Esparta, terra dos maiores guerreiros da humanidade. Bravos homens que lutaram desde seu nascimento para se provarem dignos de guerrear, conquistar novas terras, além de proteger suas mulheres e outras crianças do mau estrangeiro. Isso, muitos séculos atrás, quando a influência do deus Ares era tão poderosa que ele desafiou o trono de Zeus.

Nos dias mais recentes, Esparta se modernizou. As guerras cessaram, a população não lutava mais desde o nascimento para provar dignidade. A influência de Ares acabou. Pelo menos foi o que disseram à princesa Diana.

Trajada em seu manto azul real, a princesa das amazonas cavalgava na égua atravessando a praça de Esparta, onde estátuas de antigos líderes eram preservadas.

Alta, seu cabelo escuro estava preso para trás, a tradicional tiara dourada com estrela vermelha residia em sua cintura juntamente com o laço mágico da verdade. Os braceletes prateados já estavam equipados e a armadura azul e vermelha de amazona escondia-se por baixo de roupas de pano que o mundo dos homens insistia em impor. Desceu do animal e a acompanhou até um estábulo, amarrando a corda em um banco de madeira. Diana fez carinho na companheira enquanto olhava ao redor.

Pouco sobrou dos tempos áureos de Esparta. As casas modernas substituíram as cabanas que serviam de moradia; escolas tomaram o lugar das cadeiras ao ar livre que eram comuns na Antiguidade - mesmo que em outra cidade, Sócrates se irritaria caso soubesse que as praças não serviam mais para monólogos, debates, questionamentos e filosofia. Mas era num bar onde Diana queria estar para começar a cumprir sua missão.

Mesmo sob a luz solar no lado externo, o ambiente já estava lotado de homens enchendo a cara. Diana não se recordava se os guerreiros de Esparta bebiam após as batalhas vencidas - provavelmente não, sempre ouviu que os espartanos jamais baixavam a guarda. Ver os descendentes dos maiores guerreiros da Antiga Grécia desperdiçando seu tempo num lugar como esse lhe deixava decepcionada.

Ouvia atentamente cada voz, cada conversa dentro daquele bar. Não eram muitos os homens que abriam a boca - conseguiu identificar três falando sobre esportes nas mesas atrás dela, uma dupla conversando sobre problemas familiares e, talvez o mais interessante, um trio fofocando sobre um monstro no subterrâneo da cidade. Sinalizou para o barman pedindo três copos, os recebeu depois de um minuto e os levou até a mesa da conversa.

—Dizem que ele tem chifres e cabeça de touro! - afirmava um deles, assustando os outros dois. - Corpo de touro! Pernas de touro!

—Ouvi dizer que ninguém jamais voltou com vida lá de baixo.

—São mortos?

—Não sei. Quem saberia? Talvez mortos. Talvez se tornaram escravos. Dizem que há um labirinto lá embaixo, alguém precisou construí-lo.

—Senhores. - Diana aproximou-se dos cavalheiros na roda de conversa e pousou os copos cheios de cerveja. - Uma rodada por minha conta se me contarem tudo o que sabem sobre essa tal criatura.

—Ah, moça, não vai querer saber. É inacreditável.

—Sou fascinada por histórias surreais. Querem ouvir uma? - Acenaram com a cabeça, concordando. - Ouvi dizer que em Atenas existe uma mulher de cabelos esverdeados. Parece uma mulher comum, mas todo homem que já foi dormir com ela, amanheceu petrificado. Dizem que o cabelo, na verdade, tem o poder de transformar em pedra no primeiro olhar.

—Sim, já ouvi sobre essa mulher - avisou um deles, o mais falastrão, continuando a história. - Ouvi dizer que seus cabelos, na verdade, são serpentes vivas!

—Incrível. Parecem seres mitológicos.

Sorrindo, Diana apontou para o mais falante do trio.

—Agora você. Me conte sobre essa criatura subterrânea.