Oficialmente Dilf escrita por Viih Slytherin


Capítulo 8
O Feriado


Notas iniciais do capítulo

Depois de mais de um mês sumida, eis que surjo com um novo capítulo com quase 4k de palavras.
Quero justificar meu sumiço: desde a última atualização eu perdi meu emprego, minha gata morreu, e eu nunca estive tão mal psicologicamente falando. E também não é em qualquer meia hora que um capítulo é escrito, e ele também não se escreve sozinho.
Peço desculpas àqueles que sempre me dão apoio se soei um tanto grossa, mas eu tinha que desabafar.
Capítulo sobre o dia de ação de graças, por quê? Sei lá, queria escrever um sterek 100% doméstico.
Link das playlists que eu ouvi enquanto escrevia nas notas finais.



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Derek abriu os olhos assustado quando ouviu o estrondoso som metálico vindo do andar de baixo de sua casa. Afastou o cobertor com pressa antes de pular para fora de sua cama e correr para verificar o que estava acontecendo antes mesmo de acordar propriamente.

Quando alcançou a porta da dispensa, local de onde viera o som, Derek parou e piscou para a imagem de Stiles gemendo enquanto tentava se levantar do chão coberto por seu conjunto de assadeiras de alumínio. Um banquinho estava ao seu lado, o que evidenciava que Stiles provavelmente tentara alcançar as assadeiras na prateleira de cima e despencou com todas no chão.

― Ele já estava aí quando eu acordei ― Isaac murmurou com a voz sonolenta vinda da cozinha. ― Fazendo barulho e falando sozinho.

― Ei, Der ― Stiles falou do chão, tirando as formas de cima de si antes de se levantar. ― Bom dia.

― Stiles, o que está fazendo?

― A lista de compras ― respondeu, pegando um papel do chão para mostrar a Derek. ― Precisamos ir ao mercado antes da ação de graças.

― Isso é só na semana que vem ― Derek suspirou cansado e passou a mão pelo cabelo bagunçado. ― O que não explica a bagunça na minha dispensa num sábado de manhã.

― Você com certeza não vai querer ir ao mercado às vésperas do Dia de Ação de Graças ― o garoto falou como se fosse óbvio. ― É como procurar presentes na manhã de Natal.

― Então por isso você invadiu minha casa às sete da manhã?

― Não é invasão quando se tem a chave ― Stiles falou enquanto terminava de anotar em seu papel, antes de sair da dispensa. ― Que você mesmo me deu.

― Sim, para emergências!

― Alimentar um bando de lobisomens em um feriado é uma emergência ― abrindo agora os armários da cozinha, Stiles começou a contar o que tinha e anotar o que precisava ser comprado, antes de se virar para Derek. ― Agora vá se trocar para irmos ao mercado.

O homem bufou e revirou os olhos, mas não contrariou.

Stiles parecia realmente animado sentado inquieto no banco de passageiro do Camaro a caminho do mercado. Derek tampouco escondia seu contentamento com os preparativos do jantar de ação de graças. Como alfa, lhe agradava imensamente prover sua matilha, cuidando deles no dia a dia, ajudando a curar as feridas pós batalha, estando lá quando precisarem, oferecendo uma moradia segura para Isaac depois que seu pai morreu, e um refúgio para quando o bando precisasse, sendo o melhor pai que podia para Sam, e, é claro, sendo o anfitrião de jantares nos feriados.

Tendo confiado Sam a Isaac em casa, os dois seguiram mercado adentro, aos poucos riscando a longa lista de Stiles e enchendo o carrinho.

― Stiles ― Derek suspirou, observando enquanto o garoto praticamente mergulhava no freezer. ― Esse peru não cabe no meu forno.

Murmurando alguma coisa que Derek não entendeu, Stiles tentava puxar a ave congelada que obviamente era mais pesada do que ele esperava.

― Cabe sim ― insistiu, esforçando-se para erguer o pacote para fora do freezer. ― É um forno grande, basta tirar a grade de baixo.

Apiedando-se da situação de Stiles, Derek pegou o peru com visível facilidade e o acomodou no carrinho, revirando os olhos para o sorriso presunçoso do outro.

― Precisamos do maior peru possível ― continuou Stiles. ― Meu pai e Melissa também virão para o jantar, e além disso temos mais cinco lobisomens para alimentar, além de você e Sam.

Stiles estava certo, é claro, mas Derek não iria admitir isso em voz alta, então somente se permitiu aproveitar a sensação boa que se apoderava de seu peito sempre que ouvia Stiles se referir a eles como um conjunto.

—_____________

Aparentemente estava virando rotina Derek acordar pela manhã com Stiles fazendo barulho em sua cozinha. Mesmo virando de lado e cobrindo os ouvidos com o travesseiro, ainda podia ouvir o garoto arrastar potes e talheres enquanto cantava desafinado com a música que tocava.

Derek suspirou ao se dar por vencido, então se levantou e foi ao banheiro antes de pegar Sam que também estava acordado em seu berço, em pé agarrado nas grades com uma mão, e tendo na outra seu lobinho de pelúcia; e descer lentamente as escadas, se preparando mentalmente para enfrentar um dia de Stiles fazendo bagunça em sua cozinha.

― Feliz dia do peru, Sour Wolf! ― Stiles saudou quando o viu.

― Stiles, o que está fazendo aqui tão cedo?

Sentando Sam em sua cadeirona de alimentação, Derek pegou sua xícara de café e colocou o leite do bebê para aquecer. Stiles se inclinou e bagunçou de leve os cabelos escuros do filhote, que riu mostrando seu pequeno par de dentes mal nascidos.

― Começando a ceia de ação de graças ― respondeu para então voltar a misturar ingredientes em uma grande tigela.

― São oito horas da manhã.

― E há muito o que fazer ― o garoto disse, apontando a colher de pau para Derek antes de continuar: ― E você vai me ajudar, sendo o único no bando que pode realmente cozinhar alguma coisa sem queimar tudo.

Derek não discordava. Enquanto alimentava Sam, observou Stiles misturar uma generosa quantidade de massa de biscoito, a abrindo sobre o balcão para cortá-la com as formas de homem biscoito de natal.

― Homens de gengibre não são para o Natal? ― Questionou, alcançando a colher suja de massa para dar a Sam.

Stiles sorriu sem olhar para o outro.

― São para qualquer época do ano.

Enquanto os biscoitos ocupavam todas as grades do grande forno duplo de Derek, Stiles começava a preparar as tortas da sobremesa.

Desviando sua atenção por um momento para ajudar Stiles com as tortas, Derek não percebeu que Sam alcançara a tigela suja de massa e agora lambia com gosto as mãozinhas lambuzadas de massa doce, sujando todo o rosto no processo.

― É isso aí, filhote ― Stiles falou, sorrindo largo para o bebê claramente divertido. ― É assim que se aproveita uma manhã de feriado.

Derek revirou os olhos para Stiles enquanto pegava um pano úmido para limpar o filho, não exteriorizando que no fundo se divertia ao vê-lo fazer bagunça.

Quando os biscoitos ficaram prontos, Derek os tirou do forno com cuidado para que Stiles pudesse colocar as tortas de abóbora, maçã e nozes que haviam feito. Mal as formas quentes eram pousadas no balcão mais distante de Sam, os três ouviram o barulho seco de algo rolar pelas escadas, seguido de um som metálico ao alcançar o portão de segurança, juntamente com um resmungo de dor.

Correndo para ver o que acontecera, Derek e Stiles avistaram um sonolento Isaac com o cabelo impossivelmente bagunçado caído nos últimos degraus da escada, jogado em um ângulo estranho sendo sustentado pelo portãozinho de Sam.

Juntando o pouco que restara de sua dignidade, Isaac se levantou, segurando junto ao peito seu braço torcido de uma maneira não natural, ainda gemendo de dor ao finalmente passar pelo portão.

― Eu deveria ter fotografado isso ― Stiles falou, finalmente caindo na gargalhada. ― Aparentemente os reflexos de lobisomem não são tudo aquilo.

― Senti cheiro de biscoito ― Isaac murmurou choroso, seguido de um bocejo.

Derek suspirou e revirou os olhos, avançando para perto do garoto a fim de avaliar os danos em seu braço que estava ficando roxo.

Isaac gemeu alto de dor quando Derek colocou seus ossos quebrados no lugar, mas suspirou em alívio quando sua cura de lobisomem entrou em ação.

Com uma careta de desagrado diante do barulho doentio de ossos encaixando-se, Stiles retornou para a cozinha, colocando alguns biscoitos para esfriar.

― Aqui, filhote número um ― o garoto falou, passando um homenzinho com gotas de chocolate para Sam, antes de deslizar um prato com mais alguns sobre o balcão para Isaac. ― Filhote número dois.

― Por que ele é o um? ― Questionou, abocanhando metade de um biscoito de uma só vez. ― Eu cheguei primeiro.

― É por ordem de favoritismo do Stiles ― Stiles falou, sorrindo presunçoso, dando a Sam mais um biscoito.

― E onde o Derek está nessa escala? ― Questionou, olhando de um ao outro com interesse.

― A escala é para filhotes ― respondeu. ― E não coma biscoitos demais antes do almoço, faz mal.

― Eu sou um lobisomem, posso tomar ácido de bateria, se quiser.

― Não pode, não ― declarou Derek, que até então se mantinha quieto. ― Coma seus biscoitos e dê o fora da cozinha se não quiser ajudar.

Enfiando dois biscoitos de uma vez na boca, Isaac pegou mais alguns do prato antes de sair apressado da cozinha, voltando segundos depois, quando Derek o chamou.

― Leve Sam com você e fique de olho nele ― mandou, pegando o bebê do cadeirão, o passando então para o garoto. ― Não perca ele de vista enquanto engatinha.

Desde que o bebê ficara realmente bom em engatinhar, Derek não podia desviar sua atenção um momento que fosse, pois num instante Sam brincava pacificamente no tapete da sala, e em outro assaltava as gavetas da cozinha para espalhar o que quer que elas contivessem no chão, ou então derrubava as coisas da estante ou armários, isso quando não encontrava um caminho para fora da casa e se aventurava na terra ou poças de lama. Derek temia o momento em que ele aprenderia a andar e então correr. Se não fosse por sua audição de lobo, ele passaria a maior parte do dia em busca do menino fujão.

― Vamos, filhote ― Isaac falou, pegando o bebê no colo. ― Vamos deixar mamãe e papai cozinhar em paz.

― Mamãe e papai? ― Repetiu Stiles. ― Eu sou o papai!

Derek revirou os olhos e foi lavar as mãos em silêncio antes de ir preparar os temperos que usariam para a carne.

—_____________

Stiles remexia seus quadris se deixando levar pelo ritmo da música que tocava de sua lista de reprodução de Ação de Graças, e Derek não conseguia desviar o olhar, apreensivo enquanto antecipava o momento em que o jovem finalmente iria acabar cortando um dos dedos fora enquanto trabalhava no recheio do peru. Esse momento não aconteceu, entretanto, então tendo terminado com os temperos e misturado tudo, Stiles sorriu para Derek, estendendo a tigela de farofa para que o homem pudesse rechear o peru antes de colocá-lo para assar.

― Eu falei que cabia no forno ― Stiles sorriu presunçoso enquanto Derek colocava a assadeira do peru na parte de baixo de seu forno duplo.

― Ei, feliz dia do peru, Batman!

Entrando animadamente na cozinha vinha Erica, seguida de Boyd, que os cumprimentou não tão entusiasticamente.

― Eu sei que é o seu feriado favorito ― a loira disse, se aproximando de Stiles para então notar que em seu avental as palavras “beije o cozinheiro” se destacavam.

Derek não conseguiu reprimir o rosnado que se formou no fundo de sua garganta, baixo demais para os ouvidos humanos, quando Erica se inclinou e beijou longamente a bochecha de Stiles, o marcando com seu batom vermelho antes de se virar para ele com uma sobrancelha arqueada e um revirar de olhos que ele optou por ignorar.

― Ele finalmente serviu ao seu propósito ― Stiles falou, sorrindo amigavelmente. ― Vocês vieram mais cedo para ajudar?

― Você sabe que eu não sei cozinhar ― falou a garota. ― E além do mais, aparentemente a cozinha é território exclusivo do Derek agora.

O homem então revirou os olhos, enquanto começava a trabalhar no cordeiro, cortando a carne para pôr para marinar.

― Meus pais saíram para jantar na casa da minha avó ― Erica continuou. ― Eu não queria ficar em casa sozinha sem ter o que fazer, e também não era uma boa ideia ir junto com eles. É meio difícil tentar explicar pra ela que a epilepsia já era.

― Já que não vieram ajudar na cozinha ― Stiles falou. ― Ajudem o Isaac a tomar conta do Sam.

― Eles estão lá fora ― Derek apontou com a cabeça na direção da janela da cozinha, de onde podia ver os dois. ― Brincando na lama.

― O quê? ― Virando-se rapidamente para olhar para fora, Stiles abriu a janela com rapidez e se inclinou para gritar com Isaac, mesmo que não fosse necessário graças a audição de lobisomem. ― É bom você não deixar o filhote colocar essas mãozinhas sujas na boca!

Então se voltou para Derek, com um olhar questionador.

― Você não se importa que eles provavelmente vão entrar espalhando lama pela casa toda?

― Não, contanto que eles se mantenham longe do tapete.

― Os dois são perfeitas donas de casa ― brincou Erica, rindo quando Stiles jogou um ramo de alecrim em sua direção. ― Errou feio.

― Deem o fora daqui antes que eu os coloque pra trabalhar ― ralhou o garoto.

Derek terminou de cortar a carne e a acomodou em uma vasilha, temperando-a bem e regando-a com vinho tinto, não perdendo a maneira com que os olhos de Stiles acompanharam a garrafa. Ele estava ciente também que enquanto ele se virava para colocar o cordeiro para marinar na geladeira, Stiles tentava furtivamente roubar o vinho.

― Você não tem vinte e um ainda ― falou ao fechar a porta da geladeira, cruzando os braços para o jovem que rapidamente tomava um gole do vinho direto do gargalo.

― Qual é, eu já tenho dezoito ― Stiles protestou quando Derek tomou a garrafa de suas mãos ―, já posso beber em muitos países do mundo.

― Mas não no nosso ― pontuou o homem, dando de ombros e virando a garrafa para ele mesmo tomar um generoso gole, como que para provar que ele sim, podia beber. ― E eu não vou deixar você ficar bebendo na minha casa. Ainda mais quando o seu pai é o xerife.

Cruzando os braços sobre o avental, Stiles franziu o cenho, demonstrando seu aborrecimento e acompanhando o movimento de beber de Derek com os olhos.

― Você sabe que isso conta como um beijo indireto, né?

Dando de ombros, Derek vira a garrafa mais uma vez, sem desviar o contato visual dos olhos de Stiles, não perdendo a maneira como o jovem corava levemente antes de desviar o olhar para o chão.

― Va-vamos trabalhar ― declarou Stiles, pigarreando para limpar a garganta. ― Ainda temos coisas para adiantar antes de assar o cordeiro.

A tarde passou assim como fora a manhã, deixando tudo preparado para o jantar, enchendo a casa com o cheiro dos tradicionais pratos sendo preparados na cozinha, para a apreciação do excelente faro de lobisomem.

― Finalmente, acho que está tudo pronto ― Stiles suspirou, secando as mãos molhadas da louça que terminara de lavar, deixando seu olhar vagar pela cozinha. ― Meu pai logo estará aqui. Foi uma sorte ele conseguir uma folga no feriado, geralmente a delegacia é movimentada nesses dias.

― Você tem sabão no seu rosto ― murmurou Derek, se aproximando e recolhendo a espuma com as pontas dos dedos, não perdendo o modo com que Stiles estremeceu levemente. ― E ainda há farinha no seu cabelo. É melhor você ir tomar um banho antes que os outros cheguem.

― Você também ― respondeu o garoto. ― E aqueles porquinhos que ainda estão lá fora apesar do frio que está ficando.

Como que esperando sua deixa para entrar, Isaac passou pela porta com Sam no colo, seguido por Erica e Boyd, que ao contrário dos dois primeiros, ainda se mantinham imaculadamente limpos.

― Venha aqui, porquinho ― Derek falou pegando Sam no colo, sendo imediatamente agarrado pelo par de mãozinhas de seu filho, que esfregava o rosto em sua camisa e farejava quase audivelmente. ― Você precisa de um bom banho.

Por mais acostumado com o modo com que os lobisomens eram criaturas realmente muito táteis, Stiles não pode deixar de sentir seu coração derreter com a imagem daqueles dois interagindo tão amavelmente, com direito a sorrisos pequenos e carinhos enquanto subiam as escadas. Desviando então seu olhar para Isaac, notou que ele estava tão sujo quanto Sam, e, pensando rápido, disparou em uma corrida atrás de Derek.

― O banheiro é meu primeiro! ― Gritou enquanto corria, sem precisar se virar para saber que Isaac o seguia igualmente apressado.

Stiles riu alto em comemoração ao alcançar o banheiro no fim do corredor pouco antes de Isaac, batendo a porta atrás de si.

Derek suspirou entrando calmamente em seu próprio quarto com banheiro particular, ele às vezes se pegava questionando se aqueles dois tinham realmente dezoito anos mesmo.

Stiles cruzou o corredor ainda rindo ao sair do banho alguns minutos depois, segurando a toalha enrolada firmemente na cintura enquanto ia para o quarto de hóspedes que ele se apropriara.

Enquanto isso, Derek terminava de lavar Sam, tendo necessitado de alguns momentos a mais só para limpar as pequenas unhas repletas de terra. Stiles apareceu na porta do quarto enquanto ele finalmente secava o bebê, se oferecendo para terminar de vesti-lo enquanto Derek tomava seu banho.

― Stiles ― suspirou Derek quando terminou seu banho e encontrou o garoto sorrindo largamente para Sam. ― O que é isso?

― Uma camiseta! ― Respondeu animado, apontando para a estampa que dizia “Wolf Pack – Pup”, com uma silhueta de um lobo uivando no centro. ― Olha como ele está uma gracinha! [1]

― Isso não é engraçado, Stiles ― o homem suspirou, abrindo seu armário para pegar suas roupas. ― Não acha que seria entregar o status dele de bandeja caso um caçador visse isso?

― Não é pra ser engraçado, é pra ser adorável ― respondeu, desviando o olhar das costas nuas e ainda meio úmidas de Derek. ― E também não há caçador algum hoje, é um território perfeitamente seguro. E além disso, eu comprei uma pra você também. Está aí no seu armário.

― O quê? Onde? ― Revirando os cabides, logo Derek encontrou a camiseta no mesmo tom de preto que a de Sam, e com o mesmo desenho, porém dizendo “alpha” no lugar de “pup”. ― Desde quando isso está aqui?

― Desde que eu comprei e coloquei aí ― deu de ombros. ― Você devia usar.

― Eu não vou usar isso ― resmungou, colocando-a de volta no armário, escolhendo no lugar uma Henley cinza escuro perfeitamente aceitável.

Stiles não se deixou abalar. Conhecia Derek o suficiente para saber que se o homem tivesse odiado completamente a camiseta, ele não teria se dado o trabalho de guardá-la.

― Comprou uma pra você também? ― Questionou o mais próximo do risonho que Stiles já vira sem o tom sarcástico.

― Infelizmente eles só tinham de filhotes e alfas ― suspirou em falso aborrecimento. ― Nem uma única escrita “humano simbólico”. Meio preconceituoso.

Quando eles desceram propriamente arrumados, Erica e Boyd já haviam posto e organizado a mesa de jantar, não esquecendo de acomodar o cadeirão de Sam ao lado da cabeceira na mesa, onde era o lugar de Derek.

Não demorou para que o restante dos convidados chegassem, o pai de Stiles vindo junto com Melissa e Scott, completando o bando, exceto por Lydia e Jackson, que jantariam com a família da garota.

A noite passou tranquila e agradável, com todos se fartando com os vários pratos preparados por Stiles e Derek, fazendo valer a pena para o alfa todo o trabalho que tiveram ao longo do dia. Nada o confortava e o fazia sentir grato como ver seu pack reunido e satisfeito.

― Eu acho que seria uma boa hora para dizermos sobre o que somos gratos ― Erica começou. ― Eu sou grata por tudo o que Derek fez por mim, começando pela mordida, e tudo desde então.

Então um por um declararam os motivos pelos quais eram gratos naquela Ação de Graças, deixando Derek por último, pensando o que poderia dizer.

Pensando em sua vida até então, Derek deixou seu olhar vagar pelos rostos ansiosos espalhados ao redor da mesa, que o observavam em expectativa. Ele pensou em como era grato por tê-los ali, por ter um pack onde fazia parte outra vez, mesmo que tivesse chegado a pensar que nunca seria possível depois de tudo o que ele perdeu, e muitas vezes, vezes como essa de autorreflexão, pensava que não merecia tudo isso. Não merecia a confiança depositada nele como alfa, nem como pai ou amigo ou companheiro. Mas ele seguia em frente, fazendo o melhor que podia.

― Eu sou grato ― começou, finalmente ―, por poder ter uma família comigo outra vez.

E quando ele levantou sua taça de vinho em um brinde silencioso, ninguém na mesa precisou dizer que ele não se referia apenas a Sam, seu filho. Seu pack era sua família, e se dependesse deles, ele não o perderia novamente.

Quando todos já estavam satisfeitos e se sentindo cheios após a sobremesa, reuniram-se na sala para assistir à TV antes que ficasse muito tarde e eles tivessem que voltar para suas casas.

Stiles se sentia tão sonolento e saciado que poderia adormecer ali mesmo em sua posição jogado no sofá, embalado pela sensação calmante em sua mente que focava somente em Derek em pé conversando amigavelmente com seu pai enquanto balançava ninando Sam, que aninhado em seu peito ressonava suavemente.

― Todos os bebê lobisomem são tão absurdamente fofos? ― Stiles questionou mais para si mesmo com sua voz embargada e sonolenta, observando com adoração a maneira com que o filhote tinha sua bochecha amassada pressionada contra o ombro de Derek. ― Aposto que você era um bebê adorável, todo fofinho e olhos verdes antes de aprender a se comunicar baseado em rosnados e movimentos complexos de sobrancelha.

Derek sentiu seu rosto esquentar ao perceber que agora Stiles falava de si, ainda mais quando percebeu que a atenção de todos na sala estava nele e no garoto quase adormecido no sofá. Como ele conseguia continuar tagarelando mesmo à um passo da inconsciência?

― Vamos garoto ― o Xerife suspirou, pousando sua mão pesadamente no ombro de Stiles. ― Acho melhor irmos para casa antes que você acabe dormindo aí. Ou falando mais asneiras.

― Mas aqui está tão bom... ― arrastando a última palavra, Stiles se acomodou melhor no sofá, fechando os olhos e puxando para cima de si uma almofada como se fosse um cobertor. ― Para onde as sobrancelhas dos lobisomens vão quando eles se transformam?

Suspirando novamente, Noah se perguntou o que ele havia feito para merecer a falta de filtro sonolenta de seu filho.


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Notas finais do capítulo

[1] Wolf Pack – Pup/Alpha = Matilha de lobos – filhote/alfa.
A ideia das camisetas foi tirada daqui:
https://pin.it/6FqMWnL
Link das playlists no spotify:
https://open.spotify.com/playlist/6d2WdgISZRUx7nNkE4WxVC?si=092d9cfa85ec4df8
https://open.spotify.com/playlist/1AHSUiSQcpMbWYNb7fAtsk?si=0050f5b072504f6d

Espero que tenham gostado, comentem o que acharam e até o próximo o/



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