Never had much faith in love or miracles (ooh!)

Never wanna put my heart on the line (ooh!)

Adrien não acreditava no amor. Essa era uma maneira simples de colocar sua falta de esperança a respeito do assunto. 

Era fácil entender suas razões quando ele pensava no seu histórico familiar - seus pais realmente tiveram um casamento feliz antes de sua mãe desaparecer? Ele próprio sentia como se nunca tivesse sido amado. E, talvez por não conhecer a sensação, ele também não sabia dizer se já havia amado alguém (agora, em outras conotações, mais românticas e menos familiares).

A parte irônica era não ter fé nos milagres.

But swimming in your world is something spiritual (ooh!)

Porque, sim, um milagre (literal) aconteceu em sua vida.

Receber o Miraculous do Gato Preto e se tornar ChatNoir não foi apenas um milagre para a sua liberdade, também foi o acontecimento que lhe apresentou o amor. Ladybug - sua lady— era uma mulher inacreditável. Ele mal conseguia entender como o amor que sentiu por ela foi tão imediato, mas era algo que beirava o espiritual.

E, claro, talvez não fosse assim quando eles eram dois adolescentes de 14 anos, mas aos 18, a experiência também era muito mais física. 

Ambos experimentaram em primeira mão a puberdade e as inseguranças típicas da adolescência vestindo apenas collants apertados (o seu traje até era de couro, pelo amor de Deus!), e por mais que Adrien se esforçasse para ser um cavalheiro, era impossível não reparar. Não era mais apenas a sua personalidade eletrizante, mas ela também se tornara uma mulher linda. E, em algum ponto que ele não conseguia se lembrar, ele simplesmente tomou coragem.

Adrien se declarou para Ladybug como ele mesmo, já que ChatNoir não estava tendo sucesso. Mas algo doido aconteceu, porque enquanto ele esperava outra rejeição (a expectativa de ser rejeitado como duas pessoas diferentes era mais assustadora do que ele imaginava), ela simplesmente enrubesceu e confessou que… o amava de volta.

Deus, se Adrien soubesse que era isso que ele tinha que fazer desde o início, teria poupado muito sofrimento e noites em claro.

Falando em noites…

I'm born again every time you spend the night (ooh!)

Eles começaram o relacionamento de forma discreta e delicada. O sentimento era tão intenso e real que Adrien sentia medo de se tratar apenas de um sonho do qual se acorda quando menos se espera. Eles optaram por não apressar as coisas, principalmente sendo duas figuras públicas que mal podiam sair em público. 

Quer dizer, essa era a parte racional de ambos falando.

Porque, numa noite quente em que nenhum dos dois conseguia dormir, Ladybug bateu na janela do quarto dele muito nervosa e muito determinada. Adrien abriu imediatamente, um pouco confuso, e ela o beijou com tanta voracidade que ele quase tropeçou. 

‘Cause your sex takes me to paradise

Yeah, your sex takes me to paradise

And it shows, yeah, yeah, yeah

Era a primeira vez de ambos e era óbvio. Não sabiam exatamente o que fazer, onde tocar ou o que falar, e nenhum deles classificaria a experiência como algo ótimo. 

Mas dizem que a prática leva à perfeição, certo?

Os encontros noturnos se tornaram muito mais recorrentes do que o esperado. Era estranho pensar assim, mas era quase como se estivessem viciados um no outro. Adrien passava seus dias pensando se ela apareceria em sua janela de madrugada, mesmo durante suas patrulhas com a mulher que era sua namorada sem saber.

(Em alguns momentos era quase impossível resistir ao impulso de beijá-la enquanto estava transformado em ChatNoir)

O ponto é que aquilo parecia o paraíso na terra. Não havia outra comparação para a explosão de sentimentos dentro dele.

‘Cause you make me feel like

I've been locked out of heaven

For too long

Yeah, you make me feel like

I've been locked out of heaven

For too long

E então, toda vez que seus corpos estavam o mais próximo humanamente permitido, ele sentia como se tivesse ficado preso para fora daquele paraíso por tempo demais.

E era inimaginável estar preso para fora novamente.

You bring me to my knees

You make me testify (ooh!)

You can make a sinner change his ways (ooh!)

Open up your gates ‘cause I can't wait to see the light (ooh!)

And right there is where I wanna stay (ooh!)

Ela o deixava literalmente de joelhos. E, oh, ele queria ajoelhar, para todos os propósitos possíveis. Apenas aquela mulher conseguiria fazê-lo se arrepender de todos os seus pecados, e, ao mesmo tempo, fazê-lo querer cometer mais alguns. 

Era um paradoxo. Mas ele amava. Porque era o paraíso.

E quando ela olhava nos seus olhos, o azul por trás da máscara encontrando o verde desmascarado, ele sabia que queria ficar para sempre naquela luz. 

Às vezes, parecia até recíproco. Mas ele não sabia dizer se Ladybug o amava (tanto quanto ele a amava, pelo menos) ou apenas o seu corpo. Fazia diferença?

‘Cause your sex takes me to paradise

Yeah, your sex takes me to paradise

And it shows, yeah, yeah, yeah, yeah

‘Cause you make me feel like

I've been locked out of heaven

For too long

Mas era óbvio que ela estava no paraíso também. E parecia que também entendia a sensação de estar trancada do lado de fora por tanto tempo, como se ela própria reprimisse seus sentimentos por mais tempo do que era saudável.

Oh, oh, oh, oh, yeah, yeah, yeah

Can I just stay here?

Spend the rest of my days here?

E, quando a sensação de renascer se apossava de seu corpo, Adrien esperava a pergunta que ela sempre fazia.

“Posso ficar aqui?”

Não era como se ele fosse capaz de dizer não. Ele próprio tinha sua resposta de sempre.

“Passe todos os dias da sua vida aqui.”

‘Cause you make me feel like

I've been locked out of heaven

For too long,

For too long

Era muito tempo perdido para compensar, de qualquer forma.