Kate estava numa parte do jardim com Bonnie, enquanto ouvia as histórias sobre aquela construção e das lutas que já aconteceram por ali, que não foram poucas. Mas ouviu também dos bons momentos que passaram entre amigos e das festas, como por exemplo, os eventos grandes da cidade Miss Mystic Falls, Dia dos Fundadores, Halloween,... 

—Aceitam uísque? - Damon se aproxima com um copo sobrando em mãos. - Juro que é só uísque.

—Não, obrigada. Eu vou… Ver onde está Caroline.- Bonnie dá um sutil sorriso e sai sorrateiramente de vista.

—Tudo bem, eu aceito.- Kate diz, por se sentir incomodada com a presença dele, virando a dose de uma vez na esperança de que ficar bêbada facilitaria seu desconforto.

—Uau, vai devagar. Álcool e fogo não combinam muito.- Damon brinca, olhando para o horizonte que antes as duas estavam observando durante a conversa.

—Elena é sua namorada.- Kate simplesmente solta, pensando que talvez o efeito do álcool tenha agido rápido demais, mas de qualquer forma, atraiu a atenção dele.- Essa é a resposta que vocês esconderam de mim. Só não sei o porquê.

—Ah… Não escondemos de você, mas… é complicado.- Damon desvia o olhar e bebe o resto de seu uísque também.

—Stefan também teve algo a ver com ela, não é? Eles… ?

—”Stefan, Stefan e Stefan”... - ele suspira incomodado - mas sim, eles já namoraram, se é o que você quer saber. É uma longa história e eu não quero falar disso porque…

—Pode falar, eu não me importo. - Na verdade ela se importava sim e Damon visivelmente se segurava para não continuar a frase, por alguma razão.

—Deixa eu interromper um momento vocês… - Julian aparece de repente entre eles.- Mas eu preciso que ela venha comigo.

—O quê? Por quê? - Kate se coloca na defensiva, estranhando tal abordagem.

—Ela não vai a lugar nenhum com você.- Damon retruca, se posicionando na frente de Kate para encará-lo e bloquear seu acesso a ela.

—Como eu disse e vou repetir, ela vem comigo. E alerta de spoiler: Todos aqui estão compelidos a reagir caso algum de vocês reaja de forma brusca ou supostamente violenta.- Julian aponta para todos os figurantes da festa que até então pareciam inofensivos e os dois lentamente olham em volta com movimentos mínimos para checar a informação - Como eu disse, uma festa tranquila.

—Mas você não vai levá-la.- Damon repete, ainda encarando-o.

—Ah, eu vou sim. E você não vai fazer nada, porque todos os seus amigos, inclusive ela, estariam correndo perigo.- Julian sorri sadicamente.

—Damon… - Kate sente o coração quase saltar pela boca, sentindo a ansiedade começar a tomar conta.

Julian passa por Damon e guia Kate segurando-a pelo braço para afastá-la dali, indo em direção aos fundos da casa. Damon fixa seu olhar nela, até o momento que a perde de vista, sentindo-se encurralado. Eles precisavam de um plano imediatamente, porém parecia estar num campo minado ao perceber que todos realmente os observavam desde os pequenos gestos e isso sim, era uma merda.

—Que bom ver vocês, - Damon chega do jardim o mais pleno possível, posicionando-se ao lado das meninas e forçando um sorriso convincente enquanto tenta sussurrar - não façam movimentos bruscos, eles estão compelidos para nos matar. Encontrem Stefan e vão até os fundos, Julian levou Kate.

—O quê? - Bonnie franze a testa, confusa, tentando absorver tanta informação.

—Droga.- Caroline tenta disfarçar sua irritação com um sorriso amarelo.

—Vocês estão ridículos.- Bonnie comenta, recebendo um olhar mortal de ambos - Tudo bem, entendi. Encontrar Stefan.

—Sem movimentos bruscos.- Damon reforça a mensagem falando entredentes, enquanto cumprimenta um dos capangas que o observava, como se nada estivesse acontecendo.

Julian leva Kate até o porão da mansão pelo acesso por trás da casa para evitar olhares curiosos, apesar de que não levaria muito tempo para absorver as informações necessárias que precisava. Ele sabia quem era Kate e de qual família vinha, então estava ciente do poder de magia que corria entre as gerações e era realmente dessa fonte que ele procurava.

O porão era até bem iluminado, mas ainda assim, cheio de caixas e entulhos jogados nos cantos cobertos de poeira e teias de aranha. Nitidamente não era um local muito frequentado, a não ser para de certa forma aprisionar pessoas, como se notava. E assim que Julian fecha a porta atrás de si, Kate começa a se debater, pois não corria mais risco de que alguém visse seus movimentos bruscos ou que seus amigos levassem a pior.

—Me solta! - Kate se debate até se soltar de vez, recuando rapidamente para se afastar de Julian, mesmo sabendo que não teria para onde correr. - O que você quer?

—Eu sei que você é uma Wiles. - Julian permanece com o seu semblante neutro, enquanto caminha pelo espaço até uma mesa de madeira maciça e abre uma gaveta, continuando a conversa sem olhá-la - Sei que vocês são poderosos, mais que os Bennett e é disso que eu preciso.

—Precisa? Você tem um exército a seu favor, você… pelo que sei é meio vampiro e meio…

—Sim e não. - Ele corta sua linha de raciocínio e então tira da gaveta uma pedra incrivelmente verde sólida, porém dentro dela parece haver uma névoa que se move sem parar, atraindo a atenção de Kate - Sim, eu sou vampiro e bruxo, mais conhecido como um Herege. E não, ainda não tenho o exército que eu quero, mas vou ter com a sua ajuda. Todas essas pessoas que estão hoje na festa são vampiros e alguns deles, lobisomens, mas a questão é que vou transformar todos em hereges, assim como eu.

—E isso é possível? - Kate tenta enrolar a conversa mais tempo, enquanto ainda procura uma forma de sair dali ou pelo menos, lembrar algum feitiço que viria a ser útil.

—Eu farei com que seja. - Ele então mostra a pedra para apresentá-la - Nesse amuleto estou armazenando toda a magia que já consegui absorver de bruxos, de outros amuletos, de mordidas de lobisomens... e quando sentir que há energia suficiente, meu plano se iniciará. Mas, chega de conversa.

Kate então percebe que aquela era sua última chance de fugir antes de ser possivelmente torturada de alguma forma. Então quando ele dá o primeiro passo em sua direção, ela lembra do feitiço de mover objetos do lugar e pensa numa forma de intensificá-lo usando seu medo. As várias caixas começam a voar pelos ares na direção de Julian para atrapalhar sua visão e bloqueá-lo, enquanto Kate corre para a porta por onde entrou, que obviamente está trancada. Ela golpeia a porta com força, vendo-a começar a rachar bem no meio, aumentando sua esperança a cada chute, enquanto tentava na pressa lançar algum feitiço de fogo. Seu coração estava acelerado e sua ansiedade gritava por sair dali logo, quando uma força sobrenatural a puxa violentamente para trás, fazendo com que bata as costas contra uma das paredes e caia ao chão de forma brutal. Automaticamente o ar de seus pulmões parecem ter sido esmagados e por isso não conseguia sequer respirar, quanto menos se mexer devido ao forte impacto, sentindo uma lágrima escorrer por seu rosto. Julian se aproxima com expressiva irritação e ao chegar perto o suficiente, coloca a pedra sobre o peito de Kate, enquanto ignora o seu grito desesperador que só conseguia ser expresso com seu olhar.

Kate sentia sua magia sendo sugada por aquele amuleto e ela simplesmente não conseguia fazer nada para impedir, o que a angustiava ainda mais. Quanto mais magia ia sendo retirada, mais exausta ficava, sentindo o corpo pesar a cada segundo, até não conseguir manter os olhos abertos.