendo todos os clientes fugirem gritando que estavam amaldiçoados. Logo Ryon corre para perto de seu dono e se escondeu atrás de sua perna, e ambos observam a armadura caída no chão.

—Quem você acha que é, Ryon? – Questionou o garoto.

—Não sei, talvez se você tirar o capacete...

Porém, quando o garoto estendeu sua mão para remover o capacete, sentiu um sopro gelado em sua espinha. Nesse momento, as engrenagens do destino começaram a girar, como se arquitetassem algo para o futuro do mundo.

Com as mãos trêmulas, o menino retira o capacete que antes protegia o dito "cavaleiro fantasma", e revela uma frágil jovem de cabelos curtos e avermelhados, que por ter caído no chão, parecia estar cansada e faminta, deixando-a incapaz de formular frases e palavras completas, apenas sendo capaz de balbuciar poucas palavras, as quais o taverneiro que em sua frente se encontrava não era  capaz de identificar, além de estar desmaiada.

Percebendo que a jovem estava inconsciente, o taberneiro decide levá-la aos seus aposentos para que a mesma possa se recuperar e possivelmente lhe explicar o motivo de invadir seu estabelecimento. Ao carregá-la pelas escadas, a jovem acorda e começa a realizar movimentos bruscos tentando se soltar, o que por sua vez faz com que os dois caiam da escada. Ao caírem no chão, a menina rapidamente se recolhe para o canto direito tentando se afastar do dono do bar... E após se afastar, a jovem percebendo o espanto do taverneiro com sua reação e não reconhecendo o local que se encontrava, a garota questiona:

—Quem é você, como vim parar aqui, e aonde ia me levar?

O garoto se senta e fita a ruiva, com uma expressão de dúvida no rosto, que começa a corar.

—Na verdade, quem deveria fazer as perguntas aqui sou eu! – Ele ergueu levemente a voz para falar com ela. – Foi você quem entrou no meu bar, e que estava falando da Saligia! Não sabia que é um tabu falar deles, hein? Que coisa...

Ele se levanta do chão, bate suas roupas e vai para trás do balcão, enquanto ela fica encolhida no chão. Ele enche um copo com água e prepara uma salada simples com um pequeno pedaço de carne para a garota, com as coisas que já estavam prontas para serem servidas antes de todos fugirem. 

—Venha. Deve estar com fome. Coma e me conte tudo. Por que estava vagando por aí com essa armadura? Por que está atrás dos membros da Saligia? E mais importante: quem é você? E respondendo o que perguntou antes, eu sou o dono desse bar.

Quando ele acaba de falar, Ryon, que estava amuado num canto, sai dele e vai se sentando no balcão, do lado do prato, e coloca a pata do lado dele, como se a chamasse para se sentar. 

Sentindo-se um tanto quanto deslocada, a menina decide analisar o ambiente em que se encontrava, e ao analisá-lo percebe que, de fato, a atmosfera exalada era reconfortante, podendo até mesmo ser considerada amigável. Sentindo-se, então, um pouco mais segura, a jovem se aproxima do balcão, se senta e começa a comer. Após comer um pouco, ela começa a responder as perguntas.

—Eu sei que é um tabu falar sobre a Saligia, mas eu realmente preciso encontrá-los... – Subitamente a jovem se curva e exclama. – Peço desculpas por ter invadido o seu estabelecimento! – E logo em seguida se levanta e continua a responder as perguntas feitas pelo taberneiro, um pouco relutante. – Me chamo Camille Lioness e estou em busca da Saligia pois somente eles serão capazes de defender o reino do que está por vir... 

Após ouvir todas as respostas, o garoto pondera um pouco e fala:

 -Esse seu nome não me é estranho... Porém, tem certeza que um grupo de criminosos perigosos são a melhor opção? Digo... eles foram banidos por algum motivo, não é? - Questionou a desencorajando.

Antes que ele pudesse continuar ou a garota responder, alguém bate na porta do bar violentamente.

—Abram a porta! Sabemos que escondem um dos membros da Saligia aí dentro!

Ao perceber a movimentação estranha na porta, o taverneiro puxa a garota por cima do balcão do bar e faz para que ela fique abaixada, então pula o balcão e vai atender a porta.

—Não temos pão velho nem nenhum membro da Saligia aqui. Devem ter confundido com outro bar. – Ele faz menção de fechar a porta sem sequer olhar para o cavaleiro.

Após falar isso, o homem lhe chuta no peito e o garoto cai no centro do bar, e o cavaleiro entra desembainhando a espada.

—Agora você me irritou, moleque... não é só porque é uma criança que vou pegar leve!

Ao perceber que o jovem taberneiro estava prestes a ser atacado pelo guarda, Camille se levanta e exclama:

—Pare com isso agora mesmo, eu irei com você, apenas deixe o jovem taberneiro em paz! Ele não lhe fez nenhum mal, apenas teve o infortúnio de me conhecer!

Ao escutar tais palavras proferidas pela jovem, o guarda vagarosamente se afasta do taberneiro, enquanto Camille se aproxima do mesmo. Ele achou estranho aquilo, mas já tinha visto coisas piores. Talvez ele tivesse temperado sua salada com algo alcoólico, mas ela parecia ser desse tipo de pessoa que se sacrifica pelos outros, afinal apenas alguém assim sairia atrás da Saligia.

—Então quer dizer que a princesa de Lioness estava aqui? E ainda por cima, indo atrás dos pecados? Se eu a levar até a capital, com certeza serei promovido a Cavaleiro Sagrado... – Após falar isso, ele coloca sua mão pesada nos ombros da moça, e sorri sadicamente para ela, que desvia o olhar. Quando ia puxá-la para levar para fora do bar, o garoto segura seu pulso.

—Gostei de você, princesa. – Falou sorrindo. – Com certeza te ajudarei a ir atrás da Saligia! – Quando acaba de falar, ele soca o cavaleiro no peito com a outra mão, fazendo-o voar para fora do bar. Ele anda até a porta e vê o cavaleiro se levantar, que grita dizendo que chamará reforços, e é ignorado, com o garoto batendo a porta – Parece que você quer arranjar sete tipos bem problemáticos, não? E me conte tudo que está rolando na capital, por favor. – Ele se põe a olhar o mural com os sete cartazes do grupo de procurados número 1 do Reino, junto da garota.

 


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Notas finais do capítulo

Aguardo vocês no capítulo de amanhã!



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