A angústia de Reuel escrita por Melian a Maia


Capítulo 6
O Batismo da Dama Sagrada


Notas iniciais do capítulo

Para entender as referências é necessário ler ou jogar o livro Saga de Viera em Time Princess. Os personagens desse conto foram criados pela IGG para o Jogo Time Princess e meu conto apenas narra a história pela visão de outro personagem.
A partir do capítulo 9 todo diálogo e e trama desta história foram escritas por mim.



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Ao despertar, Reuel se depara com a mesa cheia de livros e em sua frente uma figura de um Dragão poderoso e feiticeiro. Glaurung, o terrível. 

— Glaurung… então foi ele...

Emilio surge na porta e exclama: 

— Vossa Eminência, finalmente o encontrei.

— Emilio, aconteceu algo?

— Vossa majestade deseja falar-lhe.

— Certo, irei imediatamente, preciso de seus conselhos mais uma vez.

Emílio faz uma reverência e parte para seus afazeres, enquanto Reuel segue até o santuário de Bethrynna. No meio do caminho ele encontra Olga bastante assustada.

— Vossa Santidade?

— Eminência, é você?

Reuel olha confuso para ela porem mantem o silêncio e apenas aponta para o livro em suas mãos.

— Encontrei a descrição de uma maldição neste livro antigo. Combina muito bem com a sua. Estava indo procurá-la.

— Diz como quebrá-la? Diz Olga segurando as mãos de Reuel com entusiasmo  olhando em seus olhos com antecipação. Reuel fica surpreso e trava.

— Esta maldição é originada por um Dragão.

— Dragão?

— Sim. Os dragões são uma raça misteriosa e poderosa. É muito difícil quebrar a magia deles. Além dos deuses, os únicos seres vivos que podem enfrentar os dragões são aqueles que podem usar a magia dracônica.

— Seres vivos que podem usar a magia dos dragões… Onde posso encontrá-los?

Reuel balança a cabeça e suspira levemente…

— Desde o fim da grande guerra, ninguém foi capaz de usar a magia dracônica.

— O quê? Como isso pode ter acontecido… A magia dos dragões foi perdida?

— Não foi perdida… Desapareceu. A grande guerra afetou muitas coisas. Pode-se dizer... que mudou o mundo.

Reuel faz uma pausa e olha para o livro em sua mão com uma expressão bem sincera.

— Mas não se preocupe. Vou ajudar você a encontrar um outro caminho. Se conseguirmos localizar o poder que os deuses deixaram em nosso mundo… Talvez consigamos quebrar essa maldição.

Olga suspira sem esperança e agradece 

— Obrigada, vossa Eminência. 

Reuel acena com a cabeça e se prepara para partir quando Olga o chama novamente assustada.

— Um momento por favor, Eminência.

Ela agarra a bainha de seu casaco tentando disfarçar sua voz trêmula.

— Posso pedir que me acompanhe? 

Reuel se surpreende com o pedido, hesita por um momento mas acena com a cabeça.

— Vamos.

Eles seguem para a direção dos aposentos de Olga e Reuel nesse momento entra em modo de alerta, percebendo que Olga está olhando para a direção da floresta. Ele percebe que há alguém à espreita e mantendo o controle com apenas um olhar informa ao guarda mais próximo sobre seu alerta. Um assovio sinistro ecoa pelo ar. Reuel acompanha Olga até seu quarto e antes de se despedir alerta.

— Vossa santidade, por agora não está seguro andar pelos arredores de Viera. Recomendo que fique em seus aposentos.

— Sim vossa eminência, farei o que me pede.

Com uma referência, Reuel se despede de Olga e parte em direção ao Santuário da Rainha Bethrynna. Chegando ao santuário, Reuel faz uma reverência à rainha e diz:

— Vossa majestade, desejo muito que me conceda um conselho assim eu merecer.

— Reuel, estive com a jovem dama sagrada dias atrás e enquanto a abençoava tive uma visão. Nessa criança existe uma maldição, você sabia dessa informação?

— Minha senhora, a jovem Olga me pediu ajuda dias atrás, informando que tinha vindo aqui para cumprir seus afazeres como Dama Sagrada e descobrir uma forma de quebrar a maldição.

— Continue…

— Eu me dispus a descobrir uma forma de quebrar tal infortúnio, porém até o momento somente descobri quem foi o autor da maldição. Glaurung.

— Glaurung, o terrível?

— Exatamente, acontece que Glaurung já foi destruído a milhares de anos, não consigo entender porque essa maldição não foi quebrada, o que poderia mais poderia ser feito?

— Talvez… Para ser quebrada essa maldição um poder maior e oposto ao que Glaurung possuía seja a solução. Talvez o poder da árvore sagrada seja a resposta. Mas para que a Dama Sagrada seja abençoada, seu batismo precisa ocorrer através de suas mãos.

Reuel olha estupefato para a rainha, ela acabara de falar algo impossível de ser feito. 

— Vossa Majestade, perdão, mas não posso realizar o batismo da Dama sagrada, ela é uma mulher minha senhora, não tenho autorização para tal.

— Meu estimado sumo sacerdote, aponte onde nas escrituras está determinada informação?

— Não estão nas escrituras de fato, mas nos autos de Viera, determinados pelos reis do passado.

— Então já que nossos antepassados, reis e rainhas de Viera determinaram, assim eu também determino, que Vossa Eminência realize o batismo da jovem donzela, para que sua maldição seja finalmente desfeita. 

Reuel não fala mais nenhuma palavra em protesto, ele curva-se consentindo as palavras da rainha e se vira para sair do santuário.

— Mais uma coisa Reuel.

— Sim minha senhora.

— Apenas você poderá libertá-la dessa maldição.

— Minha senhora, ouvi essa mesma afirmação em um sonho esta noite. Temo não ter o poder suficiente para realizar esse feito, meu maior medo está diante de mim.

— Reuel você descobrirá em breve que o maior poder de todo o universo habita dentro de você, dentro de todos nós, escolha com sabedoria seu caminho. Essa é minha bênção para você, que você seja capaz de escolher o seu caminho.

Reuel parte novamente em direção aos aposentos de Olga.

— Vossa Santidade.

Olga olha para ele desnorteada como se não tivesse percebido o tempo passar...Reuel estende a mão e diz: 

— Está tarde, venha comigo para o batismo.

— Certo, por favor me dê um momento, vossa eminência.

Olga se dirige ao vestiário para trocar suas roupas enquanto Reuel a segue com os olhos. Seu coração acelera ao lembrar das palavras da rainha. “Apenas você poderá libertá-la dessa maldição”. Olga retorna com suas vestes batismais deixando Reuel visivelmente admirado. Ele a conduz ao templo onde as luzes de velas deixam a fonte e o ambiente ainda mais místicos. Reuel nesse momento percebe Olga um pouco ansiosa. Ele se volta para ela e informa:

— Vamos começar.

Reuel se volta para a fonte, faz o sinal da cruz e começa a entoar um cântico élfico. As palavras que saem de sua boca, ecoam no templo vazio, soando de maneira profunda e solene. Olga parece bem relutante em entrar na fonte e Reuel percebe porém segue com a cabeça baixa entoando o cântico na esperança de que ela entenda que ele a respeita muito. Finalmente Olga decide entrar na fonte e segue tímida em direção a Reuel. Seu corpo coberto até a cintura pela água acaba sendo revelado dada a transparência do vestido. Reuel tenta se concentrar em seu cântico e oração enquanto Olga começa a se banhar pelas águas sagradas, o som que ela acaba produzindo faz o coração do Elfo acelerar. Reuel segue concentrado e Olga resolve testar sua concentração aumentando o som que faz enquanto se molha com a água da fonte até que de repente ela se desequilibra.

— Ah!

Rapidamente o sumo sacerdote a toma em seus braços e olhando em seus olhos diz:

— Cuidado.

— Obrigada…

— Não é preciso, vamos continuar.

Sem esperar por Olga, Reuel volta a fazer o sinal da cruz, abaixar a cabeça e entoar o canto, dessa vez se pondo ao lado de Olga com cuidado para assegurar que ela não caia novamente. Olga Novamente pega da água e finaliza o ritual como fora instruída ao término do ritual. Reuel sai da fonte e Olga observa que apesar de não haver transparência suas vestes molhadas delimitam o corpo do sumo sacerdote e nesse momento seu rosto fica vermelho. 

— Vossa Eminência eu…

— Perdão, assim que você estiver fora da fonte, em segurança eu vou me virar.

— Certo.

Reuel estende as mãos delicadamente e com cuidado a ajuda a sair da fonte, como prometido ele imediatamente se vira para que Olga se proteja com o Manto deixado para ela próximo a fonte. Olga percebe que só há um manto, empática com a situação do sumo sacerdote, que se molhou para protegê-la, Olga pega seu manto e tenta cobri-lo. Reuel Recua assustado e vira-se involuntariamente, nesse momento, ele vê Olga ainda debaixo de suas vestes transparentes, é impossível para ele desviar o olhar, seu coração dispara, de forma subida ele abaixa a cabeça e diz: 

— Perdão vossa santidade, mas o manto é para que você se proteja.

— Eu quem peço perdão,  fui rude vossa eminência, mas me sinto culpada por ter feito você se molhar e nesse momento está frio.

— Não se preocupe, estou bem. Vamos, eu a acompanharei até seus aposentos.

— Sim.

Com delicadeza ele estende os braços para que Olga se apoie e a conduz até seus aposentos. Em silêncio ambos sobre os degraus até o quarto de Olga quando a mesma se vira e diz: 

— Bem, aqui estamos, mais uma vez peço perdão por ter causado tamanha inconveniência.

— Não foi incomodo algum, é meu dever proteger você

Reuel fica com o rosto vermelho e tenta se corrigir

— Digo, como sumo sacerdote.

— Eu entendi vossa Eminência.

— Você… pode…

— Eu posso? 

Reuel quer pedir que Olga a chame pelo seu nome, mas ele não consegue e num esforço máximo apenas diz: 

— Chamar... A mim se precisar de alguma coisa. 

Ele se vira para sair e nota a mão de Olga o segurando dessa vez de forma mais gentil.

— Acha mesmo que existe um outro caminho para quebrar minha maldição? 

Ao se virar, é recebido por um olhar tão triste e desolado que sua reação quase o leva a abraçá-la. 

— Sim, eu acredito, descanse, amanhã será um dia muito importante.

— Posso pedir a você que fique ao meu lado até que eu durma? 

Reuel constrangido Hesita por um momento mas logo acena com a cabeça positivamente. Olga então vai ao vestiário e troca suas roupas molhadas por um belo vestido branco, bebe do Orvalho deixado na mesa de Jantar, come um pouco de lembas não antes de oferecer ao elfo, mesmo sabendo que ele recusaria. Ela senta-se em sua cama e o pergunta.

— Você é sempre tão sério, nunca sorri?

— Perdão?

— Eu nunca vi vossa eminência sorrindo.

— Ainda não vi um motivo válido para esboçar tal reação.

— Nem mesmo meu escorregão na fonte do batismo?

— Eu não a vi, vossa santidade escorregando e não vejo motivos pra rir de uma queda.

— Vossa Eminência... É muito gentil, obrigada.

— Não me agradeça por algo que deveria ser minha obrigação.

— Eu não me recordo do seu nome Vossa eminência… 

Nesse momento Olga se deita e se acomoda na cama já bastante sonolenta. Reuel se vira para dizer seu nome e percebe Olga já adormecida, ele a cobre e de uma forma incontrolável ele beija suavemente seus lábios e ao se levantar ele sussurra: 

— Meu nome é Reuel... 

Para seu espanto Olga sussurra algo sorrindo. 

— Eu me chamo Zoya… vossa Eminência… E volta a adormecer.

Assustado, Reuel toca em seus lábios e se levanta rapidamente deixando os aposentos, na esperança de que amanhã nada seja lembrado por Zoya. 

— Zoya… Ela se chama Zoya… 

Ele decide manter mais esse segredo consigo até que no momento oportuno o revele. Ao chegar em seus aposentos percebe que ainda está molhado e rapidamente veste seus trajes para dormir. Deita na cama e lembrando do que fez faz uma oração. 

— Deus da Luz, peço que me perdoe por tal afronta que cometi agora a pouco, não consegui controlar meus impulsos da mesma forma que não consigo mais controlar meus sentimentos pela dama sagrada. Peço ao senhor um milagre, pois só um milagre nesse momento pode me acalentar. Se for do teu desejo, que nossos destinos se cruzem o mais breve possível. 

Ao final da oração olha para as estrelas e Balbucia um nome… 

— Zoya…


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