Is It Possible? escrita por Kit Kat


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Oi Oi gente!
Aí está mais um capítulo, o primeiro com POV dos outros personagens. Espero que gostem!
Desculpem qualquer erro.



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Gina.

— Harry. - chamei, mas ele não tirava os olhos daquele livro estranho. - Harry! - ele me olhou assustado. - Você ouviu o que eu falei?

Tinha uma semana que estávamos em Hogwarts e eu havia prometido a mim mesma tentar melhorar as coisas com Harry. Eu estava com ele na sala precisa, tinha a esperança de termos uma boa conversa e quem sabe até namorarmos um pouquinho, mas eu estava enganada. Minha tentativa foi igual todas as outras: falha.

— Desculpe, Gi, não escutei. - ele corou envergonhado.

Senti meu sangue ferver, já fazia meses que nosso relacionamento estava assim. Harry nunca estava presente, sempre enfurnado nesse livro, ele não prestava mais atenção no que eu falava, não passava algum tempo comigo, nem me beijava ou me tocava.

Eu sabia que tinha algo errado e sempre estava ao seu lado tentando ajuda-lo, mas ele agia como se estivesse tudo normal e isso me deixava louca. Nem Ron e nem Mi conseguiram fazê-lo desabafar ou voltar a agir normalmente.

— Você nunca escuta! - explodi. - Estou cansada disso Harry, estou aqui faz meia hora tentando ter uma conversa decente com você e nada. Eu sei que tem algo errado, você não é assim! Por que não me fala o que é?

— Não há nada de errado Gina! - ele disse seco. - Você fica procurando problemas onde não tem, já está chato isso.

Como ele ousa?

— Eu estou procurando problemas onde não tem? - perguntei entredentes. - Você não me escuta mais, não me beija mais, não faz mais questão de estar comigo e nem com seus amigos, e ainda vem me dizer que está tudo bem? - terminei com a voz elevada.

Harry bufou, fechando o livro com força e se levantou irritado.

— Talvez eu esteja me afastando de vocês porque eu não aguento mais vocês. - me surpreendi com sua resposta. - Estava insuportável ficar na sua casa ouvindo todos lamentando pela morte do Fred o tempo todo ou ouvir a Hermione chorando pelos cantos por causa do fora que levou do Malfoy e por não ter conseguido recuperar a memória de seus pais.

— Como você pode falar isso? Como pode falar isso das pessoas que sempre estiveram ao seu lado? - gritei. – Se estava tão cansado assim de nós, por que não foi embora?

— E eu ia para onde, Gina? - ele gritou de volta. - Não sei se você se lembra, mas eu não tenho casa. Perdi a chance de ter uma quando Sirius morreu.

— E mesmo tendo perdido pessoas ainda é capaz de falar de dor dos outro como se não fossem nada para você. - respondi com a voz baixa, mas demonstrando todo o desprezo que eu sentia por ele naquele momento.

— Todos perdemos pessoas, mas não adianta ficar chorando pelos cantos. - ele suspirou. - Eles não vão voltar.

— Sim, você tem razão, eles não vão voltar e temos que te agradecer por isso. - segurei as lágrimas que se juntavam ao redor de meus olhos, eu não choraria na frente dele. - Hermione tirou a memória dos pais por sua causa, para te ajudar em uma guerra que colocou ela e sua família em perigo. Fred morreu por você, Sirius morreu por você, Lupin, Tonks, Moody e tantos outros. Todos sacrificaram algo por você e muitos se sacrificaram por você.

— Eu não pedi nada disso. - ele disse num sussurro.

Harry estava sentindo o choque das minhas palavras. Palavras duras e maldosas, mas palavras verdadeiras. Se ele ia agir como um verdadeiro troglodita que não se importa com o sentimento dos outros, ele ia ouvir.

— Eu sei que não, mas você era nossa única opção e aquele Harry, aquele cara de um ano atrás, aquele cara que eu conheci quando pequena, aquele que se importava com os outros, que colocava a necessidade dos outros acima das suas, aquele que se importava com as pessoas a sua volta, aquele sim valia apena. - me aproximei dele e o encarei com ódio. - Aquele Harry Potter sim foi digno de cada ato a seu favor, agora você - ri com escárnio. - o Harry de agora não merecia nem que sua mãe tivesse dado a vida por ele. Quem sabe assim, ainda tivéssemos as pessoas que amamos.

Dito isto saí da sala o mais rápido que pude antes que ele me visse derramar as lágrimas que se acumulavam desde de o início da nossa conversa.

****

— Não consigo acreditar que ele disse isso. - Luna disse abaixando a cabeça tristemente, e jogou um pão para a lula gigante que deu um salto como agradecimento.

Eu a havia encontrado no corredor com um saco enorme de pães e, como eu estava muito mal por causa da minha conversa com Harry, ela achou melhor eu acompanha-la, para desabafar e de acordo com ela alimentar a lula nos deixava mais feliz.

— Nem eu. - suspirei ainda chocada com o que havia acontecido. - Não entendo como ele pôde dizer aquilo de mim, da minha família e de Hermione como se fossemos um peso morto em sua vida.

— Ele foi muito duro.

— E eu também. - respirei fundo tentando me livrar do bolo que subia em minha garganta e das lágrimas que ameaçavam descer furiosamente. - Não queria ter dito o que eu disse. Não era verdade o que eu falei, pelo menos não a parte de que seria melhor se ele tivesse morto.

— Você foi dura. - Luna disse olhando a lula que jogava água em nós pedindo mais comida. - Mas, isso não quer dizer que ele não tenha merecido. Harry tem precisado de um choque de realidade e espero que você tenha conseguido lhe dar esse choque.

Ela me estendeu um pão e indicou o lago sugestivamente com a cabeça. Parti o pão e joguei um pedaço para a lula que parecia sorrir enquanto mastigava. Olhei aquela cena e um certo alivio me atingiu quando a vi rodopiar com os olhos brilhando. Luna tinha razão, alimenta-la nos deixa mais feliz, na verdade, acho que não existe alegria maior do que ver a inocência de um animal estampada na felicidade do mesmo. Joguei o outro pedaço e sorri.

— Sabe, não entendo por que todos têm medo dela. - Luna sorria para mim. - Ela é o único ser de Hogwarts que não vejo Zonzóbulos rodeando.

E lá vamos nós com as conversas estranhas da Luna.

— E isso é algo bom?

— Os Zonzóbulos mexem com a cabeça das pessoas e das criaturas. Eles podem transformar uma pessoa boa em má e vice versa, mas também pode não ter tanto efeito. Geralmente são manipuláveis.

— Como assim manipuláveis?

— Se você é uma pessoa boa que tem contato com coisas ruins eles podem te fazer uma pessoa ruim. - ela sorriu para mim. - Então, sim, é algo bom não ter zonzóbulos lhe rodeando. Sem eles sua pureza é preservada.

Olhei para a lula que agora brincava com alguns sereianos. Pureza, era o que emanava daquela criatura.

— Bom dia, meninas! - Zabini e Nott se aproximavam de nós sorrindo.

— Bom dia. - respondemos.

— Luna, você vai engordar essa lula de tanto que a alimenta. - Zabini brincou sentando ao lado dela e beijando sua testa. Nott sentou ao meu lado e sorriu amigavelmente.

— E ai, ruiva!

— Oi, Nott. - sorri para ele.

— Acho que já passamos dessa parte de sobrenomes, Gina. Me chame de Theo ou amor da sua vida. - ele sorriu sedutor.

— Acho que prefiro Nott. - respondi tentado segurar um risinho que insistia em escapar. Blás e Luna riram.

— Então você é uma garota difícil?

Eu ri de sua pergunta.

— E desde quando não te chamar pelo nome é ser difícil?

— Caso não tenha entendido, é um bom começo de flerte e geralmente dá certo. - ele piscou para mim e eu corei violentamente. Ouvi Blás e Luna tentarem segurar as risadas.

— Bom, nós temos que ir. - Zabini se levantou puxando Luna. - Temos que fazer aquele negócio.

— Que negócio? - a loira perguntou sem entender.

— Aquele de achar os bichinhos estranhos que rondam todo mundo.

— Os Zonzóbulos? - ela perguntou inocentemente. - Mas fizemos isso ontem Blás e não é como se tivéssemos que procurá-los, eles sempre estão nos rondando.

— Mesmo assim. - ele disse entre um sorriso forçado e indicou eu e Nott com a cabeça. Deve ter achado que não vimos. - Temos que ficar de olhos neles.

— Mas eles...

— Vem, Luna, vem! - Blás a cortou e saiu puxando-a para dentro do castelo.

— Qual é o seu problema? - foi a última coisa que ouvi ela perguntar enquanto eles se distanciavam.

Blás parou e sussurrou algo em seu ouvido e Luna olhou em nossa direção toda corada e com os olhos arregalados. Quando ela me viu olhando deu um sorriso sem graça e fez um tchauzinho com a mão puxando Blás pelo braço.

— Ele disfarça tão bem. - Nott ironizou rindo e eu o acompanhei.

— Precisa ensinar ele a disfarçar. - comentei me voltando para ele.

— Acredite eu já tentei. - ele disse com um falso suspiro cansado. - Mas Blás é o tipo de pessoa que você começa com a frase "não olha agora..." e ele é o primeiro a olhar.

Gargalhei.

— Não o julgo, sou exatamente assim.

Ele riu de mim.

— Você também deveria ensinar Luna a tentar entender as coisas mais rápido.

— Acredite eu já tentei. - lhe olhei divertida e ele riu novamente. - A diferença da Luna para uma pessoa lerda é que ela é inocente, não lerda. Se quer uma pessoa lerda sugiro falar com o meu irmão.

— Não, muito obrigado. - ele diz com uma cara de nojo e tenta se esquivar do tapa que miro sua cabeça, mas eu o acerto em cheio. - Ai!

— Meu irmão não é tão ruim assim!

— Mas é o melhor amigo do Potter e, digamos, que eu não vá com a cara daqueles dois.

Minha cara fechou quando ele citou Harry e flashes da nossa conversa de hoje mais cedo me atingiram, acabando com o meu bom humor.

— No momento nem eu estou indo. - murmurei, mas ele ouviu.

— Brigou com eles?

— Não com Ron, meu problema é com Harry.

— Problemas no paraíso, Ruivinha? - ele me olhou sorrindo divertido, mas seu sorriso sumiu quando viu que eu não o retribuía. - O que aconteceu?

Desabafei com ele tudo o que estava entalado. Por mais que eu tivesse desabafado com Luna, desabafar com Nott foi mais aliviante. Com Luna tentei controlar minhas palavras, não xingar tanto Harry, pois querendo ou não eles eram amigos, já com sonserino pude xinga-lo a vontade.

— Uau, que... - ele começou e provavelmente estava tentando escolher a palavra certa. - imbecil! - me decepcionei um pouco com o xingamento leve, mas sorri com a tentativa. - Como esse crápula pode dizer isso de vocês?

— Eu também não sei, só sei que aquele cara não é o Harry por quem me apaixonei.

— Interessante. - ele sorriu sedutor. - Então, a ruivinha mais gata de Hogwarts está solteira.

— Nott, você não perde tempo! - disse tentando esconder uma risadinha. - Eu, literalmente, acabei de terminar meu relacionamento.

— Quem perde tempo é relógio parado, Ruiva. - ele disse e eu comecei a gargalhar. - Mas, me diga o que eu posso fazer para você me chamar de Theo?

— Chamo pelo apelido apenas meus amigos.

— E não somos amigos? - perguntou erguendo as sobrancelhas.

— Acabamos de nos conhecer.

— Qual é, Ruiva? Nos conhecemos desde o seu primeiro ano.

— Não, você ajuda seus amigos a me irritarem desde o meu primeiro ano. - o corrigi e ele riu.

— Realmente, mas, então, o que posso fazer para ter a amizade da Ruivinha mais gata de todas? - eu ri de novo.

— Você já começou bem. - sorri. - Aliás gostei desse título: Ruivinha mais gata de todas.

Ele riu.

— Gata, para mim você é a garota mais bonita de todas. - corei violentamente. - Ainda mais com o cabelo assim. - ele colocou uma mecha do meu cabelo para trás da orelha e sorriu.

Eu tinha até me esquecido da minha mudança. Antes das aulas começarem resolvi que tinha que voltar para Hogwarts como uma nova pessoa, tinha que deixar para trás aquela garota que achava que o mundo era cor de rosa, afinal eu havia enfrentado uma guerra e estava mais do que na hora de verem a mulher que eu era. Eu deixaria minha marca esse ano, minha presença seria visível até para um cego e achei melhor começar com uma mudança na aparência.

— Você gostou? - perguntei passando a mão em meus fios que agora iam apenas até o meio do meu pescoço e de uma tonalidade mais escura do que era, sem fugir do ruivo que eu sempre amei.

— Muito! - ele abriu um sorriso maior ainda. - Te deixou mais madura, mas não velha - se apressou em dizer e eu ri. - e combinou muito com você. Te deixou com um ar leve.

— É como me sinto. - olhei para o lago sorrindo. - Me sinto livre, aliviada.

— Não é para menos. - ele riu. - Mas o que te levou a querer mudar?

Not me olhou com um brilho curioso e interessado no olhar. Ninguém nunca havia me olhado assim, como se quisesse mesmo saber o que eu sentia e estivesse realmente interessado. Mas ele estava interessado, dava para ver em seus olhos. Nott me olhava atentamente como se cada palavra e cada pausa entre elas fossem importantes.

— Tudo. A guerra, a perda do meu irmão - ele segurou minha mão de forma colhedora. -, mas principalmente o fato de eu querer deixar a Gina do passado para trás.

— Não gostava dela?

— Gostava e ainda gosto, mas ela agora é uma parte da minha vida que passou. Ela achava que o mundo era um conto de fadas e se machucou e se decepcionou ao descobrir que não era. - suspirei. - Não quero ser a garota machucada, não mais.

— Nunca te vi assim. - ele apertou minha mão que ainda segurava. - Na verdade, eu sempre te achei a menina mais vida louca que eu já vi. A menina que subia em cima da mesa nas festas e ameaçava tirar a roupa, a menina que não se importava com o que as pessoas diziam.

Soltei sua mão e escondi o rosto entre as minhas corando com as lembranças de meus porres nas festas clandestinas de Hogwarts. Ele riu e segurou minhas mãos tirando-as de meu rosto.

— Sempre te admirei e confesso que invejei, também. Queria ter sua coragem de jogar o foda-se para o mundo.

— Eu nunca fui, de verdade, essa garota que eu aparentava ser. Sempre me importei com o que diziam de mim. Eu dançava igual louca e queria tirar a roupa - corei ao dizer isso e ele riu. - só quando eu realmente estava muito bêbada. Era quando o Álcool estava no meu sangue que eu me sentia livre para ser quem eu queria ser, mas quando eu voltava a mim eu me arrependia. Eu via as pessoas zoando e comentando o que eu fazia, comentários ruins e maldosos, e era aí que tudo pegava, achava que não era digna de algo bom. Sabotei meu namoro com Dino e sempre me julguei ser uma pessoa que não merecia Harry, pois eu seria uma vergonha para ele caso me soltasse nas festas.

— Ele que não te merece. - Nott disse ríspido. - Aquele idiota!

— Hoje eu sei disso. - sorri apertando sua mão para tranquilizar sua irritação. - Por isso eu queria mudar, porque hoje eu sou a pessoa que eu sempre quis ser e não tenho vergonha disso.

— É assim que se fala, Ruiva! - ele sorriu e se recostou no banco sem soltar minha mão. - Tem que mostrar a mulher que você é, todas tem que fazer isso.

— Fala isso para a Hermione e a aluna. - bufei, me recostando no banco também.

— Por que? - ele riu. - Elas não quiseram mudar também?

— Quiseram, até o momento em que eu cortei o cabelo e, então, voltaram atrás com receio de uma mudança radical. - soltei suas mãos e cruzei os braços lembrando do quão irritada fiquei naquele dia. - Fui abandonada.

Ele gargalhou.

— Mas a Hermione deu uma mudada. - ele disse. - A vassoura dela está mais contida. - Nott se referiu ao cabelo e eu gargalhei.

— E você não tem noção o quanto foi difícil para isso acontecer. Passamos uma manhã inteira no cabeleireiro para abaixar a juba. - nós rimos.

— Draco sentiu falta do cabelo dela. - ele comentou e eu o olhei rindo. - Ele era apaixonado naquele cabelo volumoso, mesmo que tenha achado ela mais bonita com os cabelos baixos. - Nott riu. - Você tinha que ver sempre que eu chamava o cabelo dela de vassoura eu recebia um tapa de cada um.

Gargalhei.

— Mas você quer falar do cabelo dos outros sendo que você tinha aquele topete de Cacatua?

— Ei, meu topete era incrível tá?

— Nott, - eu disse rindo. - parecia que você tinha levado um choque e seu cabelo tinha ficado para sempre daquele jeito.

— Já que é assim, vamos falar de cabelo então. Vamos começar do seu cabelo que parecia da Mortícia da família Adams só que vermelho. - ele sorriu presunçoso e eu lhe dei um tapa no braço.

— Ele era lindo!

E foi assim que eu passei minha tarde inteira: ora discutindo com Nott ora rindo das palhaçadas que ele falava. Ser amiga dele não seria nem um pouco ruim e confesso que a ideia de voltar a ter um momento como esse com ele me animava bastante. Theodore Nott sabia exatamente o que dizer e me fazia rir como ninguém.


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Notas finais do capítulo

Oi Oi de novo!
Eai, o que acharam?
Espero de coração que tenham gostado.



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