“Ele não entendeu direito o que ela quis dizer, mas parecia um pouco séria e envergonhada. Estava tudo muito confuso. O comportamento de Rose, o jeito que ela fica perto dele... Estava com suas dúvidas.

- Cla-claro. - Ele disse um pouco receoso. Agora ela tinha-o deixado tenso.”

Ela chamou ele até o quintal e lá ficaram, sozinhos. Um silêncio mórbido os atormentou por um momento. Ele estava na verdade tranquilo e olhando umas árvores, enquanto Rose, por sua vez, estava nervosa e com o coração na garganta.

"Vai, garota! Você não vai ter outra chance como essa! Logo ele vai ter que voltar para a cidade central e você não vai mais poder vê-lo tão cedo! É agora ou nunca!" Ela pensava, enquanto tentava tomar coragem para seguir em frente.

Ele olhou para as árvores, esperando ela começar a falar o que queria. Estava um silêncio assustador.

- Olha, Rose, se não tem nada a dizer acho que vou indo. - Disse Ed, se levantando.

- Espera, Ed! - Ela disse, puxando-o pela mão.

- Eu só... Estou pensando em como dizer isso a você. - Ela disse, cheia de receio.

- Vamos, não deve ser tão difícil assim dizer alguma coisa pra mim. - Ele disse e sorriu, e ela corou. Que sorriso atraente.

- Senta, senão é bem provável que caia. - Ela disse e forçou um sorriso, e ele sentou ao lado dela, e esperou ela começar a falar.

-Mas o que você tem de tão importante para me dizer?- Perguntou Ed, um pouco impaciente.

- Sabe... Lembra daquela vez que você falou "Se levante e ande. Você tem suas próprias pernas para andar"?

- Sim, o que é que tem? – Ele perguntou, levantando uma sobrancelha.

- Bem... Depois de você dizer aquilo meio que eu comecei a odiar você. - Ela admitiu, com um suspiro.

- Você me odeia, Rose? Era isso? - Ele perguntou, em um suspiro. – Ótimo, mais um pro clube...

- Não, não é isso, nunca Ed, eu...- Falava a garota com o coração acelerado. - Me deixe terminar. - Ela pediu, e ele assentiu com a cabeça.

- Enfim... Depois de um tempo eu consegui refletir sobre o que você disse... Na verdade tive muito tempo pra isso - Ela riu um pouco sem emoção. - E pensei que você me salvou da situação horrível em que eu estava. Me salvou de mim mesma. Se não fosse você, eu continuaria a seguir Cornello e acabaria virando apenas mais uma peça no “xadrez” dele. Você abriu meus olhos. Depois de perceber isso comecei a gostar muito de você. Queria que você viesse pra Liore novamente pra poder te pedir desculpas pelo modo como agi com você. Eu rezava pra você voltar pra cá.

 Ed agora olhara a menina de uma maneira diferente, com uma certa seriedade. "Ela ainda acredita em religião?" Ele pensou, e riu um pouco sem emoção. "Uma vez crente, sempre crente."

 - E... bem, você está aqui. Sei que você não acredita em Deus, mas ainda acho que ele atendeu as minhas preces depois de muito tempo.

 - E onde quer chegar com tudo isso? - Ele disse, um pouco impaciente. Não gostava de que enrolassem muito na conversa, queria que ela fosse ao ponto crucial.

- Err, eu não sei bem como dizer - Falava a garota a ponto de um ataque de nervos.

 - Mas pra quê isso? Eu sou tão feio assim pra você ter medo? - Ele disse e riu um pouco. Rose não conseguiu conter o riso.

- Que nada... Muito pelo contrário. - Ela disse, e assim que disse isso, Ed a olhou surpreso e ela corou. "Como você pôde dizer isso, sua burra?" Ela pensou, em pânico.

 - Er... Obrigado. - Ele disse, meio corado.

- Chega de ladainhas, eu preciso falar de uma vez - Ela disse. - Ahhhh, porquê é tão difícil falar três palavras? - Ela disse, e começou a bater na cabeça.

- Só três? Está enrolando tanto pra falar três palavras? - Ele disse, levantando a sobrancelha. - Não é assim tão difícil!

- Você não entende... - Ela disse, olhando pro lado. - São muito mais difíceis. E se você soubesse quais são as três palavras, também ficaria do mesmo jeito.

- Rose, eu tenho que ir... Preciso ir à biblioteca e você não se decide... já passamos muito tempo aqui só nisso. - Ele disse, se levantando.

- Não vá! Por favor espere só mais um pouco! - Ela o puxou pela mão.

- Então fala logo- Falou Ed sem paciência

Ela se levantou, respirou fundo, chegou mais perto e, sem pensar, beijou os lábios do alquimista, que ficou em estado de choque. Ela sentiu seu coração quase sair pela boca, no momento que o beijou, e simplesmente fechou os olhos e aproveitou o momento. Ed, pelo contrário, ficou apenas em estado de choque. Não sentiu nada. Talvez um arrepio com o susto, mas só.

Não eram aqueles lábios que ele esperava. Ele não sabia que lábios desejava, mas sabia que não eram esses. Depois de algum tempo no beijo, ela parou e olhou naqueles olhos cor de âmbar, com receio.

- E-eu te amo - Ela disse, corada. - Me desculpe por demorar tanto.

- O-o que você está dizendo Rose? - Falava o alquimista paralisado, sem saber no que pensar. Não sabia como reagir.

- Por favor, não me rejeite. Eu te amo tanto... - Ela disse, e começou a choramingar.

- Ro-rose, eu - Dizia o alquimista sem jeito, ele não queria ferir os sentimentos de Rose.

Ela se sentou no banco que tinha ali, e começou a chorar baixinho. Ele olhou pra ela com pena. Isso lembrava a ela de seu falecido namorado, e a fazia chorar ainda mais. Ele deu um suspiro e foi até ela, sentando-se ao seu lado, e passou o braço pelas costas dela, como em um abraço, para confortá-la.

- Ed, no começo eu pensava estar louca, ou apenas confusa - Dizia a garota entre soluços. – Mas depois percebi que te amava de verdade.

Ela apoiou a cabeça no peito dele e chorou mais um pouco. Logo as lágrimas cessaram e ela abraçou-o com força. Queria sentir o seu calor. Ele por outro lado, estava com a cabeça cheia de dúvidas e receio, não sabendo como fugir da situação.

 Ele sabia que não a amava, não como ela o amava pelo menos. Ela não passava de uma amiga. Mas o jeito como ela pareceu sofrida e triste... Ele não conseguiu dizer isso a ela. Iria destruir o coraçãozinho da moça.Em um suspiro, ele começou a pensar no que fazer.

"Não posso apenas deixá-la aqui e dizer 'Rose eu não te amo'. Ela precisa de mim, pelo menos por enquanto. Eu não sei como dizer isso. Não faço a mínima ideia de como explicar isso a ela... Nossa veio tudo tão de repente. Nunca passei por isso antes...” Pensava o alquimista.

 Ele se perdia em seus pensamentos. Quando a menina o olhou e sorriu, com os olhos úmidos de lágrimas.

- Te amo tanto... - Ela disse, abraçando-o ainda mais forte. Ele suspirou.

- Rose, eu preciso de um tempinho pra pensar. - Ele disse, esfregando as têmporas com os dedos. - Poderia me dar licença?

- C-claro... Mas por favor pensa com carinho. - Ela disse, com os olhinhos brilhando e soltando-o, e ele se levantou e foi para seu quarto, batendo a porta atrás de si.

Alphonse estava lá dentro, lendo um livro, e ele olhou o irmão surpreso. A cara dele parecia tensa.

- Nii-san, o que aconteceu? - Perguntou Al, surpreso.

- Al, preciso de um conselho. Por favor, me ajuda? - Ed pediu, com um sincero desespero em sua voz.

- C-certo. – Ele disse, até um pouco assustado. – Conselho pra quê?

                                         ~[continua]~