Supernova escrita por Lady Anna, Morgan


Capítulo 10
Capítulo X


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Sirius sempre se surpreendia com as possíveis definições para família. Muitas pessoas diriam que família eram aquelas pessoas com quem você compartilhava laços sanguíneos; outros que não estava ligado a seres humanos, mas sim ao fato de você se sentir em casa, logo, a família seria seu lar. Ainda havia a possibilidade de família serem aquelas pessoas por quem você daria a vida, aquelas que, de repente, já eram as coisas mais importantes para você. Sirius Black conheceu as três definições, conviveu com elas e, surpreendentemente, não saberia dizer qual estava certa.

Sua família de sangue, a mui nobre Black, não lhe dava nenhum conforto. Na maior parte do tempo não se sentia amado ou querido, na verdade, podia apostar que às vezes queriam se livrar dele. Entretanto, o sangue sempre falava mais alto e, enquanto ele fosse um Black e tivesse seu nome naquela tapeçaria ridícula, os outros membros o reconheceriam como um deles. Afinal, era só isso que importava: a fachada de pureza que escondia o podre passado coberto de crimes. Ao abandoná-los se sentiu livre e – com exceção das lembranças com Regulus – não pensava neles.

Então, viera sua família amorosa, carinhosa e compreensiva, aquela que Sirius nem imaginava o que havia feito para merecer. Os Potter o acolheram quando ninguém mais o queria, ensinaram-lhe o significado de lar. Ele não tinha uma mera residência, não, com Euphemia, Fleamont e James ele possuía um refúgio, um lugar para o qual realmente queria voltar após Hogwarts. Foi ali que ele aprendeu o significado de amor fraterno e materno.

Porém, a guerra nunca é fácil ou justa. Em um ataque dos comensais da morte, quando ele e James ainda estavam em Hogwarts, seus pais foram brutalmente assassinados. De repente, aquele lar caloroso havia se tornado frio demais e todo o clima familiar fora substituído pelo luto. Vezes demais Sirius pensou, enquanto olhava as lápides cinzas e bem-cuidadas dos Potter, que aquilo poderia ser obra dos Black. Aqueles que o apagaram da árvore genealógica talvez quisessem também apagar todo o brilho daquela estrela solitária. Isso nunca se confirmou, mas Sirius sentia que havia decretado a morte daqueles que mais amava.

No auge da guerra, a única família que lhe restara foram aqueles que o acolheram quando era apenas um garotinho, cujas únicas preocupações eram  pegadinhas. Em meio a tanta dor, morte e destruição, sentia-se abençoado por ter os Marotos ainda do seu lado. Dorcas, Marlene e diversos outros amigos haviam morrido, lutando pelo que acreditavam. O luto era constante e pesado, um véu que os cobria cada vez mais, tornando o ato de acreditar em um mundo melhor algo quase impossível. Quase, pois se James, Remus e Peter sobrevivessem com ele tudo ficaria bem.

Logo Lily deu à luz a Harry e, enquanto o caos e a devastação se esgueiravam em cada canto, a protegida casa dos Potter era cheia de luz. Harry Potter era uma criança forte e agitada, que voava pelos quatro cantos na pequena vassoura que Sirius lhe dera.

“Você está mimando ele demais!” Lily disse, mas a falsa irritação em seu rosto não enganava Sirius. Ela ficava feliz em tê-lo em sua família, acompanhando o crescimento de Harry.

Sua família estranhamente desajustada e marota. Perfeita sobre seus olhos. Todavia, a perfeição é a mais enganadora das ilusões, lhe faz acreditar enquanto te destrói um pouco de cada vez.

Sirius poderia dizer que acordou com um estranho pressentimento naquele dia. Seria fácil dizer que sentiu algo errado, mas isso não seria verdade. Não houve nenhum amaciamento no golpe, apenas o baque brutal da realidade. Era para ser um dia normal, mais um naquela interminável guerra. James e Lily Potter não deveriam morrer, ou melhor, Sirius Black não deveria matá-los.

Porque, apesar de não empunhar a varinha ou trair o segredo, fora ele que, tentando despistar as forças de Voldemort, sugeriu que Peter fosse o guardião.

— Todos pensarão que sou eu, James, não posso ser o guardião. – Ele negara o pedido do amigo um dia. – Seria melhor que outro de nós ficasse com ele.

James, o confiante e forte grifinório, tinha a expressão tomada do mais puro terror.

— Você é a pessoa que mais confio no mundo, Sirius. Por favor.

— Você sabe que eu nunca te trairia. Vocês são minha família, mas neste momento precisamos ser inteligentes. É melhor deixar todos pensarem que sou o guardião e você escolhe outra pessoa. Peter, por exemplo. Ele idolatra você.

Idolatria não é amor e Sirius descobriu isso da pior forma possível. Peter entregara James, Lily e Harry. Agora, seus melhores amigos estavam mortos, seu afilhado sozinho e sua família desmoronava diante de seus olhos. Sua mente confusa se focava apenas em um pensamento: matar Peter Pettigrew.

Ele não conseguiu proteger os amigos e também não conseguiu vingar a morte deles. Em algum momento foi preso, todos o acusando de entregar os Potter e matar Peter. O traidor supostamente morrera como herói e Sirius Black – que já perdera tudo – perdia sua credibilidade e liberdade.

Astronomia era algo que encantava os Black. No Largo Grimmauld, n° 12, ele aprendeu muito sobre estrelas, porém o que lhe chamava a atenção não eram as constelações, mas sim as Supernovas, as quais podiam surgir quando uma enorme estrela consumisse toda sua energia e seu núcleo entrasse em colapso. Sirius Black sempre odiou todas as metáforas com estrelas que rodeavam a sua vida, no entanto, naquele momento poderia jurar que era uma maldita Supernova.

Gritando alto e rindo desesperadamente enquanto era levado para Azkaban, Sirius consumiu toda a sua energia. Sua mente e seu coração não queriam aceitar o destino cruel e evidente que se desenhava à sua frente, mas não havia saída. Colapsar foi inevitável, foi necessário. Apenas assim ele pode aguentar vários anos de culpa, arrependimento, dor e infelicidade.  Como uma supernova, Sirius brilhou e então, implodiu. Não estava morto, mas estava condenado a uma vida solitária e sozinha, sem aqueles que escolheu para chamar de família e, para ele, era o mesmo que morrer.


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Notas finais do capítulo

E com esse capítulo nós encerramos essa fic que foi desafiadora e gostosa de escrever. O Sirius teve uma vida sofrida, isso é canon, e nós quisemos trazer um pouco disso aqui. Esperamos que vocês tenham gostado e que venham conversar com a gente nos comentários!
Beijos e até já♥



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