Breeding Love escrita por Ellen Freitas


Capítulo 27
Leap of Faith


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!!
Quem já está cansado de ver Oliver e Felicity sofrendo a distância? Eu, vocês e Thea Merlyn também, então por isso também trouxe um trechinho que é quase um presente, um POV da nossa amada caçulinha.
Espero que curtam o capítulo. Bjs*



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“Pulo de Fé”

#POVThea

Terminei de ajustar meu tubinho preto de paetês e dei um último retoque no meu batom, pronta para ir trabalhar. Talvez um dia eu me tornasse o tipo que tem trabalhos diurnos, usa sapatos confortáveis e tem uma casa com filhos e cachorros, mas por enquanto, eu amava gerenciar a Verdant e gastar quase todas as minhas noites numa boate, e ainda ganhar muito dinheiro para isso.

Oliver parecia muito bem em seu trabalho de escritório com nossos pais, enquanto Tommy não demonstrava mais interesse algum em voltar ao trabalho desde a grande briga, então aquela boate era mais minha do que nunca.

Ei, filhote… ― Ouvi a voz de Tommy conversando com Ben quando saí do meu quarto, e resolvi parar no batente de sua porta e observar a cena. ― Já tínhamos combinado, nada de sujar as camisas do papai quando ele for sair.

Tommy desabotoou sua Ralph Lauren azul marinho que eu mesma havia lhe dado de presente e entrou no closet, deixando um sorridente bebê batendo palminhas sentado no bebê conforto. Não resisti e entrei para dar um cheiro no meu sobrinho. Iria me atrasar, mas foda-se.

― Cadê o porquinho da titia? ― Ben tinha banana amassada por todo o rosto e tórax, como sempre acontecia quando era Tommy a alimentá-lo, os dois faziam uma bagunça sem tamanho.

― Ótimo, você está aí. ― Meu irmão saiu do closet, agora com uma camisa semelhante à outra, só que preta. ― Pode dar banho nele? Estou de saída.

― E eu pareço alguém vestida para ficar em casa, Tommy? ― questionei com a mão na cintura.

― Quebra essa pra mim, maninha, Felicity já devia ter chegado para buscá-lo, mas ela mandou mensagem dizendo que se atrasou na última entrevista de emprego. Ainda não entendi porque ela não me deixa ligar pro Palmer e resolver o mal entendido do outro dia.

A vida toda, Felicity travou suas próprias batalhas, a faculdade, os empregos que conseguiu, tudo foi resultado de muito esforço e dedicação. Aceitar as coisas de mão beijada ou depender de indicação de poderosos nunca ia fazer o estilo dela. Só que essa era uma realidade tão distante da nossa, que meus irmãos não entendiam a decisão. E eu também não a entenderia, se ela não tivesse me explicado.

― E que compromisso tão importante é o seu que quer me fazer me atrasar pro meu emprego de verdade? Emprego esse que você deveria estar me ajudando, inclusive. ― Optei por manter o assunto longe de Felicity Smoak. Ele apenas me olhou de relance e deu aquele sorrisinho malicioso de canto de boca. ― Fala sério, Tommy, outro encontro? Podia pelo menos começar a levar essas mulheres na Verdant para nos dar algum lucro.

― Você pode ou não? ― questionou de braços cruzados.

― Vai logo, mas só porque amo meu sobrinho e não tive tempo algum com ele hoje.

― Você é dez, Speedy! ― Pegou carteira, chaves e celular, deixando um beijo em minha testa e outro em Ben ao passar por nós. ― Tchau, carinha. Papai te ama.

― Só uma coisa, mano. ― Ele se virou para mim com testa franzida quando já estava na saída, talvez já prevendo a bronca que viria a seguir. ― Você tem que parar com isso, de verdade.

― Não começa, Thea.

― Vou começar sim ― retruquei teimosa. ― Olha, eu entendo que esteja magoado com a coisa do Oliver com a Felicity, mas tem que parar de procurar essas muletas, primeiro o álcool, e agora isso. Sair com todas essas mulheres não está te fazendo se sentir melhor, ou está?

― Talvez eu devesse procurar uma namorada do Oliver, então ― me respondeu ácido. ― Ah, é, ela é minha ex também.

― Ele está sofrendo, Tommy. Sabe quantas vezes eu vi nosso irmão chorar? Nosso irmão mais velho, nossa rocha e porto seguro esses anos todos? ― perguntei retoricamente, antes de eu mesma dar a resposta. ― Duas! A primeira depois que soubemos da sua morte e ele quebrar o escritório inteiro. A segunda, foi quando ele terminou com a Felicity para deixar o caminho livre pra você, o que não deu certo, já que ela amava ele, só ele. ― Tommy trocava o peso da perna, incomodado com a conversa. ― Os dois estão sofrendo, apenas para não te chatear começando um relacionamento, mesmo que se amem de verdade.

― Eu estou segurando os dois, por acaso? Alguma vez me ouviu dizer para não ficarem juntos?

― Não seja cínico ― o recriminei, sem conseguir não ser crítica. Ele pode não ter expressado em palavras, mas suas atitudes falavam bem mais alto.

― E outra, meu sofrimento não vale de nada para você?

― Claro que sim, mas…

― Eles me traíram, Thea, principalmente ele. Enquanto eu estava longe, ele roubou minha namorada e quase consegue roubar meu filho. Então não me espere jogar confete só porque, aparentemente, Oliver agora deixou de ser um mulherengo e se tornou o melhor cara do mundo.

― Pois acho que deveria parabenizá-lo sim, já que finalmente Oliver é o homem que você se esforçava que ele fosse, mas ao contrário disso, parece que vocês estão vivendo naquele filme Sexta Feira Muito Louca ou você foi possuído pelo espírito do Oliver babaca!

― Eu não vou discutir com você, claramente já escolheu um lado.

― Não existem lados aqui, seu imbecil! ― gritei com ele, perdendo totalmente a paciência. ― E outra, você não estava longe, estava morto! Eu assisti o quanto eles lutaram contra esse sentimento em nome da sua memória, pra agora ter que continuar lutando porque você não consegue deixar de ser infantil e teimoso?

― Não estou sendo infantil, eu a amo!

― Ama mesmo? Eu já te vi apaixonado, você é do tipo que move céus e terra pela pessoa, lota caixas de mensagens e caixas postais com presentes, pega aviões para conseguir vê-la por apenas alguns minutos, deixa tudo que tem por essa pessoa. Esse idiota na minha frente, que dorme com metade das mulheres dessa cidade, não é você amando Felicity, é você sendo um cabeça dura!

Não vou dizer que ele não gostava dela, com certeza Felicity ocupava uma parte especial e importante no coração de Tommy, mas ele não estava apaixonado por ela, ao menos não mais. Antes do acidente sim, mas desde que voltou, algo mudou para ele, mesmo que tentasse se convencer e a todos desses sentimentos, eu não conseguia mais ver, e olha que eu me orgulhava de conhecer aquele teimoso bem melhor que quase todo mundo.

Achei que meu discurso até faria algum efeito, mas meu irmão estava tão cego pela mágoa que apenas rolou olhos, saindo do quarto sem dizer mais nada.

― É, Benji, que família você foi arrumar, hein?

Tive que usar uma ridícula capa de chuva para dar banho no meu sobrinho sem terminar parecendo que havia saído de uma tempestade, já que o moleque era bagunceiro demais para ficar quieto.

Quando Ben já estava limpo, trocado e eu já pegava o celular para ligar para Felicity, foi Oliver que entrou pela porta da frente. Eu estava com saudades do meu irmão mais velho. Com todo o malabarismo para evitar o ressentimento de Tommy, quase não o víamos mais na mansão.

― Salvador de vidas! ― exclamei quase correndo até ele. ― Ben, bolsa, bebê conforto ― enumerei entregando tudo para ele. ― Eu estou indo.

― Dá pra explicar?

― Tommy saiu, Felicity está chegando e eu estou com quase uma hora de atraso pra boate. Você é a babá agora.

― Mas eu só vim buscar uma roupa e já ia voltar para o escritório!

― Que bom que já está usando os verbos no pretérito, irmaozão. ― Dei dois tapinhas no peito dele. ― Boa sorte, ele está agitadíssimo hoje.

Corri para pegar minha bolsa e praticamente voar até a Verdant, mas parei no alto da escada. Fato, meus irmãos eram dois bobões quando se tratava de Ben.

― Eu sei, campeão, também estou com saudades de você puxando minha barba ― Oliver usava uma voz doce enquanto andava com o bebê pela sala e o pequeno parecia encantado demais com o rosto do meu irmão. ― Tem dado uma folga pra mamãe? A gente prometeu que não ia estressar ela, lembra? Por falar em mamãe, hora de voltar ao treino. ― Ele colocou a criança no bebê conforto e sentou em frente a ele. ― Ela passou por poucas e boas, então você tem que falar "mamãe" primeiro. Nada de papai, e Deus nos livre, titia.

Sorri. Ver Oliver negociando com um bebê de seis meses como fazia com empresários que tinham negócios com a empresa era no mínimo engraçado, mesmo que parte das negociações fossem contra a minha pessoa. Olhei para a porta da frente, e a plateia era maior do que eu havia notado antes.

Felicity assistia a cena deslumbrada, e uma lágrima solitária banhava seu sorriso, até ela suspirar profundamente a enxugando. Por que a vida era tão injusta com esses dois?

Oliver passou metade da vida em um relacionamento problemático com Laurel, e quando ele finalmente encontra a garota perfeita para ele, tinha que ser a viúva grávida do próprio irmão, que graças a Deus estava vivo o bastante para ser um babaca.

― Viu, seu turno nem durou tanto tempo ― chamei a atenção dos dois, porque realmente estava muito atrasada. ― Como foram as entrevistas de emprego, Felicity? ― Ela apenas deu de ombros. ― Não desanime, vai dar certo, cunhada.

― Eu sei que vai, só estou um pouco cansada. Oliver ― cumprimentou.

― Felicity ― o outro respondeu simplesmente.

― E você, meu amor?! ― Ela pegou Ben no colo, que logo ficou mais animado e sorridente. ― Se divertiu hoje?

― E como! Capa de chuva agora é meu visual preferido antes de sair.

― Desculpa ter te atrapalhado Thea, era pra ele ter ficado com o… Bem, obrigada, nós já vamos indo.

― Podem falar o nome dele, galera. Thomas Merlyn. ― Os dois pareceram muito incomodados apenas à menção daquelas duas palavras. ― Tommy passou o dia com Benjamim. Tommy saiu e me deixou com ele. Tommy é o único motivo de vocês não estarem morando juntos agora. Quanto tempo ainda vão fingir que isso não atinge mais vocês?

― Thea, não seja inconveniente. Boa noite às duas.

― Boa noite nada. Querem saber? Tommy ouviu hoje e vocês também vão. Já chega de ficarem passando vontade porque o teimoso não consegue lidar com o fato de vocês se amarem. ― Eles me encararam chocados. ― Ah, não façam essas caras, vocês já sabem disso faz um tempo e ignorar não está diminuindo o que sentem. Olha aqui, eu amo meu irmão, mas não é justo vocês ficarem aí se encarando apaixonados quando o outro não vê, enquanto Tommy está sendo a pessoa menos casta de Starling City! Isso não é a droga de uma novela, então cortem o drama e vão direto para o que querem de verdade! E tenho dito, agora sim, boa noite.

E saí, esperando que pelo menos um dos três tenha sido atingido com minhas palavras.

~

#POVFelicity

― Você pode colocá-lo no berço, Oliver? Aparentemente, seus braços são os preferidos dele e não queria correr o risco de acordá-lo.

― Claro. ― Oliver assentiu segurando Ben aconchegado em seu colo e subiu para os quartos.

Aproveitei dos poucos minutos livres para tirar os saltos que usei o dia todo nas entrevistas de emprego e ir à cozinha beber um copo de água.

― Babá eletrônica. ― Oliver desceu com o pequeno tablet que acompanhava um vídeo em tempo real do berço do bebê, tocava música e dada vários sinais de alerta a qualquer alteração. Mais uma extravagância de Thea Merlyn.

― Obrigada.

― Precisa de mais alguma coisa? ― questionou depositando o aparelho em cima do sofá.

― Não, você já fez demais nos dando carona até aqui.

― Como se eu fosse deixar você pegar um táxi a essa hora da noite ― respondeu. ― Melhor eu ir.

― Ah, logo que conseguir algum emprego, eu devolvo seu apartamento. ― Oliver parou a meio caminho e olhou para mim com a expressão cansada.

― Felicity, eu não vou mais discutir isso com você. Esse apartamento é seu, por que só não me deixa transferir logo para o seu nome?

― Porque eu não vou aceitar um presente de milhões de dólares ― falei como se fosse óbvio, porque era. Eu nunca me acostumaria com esse mundo onde se dava casas e carros de luxo de presente.

― Eu transfiro então para o nome do Ben, tanto faz. O que não precisa é que você saia daqui para pagar aluguel se temos esse lugar grande e disponível. ― Deu o assunto por encerrado. ― Cuidamos disso depois, eu já vou indo.

― O que estamos fazendo, Oliver? ― Assisti seus ombros subirem em um suspiro profundo, antes de se virar para mim.

― O que quer dizer?

― Isso aqui. ― Formei uma linha invisível entre nós dois. ― Essa tensão está pior do que quando nos conhecemos, e olha que aquela foi uma época a se notar. ― Seus olhos foram inundados por culpa, ainda mais do que já estavam constantemente.

― Felicity, se eu te ofendi de alguma maneira, desculpa… Ainda é sobre o apartamento? Ou sobre, você sabe, Helena? Ou Ray?

― Não, Oliver, não é sobre o maldito apartamento, a Palmer Tech e muito menos sobre aquela… coisa! ― quase gritei. ― A gente não está mais se falando, você colocou essa distância entre nós quando Tommy descobriu sobre a gente, então teve aquelas cenas ridículas no seu escritório e no quarto do seu irmão, mas… Está doendo pra caramba e às vezes não consigo nem respirar direito, droga!

― Você acha que não dói em mim também? ― perguntou baixinho, parecendo desistir de ir embora e encostando a porta. ― Felicity, eu sinto a dor física do meu coração sendo arrancado a cada dia que não posso passar com você. ― Apontou para o peito e senti meus olhos pinicarem, tanto por sentir o mesmo, como também por ter que vê-lo com tanta dor. ― Não sei como chegou nesse ponto, tive uma namorada de mais de uma década e nunca chegou nem em um por cento disso, mas eu sinto.

― E por que a gente não manda tudo pro inferno e apenas fica junto? ― Ele negou com a cabeça, quase com raiva de si mesmo por fazer isso, então cheguei perto o bastante para segurar suas mãos. ― Eu conheço as complicações desse relacionamento, mas sua irmã está certa. Estamos nos sabotando por causa de uma pessoa que parece não dar a mínima pra o quanto estamos mal por isso.

― É meu irmão, Felicity. Eu o magoei muito.

― Ele também é o pai do meu filho ― retruquei sem me abalar. ― Olha, eu me apaixonei por Tommy como nunca estive antes por qualquer​ outro, você sabe disso melhor do que ninguém. Foi arrebatador, empolgante, muito, muito emocional, mas aconteceu há quase dois anos. O que eu sinto por você foi construído lentamente e se tornou bem mais profundo que tudo. Acredita em mim, Oliver, eu te amo!

Minha respiração estava acelerada e ele ficou me olhando em completo estado de choque. Thea tinha razão, negar não estava me fazendo amá-lo menos, ao contrário disso. Se não fosse pelas doses potentes de amor do meu filho, eu sentia que morreria por dentro com toda aquela saudade.

― Que se dane! ― Oliver segurou minha mão mais forte e me puxou contra si, um de seus braços enlaçando minha cintura e anulando agora totalmente a distância entre nós. ― Eu também te amo, Felicity.

No segundo seguinte o loiro já tinha os lábios sobre os meus, a língua pedindo passagem em um beijo apressado, cheio de saudade e vontade. É como se uma barragem inteira arrebentasse e finalmente estivéssemos liberando todo aquele desejo reprimido por tanto tempo.

Eu tinha que admitir que não sabia ser tão rápida, mas a velocidade que desfiz o nó de sua gravata não faria vergonha para qualquer desarmador de explosivos, e logo suas mãos soltavam meu rabo de cavalo e as minhas adentravam seu terno que ele passou pelos braços, quebrando momentaneamente o beijo.

― Senti falta da sua boca na minha ― murmurou em tom baixo.

― A fila é depois de mim, neném ― provoquei com o apelido ridículo. Soltei um gritinho surpreso quando ele me ergueu um pouco do chão para me deitar sobre o sofá, segurando o encosto para aliviar seu peso sobre mim.

― Não me chama assim ― ronronou ao meu ouvido, mordendo o lóbulo da minha orelha de leve, e me arrepiando todinha.

― Como quer ser chamado, senhor Queen?

― Quero que diga de novo, talvez com menos gritos dessa vez.

Já ia perguntar sobre o que ele falava, quando entendi. Levei uma das mãos até seu rosto, o carinho fazendo que ele apoiasse a cabeça em minha palma e fechasse os olhos.

― Eu te amo.

O suspiro que ele soltou foi lindo. Era estranho achar um suspiro lindo? Não importa, tudo nele era tão perfeito, assim como o sorriso que se desenhou em seus lábios e o azul hipnotizante logo que voltou a abrir os olhos.

O que tinha começado minutos atrás de modo tão apressado, agora se acalmava, nós dois tomando tempo para aproveitar cada uma das sensações poderosas que a presença do outro causava, ajustando um ritmo próprio. Era como se estivéssemos continuando daquele momento meses atrás quando ele me perguntou se poderia dar seu nome à Ben.

― Eu te amo tanto ― respondeu, a mão tirando com cuidado mechas do meu cabelo do meu rosto.

Esse beijo agora foi carinhoso, lento e molhado, mas não menos sensual. Meu corpo ondulava sob o dele procurando mais contato, nossas pernas enlaçando-se umas às outras, Oliver falhando em abrir os botões da minha blusa.

― Eu podia jurar que você tinha mais prática nisso ― brinquei quando ele se atrapalhou no terceiro botão.

― Estou nervoso, não me julgue ― respondeu sorrindo. ― E já faz alguns meses, então minha prática não está muito apurada.

― Alguns meses para você deve equivaler a anos ― comentei sorrindo. Considerando como Oliver era um vadio e já estava sem sexo há tempos, ele devia ser quase virgem de novo. ― Aqui, deixa que eu… ― Fiz com que ele se sentasse, minhas pernas ladeando seus quadris, para então arrancar a blusa pela cabeça eu mesma. ― Agora você.

― Demorou.

Mais do que rápido, ele tirou a camisa social, que tinha até alguns botões abertos, e então a camiseta branca de mangas curtas que usava por baixo. Eu nunca tinha visto Oliver sem camisa, o que era estranho para quem morou junto por tanto tempo. Eu lembro de momentos da minha gravidez que apenas queria arrancar as roupas dele com as unhas, mas agora fiquei feliz em manter o mistério. Ele era incrível, quando arranjava tempo para ficar tão quente?

― Uau! ― exclamei tocando com as pontas dos dedos os gominhos firmes de seu abdome. ― Você tem ossos no lugar de músculos, Oliver?

Ele apenas sorriu e me beijou de novo, uma das mãos firme em minha cintura e a outra subindo da minha coxa até parar na minha bunda, a apertando. Eu podia sentir a excitação crescendo em nós dois a cada segundo que seguimos com os amassos no sofá, mas eu precisava de mais, muito mais.

― Será que um dia vamos conseguir chegar no quarto?

Ser mãe havia feito com que eu desenvolvesse quase uma super audição para qualquer ruído relacionado ao meu filho. Logo eu que sempre fui meio desatenta, agora não deixava nenhum barulhinho passar, e foi só por isso que ouvi o grunhido baixo vindo da babá eletrônica.

― Oliver, espera um segundo. ― Sem tirar o braço do pescoço dele, procurei o aparelho em cima do estofado, enquanto ele não parou coisa nenhuma e continuava a beijar meu pescoço. ― Oliver, para.

― Eu não me importo se quiser no sofá, estava brincando.

― Não é sobre o sofá, é sobre um bebê acordando. ― Conferimos juntos a tela, que mostrava Benji no berço, mexendo as mãozinhas e abrindo a boca. Seus olhinhos continuavam fechados, então ele os abriu, mas só um pouco. ― Logo agora, filho? ― perguntei retoricamente, torcendo para ele apenas voltar a dormir sozinho, como costumava fazer às vezes.

― Colabora com a gente, campeão.

A cara de desespero de Oliver era impagável, e eu até riria, se não estivesse meio assim também. Como um milagre, Ben apenas fechou os olhos de novo, sorrindo como se tivesse ciência da brincadeira que havia pregado em nós dois. Ainda o observei por um minuto, mas ele parecia ter voltado ao seu sono profundo.

― Dormiu? ― Balancei a cabeça afirmativamente à pergunta de Oliver.

― Ele devia só estar sonhando. ― Sorri para a babá eletrônica antes de colocá-la de lado.

― Igual a mim.

Qualquer outra pessoa falando, podia parecer uma cantada barata, mas nas palavras de Oliver não foi nada além de doce, até brega. Eu só podia estar muito apaixonada mesmo.

― Vamos lá pra cima. ― Ele apenas assentiu e se levantou comigo ainda no colo, indo em direção às escadas. ― A babá eletrônica! ― Voltamos apenas para pegar o aparelho e já estávamos a meio caminho da escada, Oliver mudou a rota para a saída.

― Nem ferrando alguém interrompe isso hoje. ― Trancou a porta colocou a corrente e ainda empurrou o móvel para o lado, barrando qualquer pessoa de entrar, mesmo que forçasse.

Dizer que foi uma noite mágica seria clichê demais e não descreveria bem. Não foi mágico, foi real. Era nossa primeira vez, então foi meio atrapalhado, mas divertido e muito prazeroso. Oliver era de fato muito bom no quesito sexo, e todo aquele sentimento que seguramos por tanto tempo só deixou tudo mais intenso.

Aquela exaustão de lutar contra, só poder olhar para ele quando ninguém estivesse vendo, reprimir o desejo de beijar, de abraçar, de fazer carinho, tudo isso foi se esvaindo à medida que nossos corpos unidos me movimentavam em sincronia. Eu estava feliz como há muito tempo não me sentia, e mais do que isso. Eu estava em paz.

~

Acordei me esticando como uma gata preguiçosa. Aquela cama estava tão fria com a ausência de Oliver nos últimos meses, mas agora é como se ele nunca tivesse a deixado. Tateei às cegas os lençóis e quando minhas mãos não o encontraram, foi que abri os olhos no susto. Que horas já eram?

― Oliver? ― perguntei para o nada, foi quando notei o bilhete em cima do criado mudo. ― Nossa, ele realmente tem a caligrafia ruim, mas do tipo letra de rico. ― Ri sozinha, para então ler o recado.

"Descanse mais um pouco, estamos lá em baixo. Te amo."

Se eu fosse filmada agora, deveria estar fazendo a cara mais boba do mundo. Era como se eu conseguisse ouvir a voz dele pronunciando as palavras como fez algumas vezes na noite anterior, mas não era algo que eu ou os pelos do meu braço se acostumariam.

Fiquei tentada a aceitar seu conselho e voltar a dormir, ou até mesmo tomar um banho mais longo sem um bebê no banheiro comigo, mas na verdade, eu queria voltar para junto deles. Meus garotos não fariam mesmo uma festa na cozinha sem mim, então apenas escovei os dentes e vesti um robe em cima da lingerie, passando os dedos por meus cabelos e recolocando os óculos.

Desci sem fazer barulho, até encontrar os dois realmente na cozinha. Benjamin estava em sua cadeirinha que geralmente fazia as refeições e brincava com alguns pedaços de mamão e banana, enquanto Oliver revezava sua atenção entre o fogão e o bebê.

― É, campeão, também acho nojento, mas sua mãe gosta de panquecas de chocolate com banana. Pelo menos assim ela come alguma fruta.

― Ei, pare de me desmoralizar pro meu filho! ― chamei a atenção dos dois.

Oliver sorriu pequeno encostando o corpo na bancada, enquanto Ben foi bem mais enfático em sua alegria, e começou a bater as mãozinhas na bancada, quase saltando do seu lugar, seu sorriso de apenas dois dentinhos me conquistando de novo e de novo.

― Bom dia, príncipe lindo da mamãe! ― Segurei a cabecinha linda dele e comecei a encher de beijos. ― Você dormiu a noite toda e já tomou seu café da manhã, parabéns! ― Como a entendesse mesmo o que eu dizia, tentou agarrar meus cabelos em sua tentativa infantil de me abraçar. ― Ainda bem que hoje temos ajuda pra tirar toda essa banana de dentro do seu nariz, não é, Ben? ― Oliver ergueu as duas mãos ao alto, como se já passasse a tarefa para mim.

― Bom dia, meu amor.

― Ah, como é bom ouvir isso de manhã. ― Cheguei na ponta dos pés perto dele para lhe dar um beijo. Mal havia se passado algumas horas e eu já morria de saudade da boca dele. ― Bom dia.

Mas como Benjamin tinha o sangue Merlyn nas veias, logo que nos encostamos e ele já gritava a batia as mãos com força na bancada da cadeirinha, chamando a atenção de volta para si.

― Ah, temos um menininho ciumento aqui? ― Oliver brincou o pegando no colo, sem calcular que era um bebê bem sujo que manchou ainda mais sua camiseta branca. ― Eita, droga.

― Alimentar uma criança sem se sujar todo é quase uma arte. Vem, bebê, antes que você o traumatize. ― Peguei Ben no colo. ― Nossa, você está uma bagunça ― comentei entre risadas para Oliver, que tinha a camiseta mais parecendo uma pintura surrealista de bananas, abacate e mamão.

― Tá achando engraçado? ― Oliver tentou passar a pasta de chocolate na minha cara, mas me desviei a tempo, correndo para longe pela cozinha.

― Ei, estou segurando um bebê!

― Apelação. ― Ele desistiu de tentar me sujar, mas fez algo bem, bem pior. Oliver simplesmente arrancou a camisa pela cabeça, me fazendo morder o lábio.

― Apelação ― retruquei, soltando um gemido.

Bonito demais pra ficar só olhando.

Balancei a cabeça para afastar aqueles pensamentos sujos que se mesclavam à lembranças da noite anterior, tomei uma respiração profunda e subi para dar um banho no meu filho. Talvez no processo, uma ducha fria não faria mal.

― Não fuja de mim, Smoak.

― Oliver, o bebê! ― Me agarrei mais ao Benjamin.

― Oi, bebê. ― Pegou ele dos meus braços, o colocando no centro da cama, então se virou para mim. ― Olá.

Ai, como resistir àquele sorriso? Nos beijamos longamente.

― É normal querer te beijar todo o tempo? ― perguntou para si mesmo, descendo seus lábios para os meus novamente, foi quando a campainha tocou.

― Eu atendo. ― Desviei do seu segundo beijo no último segundo. ― Deve ser sua irmã, ela disse ontem que passaria aqui para aproveitar o dia no parque com o Ben. Ei, espera… Devemos contar a ela sobre a gente?

― Não foi exatamente isso que ela nos mandou fazer ontem? ― perguntou retoricamente. ― Além do mais, não vou me esconder ou pular pela janela só porque minha irmã está aqui.

― Você está certo, você está certo. ― Mesmo concordando, ainda me faltava coragem para descer e abrir a porta.

― Vai, Felicity. ― Depois de um leve empurrãozinho nas costas, tomei coragem para sair do quarto. ― Vou dar banho, arrumar a bolsa do Ben e descemos já.

― E coloque uma roupa, pelo amor de Deus. ― Ele rolou olhos, mas resolveu não contestar mais.

Desci as escadas de dois em dois degraus e logo abri a porta, indo direto para a cozinha preparar os lanches do bebê. Meu porteiro não deixava estranhos subirem sem serem anunciados, então só podia ser Thea mesmo.

― Estou atrasada demais ou deu formiga na sua cama?

Você está atrasada demais ― Thea respondeu da sala. ― O que rolou aqui? ― Entrou na cozinha com braços cruzados e cenho franzido.

― Você precisa segurar o escândalo sobre isso, mas nós resolvemos seguir seu conselho noite passada.

― Espera, "nós" quem? ― Terminei de colocar as frutas na lancheira de Ben e fui seguida por ela até a sala. ― Oh, não ― murmurou ao entender.

― Eu e Oliver, nós… Tommy? ― Me surpreendi com o moreno com o olhar culpado sentado no meu sofá, mas logo ficou de pé ao me ver, passando as palmas pelo jeans. ― Oh, não.

― Eu não deveria ter vindo sem avisar, mas Thea me disse que vocês iam passear, pensei que eu pudesse… ― Sua justificativa ficou no meio quando a voz de Oliver, que descia com Ben, o interrompeu.

― Hey, amor! Descobri que não sei arrumar bolsa de bebê, então preciso de um pouco de ajud… ― Parou na metade da escada. ― Oh, não. Mano?

― Ok, a mesma reação negativa dos três deve significar algo. É melhor eu ir pra casa. ― Tommy não parecia com o mesmo ressentimento de sempre, mas sim o mais desconfortável de todos nós, e sem saber onde colocar as mãos, optou por deixá-las nos bolsos.

― Não, ninguém vai pra casa! ― Thea tomou o controle da sala, ficando no meio dela e erguendo a voz. ― Somos adultos, somos civilizados, todos amamos a mesma criança aqui.

― Speedy, eu não acho que…

― Quieto, Oliver! ― ordenou, apontando para ele. ― Você e Felicity estão juntos, que ótimo. Tommy vai lidar bem com isso de hoje em diante e tentaremos ser, pela primeira vez na vida, uma família normal.

― Mas…

― Shiu! ― cortou a objeção de Tommy. ― Agora vamos todos passear juntinhos no parque, vai ser divertido.

Não ia ser divertido, mas já estava feito. Nisso Thea estava certa, agora só podíamos lidar com isso do melhor jeito possível. Eu sabia que essa história não terminaria sem alguém magoado, me doía que fosse Tommy, mas eu não negaria mais minha felicidade.


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Notas finais do capítulo

Finalmente nosso casal desenrolou e não tem mais quem separe! Ouvi um aleluia?
Estamos a apenas dois capítulos do final, tá acabando! Já sinto saudades!
Nos vemos pelos reviews e até mais.. Bjs*



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