Memórias Paternas escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 4
Memórias paternas


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos ao ultimo capitulo desse especial do dia dos pais, espero que tenham gostado e se emocionando até aqui.
Queria pedir desculpas por não ter postado ontem, mas realmente não tive tempo para terminar o capitulo.
Espero que entendam e se emocione com esse pai incrível, que o nosso amado garoto rebelde se tornou.

Música do capitulo: https://www.youtube.com/watch?v=7uyeO4AAVmE



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POV. ETHAN THOMPSON

Achei que estaria pronto para ser pai, que doce engano o meu.

Havia lido todos os livros relacionados ao assunto, ampliando ainda mais meu conhecimento na área infantil, já que possuía como uma das minhas especializações a pediatria, mas nada do que aprendi na faculdade ou especialização, me prepararam para a responsabilidade de ter duas pequenas vidas inteiramente dependentes de mim.

Era um amor tão grande e irracional que jamais senti por alguém, sabia que se precisasse dar minha vida pelo bem-estar dos meus filhos, faria isso sem ao menos pensar e olha que eles nem haviam nascido, mas além do amor incondicional surgiu também o medo irracional de não ser um bom pai.

 Tinha verdadeiro pavor de no fim, meus filhos dizerem que não havia sido um bom pai para eles. Só de pensar nessa possibilidade, era como ter uma faca cravada no meu coração, por isso me dedicava a perguntar e questionar para todos os meus colegas do hospital que eram pais, como podia ser o melhor pai do mundo para meus filhos e pacientemente eles me deram dicas valiosas. Até que chegou o momento de questionar a única pessoa, para quem não havia perguntado nada, meu próprio pai.

Sempre achei que recorrer a Elliot Thompson seria um sinal de fraqueza, já que meus irmãos mais velhos sempre resolveram seus problemas sozinhos, mas depois de tudo que passei no passado, com a história do desvio do dinheiro do hospital e os segredos que mantive da minha esposa que na época, prometi a mim mesmo que jamais iria esconder meus temores dos meus pais ou da minha mulher novamente.

Por isso decidi que seria melhor conversar com meu pai, pois não queria que Cíntia pensasse que havia me arrependido de estarmos esperando nossos filhotes, porque era uma ideia que jamais havia passado na minha cabeça.

Respirei fundo e bati na porta, aproveitando que minha mãe e minha esposa haviam saído para comprar algumas coisas de última hora para o enxoval dos nossos filhos. Elas fizeram questão de me convidar, mas preferi ficar em casa para conversar com meu pai tranquilamente.

Assim que recebi sua autorização, entrei no escritório do meu pai fechando a porta em seguida, sorri assim que vi a parede de fotos que ostentava o quadro do desenho que fiz da nossa família quando pequeno, além de inúmeras fotos de mim e dos meus irmãos em várias idades. Contando agora com novas adições, como a foto dos meus pais com a primeira neta, Kyra, filha do meu irmão Benjamin, e uma foto do meu casamento, na qual estavam meus pais, eu e Cíntia, na recepção da cerimônia.

—Aconteceu alguma coisa, filho? - meu pai questionou preocupado, desviando os olhos do livro que estava lendo, sentado no sofá que havia em seu escritório.

—Será que poderíamos conversar, papai? Prometo não tomar muito tempo da sua leitura. -prometi e meu pai sorriu amoroso fechando o livro que estava lendo, colocando-o em cima da mesa de apoio que havia ali, antes de bater ao seu lado me convidando para sentar.

—Harry, você jamais irá atrapalhar, filho. Não importa o que esteja fazendo, se você ou seus irmãos precisarem de mim, largarei tudo para lhes dar atenção.- meu pai disse amoroso e me sentei ao seu lado sem coragem de olhar em seus olhos, enquanto girava minha aliança na mão esquerda, um hábito que havia adquirido assim que comecei a usá-la.

—O que está lhe afligindo, amor? - meu pai questionou amoroso e desviei os olhos da minha aliança para vê-lo.

—Como sabe que tem algo me perturbando, papai?

—Sou seu pai, Ethan, lhe conheço como a palma da minha mão... Além do mais, toda vez que algo me preocupa também fico girando minha aliança no dedo de forma inconsciente, como você está fazendo agora.

—E eu achando que era a versão masculina da dona Leah. -segredei brincando e sorrimos.

—Noventa e nove porcento sim, mas um porcento de você é meu. - meu pai disse sorrindo e tive que concordar, afinal conseguia reconhecer algumas manias dele em mim, apesar de sermos tão diferentes. -E então, filho, o que está havendo?

Antes de dizer qualquer coisa fechei os olhos e respirei fundo, reunindo coragem para confessar ao meu pai que estava apavorado, com a proximidade do nascimento dos meus filhos.

—Ethan, amor...-papai sussurrou preocupado acariciando minhas costas, como se tentasse de alguma formar me confortar do que estava me afligindo.

—Estou apavorado, pai. Apavorado em não ser um pai tão incrível, quanto você e Benjamin são. Não quero decepcionar Cíntia, muito menos meus filhos que ainda nem nasceram...Não quero que me odeiem por ser um péssimo pai...- sussurrei entre lágrimas olhando para o meu pai em buscar de respostas, mas tudo que ele fez foi me envolver em um abraço apertado me deixando chorar em seu ombro, desabafando assim todos os meus temores.

—Me sinto um fraco por admitir que estou apavorado em ser pai, papai. -sussurrei com a cabeça apoiada no ombro do meu pai assim que parei de chorar, enquanto ele acariciava meus cabelos com carinho.

—Você jamais foi fraco, Ethan Harry, e não será agora, apenas porque admitiu estar com medo de fracassar sendo pai. É muito natural isso, afinal toda a sua vida irá mudar assim que seus filhos nascerem...Saber que duas pessoinhas indefesas irão depender de você para tudo é assustador, mas é bom que tema, filho, porque demonstra o quanto está consciente do papel importante que desempenhará na vida dos seus filhos. Sabe, quando soube que seria pai também fiquei apavorado nas três vezes. - meu pai disse ainda acariciando meu cabelo e me afastei para olhá-lo confuso.

— O senhor?! Duvido. O senhor é o melhor pai que deve existir nesse mundo, sempre acho que algum dia vão premiá-lo por isso. E como assim, nas três vezes? Quando Ben e eu nascemos, o senhor já era pai da Ária, entendia muito bem do assunto. - disse confuso e meu pai sorriu suave, antes de passar a mão em seus cabelos pretos que agora possuíam vários fios brancos.

—Sim, mas cada filho é diferente do outro, Ethan. Ária é geniosa e justa por natureza, nunca desisti do que quer e não aceita um não como resposta, não sabe quantos eu te odeio ouvi dela quando adolescente, a maioria dos meus cabelos brancos são por causa dela e a outra parte é sua.- meu pai brincou e sorriu, antes de voltar a falar.- Quando soube que sua mãe estava grávida do Benjamin, fiquei com medo de não ter a mesma disposição para acompanha-lo durante sua infância como tive com a minha primogênita, afinal fui pai da Ária aos vinte e dois anos, com vocês já passava dos quarenta.

—Mas a idade não o impediu de ser um pai incrível, que esteve ao nosso lado em todos os momentos até nos mais perigosos. - disse sorrindo me lembrando de quando tinha cinco anos e subi na macieira que havia no jardim, deixando meus pais apavorados com a possibilidade de que caísse daquela altura, antes que pudesse imaginar como desceria meu pai já havia subido me pegado no colo e tranquilizado, colocando-me em suas costas para descermos.- Lembra da macieira, papai?

—Lembro, você quase nos causou um infarte, Ethan Harry. Depois daquele dia, achei prudente fazer meu testamento, porque tinha certeza que meu filho caçula iria me matar antes da hora. - meu pai disse pensativo, antes de me olhar de forma acusatória.

—Eu era uma criança exploradora e curiosa, papai. - me defendi dando de ombros e ele sorriu concordando.

—E como...Tive que me adequar para atender suas necessidades, assim como aconteceu com seus irmãos mais velhos. - meu pai disse suave afastando uma mecha de cabelo dos meus olhos.- Ethan, amor, você pode estar inseguro e apavorado agora, mas prometo que assim que pegar seus filhos no colo e olhá-los pela primeira vez, saberá exatamente o que fazer...Será algo natural como respirar, nem se dará conta que um dia teve medo de ser pai.

—O senhor acha, pai? Acha que serei um bom pai? -questionei olhando-o de forma esperançosa.

—Não acho, Ethan, tenho certeza disso. O primeiro passo você já tem, que é o amor incondicional por seus filhotes, só isso já o qualifica como um grande pai. - meu pai assegurou e agradeci, antes de lhe abraçar com força.

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Sai da sala de cirurgia exausto, mas feliz por saber que havia dado uma chance a uma criança de três de continuar viva, depois do acidente pelo qual passou ao atravessar a rua para pegar a sua bola. Foi inevitável não me colocar no lugar dos pais dela, quando recebi a ligação de madrugada no meu telefone pessoal, já que havia desligado o coorporativo, pois havia tirado minhas férias para acompanhar o nascimento dos meus filhos.

Assim que tomei ciência do problema através da enfermeira chefe da ala pediátrica, já que o plantonista pediátrico havia se machucado horas antes de assumir o seu plantão não podendo assim fazer a cirurgia de emergência na criança, pedi a ela que preparasse a sala cirúrgica para o procedimento, pois estaria chegando em menos de vinte minutos ao hospital para realizar a operação.

Depois que desliguei o telefone e olhei para a minha esposa, que havia acordado com a minha conversa ao telefone, comecei a lhe explicar o que havia acontecido, mas antes que pudesse concluir minha fala, Cíntia me interrompeu dizendo que entendia a minha decisão e me pediu para fazer tudo que pudesse para salvar a vida da criança, me fazendo sorrir emocionado e orgulho por saber que a minha esposa entendia a razão de deixa-la sozinha na cama no meio da madrugada.

Após três horas de cirurgia, tudo que queria agora era voltar para os braços da minha esposa, passando assim o resto da noite e provavelmente uma boa parte da manhã dormindo, algo comum depois que enfrentava horas seguidas de operação, mas antes de voltar para o conforto da minha casa, tinha o dever de informar aos pais da criança que a cirurgia havia sido um sucesso, garantindo-lhes que seu filho poderia levar uma vida normal assim que saísse do hospital, como qualquer outro menino de três anos.

—Parabéns pela cirurgia, doutor Thompson, perfeito como sempre. - doutor Nicolas que me auxiliava na operação me elogiou tirando-me dos meus pensamentos, enquanto lavávamos as nossas mãos, antes de seguirmos para o local onde trocaríamos as roupas utilizadas na cirurgia.

— Não fiz o trabalho sozinho, Nicolas. Foi um trabalho em equipe, o importante é que o menino ficará bem e poderá ter uma vida normal. - expliquei já devidamente trocado, pegando minha aliança no armário colocando-a em seu devido lugar na mão esquerda, antes de colocar minha medalhinha de São Lucas no pescoço.

—Claro, você tem toda a razão. Se não tivéssemos trabalhado em equipe, não teríamos conseguido salvar a vida dessa criança. -ele concordou enquanto saímos e seguíamos em direção ao corredor, pegando caminhos diferentes.

 Nicolas foi direto para o dormitório dos médicos, tomar um banho e descansar um pouco, já eu fui em direção a sala de espera da ala da emergência pediátrica, onde os pais do garoto deviam estar aflitos por notícias. Em silêncio me aproximei do balcão da recepção, pedi informações sobre os pais da criança que havia acabado de operar para a secretária que estava ali, prontamente ela me indicou o casal e agradeci me encaminhando em direção a eles.

—Senhor e senhora Albuquerque? - questionei assim que me aproximei do casal, que estava sentado lado a lado nas cadeiras plásticas que estavam ali.

—Somos nós...Aconteceu alguma coisa com o nosso filho, doutor? - o homem questionou aflito se levantando da cadeira e a mulher fez o mesmo.

—Sou o doutor Ethan Thompson, senhores Albuquerque. Fui o responsável chefe pela operação de emergência do filho de você. Podem ficar sossegados, a cirurgia foi um sucesso, o garotinho de vocês não ficará com nenhuma sequela do acidente. - assegurei a eles que respiraram aliviados com a notícia.

—Muito obrigada, por salvar meu filho, doutor Thompson. - o senhor Albuquerque disse com gratidão e sorri suave para ele.

—Não precisa me agradecer, senhor Albuquerque, apenas fiz o meu trabalho.

—Quando poderemos ver o nosso filho, doutor? - a senhora Albuquerque questionou aflita para ver o filho.

—Vou dar orientações para a enfermeira chefe da UTI pediátrica, que os leve para olhar seu filho por alguns instantes para que se tranquilizem, mas sua transferência para o quarto só ocorrerá depois que ele acordar e verificarmos que está tudo bem. Após isso, ele passará alguns dias no hospital antes de voltar para casa, se poderem me acompanhar falarei agora mesmo com a enfermeira chefe, para que os leve até a UTI. - pedi e eles concordaram me seguindo em direção a enfermaria da UTI, onde solicitei a enfermeira que levasse os pais até o filho recém operado, antes de assinar alguns documentos rotineiros relacionados a operação de emergência que havia acabado de fazer.

—Ethan? O que faz aqui? Achei que estava de licença, por acaso sentiu saudades do hospital e resolveu encurtar as férias?  - Fabricia, a fisioterapeuta da ala pediátrica e uma das minhas amigas da faculdade, questionou surpresa assim que entrou na enfermaria e me viu ali.

—Ainda estou de licença, Fabricia, só vim atender uma emergência porque o Heitor, meu substituto nesses casos, quebrou o pé ensinando o filho a patinar no gelo. Apesar de sentir saudades do hospital, não pretendo encurtar minha licença quero ficar os próximos seis meses ao lado da minha esposa e dos nossos filhos. -expliquei desviando minha atenção dos documentos, para conversar com ela que sorriu surpresa.

—Isso é que é pai modelo, porque a maioria foge quando o assunto é acordar de madruga para trocar fraldas. Para quando está programado o parto dos seus filhos?

—Cíntia completou ontem as trinta e sete semanas, então eles podem nascer a qualquer momento. Por isso quero voltar para casa assim que possível, depois que o filho dos Albuquerque acordar e examiná-lo, me certificando que está realmente bem.

—É o certo a se fazer. Bom, preciso ir porque os pacientes estão à minha espera. Desejo uma boa hora para a Cíntia e que os filhos de vocês nasçam com saúde. - Fabricia disse pegando alguns portuários da auxiliar de enfermagem e lhe agradeci, antes de voltar a assinar a minha papelada.

Assim que terminei de assinar tudo, entreguei as pastas para a auxiliar de enfermagem e caminhei em direção ao dormitório, pois queria mandar uma mensagem para a minha esposa para saber se estava bem e lhe avisar que ficaria mais algumas horas no hospital, me certificando que a criança que havia operado estava bem.

—Doutor Thompson. - ouvi uma voz conhecida gritar atrás de mim e virei para ver quem me chamava, parando no meio do corredor que levava a área de repouso dos funcionários.

Estreitei os olhos assim que reconheci Eleonor, recepcionista da ala da maternidade do hospital, correndo em minha direção me deixando confuso, afinal obstetrícia não era uma das minhas especialidades medicas e sim do meu pai. Mas enquanto ela se aproximava correndo de mim, um pensamento passou em minha mente me fazendo arregalar os olhos, diante do temor que tomava conta do meu corpo me fazendo tremer.

Por favor, Deus, que nada tenha acontecido com a minha esposa e muito menos com nossos filhotes, implorei em pensamento enquanto Eleonor parava ao meu lado e colocava a mão no coração, tentando recuperar o folego por alguns instantes.

—O que aconteceu com a minha mulher, Eleanor? - questionei com a voz tremula de pânico, temendo que algo de muito ruim tivesse acontecido com ela.

—A sua esposa, doutor...Ela entrou em trabalho de parto, está na sala de parto 456...- Eleanor explicou e não terminei de ouvir o que dizia, simplesmente sai correndo em direção as escadas de incêndio para poupar tempo, pois àquela hora todos os elevadores deviam estar cheios de pacientes e equipes medicas parando em todos os andares, o que me faria perder um tempo precioso.

Enquanto descia as escadas feito um louco até a ala da maternidade, pedia durante todo o trajeto a Deus para chegar a tempo de ver os meus filhos nasceram, assim que localizei a sala de parto 456 abri a porta de uma vez assustando a todos que estavam ali, caminhando em seguida na direção da minha esposa, ocupando o espaço que sua mãe estava antes.

—Por favor, me perdoa meu amor, jamais quis deixa-la sozinha...Ainda mais durante o nascimento dos nossos filhotes...- implorei culpado com lágrimas nos olhos, beijando em seguida a mão da minha esposa com carinho.

—Shh, amor, está tudo bem. Eu entendo do porquê estava ausente, o importante é que está comigo agora e que tenha salvado a vida de uma criança...Você salvou a vida dela, não foi? -Cíntia questionou e sorri concordando, emocionando por ver que mesmo naquela situação de dor ela conseguia se preocupar com outra pessoa. -E não se preocupe, porque nossos filhotes ainda não nasceram, tenho certeza que estavam esperando pelo pai.

Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Cíntia apertou a minha mão com força sentindo uma contração e a incentivei a fazer força, para que nossos filhos nascessem. Logo um choro alto encheu o ambiente, fazendo meu coração bater acelerado enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas, ao perceber que um dos meus filhos havia acabado de vir ao mundo.

Em seguida Thiago, obstetra da minha esposa, anunciou que havia nascido um menino saudável e me questionou se não queria cortar o cordão umbilical dele, uma proposta que aceitei sem ter que pensar muito.

Dei um leve beijo na testa da minha esposa, antes de caminhar em direção a Thiago, cortando em seguida o cordão umbilical do nosso bebê. Esperei impaciente que a enfermeira o enrolasse em uma manta azul com o logotipo do hospital, colocando-o em meus braços ansiosos para segurá-lo pela primeira vez.

—Oi, filhote...Sou seu pai e é um prazer te conhecer, meu amor. - disse sorrindo apaixonado para o meu filho que sorriu para mim, enquanto me encarava com um par de olhos azuis cristalinos da cor do céu, foi impossível não ficar fascinado em como ele se parecia comigo, só que numa versão loira de olhos azuis, fiquei emocionado ao perceber que meu filho havia se encaixado perfeitamente no meu colo, como se meus braços tivessem sido feitos para segurá-lo.

Ainda emocionado, me inclinei para beijar a sua testa com carinho sentindo assim seu cheiro pela primeira vez, Laranja e baunilha, enquanto surrava eu te amo em Quileute para ele, mas o grito de dor da minha esposa diante de outra contração, me tirou da emoção que era segurar meu filhote pela primeira vez nos braços.

Fiquei dividido entre continuar segurando meu bebê no colo e ir até a minha esposa, mas sabia que naquele momento Cíntia precisava muito mais de mim, relutante dei um último beijo na testa do meu filhote antes de voltar para o lado da sua mãe, segurando sua mão enquanto a incentivava a fazer mais força apesar de ser visível o quanto ela estava exausta, mas antes que pudesse me preocupar com uma possível complicação, ouvimos outro choro alto anunciando que a nossa menininha havia nascido, enquanto segurava minha mulher nos braços, assim que ela perdeu as forças diante do esforço feito.

—Você conseguiu, meu amor. Estou tão orgulhoso de você, minha princesa. - disse amoroso beijando sua testa com carinho, enquanto Thiago examinava a nossa filha, antes de me chamar novamente para cortar seu cordão umbilical, como havia feito com seu irmão.

Assim que a enfermeira limpou minha filha, colocou-a no meu colo e sorri enquanto notava o quanto ela era parecida com a mãe ao contrário do irmão, que era uma versão minha loira de olhos azuis. Emocionado, me inclinei para beijar sua testa com carinho sentindo seu cheiro pela primeira vez, orvalho da manhã e flores do campo, antes de sussurrar eu te amo em Quileute para a minha filhotinha que emitiu um som incompreensível me fazendo sorrir, segurando meu dedo indicador com força sem desviar seus olhos dos meus.

—Posso pegá-los um pouco no colo? -minha esposa pediu sem forças para mim.

—Claro que pode, meu amor. - disse desviado os olhos da nossa filha para ver a minha esposa, solicitando a enfermeira que levasse meu filho para que a mãe o conhecesse também.

Sorri feliz assim que coloquei meus filhos no colo da mãe, permitindo que pudesse olhá-los pela primeira, depois de esperar por nove meses para conhecê-los.

Ver o sorriso de Cíntia por ter nossos filhos nos braços foi algo emocionante, era possível ver o amor e adoração refletido em seus olhos, enquanto olhava para os dois de forma encantada.

Depois que apresentamos os gêmeos a nossa família e revelei seus nomes, lhes dando em seguida as medalhinhas de São Lucas, eles acharam melhor ir para casa voltando pela manhã para fazer outra visita. Apenas a mãe de Cíntia fez questão de passar a noite com a filha, já que não poderia deixar de atender qualquer emergência que pudesse surgir até o final do plantão, pois estava no lugar do plantonista pediátrico daquela noite.

—Porque não descansa um pouco, Ethan, tenho certeza que Cíntia e as crianças não acordaram agora. -Lauren, minha sogra, aconselhou sentada no sofá que havia no quarto enquanto estava sentado ao lado da cama em que Cíntia dormia profundamente, acariciando seus cabelos claros como raios de sol.

—Obrigado, Lauren, mas não estou cansado. Na verdade, estou acostumado a ficar horas sem dormir por causa do trabalho. - disse baixo, com medo de acordar meus bebês que dormiam profundamente, sem desviar os olhos da minha esposa enquanto acariciava seus cabelos.

—Tudo bem, vou buscar um café, gostaria de um também, Ethan? - Lauren questionou solicita se levantando do sofá enquanto pegava sua bolsa, antes de caminhar em direção a porta.

—Sim, por favor, forte e sem açúcar. - pedi e ela concordou, abrindo a porta e saindo em seguida me deixando a sós com minha esposa e meus filhos.

Assim que Lauren deixou o quarto, percebi que a respiração de Cíntia havia mudado denunciando que minha esposa estava prestes a acordar, assim que seus olhos se abriram encontraram os meus fazendo-a sorrir.

—Olá, pai dos meus filhos. - Cíntia brincou baixo me fazendo sorrir, sem parar de acariciar seus cabelos.

—Olá, mãe dos meus filhos. - sussurrei participando da brincadeira, enquanto me inclinava para beijar seus lábios brevemente me afastando em seguida.

—Como o Adrian e a Moema, estão? Acordaram alguma vez enquanto estava dormindo? - ela questionou preocupada desviando os olhos de mim, para ver os dois berços portáteis transparentes onde nossos filhos dormiam serenamente.

—Estão bem, meu amor, não acordaram nenhuma vez desde que mamaram e adormeceram. - assegurei e ela respirou aliviada me fazendo rir.

—Que bom, estava com medo de ser uma péssima mãe logo no meu primeiro dia.

—Isso é impossível, princesa, tenho certeza que será uma mãe maravilhosa para nossos filhos. - disse sincero acariciando seus cabelos com carinho enquanto olhava em seus olhos verdes escuros.

—Odeio admitir, mas estava com medo de decepcionar você ou nossos filhos, sendo uma péssima mãe. - ela admitiu sincera e respirei fundo, tomando coragem para admitir que também senti o mesmo, antes de pegar nossos filhos no colo.

—Também sentia o mesmo, Cíntia. Dividi com meu pai minhas inseguranças e ele me disse que tudo daria certo, que sabia que seria um bom pai. Que assim que pegasse meus filhos no colo pela primeira vez, saberia o que fazer por instinto e ele tinha razão.- disse desviando os olhos da minha esposa para ver nossos filhos, sorrindo ao perceber que não existia mais o medo de ser um péssimo pai.- Não há nada que não faria por eles ou por você. Seria capaz de dar a minha própria vida por vocês, sem ao menos pensar no assunto.

—Eu entendo, Ethan, pois senti a mesma coisa quando peguei nossos filhos no colo. Todo temor e receio, simplesmente se foi, me dando a certeza que seremos os melhores pais desse mundo. - ela disse suave e voltei minha atenção para a minha esposa que sorriu amorosa para mim.

—Sempre soube disso, amor. - segredei amoroso para ela que sorriu, segurando a camisa que estava usando e me puxando para mais perto me beijando em seguida, antes de sermos interrompidos pelo choro de um dos nossos bebês que logo se tornou uma sinfonia alta, já que a zoada havia acordado nossa filha.

Me separei da minha esposa e caminhei em direção aos berços, pegando primeiro Moema no colo e levando-a para a mãe, antes de pegar Adrian para esperar a sua vez de mamar, mas Cíntia assegurou que poderia amentar os dois ao mesmo tempo e a ajudei a fazer isso, deixando-a o mais confortável possível assim como nossos filhos.

Os primeiros raios de sol surgiram enquanto estava com meu filho no colo, embalando-o gentilmente tentando fazê-lo arrotar depois de ter mamado pela terceira vez, assim que consegui o meu objetivo Lauren assegurou que Adrian havia dormido e o coloquei em seu berço, percebendo que minha esposa também havia caído no sono depois de amamentar os bebês.

Enquanto os três dormiam, disse a minha sogra que iria até a UTI pediátrica para ver como a criança que havia operado estava, aproveitaria também para passar todas as informações para o pediatra da manhã, encerrando assim o plantão da noite. Ela informou que estava tudo bem e disse para que fosse tranquilo, pois me ligaria se um dos três acordasse, agradeci a minha sogra e dei um beijo na minha esposa e nos meus filhos antes de ir até a UTI.

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Mal podia acreditar que haviam se passado duas semanas desde que meus filhos haviam nascido, mudando toda a minha vida e transformando-a da melhor maneira possível.

Ser pai estava sendo a melhor experiência que já tive, era um amor tão grande e forte repletos de gestos amorosos e significativos, mesmo que meus bebês ainda não soubessem falar conseguia sentir seu amor através do olhar de admiração e encantamento que me dirigiam, como Adrian sempre fazia quando estava no meu colo ou até nos momentos em que Moema queria comer meu cabelo, algo que fazia quando me inclinava para beijar a sua barriga, um carinho que minha filha adorava.

—Viu, disse que os dois iriam adorar os óculos escuros, muito mais que a roupa do batizado. Agora, vocês fazem oficialmente parte das panteras. - Tia Rose segredou sorrindo para os meus filhos que estavam deitados na cama, brincando com os óculos escuros de bebê que ela havia mandado fazer especialmente para eles.

A outra parte “imortal” da minha família, decidiu visitar meus filhos depois de duas semanas que haviam nascido, segundo eles seria o tempo de nos acostumarmos a mudança da nossa rotina com a chegada dos bebês, permitindo que pudéssemos paparicá-los sem dividir a atenção deles com ninguém, algo que me tocou bastante.

—Tia Rose, as panteras só saíram uma primeira e última vez em missão, não vamos voltar de novo a ativa. - expliquei a minha tia que revirou os olhos fazendo minha esposa sorrir, afinal havia contado a Cíntia tudo sobre os planos das panteras para desmascarar Douglas, por isso quando sugeri que gostaria de convidar tia Rose e tio Emmett para serem padrinhos da nossa filha, ela concordou sem qualquer objeção, enquanto meu irmão e minha cunhada seriam padrinhos de Adrian.

—Nunca se sabe amor. E se algum dia, as panteras precisarem entrar em ação de novo? As crianças precisam estar preparadas, não acha, Rose? - Cíntia brincou sorrindo e tia Rose concordou, enquanto revirava os olhos e sorria entrando na brincadeira delas, fazendo-as rir.

—Muito bem. Adrian e Moema Thompson, a partir de hoje declaro os dois como panterinhas em treinamento. -Tia Rose disse sorrindo feliz, antes de colocar os óculos escuros em cada um dos meus filhos, nos fazendo rir diante da fofura que os dois ficaram usando o acessório.

—Não conte para o seu pai, Adrian, mas você é muito mais gato que ele. Vai fazer muito mais sucesso com as mulheres, do que um dia ele fez. -minha tia segredou para o meu filho que sorriu alto como se estivesse concordando, fazendo as duas rirem.

—Acho que ele concorda com você, Rose. -Cíntia disse brincando e as duas sorriram.

—Cíntia...Tia Rose...- disse suave repreendendo-as, mas minha tia deu de ombros dizendo que só havia dito a verdade, enquanto minha esposa sorria.

—Não se preocupe, meu amor, ainda te acho o maior gato desse mundo. - Cíntia segredou sentada ao meu lado me dando um beijo carinhoso nos lábios, antes de sorrimos ao ouvir a risada dos nossos filhos se divertindo com as caretas que minha tia fazia.

Naquele momento me senti em uma espécie de bolha de felicidade, onde nada de mal aconteceria, na qual queria viver para sempre desfrutando de momentos únicos ao lado da minha família, mas assim que olhei para a porta do meu quarto e vi meu pai parado discretamente ali, senti um calafrio percorrer todo meu corpo, como se meu instinto me alertasse de que havia algo muito errado, me fazendo temer pela segurança dos meus filhos e da minha esposa.

—Volto logo, amor. - disse carinhoso para Cíntia que concordou e beijei sua testa, antes de dar um beijo em nossos filhotes e sair do quarto, deixando as duas conversando sobre o batizado das crianças.

— O que aconteceu, pai? -questionei baixo assim que fomos para o meio do corredor, evitando que minha esposa ouvisse nossa conversa, o que não aconteceria com a minha tia que tinha uma audição extremamente sensível.

—Odeio ter que lhe dizer isso num momento tão feliz e importante como esse, no qual está aproveitando a companhia dos seus filhos...- meu pai começou a dizer com cautela e estreitei os olhos, o conhecia muito bem para saber quando estava tentando amenizar um assunto delicado.

—O que está acontecendo, papai? - questionei novamente e ele suspirou resignado, antes de me contar que Douglas estava no portão da frente exigindo falar comigo, ameaçando que faria um escândalo se não aparecesse.

Sabia que assim que saísse da cadeia, Douglas iria querer se vingar depois de ter destruído sua vida, por isso fiz questão de contratar uma equipe de segurança especializada para vigiá-lo de perto me informando cada passo que desse, principalmente agora que estava livre a alguns dias por bom comportamento.

—Você não precisa ir até lá, Ethan, não deve nada a ele. Se quiser, pode voltar para o seu quarto e ficar com a sua família, enquanto resolvo tudo isso. - meu pai disse sério me olhando nos olhos e neguei. Não podia mais deixa-lo resolver meus problemas como uma criança pequena, já era um homem feito e pai agora, precisava saber contornar as adversidades que surgiriam na minha vida e Douglas era uma delas.

—Não se preocupe, pai, posso resolver esse problema sozinho. - disse sério e ele me olhou preocupado, como se temesse que estivesse planejando cometer uma loucura.

—Harry, filho, não perca a cabeça por causa de um idiota. Não abra mão da sua família, por causa do Douglas...Não cause a infelicidade da sua esposa, tomando uma atitude imprudente, muito menos tire a oportunidade dos meus netos conhecerem o pai incrível que possuem. - meu pai implorou com preocupação e coloquei a minha mão direita em seu ombro, olhando-o nos olhos para que não tivesse nenhuma dúvida do que iria falar a seguir.

—Não precisa temer, pai, prometo que não farei nada que traga sofrimento a minha família, mas tenho que resolver esse assunto de uma vez, Cíntia não merece que alguém perturbe a felicidade dela ao lado dos nossos filhotes. - assegurei ao meu pai sem desviar os olhos dos seus, para que soubesse que estava falando a verdade.

Nem Cíntia e muito menos nossos filhotes, mereciam ter sua felicidade destruída por um crápula interesseiro como Douglas Stuart, nem que tivesse que arrastá-lo para fora da minha porta evitando assim qualquer transtorno a tranquilidade da minha família.

—Tia Rose, por favor, distraia minha mulher, não quero que ela perceba o que está acontecendo. - pedi sabendo que minha tia ouviria, recebendo como resposta um tudo bem baixo, antes de descer as escadas escoltado por meu pai, que fez questão de me acompanhar mesmo alegando que não precisava.

Assim que me aproximei do portão principal da minha casa, solicitei ao segurança que o abrisse e caminhei em direção a Douglas, acompanhado por meu pai.

—Não sabia que tinha tanto medo de mim, Ethan, ao ponto de precisar de guarda costas. - Douglas disse me desafiado olhando por cima do meu ombro e sorri surpreso, por ele imaginar que o temia de alguma forma quando deveria ser o contrário.

—Não tenho medo de você, Douglas. Na verdade, você que deveria ter medo de mim, lembra? -questionei severo olhando em seus olhos azuis, vendo o medo tomar conta deles por alguns instantes me fazendo sorrir vitorioso e cruzar os braços, notando  que ele devia ter se lembrado da noite em que me transformei em lobo para proteger minha fêmea.

—Não tenho medo de você. Sabia que posso contar seu segredinho sujo, pra todo mundo? Posso fazer o maior escândalo que o mundo já viu. -ele sugeriu e sorri surpreso pela sua audácia de me ameaçar na porta da minha casa, sabendo do que era capaz.

— E porque ainda não o fez? Espera, me deixe adivinhar...Você sabe que ninguém iria acreditar no que diz, afinal perdeu todo o prestigio e confiabilidade da sociedade depois de tudo que aprontou. Se é só isso que veio fazer aqui, faça um favor a nós dois e suma da minha porta, volte para o fim do mundo de onde saiu, porque não vou perder meu precioso tempo com você. - disse severo e ele sorriu sem humor balançando a cabeça em negativo, me deixando desconfiando sobre sua real intenção em vir até a minha casa, me fazendo sentir o mesmo calafrio de minutos atrás.

—Sabe Ethan, vi a foto da “família perfeita”, na coluna social do jornal e percebi que nenhuma daquelas crianças se parece com você...Imagina o escândalo que seria, se dissesse a impressa inglesa que os mais novos herdeiros da família Thompson, primos distantes da rainha da Inglaterra, são meus filhos e não do homem que alega ser o pai deles.- Douglas sugeriu maldoso e estreitei os olhos, tentando entender qual era a finalidade de tudo isso.

Me lembrava muito bem do dia em que fizemos aquelas fotos, uma semana depois do nascimento dos nossos filhos, era uma tradição da família anunciar momentos marcantes na coluna social do jornal de maior circulação de Londres, como nascimentos, noivados e casamentos, foi assim durante anos e não poderia fugir a essa regra. Só não sabia que esse momento de felicidade e orgulho, traria a minha porta uma pessoa que no passado só trouxe dor e infelicidade a minha esposa.

—De onde tirou essa história sem fundamento, Douglas?! Não pode vir até a minha casa e colocar em dúvida a paternidade dos meus netos, muito menos a fidelidade da minha nora para com meu filho. Ezequiel e Roger, tirem esse homem daqui sua presença não é mais bem-vinda nessa casa. - meu pai disse sério para os seguranças que estavam no portão e balancei a cabeça negando, pois queria saber a finalidade daquela mentira toda.

—O que pretende ganhar com essa mentira, Douglas? Porque você e eu sabemos, que eles são meus e não seus. Vamos deixar os joguinhos de lado e falar abertamente. - disse friamente, ficando surpreso com a calmaria e sensatez que haviam se apossado de mim naquele instante.

—Ainda não está claro, para você, Ethan?! Quero uma boa soma em dinheiro para não pôr em duvidada a paternidade dessas crianças, afinal ninguém duvidaria da minha palavra já que tive um relacionamento de anos com a mãe delas, além dos dois não se parecem em nada com o pai verdadeiro.

—Então se trata apenas disso, Douglas?! De dinheiro?

— Não só de dinheiro, Ethan, mas de vingança também. Não posso continuar vivendo, sabendo que uma secretariazinha medíocre conquistou tudo que sempre desejei...Status, prestigio e dinheiro, porque se casou com alguém de berço como sempre desejei fazer...Jamais irei permitir que tenham paz, muito menos que sejam felizes sendo a “família perfeita”... Juro que farei da vida dos dois um inferno até se odiarem, ao ponto de não quererem mais ficar juntos.- Douglas disse com ódio no olhar fazendo meu corpo estremecer, temendo pela segurança da minha mulher e dos meus filhos recém nascidos.

Em silêncio me aproximei dele, tendo apenas um pequeno espaço nos separando enquanto olhava em seus olhos azuis, para que soubesse que não estava brincando com o que diria a seguir.

— Se ousar fazer qualquer coisa contra minha família, Douglas, juro pela vida dos meus filhotes que acabo com você. Nem adiantará se esconder, porque o caçarei como uma presa até o fim do mundo...E quando o encontrar, porque vou encontrá-lo onde quer que seja, desejará jamais ter ameaçado minha fêmea e meus lobinhos...-sussurrei baixo e ameaçador, usando minha voz de lobo, percebendo que seus pelos se eriçaram de medo me fazendo sorrir de prazer, diante do efeito que havia causado nele.

Seria tão fácil acabar com aquele problema ali mesmo, evitando assim futuras dores de cabeça, além de assegurar que minha fêmea e meus filhotes viveriam felizes e seguros, dessa ameaça insignificante.

“Sim...Ele merece pagar por ameaçar nossa fêmea e nossos lobinhos indefesos... É nossa responsabilidade sagrada, assegurar que nada aconteça aos três.” - a voz de lobo disse séria na minha mente e concordei, antes que pudesse tomar uma atitude sem volta ouvi dois choros inconfundíveis, abafados pela distância.

 Desviei minha atenção de Douglas por alguns instantes, para a casa atrás de mim onde meus bebês estavam, assim que olhei para a janela do meu quarto percebi que Cíntia estava ali com Moema no colo, observando confusa o que estava acontecendo na entrada da casa.

Apesar de ficar tentando em sumir com Douglas de forma definitiva, evitando assim problemas futuros, sabia que não poderia mais tomar decisões inconsequentes como antes, era pai agora e devia pensar muito bem nas minhas ações, pois queria ser um exemplo para meus filhotes assim como meu pai era para mim e meus irmãos mais velhos.

—Sai daqui Douglas, antes que me arrependa de deixa-lo sair vivo dessa casa, depois de tudo que me disse hoje. -disse baixo usando meu tom de voz ameaçador e ele sorriu dando de ombros.

—Tudo bem, mas saiba que essa conversa ainda não terminou, Ethan. - Douglas ameaçou me olhando uma última vez, antes de nos dar as costas e sair dali.

—Você está bem, filho? - meu pai questionou preocupado enquanto via Douglas se afastar da minha casa, sabendo que estava deixando meu pior inimigo livre para planejar o que quer que seja contra mim e minha família.

—Não pai, só preciso ver se meus filhos estão bem. -sussurrei tentando controlar minha mente inquieta enquanto caminhava em direção a minha casa, pois sabia que só teria tranquilidade quando estivesse com meus filhotes no colo.

Entrei em casa sem cumprimentar meus familiares que estavam na sala, subi as escadas apressado em direção ao choro alto dos meus filhos, abri a porta do meu quarto e vi Cíntia tentando amentar nossos bebês sem sucesso, pois os dois não paravam de chorar.

—Me dê eles aqui, querida. -pedi suave olhando para a minha esposa que concordou, enquanto me sentava na cama ao seu lado para pegar meu filhotes no colo.

Assim que os dois estavam acomodados em meus braços, comecei a conversar com eles em tom baixo tentando tranquiliza-los, assegurando que não permitiria que nada de mal lhes acontecesse e muito menos a nossa família. Enquanto conversava com os dois, eles me encaravam com seus olhos claros, parando de chorar para prestarem atenção no que lhes dizia, como se compreendessem tudo o que falava.

Conversei com meus bebês até que ficassem mais calmos, sendo alimentados pela mãe em seguida, antes de adormecerem profundamente sob meu olhar atento e zeloso.

—O que o Douglas, queria aqui, Ethan? - Cíntia questionou com preocupação, enquanto olhava para os nossos filhos, temendo por sua segurança.

—Precisamos conversar, princesa. - disse suave olhando em seus olhos e ela concordou, logo comecei a lhe contar a razão da visita de Douglas naquela tarde e pode ver seus olhos se encherem de lágrimas, diante de tudo que havia lhe dito.

—Juro por Deus, Ethan, que nada do que Douglas disse é verdade...Adrian e Moema são seus filhos...Eu te amo e jamais o trairia de nenhuma forma...Por favor, acredite em mim...- Cíntia implorou entre lágrimas olhando nos meus olhos e  me aproximei da minha esposa, segurando suas mãos tremulas nas minhas, antes de beijá-las com carinho.

—Não precisa me jurar por nada, Cíntia, jamais duvidei da sua fidelidade e muito menos da paternidade dos nossos filhos, sei muito bem que Adrian e Moema são meus...E mesmos que não fossem continuariam sendo, pois são um pedaço da mulher que amo.- disse sincero olhando em seus olhos e minha esposa chorou aliviada, enquanto a envolvia em um abraço apertado tentando acalmá-la, afinal Cíntia ainda estava de resguardo e não podia passar por fortes emoções como aquela.

Ficamos abraçados pelo que pareceu horas, até que Cíntia parasse de chorar e as batidas do seu coração voltassem ao ritmo normal, indicando que ela havia se acalmado o que me deixou mais tranquilo.

—O que vamos fazer, agora, Ethan? Não podemos viver sempre sobressaltados, com medo do que Douglas possa aprontar. -Cíntia sussurrou no meu peito e respirei fundo, ainda abraçado a minha esposa, tentando de alguma forma achar uma solução que pudesse nos proteger da vingança de Douglas.

Odiava admitir, mas por mais que tentasse não seria capaz de proteger as três pessoas que mais amo nesse mundo e isso me deixava frustrado e furioso, diante de tamanha impotência.

—Você tem razão, amor. Acho que deveríamos ir embora de Londres. Odeio ter que pensar nessa possibilidade, afinal, nossos filhos são novos demais para viajarem e você ainda está de resguardo, mas é nossa única opção para proteger nossos filhotes. - disse suave e ela suspirou concordando, antes de sugerir que deveríamos sair do país o mais rápido possível, não dando chance a Douglas de fazer qualquer coisa contra nós.

Depois que nos acalmamos, levamos nossos filhos para seus quartos e descemos para a sala onde todos estavam reunidos com as feições sérias, provavelmente já deviam saber da nossa decisão de sair do país, para nos mantermos seguros da ameaça de Douglas.

—Não vou deixá-los saírem de casa como criminosos procurados pela polícia, ainda mais com meus netinhos no colo...Se vocês fugirem agora, passaram a vida toda se escondendo e talvez, nunca mais poderemos vê-los novamente. - minha mãe disse apavorada com essa possiblidade e meu pai concordou.

—Leah tem razão. Não vou permitir que viagem dessa forma escondida, ainda mais com dois bebês recém-nascido e com Cíntia de resguardo, os dois não devem nada a ninguém para fugirem...Tudo que precisamos fazer nesse momento é respirar fundo, nos acalmarmos e pensar em uma solução definitiva e rápida para esse problema.- meu pai disse sério, antes de começar a andar de um lado para o outro, tentando achar uma solução para o nosso impasse.

—A única solução que nos resta é eliminar a ameaça de uma vez, antes que nos cause maiores danos. - Tio Jasper disse sério olhando para todos e Cíntia balançou a cabeça de forma negativa.

—Não vamos eliminar o Douglas de forma definitiva. Sei que ele não é a melhor pessoa do mundo, mas não quero ter o sangue dele nas minhas mãos, não suportaria a culpa de saber que ele morreu para que tivesse uma vida feliz e tranquila.

—Ethan? - Tio Jasper me questionou sério e balancei a cabeça concordando.

—Estou com minha esposa, não quero ter o sangue de Douglas nas minhas mãos.

—Ok. Não vamos perder a fé, podemos muito bem encontrar uma solução para esse problema como sempre fizéssemos, somos uma família e iremos resolver isso como uma. -Tia Esme disse suave olhando para todos que concordaram, enquanto ficávamos em silêncio tentando pensar em uma solução que nos livrasse de Douglas, sem que precisássemos tirar sua vida.

Enquanto olhava para cada um dos presentes naquela sala, meus pais, tios e padrinhos, perdidos em pensamento em busca de uma solução para o nosso dilema, soube que só nos restava a opção de sair de Londres o mais rápido possível, antes que Douglas colocasse a vida da minha mulher e filhos em perigo.

—Gente, vamos encarar a realidade. Sei que é duro, pois não quero sair praticamente fugido de perto da minha família ou do meu país. Não quero impedir meus filhos de conviverem com os avôs e a bisavó deles, mas precisamos ser realista e admitir que é a única solução que temos no momento...- comecei a dizer atraindo a atenção de todos, mas antes que pudesse terminar de falar meu padrinho me interrompeu.

— Túr damanta...- meu padrinho disse em irlandês perdido em pensamentos, atraindo a atenção de todos.

—O que é isso? -minha esposa questionou confusa para o meu padrinho que respirou fundo, como se estivesse desconfortável em lembrar o significado daquelas palavras, enquanto minha madrinha acariciava suas costas para lhe dar apoio.

—É irlandês, se não estou enganado, Túr damanta, significa torre dos condenados, mas não sei como essas palavras poderiam nos ajudar. - expliquei sincero a minha esposa, voltando a me sentar ao seu lado.

— Ethan, está correto em sua tradução. Fico feliz, que tenha aproveitando suas aulas básicas de irlandês, quando ia nos visitar. Túr damanta, é uma torre cravada na pedra cercada pelo mar irlandês, sem qualquer tipo de comunicação com a terra a não ser por um barco que vai até o local uma vez ao mês, para deixar suprimentos. É o lugar para onde o clã Amorini manda seus prisioneiros e desafetos, ninguém jamais escapou daquele lugar...A não ser eu, com a ajuda de pessoas que eram leais aos meus pais na época. Túr damanta é uma boa solução para o problema, já que não querem acabar com ele de vez. - meu padrinho sugeriu sério nos encarando com seus olhos verdes escuros e olhei para a minha esposa, esperando por sua decisão.

—Cíntia? - questionei suave, querendo ouvir a sua opinião sobre o assunto, pois não decidiria nada sem ela.

—Deus sabe que não queria nada disso...Só quero viver em paz, criando meus filhos ao lado do homem que amo, mas agora sou mãe...Existem duas vidas indefesas, que serão impactadas diretamente pelas minhas escolhas e não podemos ser egoístas com o Adrian e a Moema...- minha esposa disse entre lágrimas me olhando nos olhos e vi refletido neles sua decisão, por isso balancei a cabeça concordando, antes dela virar para ver meu padrinho.- Aceitamos a sua solução, Gael, mas com uma condição.

—Que condição? - meu padrinho questionou sério e minha esposa respirou fundo, antes de voltar a falar.

—A condição de que Douglas ficará preso até o seu último dia de vida, sem saber que fomos responsáveis por tal ato e que não sofra qualquer dano a sua integridade física. Só assim, aceitaremos a sua oferta.

Sem dizer uma palavra, meu padrinho caminhou em nossa direção, antes de segurar a mão esquerda da minha esposa e beijá-la por um breve instante, antes de olhar em seus olhos de forma séria.

—Dou a minha palavra de alfa do clã Amorini, que seu inimigo jamais saberá o porquê está preso, muito menos sofrerá qualquer dano a sua integridade física. Essa promessa que lhe faço, se estenderá até o ultimo Amorini que restar na face da terra, minha senhora. - meu padrinho jurou de forma solene sem desviar os olhos da minha esposa que agradeceu sincera, antes dele soltar sua mão e avisar que começaria a cumprir a sua promessa agora mesmo, saindo em seguida.

Depois que meu padrinho nos confirmou que Douglas estava em seu poder e a caminho de Túr damanta cercado por seus guardas pessoais, juramos que jamais falaríamos novamente daquele assunto. Esqueceríamos que algum dia ele havia existido e nos ameaçado, em nome da nossa felicidade e paz como a família que estávamos começando a ser.

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Com o passar do tempo e à medida que meus filhos cresciam, percebi que o medo em ser um péssimo pai jamais havia passado. Ele apenas suavizou, porque havia momentos em que realmente me questionava se estava fazendo o certo, mas era ali também que compreendia que em se tratando de criação de filhos, não se existia nenhuma certeza.

 Tudo que podia fazer era seguir meus instintos e o amor que sentia, por aquela pequena vida em meu colo, a qual ajudei a gerar e era minha responsabilidade torna-la a melhor pessoa que pudesse. Porque na verdade, os filhos são isso... A continuação de seus pais.

Repletos de valores, aprendizados e amor, repassados pelos mesmos...

A verdadeira fonte da eternidade, na qual vivemos perpetuamente por meio deles.

Diante disso, poderia me julgar um homem de sorte, afinal tinha três fontes da eternidade que me enchiam de felicidade e gratidão, por ser pai de Adrian, Moema e Lyva.

Adrian, nosso primogênito, havia se tornado uma versão minha loira de olhos azuis.

Não éramos só parecidos fisicamente, nosso temperamento também era igual o que nos proporcionava algumas discussões, mas em todos as vezes apesar de sermos orgulhos, sempre pedíamos desculpas ao outro.

Desde pequeno meu filho adorava números e operações matemáticas, não foi nenhuma surpresa quando decidiu cursar ciências contábeis como a mãe, tornando-se seu substituto ao cargo de contador chefe no conglomerado Thompson, assim que Cíntia se aposentasse daqui a dois meses, pois queríamos dedicar o tempo livre a criação de nossa filha caçula que só tem doze anos.

Moema, nossa filha do meio, era uma cópia perfeita da mãe em todos os aspectos, principalmente sua personalidade. Ela sempre amou cuidar e proteger todos ao seu redor, me abordando todas as vezes que chegava do hospital, curiosa para saber o que havia acontecido e se tinha salvado alguma vida. Não sendo nenhuma surpresa quando escolheu se formar em medicina, me enchendo de orgulho, por poder dividir meu amor pela profissão com a minha garotinha.

Após sua formatura, comecei a treiná-la para me substituir na administração da rede de hospitais Adrian Thompson. Escolhi Moema não só por ser minha filha, mas principalmente por seu amor e dedicação a profissão, além de ser uma médica talentosíssima chegando a ser melhor do que eu na condução dos problemas hospitalares.

Já Lyva, era a nossa caçula.

Ela se parecia fisicamente comigo, mas o sorriso era da mãe e sua personalidade, doce e gentil havia sido herdada do meu pai.

Desde pequena, Moema sempre adorou música, me pedindo inúmeras vezes para tocar piano para que pudesse ouvir. Em todas as vezes que tocava quando ela era pequena, a colocava em meu colo e lhe dizia em voz alta as notas ao qual som pertencia, treinando a audição da minha filha, antes de ensiná-la a tocar o instrumento quando conseguiu alcançar as teclas.

Assim que percebi seu interesse crescente pelo piano, contratei renomados professores para lhes dar aulas, ficando encantado com o grande progresso que ela havia feito em tão pouco tempo nas mãos dos especialistas, que nos informaram que se nossa filha continuasse a se dedicar exclusivamente à música seria uma grande musicista, como sua bisavó paterna, Ava, havia sido no passado.

Olhar para cada um dos meus filhos, sorrindo e brincando um com o outro enquanto estávamos sentados sob uma toalha xadrez aproveitado o final da tarde de domingo com um piquenique no jardim da mansão Thompson, percebi que havíamos feito um trabalho incrível.

Cíntia e eu, tínhamos criados dois filhos maravilhosos que se tornaram adultos amorosos, sensíveis e felizes que nos orgulhavam a cada dia, me deixando mais tranquilo em continuar seguindo a mesma “fórmula” de criação com a nossa caçula.

Ver a família que construí ao lado da mulher que amo, me deixava extremamente orgulhoso e sem nenhum arrependimento do que havia feito para protegê-los no passado, pois havia sido graças a essas escolhas que meus filhos estavam aqui seguros e felizes.

—Me devolve, Adrian. Esse cupcake é meu. - ouvi Lyva dizer séria ao irmão mais velho, que havia acabado de pegar o ultimo cupcake da bandeja.

—Porque ele é seu, Moema? - meu filho questionou confuso olhando para a irmã caçula, com seus olhos azuis cristalinos.

—Porque sou a caçula. - Moema disse dando de ombros e tentou roubar o doce do irmão, mas Adrian sorriu implicante antes de comer metade do cupcake e correr pelo jardim, sendo seguindo pelas irmãs, já que Moema fez questão de ajudar a irmã caçula a reivindicar seu doce.

Ver meus filhos ali, brincando um com o outro me fez lembrar de um sonho a muito tempo esquecido, quando os imaginei correndo pelo jardim da minha casa no dia em que levei Cíntia para fazer um piquenique em um parque de Londres.

Só que dessa vez, os três não eram frutos da minha imaginação, eles existiam e eram frutos do meu amor por Cíntia e do dela por mim.

—Então, amor, está feliz com a família que construímos? - Cíntia questionou atraindo a minha atenção e sorri para ela.

—Mais do que possa imaginar, minha princesa. A nossa família, é muito mais do que imaginei ter algum dia, às vezes acho que tudo é um sonho de tão perfeito. - disse sincero e Cíntia sorriu negando, antes de acariciar meu rosto com carinho.

—Não é um sonho, Ethan. Tudo isso é real assim como tudo o que vivemos. - minha esposa disse suave e concordei, antes de me inclinar para beijá-la sendo interrompidos por um pigarrear leve, que sabia muito bem a quem pertencia.

—Porque vocês precisam sempre ficar se beijando?!- Adrian questionou suave parado em nossa frente me fazendo rir, porque suas raras crises de ciúme com a mãe sempre me faziam lembrar as minhas, em relação a minha mãe.

—Porque, Adrian, eu amo a sua mãe. Antes da Cíntia ser sua mãe, ela é a minha esposa e se não se lembra, garoto, vim primeiro que você. - segredei brincando usando as mesma palavras que um dia meu pai disse, fazendo todos rirem até meu filho, que no fundo só gostava de implicar com todos que amava.

Sorrindo, Adrian voltou a se sentar na manta xadrez assim como suas irmãs, antes de me dar um beijo na bochecha direita me deixando surpreso, enquanto me olhava nos olhos.

—Eu sei disso, pai e agradeço todos os dias por isso. Pela mamãe ter me dado um pai incrível, que me ensinou tudo que sei e ainda me fez lindo como sou. - Adrian disse brincando e foi impossível não rimos da sua cara de pau, que tanto me lembrava a mim mesmo quando mais novo.

—Adrian, tem razão. Não só o papai é o melhor pai do mundo, mas a mamãe é a melhor em todos os sentidos, me sinto afortunada por ser filha de vocês e os amo muito. - Moema disse sorrindo feliz, enquanto nos olhava de forma amorosa.

—Também agradeço por todos vocês...Pela família, incrível e amorosa na qual tive sorte de nascer, apesar das implicâncias do Adrian. - Moema disse suave e seu irmão sorriu, lhe dando um beijo na bochecha nos fazendo rir, antes de envolver minha família em um grande abraço beijando o alto das suas cabeças de forma carinhosa, enquanto sussurrávamos o quanto nos amávamos.

 

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do ultimo capitulo de Memórias paternas. Gostaria de agradecer a todos que lerem essa história e me acompanharam até o ultimo capitulo, obrigada por todos os comentários durante essa nova jornada.
Nos vemos nas minhas próximas fics e um feliz dia dos pais atrasados para todos.
❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️



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