Meu turno tinha terminado e estava caminhando para fora da lanchonete, confesso que o dia pareceu uma eternidade para mim, só fiquei pensando na Sophie com o Freddie e em como deveria estar sendo a experiência para ambos. Eu sabia que eles precisavam de um tempo de pai e filha e por isso sugeri a ideia ao Freddie, mas não conseguia evitar ficar apreensiva.

Em questão de segundos avistei um Jaguar azul escuro se aproximar e parar a minha frente. Freddie e Sophie estavam lá dentro rindo de alguma coisa. Me segurei para não abrir a boca de surpresa ao ver o carro dele, com certeza, não era comum ver um desses por aqui.

O observei descer do carro e andar até a minha direção.

—Oi Sam – ele sorriu causando um arrepio no meu corpo inteiro. Céus, esse homem ainda vai me matar um dia – O carro não tem banco atrás, se importa se a Sophie for no seu colo? A casa de vocês não é muito longe daqui.

—Oi e não tem problema – suspirei – Mas jura que você tinha que arrumar logo um carro desse?

Notei o sorriso dele se desfazer na hora.

—Ahn... Eu não... Eu não imaginei que o Matt escolheria logo um desse – ele se atrapalhou um pouco com as palavras.

Voltei minha atenção ao carro e vi a Sophie mais animada do que o normal lá dentro. Eu sabia que ela deveria estar vibrando com isso.

—Tá. Isso não é problema meu – suspirei mais uma vez – Desculpa ter implicado com seu carro. É só que não estou acostumada a andar nesses modelos tão modernos.

—Bom, você pode se acostumar se quiser – o sorriso se formou nos lábios dele novamente e eu entendi o recado, mas achei melhor não prolongar esse assunto.

—Acho melhor irmos então.

—Claro.

(...)

Freddie buscou a Sophie pelo resto da semana na escola e aproveitava para passar algumas horas de pai e filha, revezava os dias a levando ao parque ou a sorveteria novamente e até mesmo a sua casa para ajudá-la com os deveres. Depois de tudo isso, ainda fazia questão de passar na lanchonete e nos levar para a casa.

Também conseguimos tirar um dia na semana para irmos ao cartório. Ele fazia questão que ela fosse registrada como sua filha realmente e eu não o impedi.

Não posso negar que ver os dois se aproximando tem mexido muito comigo e não consigo tirar o sorriso do rosto sempre que a vejo rindo com o pai, sem dizer em como ela está mais feliz por ter ele em sua vida.

O sábado enfim chegara e estamos reunidos na casa dos Benson para organizar os preparativos do almoço de aniversário da Sophie.

Freddie realmente comprou uma bicicleta rosa para ela e o fez ensiná-la a andar por quase o dia inteiro. Ele estava cansado e dava para ver de longe, mas não conseguia dizer “não” para ela. Apesar disso, essa era a cena que eu mais amava assistir.

—Cansado? – ri quando o moreno se aproximou de mim na cozinha.

Marissa, Carly, Gibby e Sophie estavam cuidando da decoração no quintal dos fundos. Enquanto eu estava na cozinha lavando as louças do almoço de mais cedo.

—Não muito – fez careta e se serviu com um copo de água.

—Ainda bem porque com certeza depois da festinha ela vai querer vários passeios de bicicleta – ri quando a expressão do rosto dele foi de cansado para assustado em uma fração de segundos – Relaxa, estou brincando. Amanhã ela nem vai lembrar da bicicleta, vai querer brincar com os amigos.

—Ótimo – ele relaxou e colocou o copo na pia – Bom, não que eu não goste de ensiná-la, eu só cansei – ele tentou se explicar e eu ri mais uma vez. Ele ficava uma gracinha quando se preocupava em ter falado algo errado.

—Não se preocupe. Ter filhos exige muito de nós mesmo.

—Estou aprendendo aos poucos.

—Sim, tem se saído bem. Sophie gosta de ter você por perto.

—Também gosto de estar com ela. Estar com vocês – observei seu sorriso de lado e ele suspirou – Sophie gosta de ficar com a avó e a tia, não?

—Sim – respondi pouco desconfiada de sua pergunta repentina.

—Bom, talvez ela pudesse ficar por aqui hoje – ele deu de ombros.

—Se você quiser ficar mais tempo com ela hoje, posso deixá-la aqui.

—Ela pode passar um tempo com a minha mãe e a Carly, talvez até com o Gibby – ele suspirou novamente – Queria passar a noite com você.

—O que? – meu tom foi um pouco mais alto do que eu esperava e totalmente incrédulo. Para ajudar ainda derrubei um copo de vidro que estava lavando. Céus, por que esse homem ainda tem tanto efeito sobre mim?

—Não me entenda mal, por favor – ele se atrapalhou um pouco com as palavras – Eu digo para jantarmos. Só você e eu.

—Como um encontro? – devo ter feito careta ao falar isso porque ele me encarou por vários segundos antes de responder.

—É, como um encontro – ele parou por uns instantes – como... amigos? – ele continuou vendo que eu não iria responder.

—Freddie, não sei se é uma boa ideia... – comecei, mas ele me interrompeu.

—Me dê apenas essa chance. É tudo o que eu te peço. Pode ser tudo do jeito que você quiser e faremos tudo da sua vontade, mas me dê só essa chance.

O seu olhar foi penetrante e intenso. Eu sentia sinceridade em suas palavras. Quem estou querendo enganar? Eu ainda o amo. E ele estava se saindo tão bem com a Sophie essa semana e tem feito de tudo para nos agradar.

—Só essa chance, Benson – sorri ao ver um sorriso enorme se formar nos lábios do moreno.

—Já sabe onde quer ir? – ele se animou.

—Na verdade, vou deixar isso em suas mãos.

—Ótimo. Você não vai se arrepender – ele sorriu. Mas dessa vez, era um sorriso como se tivesse tudo planejado nos mínimos detalhes – Nos vemos as sete da noite?

Olhei para o relógio na parede. Ainda eram quatro e meia da tarde.

—Pode ser. Já vou para casa mesmo.

—Te busco lá. E, quanto a Sophie, ela já pode ficar por aqui.

—Só vou avisar sua mãe então.

—Não precisa. Já cuidei disso – ele piscou para mim e saiu.

Sorri sozinha. Ele já tinha planejado tudo e com certeza não teria me deixado desistir da ideia.

Terminei de lavar as louças em questão de segundos e fui até o quintal para me despedir da Sophie e dos demais. Sem sinal do Freddie por ali.

—Sophie – me agachei para ficar na altura dela que estava se divertindo com suas bonecas – A mamãe vai para a casa agora, mas você vai ficar com a vovó hoje a noite, tudo bem? – ergui o olhar para Marissa que estava ali perto e ela apenas assentiu e sorriu já sabendo o que eu iria fazer.

—Vou ficar com a vovó e o papai?

—Só comigo, querida – Marissa respondeu por mim.

—O papai vai sair também?

—Sim – Marissa se apressou a responder mais uma vez.

—Vão sair juntos?

—Nós precisamos conversar sobre algumas coisas.

—Tudo bem. Ele vai pedir para morar com a gente assim como os pais dos meus amigos – ela pareceu se animar e a encarei confusa.

De onde ela tinha tirado essa história? Mas resolvi não prolongar o assunto.

—Se comporte, pequena – a abracei e depositei um beijo em sua testa – Te amo muito.

—Também te amo, mamãe.

Me despedi de Marissa e logo depois de Carly e Gibby que estava em outro canto do quintal conversando.

—Vai sair com ele? – a morena me perguntou.

A família inteira dele parecia saber desse encontro.

—Vou. Precisamos conversar sobre tudo.

—Bom, sendo assim, eu apostaria naquele vestido preto que te dei de aniversário – ela sorriu – Ele foi um idiota, mas isso vai ser bom para vocês.

—Espero – sorri – Até amanhã, Carls.

—Tchau, loira.