Maio de 2009

Eu não estou apaixonada por você, mas poderia estar. Se você quer que eu fique, eu não vou partir. Se você precisar de mim para ir, vou com orgulho. Eu não estou apaixonada por você, mas poderia estar ... City / Kristen Marie

Bella

Caminho sob a chuva que se misturam com minhas lágrimas, não lembro de alguém ter me dito que amar doeria tanto assim, meus pés começam a doer e minhas roupas estão encharcadas, sinto que posso cair a qualquer momento. Olho em volta e desconheço aquele lugar, na pressa de fugir eu nem prestei atenção.

— Por que tudo tem que ser tão difícil?— Olho para o céu em busca de resposta, mas o que recebo em troca é mais chuvas e trovões que me apavoram, paro em um ponto de ônibus e me encolho, ali definitivamente seria meu fim.

Não sei quanto tempo demorou até que uma luz forte de um carro quase me deixa cega, meu corpo está frio, eu sinto que posso desmaiar a qualquer minuto.

— Você realmente é uma garota de estilo. – Não consigo abrir meus olhos, mas pelo pouco tempo que passamos juntos eu reconheço sua voz.

— Me desculpa ... ele não deveria ter te socado Jasper.— Respondo em um sussurro.

— Calma Bella eu gosto de viver perigosamente, mas você poderia ter me alertado sobre seu irmão.— O sorriso que ele me lança ao mesmo tempo que me levanta é caloroso. — Vamos ter que te levar para um hospital, você pode ter uma hipotermia.— Não consigo discordar dele, eu realmente estou com muito frio, ele me enrola no seu casaco eu o escuto ligar para alguém.

— Emmett ... eu encontrei ela ... ela está ensopada e a temperatura dela está baixa, vou leva-la para o hospital ... avisa a amiga dela para ficar calma e avisa ao irmão dela que hoje o soco dele pesará muito no futuro.

Quero poder sorrir, mas o frio me consome, não sei quanto tempo demora mais quando percebo estamos no hospital e rapidamente a equipe de enfermagem me livra das roupas molhadas e me aquecem em um quarto quente.

— Como você me achou?— indago Jasper que está sentado na poltrona ao lado da minha cama, ele tem um olhar gentil e o canto da sua boca tem uma mancha vermelha.

— Quando você gritou com Edward e saiu correndo para fora, todos nós saímos em sua busca.— Seu rosto fica sério. — Você poderia ter me dito que era a irmã do Edward Cullen... — se aproxima da cama. — Teria evitado algumas coisas sabe.— Abaixo minha cabeça com vergonha.

— Desculpa, eu ... eu estou envergonhada por ter te colocado em uma situação dessas.— Forçando minha cabeça para cima ele me sorri.

— Fica tranquila menina, eu só teria me comportado melhor com a irmã de um colega, mas eu não me arrependo de nada, a não ser ter te oferecido álcool.— diz segurando minha mão.

— Obrigada Jasper.— Ele faz um gracejo para mim. — Edward não é meu irmão de sangue, ele não deveria ter se comportado assim.

— Você gosta dele, não é? — suas palavras me assustam. — Você é uma garota fácil de ler, acho que foi isso que me atraiu em você.— Ele continua segurando minha mão. — Sinceramente eu não sou de me ligar em uma garota assim tão facilmente, mas confesso que gostei de você. — Jasper é um garoto lindo e fofo.

— Ninguém além de Rosalie sabe me ler com tanta facilidade, creio que isso faz de você uma pessoa que eu vou gostar muito de ter na minha vida.— Quando finalizo minhas palavras ele me abraça carinhosamente.

— Eu gosto de ouvir isso menina, acho podemos nos tornar grandes amigos. – Somos surpreendidos por Rosalie que invade o quarto gritando absurdos.

— VOCE NÃO TEM NOÇÃO DO QUE EU PASSEI ATRÁS DE VOCE.— diz me puxando dos braços de Jasper e começa a chorar. – Eu fiquei com tanto medo.

— Rosalie agora eu estou bem, estou com vergonha por não ter controlado minhas emoções...— novamente a porta se abre e por ela entram Emmett e Edward. O clima fica meio tenso com a chegada deles, Jasper continua em pé ao lado da cama e Rosalie agarrada em mim, mas sinto que ela lança faca nos olhares para eles.

— Não se preocupe amiga, quem deveria ter vergonha são outras pessoas.— Suas palavras são carregadas de raiva. — Vocês deveriam ter vergonha ...— mas ela é interrompida pelo menino alto de cabelos escuros.

— Rosalie você está prestando atenção no que está dizendo?— ela me larga e cruza os braços indignada por estarem chamando a atenção dela. — Se vocês estivessem nos falado a idade logo no começo, nada disso teria acontecido...— Rose respira fundo e responde.

— Esqueci que vocês entrevistam as mulheres antes de paquera-las.— Ela iria continuar, mas Jasper também entra na conversa.

— Eu não ligo de você ter 16 anos, eu tenho 17— e sorri para mim, e isso foi a deixa de Edward se impor.

— Acho melhor você parar por aqui Jasper, eu estou me controlando para não continuar o que comecei na festa. — Jasper dá uma risada e se coloca de frente para Edward, apesar de mais novo eles tinham o mesmo tamanho.

— Não pense que aquele soco vai ficar de graça, ele vai ter volta ...— nesse momento eu consigo puxar uma das mãos de Jasper e Emmett entra no meio dos dois.

— Pelo amor de Deus, isso é um hospital, daqui a pouco vamos ser expulsos.— Emmett arrasta Edward para o outro canto do quarto.

— Como você quer que eu tenha paciência, se eu vi esse moleque beijar a minha irmã.— Fecho meus olhos e sinto as mãos de Jazz apertarem as minhas. Edward sempre iria me enxergar como a irmã dele, e isso me machucava muito.

— Exatamente isso cara.— Jazz continua enfrentando Edward. — Ela é sua MEIA irmã, querendo ou não ela vai poder sair com quem ela quiser.— Quando ele termina esse discurso ele se vira para mim. — Deixei meu telefone salvo no seu celular, quando quiser conversar ou sair é só me ligar.— Ele deixa um beijo na minha testa e se despede de Rosalie. — Qualquer coisa você também pode me ligar.

— Obrigada por ter me encontrado Jazz, eu vou te ligar sim.— Digo sincera para ele e recebo uma piscadinha, não consigo olhar para Edward, meu coração parecia querer se quebrar por ele estar ali.

— Rosalie, Emmett vai te levar para casa, eu já avisei e...— Mas ela não gosta nenhum pouco do que tinha escutado.

— Eu não vou embora desse hospital, eu vou ficar com a minha amiga, sem chances de eu sair com esse cara.— Ela fala de Emmett com um certo deboche, mas Edward continua.

— Você vai embora com ele sim, já avisei o papai e a mamãe e disse que iria ficar com Bella.— Era o que me faltava, ele ficar comigo a noite inteira e sem muitos argumentos Rose se vê obrigada a ir com Emmett, tenho dó da minha amiga, mas eu estava impossibilitada de ajuda-la já que eu iria fingir estar dormindo.

— Pequena??— meu coração dá um salto e eu tento não demonstrar reação, mas quando sinto suas mãos mexendo no meu cabelo é impossível não abrir os olhos. – Sabia que você não estava dormindo. — Ele sorri aquele sorriso lindo e continua. — O que deu em vocês para aparecerem de repente no show. — Ele diz se sentando no mesmo sofá ao lado da cama. — Podiam ter me avisado que iriam. — Com muita vergonha continuo olhando para ele e é praticamente impossível não o responder, ele contém uma doçura no olhar que me hipnotiza a cada palavra que sai de sua boca.

— Era aniversário de Rosalie, nós queríamos comemorar e te fazer uma surpresa, mas algumas coisas não saíram como planejamos.— Automaticamente ele puxa uma das minhas mãos para sua.

— Você deveria ter me avisado, eu ... eu não consigo explicar o que senti quando vi você vestida daquela maneira sendo beijada pelo Jasper, não estou preparado para ver você indo.— E abaixa a cabeça. – Me desculpa eu não deveria ter feito o escândalo que fiz, ainda bem que não tinha nenhum jornalista para dar furo. – Meu coração perde uma batida ao pensar na hipótese de um escândalo agora.

— Edward...— ele me olha e sorri. — O que foi?— pergunto sem entender.

— É que eu gosto do som da sua voz, falando meu nome. – Dou um sorriso tímido.

— Me desculpe por deixar vocês preocupados, eu não deveria ter saído daquela maneira, mas você me irritou muito.— Ele tenta me interromper, mas não deixo. — Você vai ter que entender uma coisa.— Em seus olhos eu percebo pela primeira vez que há algo diferente. — Eu cresci e mudei, você vai ter que aceitar o fato de que eu irei namo...— ele fica agitado e me interrompe.

— Não fala essa palavra por favor... Eu ... Eu sei que você mudou, eu estou vendo essa mudança, você está tão bonita, eu não vou aceitar qualquer garoto perto de você.— Ele levanta e anda pelo quarto. — Você é minha pequena e eu vou te proteger entende. — Sua voz soa meio perdido então percebo que é minha vez de jogar as palavras.

— Não entendo, você está me dizendo que não vou poder me envolver com nenhum rapaz, mas você estava aos beijos com uma mulher no seu camarim. – Ele para de repente e me encara.

— Como assim?— fica estático, como se tivesse levado um choque.

— Isso mesmo. – Começo a falar e olho para minhas unhas. – Eu fui te procurar no seu camarim, mas vi que você estava ocupado e não quis atrapalhar e voltei, foi quando encontrei o Jasper e a gente foi dançar.— Voltando a se sentar na poltrona Edward tenta se explicar de todas as maneiras, mas finjo que sou forte. — Não estou te cobrando explicações, você é só meio irmão, e não me deve explicações, mas quero que você entenda que eu tenho minha vida e que vou viver ela da minha maneira.— Ele engole em seco, meu peito parece que vai explodir a qualquer momento.

— Eu não sei se estou preparado para isso pequena, eu não sei se eu quero te dividir com outra pessoa ... — seus olhos estão assustados e eu dou minha palavra final.

— Eu cresci, me dividir é algo que terá que se acostumar.— As palavras parecem ter sumido de sua boca. – Não estou te dizendo que já vou namorar alguém amanhã.— Ele respira aliviado. – Mas estou te dizendo que isso poderá acontecer o mais rápido possível.

— Não vai me dizer que você e o Jasper vão ficar juntos.— Fecho meus olhos ao apoiar minha cabeça no travesseiro.

— Jasper é um rapaz muito doce, se ele e eu vamos ficar juntos eu não sei, mas que ele se tornou alguém que eu quero próximo a mim, ah isso com certeza. — Edward tenta argumentar, mas eu não dou espaço. – Estou com sono, acho que vou dormir, minha cabeça está começando a doer. — Ele se levanta e me ajeita na cama.

— Quer tomar um remédio?— nesse momento eu abro meus olhos e fito os seus que olham diretamente dentro dos meus, eu sinto uma energia de mudanças, e pela primeira vez eu sinto que algo realmente mudou.

— Não, eu só quero dormir.— Ele se aproxima e me beija a testa sem comentar nenhuma palavra e senta na poltrona ao meu lado dizendo que cuidaria de mim e que no dia seguinte iríamos para casa.

Fecho meus olhos e tento controlar todas as emoções do dia, e começo a pensar nas mudanças que eu começaria a fazer na minha vida.

Rosalie

Se a verdade foi proibida, então estamos quebrando todas as regras. Então vamos lá... - Read all about it / Ameli Sandé

Caminhei em silêncio pelo corredor do hospital com o Emmett logo atrás de mim, que também caminhava em silêncio. Meus passos eram largos e rápidos, queria correr e deixar ele ali mesmo, junto com a minha vergonha e orgulho ferido.

Viramos no corredor e noto uma máquina de café, vou até ela e ele me fita de longe, seu semblante ainda é de raiva.

— O quê? Também preciso ser maior de idade para poder tomar um café?— Pergunto, abrindo a bebida e dando um gole.

Emmett apenas balança a cabeça e coloca as mãos nos bolsos do casaco. Ele miseravelmente bonito. Caminho ao seu encontro e desvio no exato momento em que ia encostar nele que volta a me seguir em silêncio.

Chegamos à parte de fora do hospital, o carro dele estava do outro lado da rua, mas a chuva estava forte demais para sairmos. Do lado de fora, o vento sopra gelado e meus braços arrepiam, me fazendo estremecer. Me abraço involuntariamente, na tentativa de fazer o meu corpo se aquecer.

— Pegue o meu casaco.— Ele tenta colocar seu casaco nos meus ombros, mas eu me afasto.

— Não quero. - Respondo e me afasto mais um pouco. — Seu carro está destravado? — pergunto, sentindo ainda mais frio e me arrependendo de ter negado o casaco.

— Não. - Ele se aproxima devagar. — Porquê?

— Pode destravar, por favor?— Peço, com meu tom de voz bem baixo, quase meigo.

— Ok.— diz ele, tirando a chave do bolso e apertando o sensor, que fez o carro piscar os faróis. - Porquê me pediu isso?

Não respondo, simplesmente ergo a beirada do meu vestido e saio correndo, abro a porta do carro e me jogo no banco do automóvel, tão quentinho que meu corpo agradece.

Emmett abre violentamente a porta do motorista e se senta ao meu lado. Sua cara de espanto me faz rir.

— Você é louca?— Diz, ligando o carro o colocando na via. - Olha os bancos, agora estão encharcados de água.

— Eita!— falo me fingindo de preocupada. — É de couro?— passo a mão pelo estofamento.

— É sim.— Me responde, sem tirar os olhos da via.

— Que pena, acho que vai manchar. - Vejo o couro todo molhado.

— Provavelmente sim.— Ele me responde

— Me processe por danos materiais.— Brinco. — Ah é, não dá para processar alguém menor de idade.— Digo com sarcasmo.

Ele me olha de soslaio.

— Não teve graça, Rosalie. - diz, e eu percebo que amo o som do meu nome nos lábios dele. - Você poderia ter me colocado em apuros.

— Desculpe. - Digo com sinceridade. — Bella e eu só queríamos comemorar o meu aniversário. Não pretendíamos causar tantos problemas.

—Não sabia que era seu aniversário.— diz ele, estacionando em frente à casa dos Swans Cullens.

— Se soubesse, teria feito diferença?— Pergunto, fitando seus olhos redondos e castanhos, que estão olhando fixamente para os meus.

— Acho que não.— Responde e eu dou de ombros. — Mas não muda o fato de que nos divertimos hoje.

— Isso é verdade, a noite tinha tudo para ser ótima. — E realmente tinha.

Tento tirar o cinto, mas me atrapalho e ele fica preso. Ele percebe e tenta me ajudar. Ele se aproxima de mim e seu cheiro me invade, coloca a mão no fecho do cinto e ele abre.

— Você é muito mimada. - Sussurra próximo aos meus lábios.

— E você é um babaca.— Sussurro de volta, sentindo meu coração bater acelerado, ao notar que ele está olhando para os meus lábios.

Me inclino em sua direção e ele fecha os olhos. Fecho os meus também, nossos lábios se encontram, sua língua passeia pela minha boca. Seus lábios são macios. Deslizo uma das mãos pelo seu cabelo e a outra o puxa para mais perto.

Suas mãos me prendem junto ao seu corpo e eu arfo.

O som dos meus suspiros faz ele se afastar. Quero protestar e o puxar de volta, mas me contenho.

— É melhor você ir, antes que eu faça uma besteira.— Diz ele.

— Uhum. - Murmuro, recuperando o meu fôlego.

— Só mais um beijo. - Ele diz e me puxa de volta, agora em um beijo calmo, mas logo me solta. — Agora pode sair.

— Estou saindo. - Respondo e olho pra mão dele. — Mas você precisa me soltar.

Ele olha para suas mãos agarradas as minhas e as leva aos lábios, dando um beijo em cada palma e as soltando logo em seguida.

— Feliz aniversário, Rosalie.— Diz, quando eu abro a porta.

Saio do carro, me viro para trás para encará-lo uma última vez.

— Obrigada pela noite, “Caro Senhor” — digo de forma sarcástica.

— O que...— não o deixo terminar a frase e bato a porta do carro. Corro para dentro de casa, sentido minhas pernas bambearem com a adrenalina. Ainda sinto o gosto da sua boca e sua língua explorando cada pedacinho da minha.

Mais tarde, de banho tomado. Deito na minha e fito o teto do quarto. Não sei quanto tempo demorei para dormir, mas foi embalada por sonhos de chuva e beijos quentes.