Breeding Love escrita por Ellen Freitas


Capítulo 24
Uprising


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!!
Mais um capítulo quentinho chegando para vocês, espero que gostem!!
Até as notas finais.. Bjs*



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“Revolta”

#POVTommy

― Balconista, balconista! ― gritei para o homem alto e largo, que seria assustador se não lhe tivessem faltando cabelos no topo da cabeça.

― Rapaz, por que não volta para casa, acho que já bebeu demais essa noite.

― Eu não bebi demais, minha tolerância ao álcool é mais alta que o mais alto arranha céu da minha família! ― Ergui o braço e dei até uns pulinhos como se isso desse mais créditos à minha afirmação. ― Eu sou um batman também, sabia? Não, espera… ― Parei ao perceber ter falado besteira, batendo o indicador na têmpora. ― Não Batman, um batman! O cara que faz drinks!

― Eu vou chamar o táxi para você, onde você mora?

― Não em Central City, e por que ao invés de chamar um táxi, me chama outra garrafa? Não, não, tive uma ideia melhor! ― Dei tapinhas no balcão. ― Atenção, todo mundo! Eu sou Tommy Merlyn e vou pagar bebida pra todo mundo. Whisky para meu lado direito, cerveja para meu lado esquerdo e vinho para a galera chique ali do fundão! ― Ouvi gritos de aprovação do bar inteiro e girei no banquinho para ficar de frente ao Henry, o balconista.

― Vá para casa, jovem.

― E decepcionar meus fãs? Bebida pra todo mundo! ― Joguei os braços para o ar. O homem deu sinal para que o garoto mais jovem que o auxiliava servisse a todos. ― Você vê The Vampire Diaries, Henry? ― soltei a pergunta aleatória, e ele não conseguiu evitar rir dessa vez.

― Não sei nem do que se trata.

― É uma série de TV, minha irmã caçula me obrigava a ver junto com ela quando estava na fase longa demais de sua obsessão por vampiros. A gente visitou o set e conheceu o elenco uma vez, dei isso para ela de presente de aniversário de quinze anos. É uma série bem famosa, você deveria conhecer, Henry ― o recriminei. ― Inclusive na segunda temporada tem um lobisomem bem parecido com o Oliver.

― Mas não era sobre vampiros?

― Tem um momento que não dá mais pra acompanhar quem é o que naquela cidadezinha, mas o ponto é: eu estou naquela série ― contei a última parte, baixinho como uma confidência.

― Então você é ator?

― Não, eu sou o irmão bom! ― O fato dele não estar me entendendo, já começava a me irritar. ― Eu e meu irmão nos apaixonamos pela mesma garota e eu sou o irmão bom. O trouxa romântico, fiel, carinhoso, dedicado, que faz de tudo pela amada e respeita as escolhas dela, esse sou eu. Mas por que elas sempre vão preferir o misterioso e sexy irmão mais velho? ― Deitei o rosto sobre o balcão, e como não calculei bem a distância, acabei batendo a cabeça com força, a dor irradiando da testa para o restante do crânio. ― Ai.

― Machucou?

― Mas Oliver nem está errado, ele foi atrás da garota que gosta. Eu deveria fazer o mesmo?

― Eu vou chamar um táxi para você, antes que entre em coma alcoólico do no meu bar e vá direto para o hospital.

― Eu já falei que estou indo fazer isso, Henry, vou procurá-la no hospital! ― Ergui a cabeça em um rompante, a fazendo doer mais. ― Caitlin bateu a porta da minha cara pela quinta e última vez! ― determinei, ficando e pé e sentindo as pernas falharem ao fazer isso. ― Toma, pra cobrir as bebidas dos meus novos amigos. Tem dinheiro e a senha dos cartões é o aniversário do Benjamin. ― Lhe entreguei minha carteira e já saí do bar.

Quando saí foi que me dei conta que precisaria de dinheiro para pagar o táxi. Que se foda, vou a pé! Caitlin Snow, me espera, estou chegando!

Andei a esmo pelas ruas de Central City. As pessoas não estavam sendo nada gentis quando eu pedia informações e perguntava pra que lado era o hospital que minha Caitlin trabalhava. Cheguei em um que parecia pequeno demais, então em outro que parecia azul demais, até alcançar o local tão familiar, afinal havia morado ali por alguns meses.

― Dá licença, eu preciso falar com minha amiga. ― Passei direto pelo segurança, não tinha tempo a perder, mas para alguém que trabalhava em um hospital, o homem não reconhecia urgência, pois segurou meu braço. ― Ui, que forte! Não tenho tempo, meu querido, preciso falar com a doutora Snow.

― Meu jovem, vá para casa, você não está bem.

― Eu estou ótimo! ― elevei a voz. ― Mas tenho que falar com a Caitlin! Caity, vem aqui falar comigo! ― Terminei aos gritos, já que estava sendo impedido de ir adiante. ― Me perdoa, eu fui um babaca! Mas não consigo viver sem você.

― Não me faça usar a força.

― Pode bater, eu não vou embora! ― Me soltei dele e comecei a cantar no meio da recepção da emergência. ― Eu não vou embora! Eu não vou embora!

― Preciso de reforços. E, se puderem, chamem a doutora Caitlin Snow aqui.

― Você chamou ela? Eu te amo! ― Abracei o segurança. ― Posso te contar um segredo? Eu amo ela também, como amigo. Ou não, sei lá. Tá tudo meio que rodando agora.

O segundo segurança chegou e quiseram me tirar a força da recepção. Prometi que ficaria comportado e quietinho em um canto se me deixassem só falar com Caitlin. Depois de mais duas tentativas de chamá-la, ela atendeu.

Meu coração acelerou quando as portas do elevador à minha frente se abriram e ela saiu, usando seu uniforme hospitalar e sua melhor cara de raiva.

― Caity, Caity, Caity! ― Levantei depressa, indo em sua direção. ― Você veio!

― Tommy, o que faz aqui? Estava quase entrando em cirurgia, vá embora.

― Eu só… ― Ajoelhei à sua frente, lhe abraçando pela cintura. ― Me perdoa, me perdoa! ― implorei.

― Deus, pare de fazer escândalo! ― Quanto mais ela tentava me afastar empurrando meus ombros, mais forte eu a apertava. ― É meu local de trabalho, está todo mundo olhando.

― Eu não me importo que olhem. ― Voltei a ficar em pé, abrindo os braços e elevando a voz. ― E daí que todos aqui saibam como eu gosto de você e que fui um babaca com você? Não me deixa, Caitlin, não consigo viver sem você.

― Não podemos conversar com você tão bêbado.

― Você não me atende de outro jeito! Eu tentei ligar, mandar emails, visitar sua casa, ligar, mandar emails, visitar sua casa!

― Doutora Snow, quer que façamos algo? ― O segundo segurança metido a bonitão chegou até ela, e na minha opinião, não era nada profissional da parte dele conversar tão de pertinho com as médicas.

― Ei, você, cara! Sai de perto dela! ― ordenei. ― E ninguém vai fazer nada, se eu quiser eu compro esse hospital. ― De repente a ideia parecia ótima já minha cabeça. ― Você me perdoa se eu te der esse hospital de presente? Melhor, melhor, posso te dar uma rede de hospitais de presente.

Caitlin tinha o rosto enrubecido e lágrimas nos olhos, olhando para os lados, parecendo sentir além de vergonha, mágoa.

― Tirem ele daqui.

E me deu as costas, voltando ao elevador.

― Vamos, cara, já falou com ela, hora de ir.

― Olha aqui, eu vou quando quiser.

O que aconteceu a seguir foi uma sequência de socos, chutes e empurrões, minha resistência em obedecer só sendo interrompida quando a polícia foi chamada, o próximo estágio da minha noite sendo em um carro com sirenes e luzes vermelhas e azuis. Como se não pudesse piorar.

~

― Não empine esse narizinho para mim, você só não passou a noite na cadeia no seu aniversário de dezoito porque nossos pais mexeram os pauzinhos.

Thea estalou a língua a balançou a cabeça em uma negativa triste, como se achasse que eu não tinha mais jeito, enquanto eu massageava os pulsos das algemas que tinham acabado de ser tiradas e recebia da minha irmã um saco plástico com meus pertences pessoais.

A situação era humilhante, isso eu tinha que admitir, ter que ser tirado da cadeia por sua irmã caçula, e ainda sem nem lembrar direito como havia parado ali, em uma dos distritos de Central City. Eu lembrava de voar até aqui e de Caitlin não me deixar subir para falar com ela na tarde de ontem. Lembrava de ir para um bar, como estava sendo meu costume, e beber bastante. O resto era um borrão.

― Não dormimos noite passada quando você deveria estar com Ben e sumiu da cidade! O que fazia em Central City de novo?

― Assuntos pessoais ― respondi simplesmente, colocando de volta meu relógio e a correntinha com o B de Ben de volta ao pescoço. ― E como acabou preso?

― Eu não lembro, ok? Pensei que você pudesse me dar algumas pistas.

― Eu? ― Sua voz ficou mais estridente. ― Eu te procurei em quase todas as delegacias quando um cara chamado Francisco alguma coisa ligou para a empresa e disse que você havia sido detido por fazer algazarra em um hospital.

Sem saber ela me deu a história completa. Bebi demais e, por algum motivo, acabei indo procurar Caitlin em seu trabalho, daí a confusão saiu do meu controle. Francisco deveria ser o Cisco, que dividia apartamento com Caitlin, que não se deu nem ao trabalho de ver como eu estava ou avisar minha família.

― Onde está minha carteira? ― Apalpei os bolsos do jeans, quando guardava meu celular descarregado.

― Eu não sei, Tommy, que merda! ― esbravejou, me conduzindo para a saída. ― Maninho, você está transformando sua vida em lixo!

― Não vou receber bronca de você, pirralha.

― Não me chama assim ou te tranco aqui de novo.

― É brincadeira, minha pequena. ― A abracei. ― Desculpa ter sumido e obrigado por ter me tirado daqui.

― Bom, sobre essa última parte… ― Fez uma careta e eu sabia que a próxima informação era algo que eu não ia gostar. ― Não fui eu que te soltei, foi ele.

Segui seu olhar para ver Oliver uns metros à frente, conversando com o advogado que conseguiu minha soltura, ao mesmo tempo que falava ao telefone.

― Droga, Thea, por que avisou justo pra ele?

― Você foi preso em um estado gigante de embriaguez e sem documento nenhum, ligar para a empresa foi o jeito que conseguiram nos avisar, eu já disse. Ollie ficou sabendo primeiro que eu.

― Tá, mas você não poderia resolver?

― Oh, garoto, eu mal comecei a entender de gerenciar uma boate, acha mesmo que sei lidar com advogados e delegacias?! Oliver é nosso irmão mais velho, preferia que eu tivesse ligado para a mamãe e o papai?

― Só se for o seu irmão ― murmurei, e ela fez aquela cara que sentia pena e raiva de mim ao mesmo tempo. ― Mas se ele vier com sermão moralista…

― Você vai ouvir caladinho, porque está errado. E não me enche mais o saco, falta isso aqui pra eu te dar um chute na bunda! ― Mostrou o polegar e indicador separados por uma pequena distância.

― Seria só mais um ― murmurei apenas para mim, a seguindo para junto dos outros dois.

― Diga que eu só vou chegar à tarde, a reunião terá que ser adiada. Não importa, diga aos acionistas que terão que esperar, ainda estou em Central City. ― Oliver falava ao telefone com sua secretária. ― Quer saber, diga que tirei o dia de folga para resolver assuntos pessoais e a reunião só será amanhã. ― Seu olhar encontrou o meu e estava cheio de pena. Que raiva disso. ― Eu tenho que desligar agora, emita a circular comunicando o adiamento da reunião e tire o dia de folga você também. Ok, tchau.

― Já podemos ir?

― Sim, estão liberados. ― Foi o advogado que respondeu Thea. ― Qualquer problema é só me ligar, é sempre um prazer atender sua família.

― Se puder manter isso fora da mídia, eu agradeço.

― Minha firma já cuidou disso, nada será divulgado. Até mais, senhor Queen. ― Os dois trocaram um aperto de mão. ― Senhor e senhorita Merlyn. ― Se despediu de nós dois com um aceno de cabeça e saiu com sua pasta em mãos.

― Você está bem? ― Foi somente o que Oliver perguntou para mim, e eu detestava aquele tom condescendente.

― Incrível, nada mais revigorante como uma noite numa cela de quatro metros quadrados com outros doze caras. ― Thea me deu uma cotovelada nas costelas pela resposta malcriada, mas Oliver apenas suspirou resignado.

― Vamos, o jato está esperando.

Chegamos na mansão antes do meio dia, depois de um voo esmagadoramente silencioso, e cada um tomou o rumo do seu quarto.

― Com licença? ― Eu saía só de toalha de um banho longo para tirar aquele cheiro de cadeia, quando ouvi as batidas no meu quarto e Felicity já foi entrando, já que a porta estava semiaberta. ― Olha quem veio dar oi pra… ― A loira recuou um passo, seus olhos em minha semi nudez, para então apertar Ben mais firme em seus braços e testar um sorriso, mesmo que fraco.

― Oi, meu amor, senti saudades.

Segurei apenas em sua cabeça para não molhá-lo e beijei seus cheirosos e macios fios negros, e já fui recebido com festa. Seus quatro meses estavam sendo meus preferidos de todo seu desenvolvimento, ele já nos reconhecia, brincava e interagia bastante.

― Você também sentiu saudades do papai, foi? Vou colocar uma roupa seca ― avisei a uma desconfortável Felicity, que trocava o peso da perna e olhava para a janela atrás de mim.

― A gente espera. ― Assentiu e entrei no closet, escolhendo uma camiseta e uma bermuda confortáveis. O objetivo era matar a saudade do meu filhote, depois cair na cama e só acordar amanhã.

― Só faz dois dias e você já ganhou uns três quilos, moleque?! ― Notei ao pegá-lo no colo e sentir a diferença. Quer dizer, poderia ser isso, ou meus braços ainda estavam doloridos de todos os eventos da noite anterior. ― Você ama o cabelo do papai, não ama?

― Tommy, podemos conversar?

Parei a brincadeira de soprar na barriga do meu filho, o fazendo gargalhar e enfiar as mãozinhas nos meus cabelos ainda úmidos do banho, tão parecidos com os seus.

― Ah, não, perdi a aposta.

― Que aposta? ― Franziu a testa em dúvida.

― Aquela que eu fiz comigo mesmo, sobre de onde viria o sermão. Apostei em Oliver ou Diggle, mas os dois brutamontes mandaram você?

― Ninguém me mandou fazer nada, até parece. ― Rolou olhos, sentando na beira do meu colchão, o pedido mudo que eu me juntasse a ela, o que fiz, ajustando Ben sentado em meu colo.

― Não lembro o que aconteceu noite passada, mas não vai se repetir. Desculpa não ter ficado com Ben ontem como prometi. Satisfeita?

― Não quero pedidos de desculpa, Tommy, estou preocupada, todos nós estamos. Depois do acidente, você sabe como sua família ficou, e você viver desaparecendo assim do nada e ainda mais, a gente receber uma ligação e não te encontrar em lugar nenhum? ― Seus olhos ficaram maiores ao se encherem de lágrimas ― Quem é você?

― Felicity…

― Porque o Tommy que eu conheci e amei, meu príncipe, jamais faria nada disso.

― Seu príncipe morreu quando levou duas enormes facadas nas costas, dadas pelas pessoas que ele mais amava.

As palavras tinham um gosto amargo. E mesmo que eu tenha ajustado o modo minimamente educado de conviver com Felicity por causa do nosso filho, ainda era difícil lidar com aquilo. Não era somente sobre a traição, tinha a mentira, e acho que essa última machucava bem mais.

― Você está deprimido, não se alimenta direito, quase alcoólatra, e nem lembro qual a última vez que vi seu rosto sem um machucado nele, parece até um gato de rua ― enumerou. ― Você não pode achar mesmo que está bem.

― Eu estou bem…

― Não está! ― me cortou. ― Quando a gente achava que você tinha morrido, fizemos uma promessa, eu e seus irmãos, de que Benjamin conheceria você, pois falaríamos todo dia sobre a pessoa incrível que o pai dele havia sido. Seu coração bondoso, sua alegria e como fez cada um de nós tão felizes. Esse é o Tommy que eu queria que Ben conhecesse, não essa sombra pálida de você.

― Eu não quero ser uma decepção, mas tudo tem estado tão distorcido desde que voltei ― falei sincero, um nó em minha garganta.

― E ninguém te culpa por isso. ― Felicity pegou Ben dos meus braços e colocou deitado com as costas na cama, então segurou minhas mãos. ― Uma vez sua mãe me disse uma coisa, lá atrás quando conheci sua família. Ela disse que ter filhos é sobre abrir mão do próprio bem-estar por esse serzinho, que tudo sempre vai ser por eles, nossos pensamentos e atitudes. Não se torne alguém que Benji vá sentir vergonha. ― Baixei a cabeça, eu estava com vergonha agora. ― Olha, eu sei que você talvez me odeie agora, mas tenho um carinho enorme por você, não somente por ser pai do meu filho. O que vivemos foi curto, mas lindo, e eu sou quem sou parte por ter convivido com você, ter amado você. Não se perca nessa revolta, Tommy.

― Volta pra mim, Felicity? ― perguntei, não conseguindo mais segurar. Nunca tivemos tão próximos como agora, conversando de coração tão aberto, e senti que se perdesse essa chance, jamais teria outra.

― Eu não posso. ― Desviou o olhar do meu e soltou nossas mãos, colocando os cabelos nervosamente atrás das orelhas. ― Nunca mais poderemos voltar ao que era antes, eu já te falei isso.

― Não precisa ser como antes, pode ser diferente. Temos o Ben agora, pode ser melhor! ― apelei.

― Como eu disse, sempre vou ter carinho e me importar muito com você, mas meu coração…

― É do traíra do Oliver, eu sei.

― Não foi planejado ou algo que queríamos, só…

― Não quero ouvir essa história, Felicity ― a interrompi. ― Vocês dois já me magoaram o suficiente.

― Desculpa.

― E outra, vou te conquistar de volta.

― Tommy…

― Anota aí, princesa, eu não desisti de você. ― Toquei a ponta do seu nariz com meu indicador e ela sorriu de leve, negando com a cabeça como se deixasse aquilo para lá.

Estávamos tão distraídos com aquela conversa importante que perdemos o momento que Benjamin rolou no colchão, brincando com os próprios pés e não fosse seus ruídos de contentamento e orgulho próprio, ele teria rolado para fora da minha cama. O agarrei quase no último segundo.

― Garotão, quer nos matar de susto? ― Envolvi seu corpo com um braço, o segurando firme.

― Meu Deus, filho, não faz mais isso! ― Felicity se abaixou até estar com o olhar alinhado ao dele, respirando aliviada. ― Já conversamos, nada de puxar a veia a aventureira do seu pai, mamãe não aguenta dois de vocês.

― Eu amo vocês.

Sem nem planejar direito, segurei seu rosto e me inclinei para um beijo. Nossos lábios mal haviam se tocado quando ela empurrou meu braço, se arrastando na cama para trás.

― Não faz isso.

Minha mente começava a formular um pedido de desculpas, quando olhei por cima de seu ombro e vi que Oliver observava a cena a Deus sabe quanto tempo. Suas feições estavam quebradas e quando percebeu que havia sido pego no flagra espiando, tentou sair rapidamente, mas Felicity o viu.

― Oliver? ― murmurou, ficando em pé. Toda sua compreensão de minutos atrás se esvaíra e seu olhar só tinha raiva. ― Você é um adolescente, me beijou de propósito pra ele ver? Não cansa de magoar seu irmão? ― Não havia sido nada disso, eu nem tinha visto Oliver ali.

― Felicity, eu não…

― Eu juro que estou tentando, cara, mas você deixa tudo mais difícil! Precisa ser tão babaca e mimado? ― esbravejou.

― Não foi de propósito, só o timing

― Vem, filho. ― Pegou o bebê do meu colo. ― Continue assim e vai matar tudo de bom que ainda sinto por você.

E saiu, batendo a porta.

~

Girei o copo de whisky no balcão da Verdant, a umidade a borda deixando a ponta dos meus dedos dormentes. Estava decidindo se beberia ou não aquela noite, e o não estava ganhando.

Felicity estava certa, eu deveria ser melhor que isso, Ben merecia um pai melhor que alguém que corria riscos desnecessários e ia preso por besteira.
E no fundo eu sabia que o álcool estava sendo apenas um anestésico para todos meus dramas, a situação de Oliver e Felicity, todas as negativas de Caitlin em falar comigo, minha incapacidade em me encaixar de volta em um mundo que foi o meu por toda minha vida antes do acidente, essa tristeza profunda que vinha do nada vez ou outra.
A solução era simples então: encontrar um anestésico diferente e menos perigoso.

― Tommy Merlyn? ― Minha atenção foi para a garota oriental que parou ao meu lado.

― Olá, você. ― Estreitei os olhos, buscando na mente quem era aquela pessoa e encontrando um certo reconhecimento.

― Não se lembra de mim, não é?

― Bom fisionomista, péssimo com nomes. ― Apontei para mim mesmo.

― Shado Fei.

― Uma das namoradas do Oliver, claro. ―Apertei a mão que me era estendida e ela sorriu animada.

― Por falar no seu irmão, o que aconteceu com ele? Esperava encontrá-lo aqui, já que ele não atende minhas ligações desde que voltei de Tóquio mês passado. Ainda é aquela namorada neurótica marcando em cima?

― Desista dele, você não soube? Oliver Queen é um novo homem, vai ser canonizado mês que vem.

― Ui, drama familiar, detesto. ― Torceu o narizinho em uma careta para meu tom levemente agressivo. ― Eu e minha irmã não temos isso, somos unha e carne.

― Até ela te dar uma facada nas costas e roubar seu namorado. Fica esperta, Shado.

― Roubar? Por que não dividir? ― Ergueu as sobrancelhas e passou a fazer desenhos de círculos em meu braço. Havia sido uma sugestão ali?

― Hey, mana, achou ele? ― Uma garota exatamente igual a primeira chegou até nós, me encarando.

― Eu juro que não bebi, como posso já estar vendo dobrado? ― As gêmeas riram.

― Tommy, essa é minha irmã, Mei, é a primeira vez dela em Starling.

― Então por que eu não sou um bom anfitrião nativo e mostro a cidade às duas? Starling pode ser uma cidade nublada o tempo todo, mas à noite, ganha vida.

― Isso é uma ótima ideia, Tommy ― foi a vez de Mei falar, enlaçando meu braço com o seu.

Ser mulherengo não era meu tipo, nunca fora. Sempre tive namoros longos, que sempre acabaram em mágoa e decepção, mas ainda assim, eram relacionamentos sérios. Essa coisa de sair pegando geral em baladas era mais do Oliver, mas se ele podia mudar, eu também poderia.

― Vamos? ― Estendi meu braço livre para Shado, tendo certeza que ainda ia confundi-las muito antes do fim da noite.

Nos últimos dois dias havia levado mais de um pé na bunda das minhas duas garotas, estava cansado disso, talvez mudar fosse o que eu precisava. Dar uma oportunidade para mim mesmo de ser o irmão mau dessa vez.


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Notas finais do capítulo

Eita, que esse menino... Sei nem o que comentar.
Mas deixando Tommy Merlyn lá no fundo do poço dele, finalmente teremos um pouco mais de leveza no próximo capítulo, com algo que vocês tem me pedido bastante nos comentários. Também já estamos caminhando para o final de BL, então está mais do que na hora de fazermos um certo casal voltar a interagir e andar pra frente, vocês não concordam?!
Espero vocês pelos reviews.. Até mais.. Bjs*



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