Era quase meia-noite quando Stefan estava saindo da casa de Bonnie, depois de uma intensa conversa sobre a possibilidade de reverter a situação dela com Elena, que já perdurava há meses. Era uma questão absurdamente delicada e aparentemente sem saída, o que significava que era hora de apenas aceitar o fato e tentar conviver com a realidade.

A preocupação maior dele, na verdade, era seu irmão. Desde o ocorrido, ele vem piorando em suas atitudes em relação ao seu controle racional de lidar com problemas do cotidiano. E desde o retorno de Lily, está inquieto, sempre tentando criar algum plano para mandar ela e todos da sua volta para o inferno de uma vez por todas. E por mais que Stefan concordava que haviam muitas entrelinhas ruins nas decisões que tomou na vida, não podia aceitar o fato de perdê-la. Stefan agora tinha sua mãe e seu irmão, mas ao mesmo tempo, se sentia só.

Já dentro do carro, rumo a sua casa, Stefan recebe uma chamada no celular, fazendo com que o brilho da tela o chame a atenção. Ele sabia que o irmão tinha resolvido festar essa noite e por isso havia deixado seu celular no modo silencioso, para que não fosse perturbado durante sua conversa com Bonnie, já que o mesmo adora tentar convencê-lo de ir para o bar junto a ele. Sua mão tateia o banco do carona enquanto mantém seus olhos na estrada, mas sem chance de alcançar o aparelho, então resolve olhar para o lado e se esticar, por fim alcançando o aparelho. Quando seus olhos retornam para o asfalto, se depara com um carro parado no meio da pista e alguém em pé do lado de fora, virando-se para ele naquele mesmo milésimo, assustada com seu surgimento. Stefan joga o volante para o lado ao contrário e pisa no freio, sentindo o carro deslizar de lado pela pista e parar na pista contrária, totalmente intacto. 

Demora alguns segundos para que ele solte a respiração e caia em si sobre o que havia acontecido. Ele olha ao redor procurando pelo celular, mas ele tinha parado de tocar e provavelmente voou para algum canto, então ele por fim, sai do carro para se desculpar com quem quer que fosse.

—Me desculpe, eu me distraí e… - Stefan se aproxima da garota, que estava visivelmente nervosa, tentando ligar inutilmente seu celular sem bateria para evitar contato visual - .... você está bem? Precisa de ajuda?

—E-eu… - Ela sente a respiração ficar cada vez mais pesada, até que por fim desiste do celular e o coloca no bolso de trás da calça para finalmente olhá-lo, enquanto se distancia discretamente. - Não, tá tudo bem. Pode ir, eu só…

—Eu posso te emprestar o meu celular, se quiser. - Stefan percebe o nível alto de desespero vindo da garota, então ele tenta se aproximar mais devagar, mas ela continua recuando - Tá tudo bem, eu não vou te machucar. Eu quero te ajudar, não é seguro você ficar aqui.

—Falou o cara que tentou me atropelar segundos atrás. - Ela desvia o olhar e tateia a maçaneta da porta do carro.

—Me desculpe por aquilo, não foi minha intenção… Olha só, podemos fazer um acordo? Eu te empresto meu celular pra você ligar pra alguém vir te buscar e eu vou embora…. Porque eu não vou te deixar sozinha aqui.

Ela engole a seco e desvia novamente o olhar, refletindo sobre a possível má decisão que estava decidindo tomar. Ela não tinha outra escolha; era ficar ali e possivelmente ser devorada viva em breve ou aceitar a oferta de um desconhecido - que também poderia devorá-la em breve -, então ela respira fundo e mantém seu olhar no dele, como forma de tentar enxergar as reais intenções dele.

—Na verdade… eu não tenho pra quem ligar e nem pra onde ir.

Stefan então relaxa sua tensão, desolado ao tentar imaginar qual seria a história dela por trás daquela possível solidão. Ele estava convicto de que não iria deixá-la ali, então fez o que o bom e velho Stefan sempre fez de melhor e se ofereceu a ajudar.

Depois de muito insistir, ela acabou aceitando a carona, com a condição de ir no banco de trás, analisando cada detalhe que possa parecer suspeito e uma possível rota de fuga caso precisasse. Ele fez algumas perguntas durante o caminho, mas ela respondeu somente o essencial, com receio de que pudesse usar alguma informação contra ela mais tarde.

—Posso dar uma olhada no seu carro amanhã se quiser, já trabalhei em oficina e posso tentar descobrir se tem solução... - Stefan comenta depois de ouvi-la falar sobre a pani geral do seu carro.

—Tudo bem.

—Tudo bem…. - Ele repete e então espera mais um tempo para fazer a próxima pergunta - A propósito… Desculpe pela falta de jeito, eu costumo me apresentar… meu nome é Stefan Salvatore, caso se sinta melhor em saber.

—Kate. - Ela só responde, encerrando a conversa.

Stefan por fim estaciona o carro em sua vaga de garagem e anuncia a chegada para Kate, porém, sua atenção se volta para o som alto e as vozes que vinham da casa. Ele sai do carro e olha em volta tentando entender o que era aquilo, enquanto Kate observava tudo atentamente.

—Eu acho que meu irmão está dando uma festa… - Stefan diz desanimado, imaginando a loucura que deve estar lá dentro. - Isso não estava nos planos.

—Tá tudo bem, obrigada pela carona. - Kate diz com um meio sorriso enquanto se vira para ir embora antes que Stefan dissesse algo.

—Stefan! - De repente Damon aparece, escancarando a porta da frente com um estrondo e de braços abertos para receber o irmão, mas então percebe a presença da garota - Trouxe sobremesa?

—Damon… - Stefan o repreende com o olhar, vendo o irmão apenas erguer as mãos debochadamente como defesa - O nome dela é Kate e você não vai encostar nela.

—Tá tudo bem, estou de saída. - Ela novamente se volta para a rua, mas é surpreendida com Damon à sua frente, fazendo com que prendesse a respiração pelo susto, sentindo seu corpo endurecer de tensão no mesmo segundo.

—Você vai ficar. - Ele a olha fixamente nos olhos para compeli-la, mas acaba levando um tremendo tapa na cara, enquanto seguia seu caminho novamente.

—Kate, espera…. - Stefan corre atrás dela. - Me desculpa pelo comportamento do idiota do meu irmão, mas eu realmente não vou deixar você sair a essa hora por aí. Não é seguro, vai por mim.

E essa foi a segunda decisão que poderia levá-la a um trágico fim que precisou tomar, mas acabou aceitando a proposta de Stefan.