"As cicatrizes do seu amor lembram-me de nós. Eles ainda me fazem pensar que quase tivemos isso tudo. As cicatrizes do seu amor me deixam sem fôlego, não posso deixar de sentir".  Adele - Rolling In The Deep

Dezembro 2017

Rosalie

— "So honey, now, take me into your loving arms. Kiss me under the light of a thousand stars. Place your head on my beating heart. I'm thinking out loud, And maybe we found love right where we are..." - Escuto da cozinha James cantarolando Thinking Out Loud do Ed Sheeran enquanto engulo um pedaço do terceiro muffin de banana com canela e tomo um gole do meu café com leite, fazendo tudo descer mais suave pela garganta.

Meu namorado entra na cozinha carregando um vaso de planta e o coloca sobre o balcão e sorri contente consigo mesmo.

— Esse é um presente para Bella.— diz ele, colocando a mão na cintura e analisando a planta.

— Você vai dar um vaso de planta para ela? — pergunto meio indignada, voltando a tomar mais um gole do meu café com leite.

— Yes, to refresh. A Bella precisa de ar fresco.— diz ele, ajeitando a planta.

— Meu bem, se tudo der errado na sua vida. Acho que você pode virar um jardineiro.— Brinco, já que no nosso apartamento em Londres o que mais tem são plantas para ele cuidar.

James se senta ao meu lado e pega uma xícara de café.

— Não acredito que você comeu todo o bolinho de banana, Rosalie.— diz ele. – Você não tem fundo não?

Dou de ombros e aponto para os bolinhos de limão.

— Larga de ser chorão e come os de limão.— Respondo. — Ninguém mandou você comprar muffin de banana, sabendo que é o meu preferido. Claro que eu comi tudo. Mas sou tão legal, que deixei os de limão para você.

James pega um bolinho e dá uma mordida, fazendo cara feia logo em seguida.

— Esse tem um azedinho do limão.— diz ele, dando outra mordida. — Mas é gostoso.

— Me dá um pedaço? — pergunto, já pegando o bolinho da mão dele.

— Sério Rose, qualquer dia desses vou te denunciar por me deixar passar fome.— diz ele em tom de riso, tomando o bolinho da minha mão e enfiando todo dentro da própria boca.

Terminamos o nosso lanche e ele lava as xícaras e os pires, enquanto eu arrumo a mesa e coloco o vasinho de planta sobre a mesa.

— Ficou muito melhor aqui na mesa.— Falo para ele.

— Ficou mesmo.— diz ele. – O que me lembra de algo.

— O que?— Pergunto, me encostando na geladeira.

— Você acha que vamos conseguir fechar o contrato com a mesma agência do Edward?— ele me pergunta, colocando a bucha na pia e se virando para mim.

— Hum, temos uma reunião semana que vem. Se tudo der certo, vamos assinar com ele sim. – Respondo. — Está ansioso?

— Não.— diz ele, me olhando com seriedade. — É que, sei lá.

— Essa sua cara é de que tem algo de preocupando.— Envolvo meus braços em sua cintura. — Vai, põe essa preocupação para fora.

— É que agora você reencontrou o Emmett e ele é da mesma agência que o Edward. – diz ele, colocando o meu cabelo para trás da minha orelha. — Se nosso contrato der certo, vocês dois vão se encontrar muitas vezes na empresa.

— Eu sei.— Respondo, dando um selinho em seus lábios.

— Seja sincera comigo, Rosalie. O que você sentiu quando o reencontrou? -Sinto um nó na minha garganta. O olhar dele é de medo e insegurança, o que faz meu coração doer.

— James eu não sei definir qual meu sentimento por Emmett agora, sei que agora eu estou com muita raiva, e ele também já caminhou com a sua vida, ele tem até um filho.— Respondo, apertando-o contra mim, na intenção de fazê-lo não se sentir inseguro.

— Rosalie ele ter um filho não significa que deixou de te amar.— diz ele, acariciando os meus cabelos. Fecho os meus olhos e tento não chorar.

— Meu bem, nossos caminhos, o de Emmett e o meu, desde o começo não era para dar certo.  Agora, eu e você sim, você trouxe alegria para minha vida.

— Rosalie eu sei que você ainda o ama. Mesmo que você negue, mas a forma como você olha para ele, qualquer um pode ver que ainda tem amor aí.— diz ele, fazendo o meu coração se quebrar. — Mas eu também sei que você me ama. E vou lutar para fazer o seu amor ser só meu.

— Você me faz feliz todos os dias, James. Mesmo quando o meu mundo estava uma bagunça, você estava lá por mim, por favor, nunca se esqueça do quanto eu te amo. - Nossos lábios se junto em um beijo intenso e desesperado. A saudade arde em nossos corpos, perdida em seus beijos, nem percebo que ele me carregou para o sofá.

— Senti tanto a sua falta, Rose.— diz ele, entre os beijos e carícias.

— Ah, eu senti a sua falta também— respondo, tirando o restante da minha roupa e me entregando de corpo e alma.

—-------------------

Acordo com o barulho de um liquidificador. Me levanto, pegando minhas roupas do chão e indo tomar banho. Depois de alguns minutos, chego na cozinha e James me recebe com um beijo nos lábios.

— Good morning baby. – Ele parece animado. — Dormiu bem?— Ele coloca um copo de suco de laranja sobre a mesa.

— Já fazia alguns dias desde que não dormia assim também. — Respondo, arregalando os olhos, ao notar que ele tinha feito até panquecas. — James, você vai me deixar gorda.

— Que nada, só estou te mimando um pouco.— diz ele, se sentando ao meu lado. — Mas agora vamos comer e ir buscar as suas coisas, não dá para você ficar andando por aí com a minha camisa. — Ele aponta pra mim, que estou apenas de calcinha e uma camisa de James que peguei no guarda roupas.

— Não vai me dizer que não está achando sexy?— dou uma piscadinha para ele.

— Sexy até demais.— diz ele. Mas noto que algo nele não está certo, sei só pela forma como ele me olha.

— Ok. Vou comer rapidinho e já coloco minha outra roupa para irmos buscar as malas.— Tomo um gole do meu suco.

James coloca a mão sobre a minha e me fita por alguns instantes.

— Rosalie, deixa que eu mesmo busco as malas. – diz ele, acariciando a minha mão.— Não quero que você fique esbarrando com o Emmett.

— Você pode ir comigo, vai ser rapidinho. Não precisa se preocupar, ele provavelmente não vai estar na casa do Edward. – Me levanto e dou um beijo no alto da sua testa. — Vou me trocar e já volto.

Uma hora depois já estamos na garagem da casa dos Cullen. James segura forte a minha mão. Quero falar para ele que está tudo bem, mas eu mesma não tenho certeza se tudo está realmente bem. Essa casa me traz muitas lembranças, das quais nunca poderei me livrar.

— Quer que eu entre com você?— James me pergunta, ao notar meu nervosismo.

Dou o meu melhor sorriso falso e nego com a cabeça.

— Não precisa. Tenho que dar conta de enfrentar os meus medos.— Digo, mas pra mim mesma do que pra ele. — São só algumas malas, e graças a Deus elas tem rodinhas, então eu volto rapidinho.

Dou um beijo rápido em seus lábios e saio do carro, caminhando rápido até a sala, que está vazia. Por um minuto me lembro da primeira vez que pisei dentro desta casa. Eu sentia medo, estava insegura e queria desesperadamente voltar para casa da minha avó. Lembro da felicidade da Bella ao me ver parada aos pés da escada, os Cullens não haviam contado para ela que eu viria morar com elas. Carlisle e Esme que me recebeu como uma filha, sempre me tratando como se eu fosse um membro da família e tudo ia perfeitamente bem, até que tudo desmoronou sobre nossas cabeças e o mundo ruiu.

Olhei para o sofá que Emmett tinha dormido na noite passada, e agora não havia qualquer vestígio dele. Os empregados já tinham arrumado tudo.

Subi até o quarto e peguei as malas, que estavam exatamente no mesmo lugar em que havíamos deixado elas, na lateral da cama de Bella. Peguei também o casaco dela que estava pendurado no closet e o coloquei dentro da mala, dando uma última olhada ao meu redor, verificando se tinha pegado tudo e desci.

Parado ao lado do sofá, Emmett me olha sério, com os braços cruzados e uma perna apoiada na outra.

— Precisamos conversar Rosalie. – diz ele, me lançando um olhar acusador.

Meu coração perde uma batida e minhas mãos começam a suar gelado.

— Não tenho nada para falar com você. Se me der licença, tenho que levar as malas para o carro.— Tento me manter o mais séria possível.

Ele pega a alça de uma das malas e a puxa das minhas mãos. Dou um pulo diante de sua força.

— Não posso deixar você sair, Rosalie. Não antes de você me contar tudo o que aconteceu.— Sua voz é ríspida e eu tremo.

— Pelo amor de Deus, Emmett. Eu não tenho nada para te contar.— Minha voz sai um pouco mais alta do que eu pretendia.

— Como não?— Me indaga. Seus olhos me fuzilam. – Um dia você estava aqui, no outro, me liga dizendo que tudo estava acabado e para nunca mais procurar você.

Neste exato momento me vi há 5 anos atrás, com o celular na mão e discando o número do telefone dele. Bella chorando ao meu lado, me implorando perdão. Ainda posso ouvir o meu coração se quebrando em milhares de pedaços, no momento em que dizia para Emmett não me procurar mais.

— Você quer saber o que aconteceu? Vou te contar, Emmett. Fui cuidar da minha vida, me formar em algo que eu sempre amei. Fui cuidar do que era importante para mim. Foi isso que aconteceu.— Cuspi as palavras, tentando me convencer de que elas eram verdade.

— Eu não era importante para você, Rosalie?— ele grita. — Nada do que eu estava fazendo por você era importante? — ele segura o meu ombro e me sacode. – Você me trocou na primeira oportunidade que teve. Nunca pensei que você fosse tão fácil assim. - As palavras dele me atravessam como uma espada afiada. Me desvencilho de suas mãos e dou um passo para trás, tentado manter o meu equilíbrio físico e mental.

— Fácil? Você está me chamando de fácil?— grito, perdendo completamente o meu controle. — Quem é você para me acusar de seguir em frente, Emmett? Por acaso fui eu quem foi participar do We Got Married apenas 3 meses depois que eu fui embora?

— O que o We Got Married tem a ver com isso?— me pergunta confuso.

— Ah, pelo amor de Deus.— Continuo gritando. – Você e a Carmem namoraram de verdade, Emmett. Três meses, logo malditos 3 meses depois que eu fui embora. Além de engravidar e dar ao seu filho o nome que escolhemos juntos para um filho nosso. Que merda de amor era esse que você sentia?

— Rosalie, você está ouvindo isso que está falando? Você foi embora, me deixou desesperado para tentar te encontrar, e agora está me acusando de ter tido uma namorada.— Ele ri de forma sarcástica. – Você não tem direito de falar nada sobre mim, quando volta pra Forks, 6 anos depois de me abandonar e ainda tem a audácia de trazer o namoradinho a tira colo.

— Você cale a sua boca, McCarty. Você não ouse colocar o James nessa conversa.— Fico furiosa por ele mencionar o James, que não tem culpa nenhuma dessa confusão. – Você não tem esse direito. Aliás, você não tem direito a mais nada que esteja relacionado a minha vida. Vai cuidar da sua vida e de Thomas.

Minha fúria é tão grande, que acabo colocando o nome do filho dele no meio da discussão.

— Meu filho não tem culpa de nada do que aconteceu, Rosalie. Não o coloque no meio disso tudo.— diz ele, vindo em minha direção e me puxando para seus braços.

— Por favor, diz para mim que ainda temos uma chance.— Ele me aperta e eu tento me soltar, mas seus braços são mais fortes.

— ME SOLTE, EMMETTTT.— Grito o mais alto que eu posso. — ME SOLTE, ME SOLTE, ME SOLTE... — continuo gritando

— Rosalie, eu sei que você ainda me ama. Por favor, diz que me ama.— Ele afunda o nariz no meu cabelo, minhas pernas tremem, meu coração dispara e o mundo gira.

Emmett é violentamente separado do meu corpo e a voz de James ecoa pela sala.

— Tire essas mãos imundas de cima da MINHA MULHER!— James grita, se colocando entre nós. — Nunca mais encoste um dedo nela.

— Quem é você para me dizer o que fazer?— Emmett questiona James, que exala fúrias pelos poros. Me agarro a camisa de James, querendo desesperadamente sair de dentro desta casa.

— Sou o único homem que pode tocar nela.— diz ele. – Ao contrário de você, que não tem direito algum.

As palavras dele acertam em cheio o orgulho de Emmett, que dá um passo para trás, diante da realidade. Naquele momento, ele é um leão acuado, perdendo sua presa para outro predador.

— Vem amor, vamos embora daqui.— James pega a minha mão, que está trêmula diante da discussão.

— Rose. – Emmett me chama, pegando a minha outra mão.

Em um flash, vejo James acertar o rosto de Emmett, fazendo um pequeno corte em seu lábio.

— Eu falei para nunca mais encostar suas mãos nela! –Grita, pegando-o pelo colarinho da camisa. É a primeira vez que o vejo tão nervoso. Emmett também o segura pelo colarinho e percebo que eles vão começar a se espancar, mas para minha sorte, os seguranças dos Cullens aparecem e os separam. Me pergunto onde os seguranças estavam todo esse tempo e só apareceram agora.

— Vamos, Rosalie. Não temos mais nada pra fazer aqui.— Meu namorado pega as malas que estão caídas no chão e saímos de dentro da casa, onde Emmett continua preso nos braços dos seguranças, gritando palavras de ofensas para James, que caminha pisando firme.

Já dentro do carro, James me abraça desajeitado. Suas mãos estão tremendo e sua testa está suada.

— Amor, você está bem?— ele me pergunta, afagando os meus cabelos. começo a chorar. — Não chore, por favor, agora acabou.— diz ele.

— Obrigada James.— Falo em meio aos soluços. – Obrigada por ser meu cavalheiro de armadura prateada. Obrigada por sempre me resgatar.

— I will always protect you, Baby. Não importa o que aconteça, eu sempre vou proteger você.— Ele me aperta contra o peito. – Nunca se esqueça da minha promessa.

Mais tarde, depois de buscarmos Bella no hospital e burlar os repórteres. Estamos todos sentados no sofá da sala, Bella está deitada com a cabeça no colo do Jasper. Estou sentada no carpete e James está ao meu lado. Na TV está passando um filme que não sei qual é, já que meus pensamentos estão perdidos com os acontecimentos do dia.

— Rosalie, está me ouvindo?— a voz de Jasper me desperta dos meus pensamentos.

— Hum.— Murmuro, me virando pra ele.

— Perguntei o que você quer pedir para o jantar.— Ele me joga a panfleto do restaurante.

— Frango e cerveja.— Respondo no mesmo instante. — Hoje eu quero beber. – Para esquecer os problemas e fingir que a vida é linda, penso comigo mesma.

— Ok, então vamos pedir 4 combos de Frango e cerveja. — James pega o telefone e faz o pedido, que não demora muito para chegar.

Para nossa família ficar completa, falta apenas nossa pequena Sophie, o sol que brilha nas nossas manhãs frias. A pequena figura que colore nossos dias tristes, a pessoa mais importante do universo e o verdadeiro amor de nossas vidas.