Like a fairytale escrita por Black, Miss Serenity Blue


Capítulo 3
Chapter three - beauty and the beast


Notas iniciais do capítulo

Oioioi, olha quem chegou!!
Junho está acabando e programamos uma chuva de Scorose pra aquecer seu coração! ♥

Espero que estejam gostando!!

beijinhos, Miss Blue



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Era uma vez uma princesa.

Rose olhou ao seu redor e viu que estava num imenso salão, muito maior do que o de Hogwarts, com janelas que iam do chão ao teto e cortinas pesadas bordadas em ouro. Ao centro, uma mesa de jantar muito comprida, com dois lugares preparados, um em cada ponta e, sobre a mesa, estava servido um delicioso banquete com suas comidas preferidas.

Do lado direito do salão, duas escadarias enormes margeavam as paredes. Compridas e espaçosas, comportariam sua família inteira descendo de uma vez só; a imagem de todos os Weasley correndo degraus abaixo a fez rir mesmo em um sonho.

Todas as paredes, reparou a garota, estavam pintadas com quadros de família, da sua família. Quadros de sua mãe e seu pai sorridentes, quadros dela própria sorrindo também, quadros dos três juntos e até um quadro apenas dela e sua mãe, parecendo felizes juntas; aquela imagem foi o que denunciou o quanto a realidade do sonho era falsa. Ainda, estranhou ela, não haviam quadros de Hugo.

Antes que pudesse se afundar naqueles pensamentos, foi surpreendida por alguém chamando pelo seu nome. Conhecia aquela voz. Ao olhar em direção à ponta da escadaria, avistou Scorpius vestido num terno dourado bastante antiquado. Quis rir do garoto, mas percebeu que ele a olhava bastante curioso, como se ela estivesse vestida com a camisola da sua avó ou algo do tipo. 

Quando fez menção de tocar os cabelos, percebeu algo novo em sua pele. Seus braços, mãos e dedos estavam repletos de cicatrizes, salvo suas palmas. Suas pernas carregavam as mesmas marcas, como cortes antigos e esbranquiçados em sua pele. Por cima do longo vestido, pressionou os dedos contra o corpete e percebeu que a maior das cicatrizes estava ali, em seu peito. Tocou seu próprio rosto, sendo tomada por certo desespero ao sentir as mesmas marcas em seu queixo, bochechas e testa. Ainda parada no topo da escada, não sabia se gritava, chorava ou ria. Aquilo não podia ser possível.

Então, arrastou as mãos pelos cabelos e percebeu que estavam curtos, na altura de seus ombros, mais ondulados do que costumava deixar. Prestou mais atenção no vestido que usava, a peça de gala de tecido azul marinho, e sentiu-se bonita - exceto por todas as marcas que carregava na pele revelada pelos decotes da peça. Estava mais alta, percebeu; os saltos altos de seus sapatos brancos eram finos, mas confortáveis. Já havia usado aqueles sapatos antes. 

Não sabia por quanto tempo havia ficado em transe, mas foi tirada de seus pensamentos por um órgão falante, que ela podia jurar que tinha a voz de Albus, convidando-os para o meio do salão ao tocar uma valsa muito conhecida por ela. A Bela e a Fera. Arregalou os olhos com a música, olhando para Scorpius e percebendo o mesmo olhar assustado.

Como não tiveram qualquer reação, logo uma xícara pequena com a voz de Lily Luna, um bule de chá na versão de dona Molly e um castiçal insuportavelmente irritante, mas amável - igual Fred II - incentivaram-nos a se aproximarem do centro do salão. Em passos curtos e lentos, Rose e Scorpius ficaram frente a frente. Por fim, ele disse:

— Pelo que diz a história, você deveria me tirar para dançar agora.

Rose estava bastante nervosa, mas a pequena palhaçada de Scorpius a fez rir e entrar no clima. Afinal, já que estava sonhando (e aquilo só poderia ser um sonho), deveria aproveitar. O verdadeiro Scorpius jamais saberia disso, pensou ela. Estendeu a mão direita, colocando a esquerda nas costas e fazendo uma reverência para o loiro, que prontamente colocou sua mão na dela. 

Deram alguns passos desajeitados pelo salão e, de repente, os sapatos de Rose não estavam mais tão confortáveis.

— Você está linda, Rosie - disse Scorpius, encarando-a nos olhos.

A forma com que ele a olhava a fazia esquecer de todas as suas cicatrizes. Rose abriu a boca para responder, pensando em algo engraçado, irônico e divertido para fugir da conversa, mas o apelido fez algo dentro dela congelar. Hugo a chamava assim. Mesmo sem que Rose respondesse, os dois se olhavam e nada parecia quebrar aquele elo. Juntos, os dois entraram em sincronia e dançavam pelo salão como se nada pudesse atrapalhá-los, como se jamais fossem acordar.

Porém, foram surpreendidos por uma janela se quebrando de forma estrondosa, acabando com qualquer clima descontraído que estivesse surgindo. Uma corda grossa atingiu o salão, a ponta amarrada a uma garra de metal se prendendo ao lado de dentro da parede, apoiada pelo batente da janela. Pela corda, uma pessoa, que a princípio Rose não enxergou as feições, subiu rapidamente com uma espingarda em punhos.

Seu sangue gelou. Se aquele era um conto de fadas, Scorpius era a Bela, ela era a Fera, a figura à sua frente só poderia ser Gaston

Sua visão escureceu e Rose sentia-se tonta, como se estivesse despencando em um abismo, mas finalmente pôde ver o rosto daquela que seria a pessoa a tentar matá-la para alcançar Scorpius - vestida com uma roupa de caça e chapéu na cabeça, os cabelos castanhos compridos e o sorriso que parecia grande demais para o rosto eram inconfundíveis. Lá estava Lysander Scamander, apontando sua arma para Rose.

A loira sorriu, apertou o gatilho e a última imagem que Rose viu foram os olhos carinhosos de Hugo enquanto segurava uma cápsula de vidro com uma rosa vermelha guardada ali dentro.

Rose acordou assustada, levantando-se da cama num pulo sem checar que horas eram. Irritada, tomou um banho rápido e vestiu seu uniforme, pegando a mochila raivosamente e batendo a porta do quarto ao sair. Não era possível que Lysander Scamander fosse atormentar até mesmo seus sonhos. Ela se lembrava de ter escrito aquelas coisas, mas não se lembrava de ter acrescentado Hugo daquela vez; de tudo o que sonhou naquela noite, a imagem de Hugo segurando uma rosa era a única que havia passado como um borrão. E, mesmo assim, era a segunda vez que sonhava com o que escrevia logo depois de terminar uma cena. Não fazia o menor sentido.

Pelos corredores vazios, Rose caminhou até a biblioteca, sentando-se numa mesa escondida atrás de várias estantes, onde não seria encontrada tão facilmente. Aproveitando o silêncio, começou a fazer uma das coisas que mais a acalmavam - organizar tudo o que podia.

Não sabia há quanto tempo estava ali, mas conseguira organizar a escala de treinos do Quadribol e enviar magicamente para cada um dos integrantes do time, refazer seu cronograma de estudos para aquele ano e elencar uma lista com mais de 30 livros que ela ainda não havia lido da biblioteca para aquele semestre. Sim, aquilo trazia paz - mesmo que não conseguisse realmente ler os exemplares, considerando os treinos, os estudos e os testes.

Para seu desespero, conseguiu terminar tudo aquilo, tão concentrada que estava. Ao conferir o relógio dentro de sua bolsa, percebeu que tinha, inclusive, tempo para tomar café. Suspirou, guardou seus pertences e atravessou o castelo outra vez, ainda sem conseguir se livrar das lembranças de seus sonhos.

— Droga, eu preciso de café - resmungou, brincando com as mangas do uniforme.

Já dentro do salão comunal, procurou seus amigos até encontrá-los na mesa da Sonserina, sentando-se entre Luke e Albus. Dominique estava sentada à sua frente, ao lado de Roxanne, que empurrou um pedaço de torta de abóbora após cumprimentá-la.

— Nada de limão hoje - disse Roxanne - Mas pela sua cara, é melhor comer qualquer coisa com um pouco de açúcar.

— Alguma chance de conseguir um balde de café com os elfos na cozinha? - perguntou Rose, sendo respondida por Dominique.

— Talvez, mas sem tempo o suficiente.

— Super - ironizou Rose.

Enquanto comia sua torta, a Weasley observou, discretamente, os arredores. Antes mesmo de chegar até ali, percebeu a ausência de Scorpius, mas preferiu ficar em silêncio. Não estava prestando muita atenção na conversa de seus amigos até que Lysander se aproximou, sentando-se ao lado de Dominique. Ótimo, pensou ela.

— Bom dia, gente - cumprimentou ela, com os olhos azuis combinando com o uniforme da Corvinal - Algum de vocês tem transfiguração agora?

— Acho que o Ronan - respondeu Roxanne, esperando que Albus confirmasse, recebendo uma resposta positiva.

— Preciso ir para lá agora. Onde ele está? - perguntou Lysander. Albus explicou que seu namorado estava com Scorpius no dormitório, o que levou à pergunta seguinte - E o Scorpius está bem? Ele me disse ontem a noite que não tem dormido direito.

— Ontem a noite? - repetiu Rose, arrependendo-se logo em seguida ao deixar claro o seu incômodo. Por sorte, Dominique já havia mudado de assunto.

— Que engraçado, a Rose também - comentou a loira, sentindo, por baixo da mesa, o pontapé que Roxanne lhe deu contra seu tornozelo.

— Que coisa, né, gente? - disse a Johnson-Weasley, levantando-se em seguida - Tenho poções agora. Até mais.

— Bom, preciso ir - disse Lysander, despedindo-se do grupo - Vejo se encontro o Scorpius no caminho.

— Talvez devesse olhar no seu bolso - resmungou Rose, recebendo uma cotovelada de Luke. Lysander, se havia escutado, com certeza não demonstrou, apenas beijou a bochecha de Dominique e saiu em direção às salas de aula. Albus e Dominique ficaram em silêncio, tão incomodados com a reação de Rose que saíram em seguida, deixando-a com Luke.

— Vamos logo - ela chamou, tentando se afastar ao ver que Luke carregava sua expressão de “conversa séria” no rosto - Se não vamos nos atrasar. Pode ficar aí, eu já vou indo.

— Você consegue conversar e andar - disse ele, cruzando o braço com o dela ao caminharem juntos pelo castelo - Pode começar me contando o motivo de pegar no pé da Lysander. Vocês não eram amigas e tal?

— Nossos pais são amigos e a gente trabalhou em dupla várias vezes. Só.

— E o que mais?

— Mais nada, só não preciso ser um doce com todo mundo o tempo todo.

— Você não é um doce com ninguém - disse Luke - Quase nunca.

— Eu só não confio muito nela - respondeu Rose, respirando fundo. Para sua infelicidade, Luke continuou insistindo.

— Por que? 

— Precisa de motivo?

— Está brincando, né? - indagou Zabini, subindo as escadas ao lado da amiga - Fala logo, Ross.

— Certo, mas você não pode repetir isso nunca - implorou a ruiva, sabendo que não conseguiria esconder nada de Luke por muito tempo. Além do mais, queria mesmo conversar com alguém e não se lembrava de qualquer outra pessoa mais confiável do que ele - Lysander é perfeita. É o que minha mãe sempre diz, pelo menos.

— Entendi. Você nunca contou isso para nós - constatou ele, observando o incômodo nos olhos de Rose. Preferiu não insistir e resolveu brincar, atribuindo o problema para outra raiz - Você já pensou que isso é só ciúmes do Scorpius?

— Talvez - respondeu ela, agradecida pela mudança de assunto. Chegou a rir com as piadas de Luke; ela gostava de como era fácil conversar com ele.

— Quem sabe se você decidir logo se gosta dele ou não, ? - ponderou Luke, segurando-a pelos ombros quando pararam perto da entrada da sala de história da magia - Se você precisar conversar sobre isso, pode me procurar. Pode procurar qualquer um de nós, na verdade. O ponto é que você já passou por muita coisa. Não acho que o que você precisa agora seja acumular ainda mais o que você pensa.

Aquela conversa ficou ainda mais desconfortável em questão de segundos. Rose sabia muito bem do que Luke estava falando; a morte de Hugo não havia sido fácil para ninguém, mas seus amigos pareciam experimentar um pouco da dor dela todas as vezes em que se encontravam na presença de Hermione Granger-Weasley. Rose suspirou, mexendo no cabelo enquanto encarava o amigo. Ficou em silêncio por alguns instantes, concordando com a cabeça antes de apontar para a sala.

— Estamos atrasados - ela disse, finalmente, se afastando em seguida - Vamos entrar.

Os dois sentaram-se lado a lado, compartilhando algumas notas sobre o conteúdo durante a aula. Em certo momento, Luke rabiscou algo em um pedaço de pergaminho e o entregou a Rose, esperando que ela abrisse enquanto ele fingia que nada acontecia. Discretamente, a Weasley abriu o bilhete, surpreendendo-se com o que viu registrado na caligrafia corrida de seu amigo.

Esqueci de te contar: a Lysander gosta da Nick

As horas se estenderam muito além do necessário, para o desespero de Rose; não havia passado um segundo sem que pensasse em Hugo. Tentava afastar o pensamento, mas ao mesmo tempo gostava de se lembrar dele, mesmo que doesse. Cansada, se arrastou pelos corredores durante o dia inteiro, ansiosa pelo momento em que finalmente descansaria. Depois do exaustivo treino de quadribol com o time, a ruiva se lavou e vestiu o mais rápido possível; mal podia esperar para dormir, mas também estava faminta, o que a obrigou a comparecer ao jantar antes de encerrar o dia. Ao lado de Roxanne, apressou-se pelos corredores do castelo até voltar ao salão comunal; era um pouco cedo, então o local ainda não abrigava muitas pessoas.

Dessa vez, Scorpius estava lá junto com seus amigos, esperando pelas duas na mesa da Grifinória. Esforçando-se para agir normalmente, Rose sentou-se ao lado dele, cumprimentando a todos com um rápido “oi”. Dedicou-se ao seu jantar, contente por ter suco de limão servido à mesa. Por um tempo, ficou conversando amenidades com os amigos até se lembrar do que Luke havia lhe contado na aula de história da magia.

— Domi, soube que a Lysander te chamou para sair - disse Rose em voz baixa, chamando a atenção da amiga sentada ao seu lado - Por que não me contou?

— Porque eu ainda não aceitei - respondeu ela, dando de ombros - O Scorpius não liga, mas acho que também queria saber de você.

Rose parecia confusa. Resolveu, então, esperar que Dominique continuasse a história.

— Ela me chamou no trem, mas não tive tempo de responder porque a Roxanne chegou e me atrapalhou, sabe? - brincou ela, continuando em seguida - E também não conversei com ela sozinha desde que chegamos. Nem com você. O que acha?

— Eu acho melhor você resolver logo essa queda gigantesca que você tem pela Lysander, mas finge que não.

— Só se você fizer isso com o Scar - respondeu Dominique, piscando um olho na direção da prima. Antes que Rose pudesse protestar, porém, Malfoy cutucou sua costela. Quando conseguiu sua atenção, estava cochichando perto do ouvido dela assim como Rose fizera com a prima. Felizmente, o barulho das conversas por todo o salão permitia que fossem discretos.

— Você tá bem? - perguntou ele - Parece preocupada.

— Estou bem - respondeu Rose, alterando sua afirmação quando ele a encarou, incrédulo - Não quero falar sobre o assunto.

— Certo, então me explica o motivo de ter acordado tão cedo. E me ensina o segredo.

— Como sabe?

— Dominique me contou - explicou, dando de ombros.

— Às vezes acho que o nosso grupo serve só para fofocar.

— Com certeza é um bônus. Agora me conta.

— Não consegui dormir direito - resumiu ela, afastando os pratos de comida e apoiando os braços na mesa, deitando a cabeça nos membros e fechando os olhos, fazendo o possível para evitar se aprofundar no que lhe afligia - Me acorde quando o jantar acabar.

Rose não planejava realmente dormir ali, com todo aquele barulho, mas o cansaço a consumiu. Acabou cochilando, debruçada sobre a mesa, e sendo atormentada por imagens similares do sonho que teve na noite anterior. A diferença era que, dessa vez, quem aparecia na janela do palácio era sua mãe. Quando Hermione pressionou o gatilho, as cicatrizes no corpo da Rose dos sonhos se abriram e doíam até seus ossos. A imagem de sua mãe moveu os lábios, chamando-a, mas o som da voz dela despertou a ruiva, que levantou assustada, precisando de alguns instantes antes de compreender o que havia acontecido.

— Já ia te chamar - avisou Scorpius, em pé ao seu lado e lhe estendendo a mão para ajudá-la a se levantar - O jantar acabou e o pessoal já foi. Posso ir com você até a Torre da Grifinória, se quiser.

Ela aceitou a ajuda, mas não conseguiu formular uma frase. As imagens de seu sonho - ou melhor, pesadelo - estavam grudadas em sua mente e não a deixavam em paz. Scorpius parecia estar dizendo alguma coisa, mas Rose parou de prestar atenção. Acenou para ele, afastando-se com pressa e pressionando a cabeça entre as mãos quando se viu sozinha nos corredores.

Já estava em sua cama com o caderno em mãos quando, irritada, revirou os olhos ao reparar que preferia mil vezes que Lysander continuasse aparecendo na droga daquele sonho. Melhor ainda seria se ele nunca mais se repetisse. Naquela noite, Rose decidiu que não escreveria nada. Crente que a única razão por sonhar aquelas coisas era o fato de estarem frescas em sua memória, chegou a conclusão que o melhor seria aposentar sua pena por alguns tempos. O ano letivo havia apenas começado e ela não poderia se dar o luxo de relaxar nos estudos; Hermione ficaria uma fera. Fechou o livro, acionou o feitiço que o trancava e guardou-o em sua mesa de cabeceira e fingindo que ele não estava ali, fechando os olhos ao deitar-se no travesseiro.

Sua estratégia funcionou na primeira semana e na segunda também. Chegou a sonhar outras vezes com Hugo, mas nada parecido com o que escrevia, provando sua teoria de que aqueles sonhos eram apenas repetições incessantes das angústias que registrava no papel. Sonhou com Scorpius, mas ignorava completamente essas visões que tinha enquanto dormia. Contente, permaneceu quase em paz até meados de outubro, sendo atormentada apenas pelas lembranças.

O problema foi o fim do mês - e, consequentemente, o mês seguinte.

Outubro costumava ser incrível em sua casa. Rose adorava comemorar aniversários e, quando era criança, escrevia histórias de presente para o irmão. Após a partida de Hugo, o Halloween nunca mais foi o mesmo; ela, inclusive, perdeu os bailes de Hogwarts já que passava a data em casa, com seus pais, como deveria fazer.

Duas semanas antes do dia das bruxas, Rose recebeu uma carta de sua mãe, informando-a que deveria voltar para casa - como se já não soubesse - e que McGonagall já estava de acordo, considerando que seria apenas durante o fim de semana e não atrapalharia suas aulas - grande exigência de Hermione Granger-Weasley. No dia em que recebeu a correspondência, Rose teve aquele mesmo sonho.

Via suas marcas, dançava com Scorpius, o palácio era atacado e sua mãe puxava o gatilho. As cicatrizes se abriam, Hugo chorava, as pétalas da rosa protegida sob uma redoma de vidro caiam, escurecidas. Quando acordou, estava exausta e tentou, sem sucesso, ignorar aquilo outra vez. Prestou atenção nos treinos, nas aulas e nos estudos, ignorando a proximidade do Halloween. Fingiu que já estava em novembro, que Dominique não tentava constantemente escolher um vestido para ela e que Roxanne havia parado de pedir para interpretar seus sonhos.

Em 29 de outubro, Rose estava de malas prontas e atravessou a lareira da sala da diretora sem se despedir dos amigos; eles sabiam muito bem para onde ela iria. Por sorte, seus pais ainda não haviam chegado do trabalho, então evitou encontrá-los ao trancar-se em seu quarto até o dia seguinte. Ouviu as conversas de Ronald e Hermione quando já anoitecia, mas fingiu estar dormindo, ignorando as leves batidas na porta.

A madrugada de 30 de outubro já começava quando ela sentiu a urgência de escrever, angustiada, torcendo para que isso a livrasse outra vez daquele pesadelo. Ela se levantou, caminhou no mais profundo silêncio até o antigo quarto de Hugo e quis gritar ao ver que tudo estava coberto com lençóis brancos, mas as coisas permaneciam em seu devido lugar. Sentada no chão daquele quarto, sentiu-se completamente sozinha, mas estava tudo bem. Havia sentido quase tudo sozinha desde a morte de Hugo. Segurando a pena com força contra seu livro, começou a escrever e não parou até que o sol entrasse pelas cortinas de seu quarto e uma das páginas estivesse, novamente, marcada com um “fim”.

Era uma vez uma camponesa.


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Notas finais do capítulo

Quero dizer que estou curiosa demaaais pra saber o que estão achando, viu?
Fizemos com todo o carinho do mundo só pra exaltar esse casalzão!

Espero vocês nos comentários!!! ♥



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