Extinção escrita por Alina Black


Capítulo 56
Jacob - Luz na escuridão




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Meus pensamentos me acompanhavam enquanto eu caminhava em busca de Jéssica. Cada passo era um eco dos sentimentos tumultuados que dominavam meu coração. Eu tinha consciência da minha falta de responsabilidade afetiva a ter me envolvido com Jéssica por tantos anos sabendo que a magoaria profundamente caso tivesse uma impressão e aquilo me corroía por dentro.

A floresta, com suas árvores altas e imponentes, parecia refletir a confusão em minha mente. As sombras dançantes sob a luz do sol adicionavam uma camada de mistério e tristeza ao ambiente enquanto eu avançava entre os troncos, com vento sussurrando segredos que eu não queria ouvir.

Eu já havia perdido as esperanças quando finalmente avistei Jéssica na clareira iluminada pelo sol, confesso que meu coração se apertou. Ela me encarou com uma mistura de emoções que eu conhecia muito bem: raiva, tristeza e uma pontada de esperança diluída. As palavras de acusação dela me atingiram como golpes afiados, me fazendo sentir a profundidade do erro que eu cometera.

— Essa é a atitude mais infantil de todas que tem cometido nos últimos dias – Falei ao meu aproximar tentando não demonstrar que no fundo estava aliviado em tê-la encontrado, mas ela não o deixou terminar.

Ela deu um sorrio – Infantil? Não, Jacob. Não sou eu quem tive atitudes infantis nos últimos anos, você me usou-  sua voz soou firme, mas também carregada de dor. – Você nunca disse que me amava, mas agora vejo que se realmente eu importasse não teria aceitado que eu fosse um segundo plano para o seu verdadeiro amor.

As palavras dela foram como punhais em meu peito. Eu queria gritar que não era verdade, que meu carinho por Jéssica era genuíno, mas as palavras morriam em meus lábios, apesar dos erros de Jéssica eu sabia que tinha errado, e que esses erros tinham consequências dolorosas.

— Eu sei que errei- Murmurei com a voz trêmula. - Mas eu te amei, Jéssica. Eu nunca disse isso a você justamente com medo de tudo isso acontecer, mas talvez esse também tenha sido um erro.

Os olhos dela brilharam, por um breve momento ela era apenas a Jéssica divertida e apaixonante que conhecerá a anos atrás – Mas isso não muda as coisas, não muda a forma como me sinto – Sua voz saiu firme confirmando a sua decisão de se afastar.

— Não faça isso Jéssica.

— Você não entende Jake- Ela gritou com lágrimas escorrendo por seu rosto. – Eu preciso disso. Preciso de tempo e espaço para cicatrizar as feridas.

Mesmo que isso significasse confrontar minha própria fúria pelo que Jéssica havia feito, eu ainda me sentia responsável por ela, aquela era a coisa certa a fazer, não apenas por ela, mas também por mim mesmo - Eu não vou deixar você se machucar- Tentei deixar meu tom de voz mais suave- Mesmo que você me odeie, eu preciso garantir sua segurança.

— Eu não te odeio Jacob- ela admitiu com lágrimas escorrendo por seu rosto. – E é por isso que eu preciso ir embora, não me faça ficar te odiar, não me obrigue a conviver com algo que é tão doloroso para mim.

As palavras de Jessica me fizeram lembrar de Leah que tinha que conviver com Sam todos os dias. Na matilha, nas reuniões, nas patrulhas. Ela a via olhar para Emily com aquele olhar apaixonado, e isso a corroía por dentro. Eu podia sentir sua angústia, sua raiva, sua tristeza.

Era egoísmo pedir a Jéssica para ficar, assim como era egoísmo deixa-la ir sem que ela estivesse em um local seguro.

— Tudo bem – Eu concordei respeitando sua decisão – Mas vou deixa-la em um local seguro.

Ela riu – Eu acho que estarei mais segura se não estive na sua companhia.

— Eu não estou pedido – Falei passando ao lado dela – Estou informando a você que a deixarei em um local seguro.

— Você ficou louco? Sabe que você corre riscos aqui.

A ignorei apressando meus passos – Conheço um local seguro, ou menos perigoso, a alguns quilômetros daqui tem um centro comercial clandestino, vou deixa-la lá.

— Eu não vou com você! Ela falou parando e cruzou os braços.

Rolei meus olhos e retornei dando alguns passos até Jéssica e sem que a mesma esperasse a peguei em meus braços a colocando sobre meus ombros.

— O que pensa que está fazendo, me coloca no chão Jacob!

— Me certificando que estará em um local onde não corra o risco de virar a refeição – Respondi correndo com ela em meu ombro.

Centro de distribuição -Lake Aluma, Condado de Oklahoma, 39° 33' 53" N 88° 26' 53" 0

O sol começava a se por quando caminhei pelas ruas escuras e estreitas, seguindo o cheiro de comida que pairava no ar. O mercado clandestino estava escondido em um beco, longe dos olhos curiosos e das autoridades corrompidas pelos Volturi. Era um lugar onde as regras oficiais não se aplicavam, onde a sobrevivência era a única lei.

As barracas improvisadas estavam alinhadas, cada uma vendendo algo diferente. Carne, frutas, legumes, especiarias exóticas. As luzes fracas penduradas nas estruturas de metal lançavam sombras dançantes sobre os produtos.

— Está entregue – Falei ao deixar Jéssica no chão, após algumas horas de reclamações ela havia aceitado o fato de que eu não a deixaria cometer um suicídio.

— E eu devo agradecer? – Ela reclamou arrumando suas roupas e a mochila em suas costas – Você já pode ir, já fez o que precisava para ficar tranquilo com sua consciência.

— Você realmente acredita que só fiz isso por minha consciência? Dei alguns passos arrumando o capuz do casaco em minha cabeça e caminhei até uma das barracas pegando uma maçã, entreguei a moeda ao vendedor sem dizer uma só palavra, fazia tanto tempo que eu não saboreava uma maçã que havia esquecido qual era o sabor da fruta.

— E não foi por causa disso? Ela me encarou.

— Eu preciso ir, está anoitecendo – Falei me afastando e caminhei na direção a saída do vilarejo observando atentamente se eu não estava sendo observado- Eu espero que fique bem.

— Jacob – Ela falou em um tom alto – Eu te amo.

A olhei por cima do ombro – Cuide-se, não cometa nenhuma imprudência.

Ela assentiu, incapaz de dizer mais nada. Então, com um último olhar, eu me afastei segurando a maçã em uma das mãos. Eu não me sentia feliz a deixando para trás, mas era a sua escolha e eu não podia fazer nada para mudar aquilo.

O mercado clandestino desapareceu à medida que eu me afastava, as luzes fracas se tornando pontos distantes. Mas o sabor da maçã agora seria uma lembrança do que havia sido e do que eu estava deixando para trás.

 

Refugio subterrâneo de Wichita: Setor Norte, entrada principal.

Eu avancei pela floresta escura, sentindo os galhos retorcidos e as folhas úmidas sob meus pés. O ar estava impregnado com o cheiro de terra molhada e musgo.  Apesar de todas as brigas com Jéssica eu tinha uma gota de esperança que ela ficaria bem, a havia deixado em um local seguro, mas agora precisava voltar ao refúgio sem que isso colocasse em risco as pessoas que lá habitavam.

A lua estava escondida atrás das nuvens, lançando sombras irregulares pelo caminho, mas eu confiava em meus instintos de lobo para me guiar, eu conhecia cada centímetro daquela floresta, cada trilha e atalho.

Meus pensamentos estavam em Jéssica. Mas ela era forte e corajosa e adulta o suficiente para lidar com sua escolha perigosa.  Esperava que ela encontrasse paz e segurança, longe das sombras do passado.

Ao me aproximar da entrada do refúgio os pensamentos de Collin e Brad se misturaram aos meus, “ finalmente” disse Brad demonstrando sua preocupação, ” Nós estávamos prontos para sair a sua procura. ” Completou Collin.

“ Eu agradeço a preocupação, mas como podem ver estou bem ” Respondi a eles antes de retornar a minha forma humana.

Ouvi o som dos passos dos lobos enquanto eu vestia a calça jeans e amarrava o casaco na cintura, os dois lobos passaram ao meu lado como vultos, com certeza para se certificarem de que eu não havia sido seguido, suspirei dando passos curtos e caminhei tranquilamente passando pela estreita porta quando a vi,  Renesmee estava lá, meus batimentos aceleraram e meus olhos encontraram seus olhos cor de chocolate cheios de preocupação.

— Jake! Ela gritou correndo ao meu encontro e me abraçou- Onde você estava? Fiquei tão preocupada. - Sua voz saiu embargada denunciando suas lagrimas.

 

A abracei forte, sentindo o calor de seu corpo. – Ei anjo, não precisa ficar assim –Levei a destra a seus cabelos e a fiz olhar para mim- Eu só estava cuidando de algumas coisas, Nessie. Não se preocupe.

Os olhos dela buscaram novamente pelos meus - Você não pode simplesmente desaparecer assim. Eu tive tanto medo.

— Eu sinto muito. Mas estou de volta agora, será que pode me perdoar?

Ela assentiu, os olhos ainda cheios de preocupação. - Prometa que não vai fazer isso de novo.

Dei um sorriso- Eu Prometo.

Naquele momento a confusão da noite anterior e nosso desentendimento fora esquecido, colei nossas testas e os lábios de Nessie encontraram os meus, no limiar do refúgio, tendo a floresta escura como testemunha. Eu sabia que tinha muito a enfrentar, mas também sabia que Renesmee estaria lá. Ela era a minha luz na escuridão.

E, naquele momento eu percebi que talvez eu também fosse a luz dela.


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