Afire Love escrita por eve


Capítulo 38
Capítulo 38


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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P.O.V. Sophie

Depois que Dwight vai embora e todos se dispersam, Daryl e eu decidimos descansar um pouco para o que nos esperava no dia seguinte. É estranho entrar em casa de novo depois do que pareceu uma eternidade e ver que estava tudo praticamente vazio. Os Salvadores levaram quase tudo que eu tinha e a casa está quase irreconhecível.

—Eu avisei que eles tinham levado muita coisa embora. -diz Daryl que começa a juntar os cobertores que nós ainda tínhamos para improvisar uma cama no chão.

—Não tem problema.

—Você está muito calma com tudo isso. 

—Eu estou com muito ódio, Daryl Dixon. -digo ajudando-o. -Mas eu me sinto melhor agora que estamos todos juntos e que vamos mesmo fazer isso. Eu estava mais preocupada quando Rick não queria lutar e eles tinham você como refém, mas agora estou um pouco mais aliviada em saber que nós temos uma chance.

—Então você está feliz? 

—Eu diria esperançosa. E você? Está bem com a decisão que tomou sobre o Dwight?

—Eu vou matá-lo. -diz ele quando terminamos de arrumar os cobertores. -Independente de ele estar nos ajudando ou não, quando isso terminar eu vou matá-lo.

—Bom, se você acredita que precisa, então acho que ninguém vai te impedir. -digo me sentando na nossa “cama”.

—Não vai me dizer que isso é errado? Tentar me convencer de que eu deveria poupar a vida dele?

—Por que eu faria isso?

—Porque é uma pessoa melhor do que eu.

—Não acho que seja bem assim, eu matei duas pessoas naquele dia que procurávamos por remédios sem nem pensar duas vezes porque achei que você estava correndo perigo. -digo e bato com a palma da mão no espaço ao meu lado para que ele também se sente. -Eu já te disse que confio no seu julgamento, essa história é de vocês dois então se você acredita que tem que fazer isso então você tem que fazer.

—O que faria no meu lugar?

—Eu esperaria. Você é bom em ler as pessoas, se ele estiver mesmo arrependido você deve perceber.

—Eu fico pensando na Denise. -diz ele desviando o olhar do meu, acho que ele ainda tem vergonha e culpa de tudo que aconteceu.

—Eu sei que é difícil fazer você acreditar, mas ninguém te culpa por nada disso, Daryl. Você já tomou uma decisão baseado no que aconteceu com a Denise uma vez, por que não tenta decidir pensando em você agora?

—Então você acha que eu deveria poupar a vida dele?

—Daryl eu odeio o Dwight com todas as minhas forças, eu odeio que ela tenha feito você passar por tanta coisa e odeio que ele tenha tentado ferrar com a sua cabeça, mas o que eu sinto por você é muito maior do que o ódio que eu sinto por ele. Eu sei que essa decisão cabe a você e apenas a você, então o que quer que decida eu vou apoiar.

—Fácil assim? -pergunta ele se deitando.

—Fácil assim. -digo e me deito ao seu lado. -Mas se você não se importa, a gente pode falar de outra coisa? Nós só temos mais algumas horas antes de tudo começar de novo.

—Do que você quer falar? 

—Me conta alguma coisa boa.

—Alguma coisa boa?

—Sim, qualquer coisa.

Daryl então me conta sobre as tatuagens que tem nas costas. São duas gárgulas que, de acordo com ele, significam proteção e vigilância. Ele me diz que estava completamente desamparado no início da sua vida adulta e que naquele momento até seu irmão Merle o tinha abandonado. 

Então ele me explica que as gárgulas caçam monstros e entidades malignas durante a noite, mas que voltam para o seu lugar quando o dia nasce novamente. 

Por que eu acho isso tão a cara dele?

Eu fico encantada que Daryl esteja compartilhando comigo algo pessoal. Qualquer pessoa que o conheça sabe o quanto é difícil tirar alguma coisa dele, eu mesma sei muito bem disso porque me lembro o quanto nossa convivência foi difícil no começo. Bom, mesmo que nossos sentimentos um pelo outro nem sempre tenham sido bons, eu com certeza posso dizer que sempre foram fortes.

Eu nunca achei que no meio de tudo que aconteceu eu poderia encontrar alguém com quem eu pudesse compartilhar tanta intimidade. Eu não costumo falar sobre os meus pais, não fazia isso nem mesmo antes do fim do mundo porque me trazia uma angústia muito grande a ideia de dividir com alguém as boas memórias que fazem parte de quem eu sou, porque eu sei que nunca vou ter esses momentos de volta e era doloroso revivê-los, mas não com Daryl. Com ele eu quero compartilhar absolutamente tudo da minha vida e isso não me traz angústia nenhuma, muito pelo contrário, eu me sinto em casa.

Peço que ele me conte mais sobre o seu irmão e sobre o tipo de confusão que ele costumava estar envolvido na sua vida de antes, e é assim que passamos boa parte da noite. Merle era mesmo uma péssima influência, mas as coisas que Daryl me conta são o tipo de histórias que você acha graça depois de um certo distanciamento.

—Não vai me julgar por essas coisas? -pergunta Daryl depois de eu saber que ele caiu no soco com um dos amigos de Merle. Mais um deles.

—Você teve todas as oportunidades possíveis de se tornar uma pessoa horrível e está aqui me contando histórias da sua vida enquanto me abraça, um dia antes de lutar pelas pessoas que você ama.

—Você me coloca em um pedestal.

—Não mesmo Daryl Dixon, você tem vários defeitos. Eu posso listar pra você em ordem alfabética ou cronológica, o que você preferir.

—Cronológica.

—Vamos mesmo fazer isso? -pergunto e ele confirma com a cabeça. -Você é hostil, isso aconteceu nos primeiros dez segundos em que nos conhecemos e nos dez segundos seguintes eu já concluí que você também era cabeça dura, muito teimoso mesmo.

—Um defeito a cada dez segundos.

—Depois quando eu tentei me aproximar você foi grosso, prepotente e convencido. Tudo no mesmo dia.

—Só isso?

—Aí quando nós começamos a trabalhar juntos você era completamente desagradável.

—Estou começando a me arrepender de ter pedido por isso. 

—Eu ainda não terminei, você também é impulsivo e todo irritadinho.

—Tem alguma coisa que você goste em mim? -pergunta ele, mas sei que está de bom humor.

—Eu também gosto dos defeitos. -me defendo. -Precisam de mais afeto para a gente começar a gostar.

—Você tá bem filosófica hoje. -diz ele e eu acabo sorrindo.

—Mas eu ainda odeio quando você é grosso comigo.

—Isso não acontece há meses.

—Porque agora você é um homem apaixonado, Daryl Dixon. -brinco.

—Quem é o convencido agora? -diz ele e então me beija.

A partir daí não tem mais conversa, Daryl e eu passamos o resto da noite ocupados com outra coisa.

[...]

Hoje é o dia. 

O grupo do lixão já havia chegado, as armas já tinham sido distribuídas e todos estavam em suas posições. Só nos restava esperar pelos Salvadores e se Dwight estiver mesmo nos ajudando, tudo isso deve acabar ainda hoje e nós finalmente estaremos livres.

A noite passada foi perfeita, mesmo com tudo isso prestes a acontecer eu consegui encontrar alguma paz graças a Daryl. Espero que tudo dê certo hoje, só assim nós vamos poder ter uma vida de verdade daqui pra frente. A verdade é que eu estou apaixonada e eu quero que tenhamos tempo porque eu estou amando a sensação que pra mim já era desconhecida há muito tempo.

Enfim, eu preciso focar no agora. Rick, Jadis e alguns outros estavam na plataforma de vigia dos portões esperando pelos Salvadores, a maioria de nós estava reunida atrás do portão e alguns outros como Michonne estavam em posições estratégicas para atirar a longa distância caso fosse necessário.

Rick pediu que Jesus voltasse para Hilltop noite passada com Enid e Judith e que pedisse a Maggie que ela e os demais ficassem onde estavam, para o caso das coisas não funcionarem do jeito certo. Mas para ser honesta acho que Maggie vai acabar fazendo o que ela achar independente do que Rick pediu. Nos últimos dias em que estivemos em Hilltop ficou mais do que claro que é Maggie quem realmente comanda o lugar e eu fico feliz que ela tenha se encontrado lá depois de tudo o que aconteceu.

Então somos apenas nós e o grupo de Jadis, o que é bastante coisa se Dwight estiver certo. Infelizmente é provável que ele não esteja. Todos nós ficamos cientes disso no momento em que escutamos Eugene em um alto-falante. Quando ele aparece em nossa vista vemos que ele está no topo de um caminhão, o traidor parece com um deles agora. Ele até fala como um deles.

Dwight deve ter dito alguma coisa a eles porque os Salvadores sabem que há algo errado, mas eles não parecem saber exatamente o que e antes que eles possam descobrir Rick dá o sinal para que Rosita detone os explosivos que ela e Aaron haviam montado do lado de fora da comunidade hoje cedo. Ela aperta o botão do detonador e os que estavam na plataforma se abaixam, mas nada acontece.

E é nesse momento que nós descobrimos o que está acontecendo. O grupo do lixão nos coloca em sua mira e fica mais do que claro que eles estão nos traindo. Pelo que podemos perceber eles fizeram o seu próprio acordo com os Salvadores e são eles que abrem o portão para que Negan possa entrar.

É impressionante o quanto ele gosta de se ouvir falar, então depois de mais um discurso Negan pede para que seus homens revelem um caixão que até então estava preso na traseira de um dos caminhões. Ele fala sobre Sasha estar lá dentro e sugere que troquemos nossas armas, que Rick escolha alguém para morrer e que ele leve Daryl de volta. Nesse momento sinto como se todos os meus órgãos estivessem se contraindo, mal consigo prestar atenção no que Negan está falando até que ele se dirige diretamente a mim.

—A ruiva ex defunta também vem junto... -diz ele e Daryl levanta sua arma antes mesmo que Negan consiga completar sua lista de exigências.

—Daryl, não. Abaixa. -peço a ele, sei que se Daryl atirar, mesmo que ele acerte, será o primeiro a ser morto pelo resto dos Salvadores. -Por favor.

—Calma, então é ela que manda em você? -pergunta Negan sorrindo quando Daryl cede. -Garota eu achei que você estivesse morta, não sabe o quanto eu fiquei triste, mas agora estou bem bravo que mentiram pra mim, enfim qual é mesmo seu nome?

—Sophie. -respondo. -E é vergonhoso que você ache mesmo que eu morreria sem antes levar alguns de vocês junto comigo.

—Uau, a gatinha tem garras. É por isso que manda no nosso garoto Daryl ali, não é? A garota tem mais bolas que você Rick. -ele parece estar se divertindo bastante com a situação enquanto isso eu só consigo ficar com cada vez mais raiva. -Bom, isso não importa mais, pelo que eu estou vendo você acabou de perder a única chance que tinha de ferir algum dos meus homens.

—A única? -decido responder com o mesmo divertimento que ele parece estar tendo, mesmo que eu já não veja uma saída para nós, eu me recuso a morrer como se eu tivesse medo dessa gente. -Na única visita que eu lhe fiz naquele lugar deprimente onde você se esconde eu me lembro de ter deixado alguns corpos no seu quintal.

—Então foi você? -pergunta ele perdendo um pouco do humor e eu aceno com a cabeça. -Isso significa que também foi você quem levou o meu Daryl embora, afinal qual é a relação entre vocês dois?

—Não é da sua conta. -responde Daryl.

—Eu não perguntei a você Daryl, eu quero que ela me diga. Felizmente nós vamos ter bastante tempo para conversar sobre isso depois quando nós três retornarmos ao Santuário. -diz Negan e então volta a sorrir. -Mas voltando ao assunto, eu também vou querer levar aquela mesa de sinuca que vocês tem aí, Rick. E eu vou querer isso agora ou a Sasha morre.

Rick diz que não fará nada antes de Negan provar a ele que Sasha está mesmo dentro daquele caixão, então Negan concorda em abri-lo. Quando ele o faz Sasha sai de lá já transformada e ataca Negan o derrubando da traseira do caminhão. Isso nos dá alguma vantagem, então nós levantamos nossas armas e atiramos contra o inimigo mais próximo, o grupo do lixão nesse caso. Eu consigo atirar em dois deles, mas no meio da confusão tanto nós quanto eles tentamos nos esconder para evitarmos de sermos atingidos.

Vejo Daryl correr junto a Aaron para trás de um carro, Eric e Carl que estavam na plataforma de vigia se abaixam e tentam acertar os Salvadores do outro lado do portão. Eu estava próxima a Rosita quando a vejo ser atingida por um tiro e a puxo para sairmos da linha de tiro juntas. Nós nos escondemos atrás dos painéis de energia solar enquanto atiramos em qualquer desconhecido que estivesse no nosso campo de visão.

—Você está bem? -pergunto a ela.

—Eu vou ficar, mas estou quase sem balas.

Acho que esse é um problema que nós temos em comum porque não demora muito até eu ficar completamente sem munição. Não era para isso estar acontecendo desse jeito, Jadis deve ser muito burra para achar que poderia fazer um acordo com os Salvadores e se beneficiar disso.

Quando nós duas já estamos completamente sem saída, somos encurraladas pelos Salvadores que nos levam para um gramado no qual Carl e Eric já se encontravam. Os Salvadores  nos fazem ajoelhar de novo enquanto Rick era trazido até nós, aparentemente ele também estava ferido no abdômen. Nesse meio tempo os tiros cessam e eu sei que nós perdemos. 

Eu não consigo ver Daryl e Aaron em lugar algum e imagino que não vou reencontrá-los de novo tão cedo quando Negan se junta a nós para começar mais um discurso. Mais uma vez Rick ameaça matá-lo e Negan, que já havia esgotado todo o seu bom humor a essa altura, decide que vai matar Carl.

Negan se posiciona atrás do garoto e quando se prepara para acertá-lo com o taco de baseball um tigre salta sobre nós e derruba um dos Salvadores próximos a Negan no chão. Mais uma vez é dado início a uma enorme confusão e a outra troca de tiros. Não demora muito para que Ezekiel, Carol e Maggie apareçam no nosso campo de visão. O Reino e Hilltop vieram ao nosso socorro.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo de hoje.
Beijos! Até amanha? Talvez?



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