Desejos Piratas escrita por Jodivise
Notas iniciais do capítulo
Depois da confusão no shopping, as raparigas decidem contar a verdade a Thomas já que este viu Elizabeth. Mas será que este vai acreditar numa história destas?
Capítulo 9: Pensamentos
Lara contou tudo o que ela e Alicia tinham vivido. Detalhe por detalhe. Explicou como achou a bússola, como os seus desejos as transportaram para o século XVIII e mais propriamente para Tortuga. Mais complicado se tornava à medida que Lara falava de todos os piratas que conheceu e via o olhar de Thomas ficar vazio.
- E ficamos neste ponto. Temos o Capitão Jack Sparrow, o Capitão Barbossa, Will Turner e Elizabeth Swan entre nós. – Concluiu Lara. Mesmo com todos os detalhes, esta omitiu a sua relação com Jack.
Thomas ficou olhando Lara sem nada dizer. Depois olhou para Alicia e fixou depois Elizabeth. Esta acabou desviando o olhar porque se sentiu perfurada por aqueles olhos azuis. Thomas voltou a cabeça para a frente e mirou a rua. Lara esperou uma gargalhada, um acesso de fúria ou um simples telefonema para um manicómio, mas a reacção de Thomas estava deixando-a irritada. Parecia perdido em pensamentos.
- Thomas… - Lara chamou mas não obteve resposta.
- ÉS CAPAZ DE FALAR ALGUMA COISA OU VAIS-TE ARMAR EM IMBECIL? – Alicia berrou, assustando Thomas.
- Gente… - Thomas engoliu em seco. – Eu queria muito, mas muito mesmo, acreditar em vocês, mas…
- Mas…? – Perguntou Lara.
- Ou vocês estão tirando na minha cara ou então piraram de vez! – Thomas tentou sorrir, mas o caso preocupava-o. Ver Lara naquele estado mental era deprimente. Sentiu algo atingir a sua cabeça e viu que Elizabeth lhe tinha enfiado um murro.
- Se fosse mentira achas que estava aqui? – perguntou Lizzie. Thomas olhou para a mulher bastante surpreso. Ouvindo melhor, aquela mulher tinha um sotaque inglês bastante pronunciado e diferente do tempo actual.
- Desculpem mas é impossível acreditar nisso. – Thomas abanou a cabeça. – Não existem máquinas do tempo nem buracos temporais. E mesmo que houvesse, os chamados Piratas das Caraíbas são ficção! É impossível…
Uma notícia no rádio fez Thomas calar-se e Lara pôr o volume no máximo.
- Uma notícia de última dava conta da presença da actriz Keira Knigthley nesta instância balnear. – Afirmou o jornalista. – No entanto, confirma-se agora que não era mais do que uma sósia ou imitadora que saiu correndo do shopping local. O assessor da actriz já informou que esta se encontra na Polinésia a passar férias. Para os fãs é uma notícia bastante triste.
Thomas ficou de boca aberta como se tivesse levado com um tacho na cara. Olhou novamente para Elizabeth que troçou deste.
- Não pode ser… - Thomas apercebeu-se que agora, o impensável poderia fazer sentido.
- Aleluia! – Exclamou Alicia. – O cepticismo acaba de abandonar Thomas Cole!
- Thomas, eu sei que é difícil de acreditar e compreender. – Lara era mais cautelosa que Alicia. Sabia bem o que era o sentimento de tentar acreditar no impossível.
- Eu preciso de respirar, de pensar e de assimilar isto tudo. – Thomas abriu a porta do carro.
- Só te peço um favor. Não contes a ninguém! – Pediu Lara.
- Achas? Não quero ser chamado de louco! – Exclamou Thomas. Saiu e bateu com a porta do carro. As raparigas ficaram observando-o desaparecer na rua.
- Eu acho que ele não acreditou em nada. – Disse Elizabeth.
- E quem acreditaria? – Lara sentiu um aperto. Tinha ali o exemplo vivo do que seria contar aquela aventura para os seus pais. E faltava mais um desafio: Grace.
Lara abriu a porta com a chave e entrou pé ante pé, seguida de Alicia e Elizabeth, carregadas de compras. Pousaram os sacos no hall e caminharam até à cozinha. Lara estava cautelosa quanto à abordagem a ter com Grace. Esta só tinha visto o primeiro filme dos Piratas, mas podia muito bem lembrar-se da rapariguinha apaixonada pelo ferreiro e que é raptada por um bando de piratas amaldiçoados. Passou pela sala de jantar e admirou-se com a mesa cheia de iguarias que as esperava.
- Olá Grace! Chegamos. – Lara assolou à porta da cozinha e Grace acabava de tirar um apetitoso bolo do forno.
- Olá Larinha. Estava a ver que nunca mais chegavam! Daqui a pouco é o jantar. – Grace deu a sua gargalhada típica e Lara lembrou-se por momentos de algo parecido… Barbossa.
- Pois demoramos um bocadinho. Tivemos de ir ao shopping. A nossa amiga, a Elizabeth perdeu as malas no avião. Teve que comprar novas roupas. – Mentiu Lara.
- Que azar! – Exclamou a mulher de feições rosadas e que fazia lembrar uma típica mulher do campo. – Mas ela que entre. Preparei uma recepção.
Grace saiu da cozinha e foi até à sala onde estavam Alicia e a "estranha" amiga. Para grande alívio das duas, Grace envolveu Lizzie num grande abraço.
- Ora aqui está a tão falada Elizabeth! – Grace sorriu de orelha a orelha. – Mas a vossa amiga é muito bonita!
- Obrigado. – Agradeceu meio acanhada. – Mas pode chamar-me de Lizzie.
- Eu chamo o que vocês quiserem. – Grace dirigiu-se à mesa. – Fiz um lanche que já vai para jantar.
As três sentaram-se e Grace deliciou-se ao vê-las comer. Pareciam leoas, tirando Alicia. Elizabeth parecia que nunca tinha comido um bolo e Lara era um caso inexplicável. Tanto comia muito como passava fome. Grace estava preocupada.
- Então donde vem a menina? – Perguntou Grace.
- Nasci na Inglaterra mas desde os oito anos que moro em Port Royal… - Elizabeth foi interrompida por Alicia.
- Ela refere-se à Jamaica. Mora na antiga Port Royal! – Explicou.
- Oh, Jamaica! Deve ser uma aventura viver junto aquelas praias brancas e com águas límpidas! – Grace suspirou deixando Alicia e Lara intrigadas.
- Pois é emocionante. Mas agora tenho andado pelos quatro cantos do Mundo. – Explicou Lizzie.
- Ela é muito viajada! – Exclamou Lara.
Grace ficou pensativa e disparou.
- Por acaso não conheceu nenhum cavalheiro nessas viagens que me pudesse apresentar? – As três olharam Grace como se fosse um óvni.
- Hã… - Lizzie ficou sem resposta.
- Que raio de pergunta, Grace! – Alicia riu.
- Existem muitos solteirões que viajam sozinhos. Se calhar algum é a minha cara-metade! – Grace deu novamente a mesma gargalhada e Elizabeth ficou confusa. Era mesmo parecida com…
Antes do jantar, levaram as compras para cima e separaram aquelas que pertenciam a cada um dos piratas. Lara tinha muitas dúvidas se alguma vez veria Barbossa e Jack dentro de jeans.
Horas depois…
Já que os piratas tinham ficado num motel, Elizabeth passou para o quarto grande. Mas nessa noite, antes de dormirem, receberam uma visita inesperada.
- Boa noite, piratas desconsoladas! – Calipso tinha aparecido de repente no meio do quarto sorrindo.
- É melhor começar a parar de assustar as pessoas assim! – Alicia avisou.
- Alicia, Alicia. mas esse é o meu passatempo preferido! – Calipso passeou pelo quarto. – Vim avisar para amanhã de manhã rumarem até ao motel. Quanto mais cedo começarmos melhor!
- Ainda não percebi a pressa. – Reclamou Lara.
- Temos de achar a Fonte. Pressinto algo ruim se aproximando. – Calipso ficou séria. – Ficam avisadas. E já agora, os vossos piratas estão melhores que nunca!
- O Will está contente por estar naquele motel? – Alicia indignou-se.
- Para quem passou um ano navegando num navio daqueles, uma cama seca é sempre bem-vinda, minha filha! – Calipso sorriu. Antes de se retirar, foi até Lara e depositou-lhe algo nas mãos.
- Usa isto. Vai proteger-te contra certos perigos! – Calipso desapareceu e Lara ficou olhando o estranho objecto. Era um colar. Tinha uma espécie de amuleto azul amarrado a uma pena da mesma cor. Lara colocou-o na mesinha de cabeceira.
Elizabeth POV
A pirata recolheu-se no seu quarto. Olhou em volta. Riu-se ao passar a mão pelos estranhos objectos. Nunca pensou vir parar ali, mesmo tendo visto coisas fantásticas. Sentou-se na beira da cama e suspirou. Como a vida pode mudar. De menina rica tinha passado a pirata experiente. O homem que julgava amar não era mais do que um amigo. E neste momento sentia-se sozinha. Queria tanto encontrar alguém que pensasse como ela. Conheceu Peter Mackenzie e este era bastante interessante. Mas não passava de um pirata amador com medo até de um peixe. Jack… bem esse era tudo e nada. Era o exemplo. Mas Elizabeth sabia que era impossível e mais agora, com Lara. Riu de novo. Jack Sparrow apaixonado era inédito! Ainda mais prestes a ser pai. De repente, os seus pensamentos foram iluminados por um azul faiscante. Não era o azul do céu nem do mar. Era o azul de uns olhos misteriosos e inalcançáveis que deixaram Lizzie com um arrepio na espinha.
Alicia POV
O seu reflexo prolongava-se no espelho. Alicia fixava as gotas de água que escorriam pela face. Sorriu e limpou a cara com uma toalha. Céus, como a sua vontade era pular até aquele motel! Queria tanto estar com Will. Não interessava o passado, o presente ou o futuro. Onde quer que Will Turner estivesse, Alicia estaria no paraíso. E agora mais que nunca. Enquanto permanecessem ali, Will estaria autorizado a pisar solo. Pensou nos seus lábios frios, quentes e molhados. Riu de novo. Queria que a noite passasse depressa. Amanhã era outro dia e cobriria Will de beijos. Sentiu um bocadinho de inveja por Lara estar grávida. Se fosse consigo, estaria a morrer de alegria. Pelo menos era sinal que não tinha de esperar pelo casamento como Will quis."Engraçado", pensou. "Eu é que sou a atrevida e a namoradeira, mas a Lara é que se lançou ao leão primeiro!" Riu de novo. No fundo era essa inocência de Will que a cativava. Olhou pelo pequeno postigo da casa de banho. E viu que uma estrela brilhava intensamente.
Will POV
O capitão do mítico Holandês Voador olhava a noite estrelada pela janela. De vez em quando passava um carro na estrada e isso assustava-o. As modernices eram tão radicais que ainda faziam a sua cabeça andar à roda. Pensou se iria ficar naquela condição a vida toda. Se assim fosse estaria a navegar eternamente no século XXI. Olhou em volta. E Alicia assolou-lhe o pensamento. Questionou-se sobre a possibilidade de a conhecer no tempo dela. Mas se Alicia voltasse consigo, era certo que esta não será imortal e viveria como uma pessoa do século XVIII. Uma melancolia invadiu-o. Tinha de haver maneira, pensou. O amor que sentia por Alicia era tanto que não lhe passou pela cabeça que sendo imortal, veria Alicia envelhecer e morrer, enquanto continuaria a guiar almas. Não queria isso. Não percebia como havia pessoas que fariam tudo para ter a desejada vida eterna. Suspirou e olhou as estrelas. Pediu para que uma delas brilhasse para Alicia.
Lara POV
O quarto estava escuro. Alicia já dormia, mas Lara continuava olhando o tecto. Olhou para a mesinha de cabeceira e pegou no amuleto. Rebolou-o várias vezes. Ainda não entendia o porquê de Calipso dizer que corria perigos. Acariciou o ventre e sorriu. Pelas suas contas estava grávida de um mês. Era muito pouco, mas a ideia de uma vida do tamanho de uma ervilha estar crescendo dentro de si, deixou-a ansiosa. Mas uma preocupação levantou uma ruga. O que Jack pensaria quando soubesse. Estava dividida. Por um lado, queria dizer a Jack que teriam um filho. Por outro tinha medo da reacção deste. Sabia que Jack não era propriamente o modelo de homem de família. Era um pirata sim, mas do mais rebelde. Lembrou-se de este lhe dizer que Teague Sparrow foi dos maiores piratas que percorreram os sete mares. No entanto, uma nativa roubou-lhe o coração, navegando com ele até ao fim. "Ok", pensou. É possível um pirata se apaixonar e até casar. Mas continuava a não ver Jack como pai. Sentiu medo. Pela primeira vez pensou no que seria criar uma criança a bordo de um navio e ainda por cima num mundo violento como o da pirataria. Agarrou a almofada. Queria tanto que esta se transformasse no abraço quente e aconchegante de Jack. Lembrou-se das vezes em que os seus corpos se uniram e ardeu num desejo que estava apenas a alguns quilómetros de distância.
Jack POV
Jack andava de um lado para o outro. Aquele quarto esquisito, com as paredes forradas como jardins estava a sufocá-lo. Viu-se grego para acender o candeeiro. Não via o pavio para acender, até que reparou num botão, carregou e fez-se luz. Aqueles homens esquisitos, de pouca roupa e com penteados e gestos malucos eram completamente idiotas. O que se poderia dizer de alguém que tinha um botão para mandar a água sanita abaixo, um tubo que jorrava água para tomar banho em vez de uma banheira e caixas com rodas que os transportavam para todo o lado? O ronco de Barbossa vindo da outra cama, fez Jack olhar com desdém. "Só podem estar a gozar", pensou quando viu que Barbossa ressonava. Era tudo tão esquisito. Queria voltar para o Pearl, saborear o vento nas velas e a maresia. Sentou-se numa cadeira com ar abatido. Mas o seu coração falou mais alto. Era terrível estar sem Lara e mais se tornou quando Calipso apareceu do nada na sua cabine avisando que Lara corria perigo. Não pensou. Chamou Will e Elizabeth quis ir também. Barbossa foi contrariado, mas no fundo sabia que este estava curioso quanto ao mundo moderno e sobre quem roubou a Fonte. Ao menos não se lembrou de trazer aquele maldito macaco! Uma preocupação invadiu-o. Lara estava tão estranha. Quando chegou esta parecia felicíssima em o ver, mas depois ficou fria e distante. Parecia que tocar-lhe a magoaria. Pensou o quanto as mulheres eram esquisitas. Foi por isso que só se envolvia casualmente e nunca se deixou apanhar pelas redes do amor. Até agora. Queria estar na casa de Lara, entrar no quarto e tirá-la de lá, só para poderem repetir os mesmos momentos que os incendiavam a bordo do Pearl. Suspirou. Amanhã era um novo dia. E tudo iria ser diferente.
Continua…
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Espero que gostem do capítulo!!!
Saudações Piratas!!!
JODIVISE