Tons do Amor escrita por Kah Nanda


Capítulo 3
Yellow


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, prontas para um capítulo cheio de revelações? Vou começar contando que algumas leitoras acertaram que decidi nomear os capítulos da short com as cores do arco-íris.
Nesse capítulo vocês sanarão mais dúvidas, mas quando esquematizei o projeto e vi que a short teria sete capítulos, imediatamente me veio à ideia de utilizar as cores como títulos, porque acreditei que combinava com o contexto.
Outro ponto que não deve ser esquecido, quando criei a ideia, planejei postá-la em fevereiro, antecipando o Valentines Day, tanto que a narrativa continua seguindo a comemoração internacional, mas como não consegui escrever na época, acabei guardando a fanfic para postar as vésperas do nosso dia dos namorados e aqui estamos.
Com isso, as conexões da narrativa são com a referida data, como também com Beward, suas profissões e relações. E chegou o momento de descobrir um pouco mais sobre tudo...
Apreciem Sem Moderação.

Capítulo Postado Em: 04/06/21



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Forks, Washington – 07 de fevereiro de 2022

— Então estamos combinados. — A voz do Emm pronunciou. – Vocês organizarão as questões do baile até que Alice volte e assuma o lugar da Bella.

Apenas assenti e não tenho ideia do que Edward fez.

Se também assentiu, ignorou o irmão ou qualquer outra coisa.

Só sei que não respondeu de forma verbal, já que não ouvi sua voz, porém como estou sentada em uma das cadeiras postas à frente da mesa de Emmett, enquanto ele permaneceu de pé atrás de mim, não tive como confirmar nada.

Mas acredito que tenha feito algum gesto de concordância, pois Emmett pareceu satisfeito com nossas respostas.

— É isso meus caros. É realmente um prazer revê-la, Bella. E espero que não vá embora sem uma despedida dessa vez...

Sorri meio sem graça, mas ainda assim, respondi.

— Pode deixar Emmett, acredito que nos veremos ou falaremos até a volta de Alice e quando partir farei questão de me despedir de você, pois realmente foi muito bom revê-lo.

— Ótimo. E Edward, com você falo depois, por enquanto, está dispensado também.

— Obrigado diretor Cullen.

— Não há de que professor Cullen.

Percebi o tom irônico na voz dos dois, mas não comentei nada.

Acenando para Emmett, levantei da cadeira mais do que disposta a deixar a sala e os dois homens presentes para trás, porém com a dispensa, Edward também se manifestou para sair.

Com isso, ele abriu a porta e indicou para que passe. Agradeci com um aceno e sai.

Despedi-me da secretária de Emmett, mas não dei três passos antes de ser interceptada por sua voz.

— Você pode estar aqui em que horário amanhã?

Perguntou parando ao meu lado.

— Assim que vier deixar as crianças já posso ficar, caso queira. – Respondi.

— Ótimo. Verei com Emmett para substituir minhas aulas e com isso, terei o tempo livre para trabalharmos.

— Não quero atrapalhá-lo. Você pode dar suas aulas normalmente e organizamos as coisas depois. – Sugeri.

— Não. De todo modo, Emmett já estava ciente que teria que me ausentar para focar na organização do baile. Todos os professores passam por isso no seu ano de voluntariado e agora chegou a minha vez.

— Essa será a primeira vez que ajuda com o baile?

Não me contive em perguntar.

— Sim. Não sou professor há muito tempo. Esse é apenas meu terceiro ano como docente. – Explicou.

— Entendi. Também é o primeiro ano que Alice ajudará como mãe voluntária. Ela e Bree estão muito animadas com o baile e não quis desapontá-las, por isso aceitei cobrir a ausência da minha irmã até sua volta. – Informei.

— Tudo bem, acredito que conseguiremos adiantar muitas coisas e você falou que Alice deixou suas ideias praticamente prontas, certo? – Assenti. – Ótimo, amanhã veremos tudo.

— Sim. Até amanhã Edward.

— Até amanhã Bella.

Com a despedida, ele seguiu pelo corredor rumo a uma das intersecções do prédio, enquanto voltei por onde entrei em direção ao carro para esperar as crianças.

Elas não demoraram a chegar e assim que me viram, cumprimentaram entusiasmadas já começando a contar como foi o dia, as acomodei no carro, então seguimos para casa.

Quando chegamos, falei para as crianças se acomodarem e aguardar para almoçar, como tomaram banho de manhã, optei por dar o segundo banho apenas no início da noite depois que fizerem todas às atividades e estiverem mais próximos de dormir.

E antes de fechar a decisão, enviei uma mensagem a Alice perguntando se podia seguir com o pensamento e quando recebi uma resposta afirmativa, informei as crianças sobre meus planos.

Aprontei o almoço que deixei pré-pronto, fiz arroz, frango grelhado e um creme de legumes bem colorido, mas também fritei batatinhas smiles como mimo. Os dois se alimentaram muito bem e aparentemente gostaram de tudo que cozinhei.

Depois do almoço, ficamos um tempo na sala fazendo a digestão, mas não os deixei esmorecer antes de questionar sobre os deveres de casa e auxiliá-los no que foi possível para cada qual.

Quando terminaram os deveres, os encaminhei para tomar o novo banho e após os dois estarem limpinhos e confortáveis de volta a sala, me ausentei para tomar o meu.

Ao voltar limpa e agasalhada ao encontro dos dois, foi o momento que Alice e Jasper ligaram para conversar. Eles ainda estavam em meio ao simpósio, mas informaram que tiveram uma folga entre as palestras e escolheram esse momento para ligar.

Acompanhei a conversa dos quatro e antes de desligar, Alice ainda conversou um pouco comigo, mas logo encerramos a chamada.

Para não fazermos a refeição tão tarde, esquentei o jantar e após comermos, os deixei seguir para a sala e se entreter um pouco com a TV enquanto organizo as coisas na cozinha.

Quando passei a sala, imaginei que os dois estivessem assistindo algum programa ou filme de sua preferência, só não esperava vê-los acompanhando o canal de esportes.

— O que estão assistindo?

Perguntei ao sentar ao lado da Bree no sofá, enquanto Fred está posicionado no tapete.

— São os jogos olímpicos de inverno. — Bree respondeu. – O Fred está esperando começar o jogo da equipe americana de hóquei no gelo.

— Ah, que legal. E você gosta de hóquei querido?

— Muito tia. Eu jogo no time da escola e quero treinar bastante para um dia ser da equipe americana também.

Meu sobrinho respondeu empolgado.

— Tenho certeza que com muito esforço e dedicação, você conseguirá conquistar qualquer objetivo que tiver. – Respondi.

— É exatamente isso que o treinador Cullen fala.

— Espera um pouco. O Edward que treina a equipe de hóquei da Forks High? — Perguntei chocada.

— Sim tia. Ele já foi um jogador muito bom, quer dizer, ele ainda é, mas hoje não treina mais em uma equipe, só como nosso técnico. – Esclareceu.

— Eu sei. Edward realmente é ótimo atleta, sempre foi. — Suspirei. – Mas além de professor, ele também é técnico?

Questionei procurando tirar a dúvida por completo.

— Sim tia Bella. Ele é nosso professor de educação física e também o técnico do time de hóquei. – Bree esclareceu.

— E amanhã eu tenho treino depois da aula. – Fred comentou. – Então a senhora vai ter que buscar a Bree primeiro e depois voltar para me pegar quando o treino acabar. Mas se quiser, posso pedir carona a um dos meus amigos.

— Não querido, tudo bem. Amanhã passarei o dia na escola porque substituirei sua mãe na organização do baile até que ela volte, então já estarei por lá no horário da saída, mas pode deixar que volto para te buscar sem problemas.

O informei e ele assentiu.

Bree até quis continuar o assunto do baile comigo, mas logo nos calamos quando o jogo começou, pois não queremos atrapalhar o momento do Fred e depois, até a pequena acabou concentrada e torcendo animadamente.

Faz muito tempo que não assisto a um jogo de hóquei, ainda mais um dos jogos olímpicos de inverno, já que não tinha condições de acompanhar a última edição da competição, sem debulhar-me em lágrimas.

Então optei por simplesmente ignorar o fato e seguir em frente, como fiz com o restante da minha vida...

Mas assistir o jogo dessa noite foi até bom, pensei que seria nublada de memórias ruins, mas aconteceu exatamente o contrário.

É inevitável a qualquer nativo de Forks, não se interessar pelo esporte praticado no gelo. Ainda mais quando alguns atletas da nossa cidade ganharam tanto destaque no mesmo.

E por influências próximas, acabei não só envolvida com o esporte, mas também gostando de acompanhar os jogos e torcer de forma esfuziante pela vitória do time da escola e seu astro, mas tudo teve um prazo de validade e infelizmente um fim...

 

Forks, Washington – 08 de fevereiro de 2022

Ontem a noite só fomos dormir após o fim do jogo, que para nossa alegria, foi vencido pela equipe americana.

Digo que fomos dormir, porque foi nesse horário que coloquei as crianças na cama, mas não posso dizer que tive uma noite plena de sono como eles, já que praticamente me revirei à noite toda quase sem conseguir pregar os olhos.

E para completar a noite mal dormida, hoje amanheceu ainda mais frio, então tratei de agasalhar bem as crianças e a mim já que também terei compromissos externos.

O café da manhã e o trajeto até a escola ocorreu igual ao dia anterior, com conversas animadas entre as crianças e eu.

Quando chegamos, estacionei novamente em uma das vagas disponíveis, mas dessa vez, desci com os dois a caminho dos prédios da FHS.

Novamente Fred logo avistou seus amigos e se despediu indo em direção a eles, enquanto Bree seguiu comigo até entrar no prédio da sua primeira aula.

A deixei seguir até sua sala e meio perdida, já que não marquei um ponto de encontro fixo com Edward e tão pouco tenho seu contato, resolvi ir até a sala do diretor para questionar a Emmett sobre o que devo fazer.

Porém ainda no caminho, logo fui brindada pela figura dos irmãos Cullen conversando no corredor e eles também logo me viram.

— Bom dia.

Saudei de forma neutra.

— Bom dia Bella.

Emmett respondeu, enquanto Edward apenas acenou.

— Estava indo a sua sala, mas dei sorte em já encontrá-los aqui. – Informei a Emmett.

— Precisa falar algo comigo?

— Na verdade não. É que como ontem Edward e eu não deixamos nada combinado, não sabia como o encontraria e só me restava recorrer a você. – Esclareci.

— Ah, sim. Edward notou o erro também e veio falar comigo. Ele pensou que você viria me procurar e por isso resolveu esperar. Pelo visto vocês ainda são conectados...

— Muito obrigado Emmett. – O irmão o cortou. – Agora que já nos encontramos, seguiremos até o ginásio para começar a organizar as coisas.

— Não há de quê. E se precisarem de alguma coisa é só falar comigo.

Ofereceu, mas antes que pudesse responder algo, Edward encerrou o assunto.

— Não precisaremos, tchau.

E começou a caminhar.

— Tchau Emmett, tenha um bom dia.

— Igualmente Bella. Que vocês dois tenham.

Piscou sorrindo e mostrando suas covinhas.

Corando e de cabeça baixa, segui Edward que está caminhando a passos largos em direção ao ginásio.

O segui por todo caminho em silêncio, mas ao entrar no ginásio, percebi que terei que tomar as rédeas da situação.

— Se não nos falarmos, não conseguiremos organizar nada para o baile.

Ao ouvir minha voz, virou de pronto, me olhando diretamente nos olhos.

Cheguei a engolir em seco, mas não recuei.

— Você tem razão. — Respondeu simplesmente. – Vamos providenciar tudo, quanto mais cedo fizermos as organizações, mais cedo terminaremos.

— Não sei se sua teoria está certa, porque como estou apenas substituindo Alice, caso termine tudo por agora, significará que trabalhará mais comigo do que com ela e não imagino que seja isso que queira. – Rebati.

Voltamos ao estágio de nos encarar sem dizer nada, mas no fim, ele pareceu perder alguma luta interna, então disse.

— Vamos trabalhar Bella.

— Como queira professor Cullen.

Ele balançou a cabeça, mas não retrucou.

Sem querer permanecer com o clima estranho, falei.

— Alice enviou suas anotações. Podemos avaliá-las e ver o que poderemos adiantar.

— Está bem. Não tenho dúvidas que sua irmã já organizou até os mínimos detalhes, então apenas precisaremos seguir seu script.

— É provável que tenha razão. – Comentei.

— Por isso quando soube que ela seria minha parceira na organização, fiquei mais aliviado, pois sabia que trabalharia com alguém competente e compenetrada.

— Desculpe por estragar seus planos. — Praticamente sussurrei.

— Você está fazendo um favor a sua irmã e sei que também fará todo o possível para que a organização do baile aconteça da melhor forma.

Ergui o rosto e por um instante, pensei ter notado um brilho diferente em seus olhos, mas o mesmo logo desapareceu.

— Mas agora mãos a obra. Porque independente de tudo, não temos muito tempo.

— Sim, é claro.

Peguei meu celular abrindo o arquivo que Alice enviou, assim passamos a comentar sobre suas anotações, o que precisaremos e conseguiremos fazer no momento.

Em suma, teremos que cuidar da maior parte da decoração, claro que não conseguiremos fazer tudo sozinhos e na sexta-feira eles terão ajuda de outros funcionários para montar o esquema para o baile no sábado, mas poderemos adiantar o máximo possível desde agora.

A parte de comes e bebes não será feita aqui, a escola continua tendo consignação com alguns estabelecimentos da região e esses oferecerão a maioria dos alimentos, caberá a nós apenas entrar em contato e passar o cardápio montado a partir do tema da festa.

Edward garantiu que cuidará da música, não que ele próprio vá assumir os vocais ou tocar como DJ, mas garantiu que tem a pessoa certa para executar o trabalho. Então deixei a função com ele, mas informei Alice sobre o acordo e ela respondeu que confia nele e que está tudo bem.

E a escolha da minha irmã como tema do baile desse ano é “Cores ao Vento”...

Que devido suas anotações, compreendemos que girará em torno de uma noite mágica, celebrando o espirito de São Valentim, o grande homenageado em questão, mas que também trabalhará com uma mistura de cores que juntas, trarão harmonia ao espaço e o baile...

Quando abri a paleta de cores escolhidas, comecei a ter ideias também para decorações que descerão do teto, disposição das mesas e os arranjos que ficarão sobre elas. Onde o painel para fotos será colocado e como ficará a entrada do ginásio, além de alguns adornos espalhados por todo o lugar.

Expressei tais ideias a Edward, que pareceu concordar com tudo, não sei se por realmente gostar do que falei ou se para apenas não prolongar o assunto comigo, mas em minuto algum deixei de atualizar Alice sobre minhas decisões, já que em suma, o projeto é dela e estou apenas quebrando um galho.

Então não quero que ao fim da semana, quando ela retomar a organização, desgoste de algo ou decida mudar de última hora atrasando tudo.

No começo, ela foi respondendo sempre com respostas afirmativas, mas ao fim, apenas pediu que tome conta de tudo e informou que confia plenamente em mim e nas minhas decisões.

Com isso, entendi que estou atrapalhando seu tempo no simpósio e decidi guardar minhas dúvidas.

Edward e eu nos dividimos para fazer as ligações necessárias a todos os fornecedores que ajudarão. E passamos um bom tempo da manhã cuidando disso e anotando tudo para prestar contas a escola.

Então com a maior parte teórica decidida, Edward e eu passamos a colocar de fato a mão na massa.

Teremos que isolar a arquibancada, para ser decorada depois, como também começaremos a posicionar as mesmas e painéis que a escola possui.

Apesar de estar lidando com questões práticas, o silêncio permaneceu por quase todo o tempo, então comecei a notar que Edward não para de olhar o relógio e acabei falando.

— Tão ansioso assim para se livrar de mim?

— O que?

Questionou parecendo sair de um transe.

— Você. Não para de olhar para o relógio.

— Ah, isso. Não, é que tenho treino com o time mais tarde e estava calculando quanto tempo ainda teremos antes de termos que parar por hoje. – Esclareceu.

— Ah, sim.

Ele assentiu e voltamos a posicionar uma das coberturas da arquibancada, quando continuei o assunto.

— Ontem as crianças e eu assistimos a um jogo de hóquei. – Ele parou de executar sua função para me olhar. – O da seleção americana, que está competindo nos jogos olímpicos...

— Eu sei. Só estou surpreso por você dizer que estava assistindo ao jogo.

— Pois é. Não tinha me tocado que os jogos olímpicos de inverno começaram, mas ontem Fred estava assistindo ao jogo e acabei acompanhando também.

— Entendo. Não é incomum as pessoas não saberem sobre eles, já que nunca foi tão badalado quanto os jogos olímpicos mundiais.

— Mas eu sou uma garota de Forks. — Enfatizei. – Então sei o quanto são importantes, assim como o hóquei no gelo...

Ele fez um gesto que só pude interpretar como desdém, mas antes de questioná-lo, prosseguiu.

— Você pode ter nascido em Forks, mas não é mais uma garota da cidade. Então não precisa manter certos hábitos dos cidadãos locais.

Foi a minha vez de engolir em seco e também uma bela resposta, mas percebi que não quero continuar seguindo pelo caminho da hostilidade, então comentei.

— Fred contou que você é o novo técnico de hóquei da escola.

— Sou. Finalizei minha formação em educação física e leciono a matéria no colégio, mas minha maior paixão é treinar o time.

Pude sentir a mesma exalando de sua voz.

— Não tenho dúvida. Você sempre foi muito apaixonado pelo hóquei e não o imagino deixando de estar envolvido ao esporte, mesmo que hoje em dia seja apenas como técnico...

Ele ficou em silêncio enquanto terminou de arrumar sua parte e logo desceu da arquibancada. Já me arrependendo de ter tocado no assunto e disposta a me desculpar, o segui, porém travei quando ele falou.

— Você tem razão. O hóquei sempre foi minha grande paixão. Posso não ser mais um atleta, mas jamais abriria mão de estar envolvido com o esporte. E quando a oportunidade de treinar os garotos surgiu, a agarrei sem pensar duas vezes.

Você sempre será um atleta Edward. — Afirmei. – O acidente pode ter lhe tirado a oportunidade de ser um profissional, mas você sempre será um atleta. Essas crianças e todas as outras que ainda treinar, serão sortudas por tê-lo como técnico, pois não conheço ninguém melhor no hóquei do que você.

— Acredito que não conheça tantos atletas do hóquei, mas de todo modo, agradeço o elogio.

Respondeu com um meio sorriso.

— Não conheço todos e provavelmente nem tantos assim, mas conheço você e sei que é incrível. Sempre foi e sempre será.

— Bella...

— Edward, eu queria te pedir desculpas.

O interrompi antes que a coragem recém-adquirida se esvaia do meu corpo.

— Pelo que?

— Pelo seu acidente...

— Não tem pelo que se desculpar. Você não teve culpa de nada.

— Não é por isso que lhe devo desculpas. – Reiterei. – Tenho que me desculpar por não ter dito até hoje que sinto muito pelo que aconteceu, ao menos não pessoalmente...

— Não precisa...

Tentou me cortar novamente, mas não deixei.

— Preciso sim. Escolhemos seguir nossos sonhos e para isso precisamos nos afastar, mas antes de tudo, sempre fomos amigos e não agi como uma amiga com você. Na verdade, não agi nem como uma pessoa complacente diante do que aconteceu. É só que não me senti no direito de estar na sua vida naquele momento, por mais que quisesse... — Confessei.

— Está tudo bem Bella. Não vou dizer que não pensei em como as coisas poderiam ter sido se você estivesse comigo, mas como disse, tomamos uma decisão mútua de seguir nossos sonhos e você não deveria abrir mão do seu apenas porque o meu tinha sido interrompido.

— Eu realmente lamentei muito e passei dias e dias perguntando notícias suas a Alice, querendo o máximo possível estar por dentro de tudo, mas não podia continuar monopolizando a vida da minha irmã, que estava dando início a sua carreira, como também com casa, marido e filhos para cuidar.

— Eu entendo Bella. Sua família foi realmente muito solícita durante meu tempo de recuperação e no fundo, sabia que tinha um dedo seu por trás de tudo e isso de algum modo me confortou. – Informou.

— Eu preciso confessar uma coisa.

Declarei reunindo uma nova onda de coragem.

— O que?

— Você não sabe, como disse, nunca deixei claro meus sentimentos frente ao que passou, mas não pude deixar de acalentá-lo de alguma forma...

— Eu sei. — Ele me interrompeu e arregalei os olhos descrente. – Como não saber Bella? Achou que não reconheceria um quadro seu?

— Mas como você...

— É verdade que você fez de tudo para que eu não descobrisse. Enviando o quadro através de um dos fãs clubes do time e enfatizando que era um presente com votos de boa recuperação. Então primeiro pensei que realmente poderia ser apenas uma coincidência, que talvez já estivesse fazendo sucesso e alguém comprou seu quadro sem saber da nossa ligação e enviou. Assim, fiquei atento por um tempo esperando ver notícias de outros quadros seus, mas quando pensei a fundo, compreendi que você tinha realmente pintado aquele quadro pensando em mim e o enviou, mesmo que não quisesse se identificar, deu um jeito de passar a mensagem...

— Para nunca esquecer onde aprendeu a patinar...

— Para nunca esquecer onde aprendi a patinar...

Falamos juntos.

— Então você sempre soube... — Sussurrei.

— Sim, no fundo você não foi muito sútil enviando uma paisagem do lago de Forks, mas de verdade, apreciei o gesto e segui o que pediu. Não parei de patinar e nem de me envolver com o hóquei. Como falei, nunca mais serei o atleta que fui, mas sempre serei um jogador de hóquei e tenho muito orgulho de treinar o time da FHS.

— Ah Edward, fico muito feliz em saber disso. Na época, sabia que tinha tomado à decisão certa em não entrar em contato, mas sentia que tinha que fazer algo, então a inspiração para o quadro veio e não pude lutar contra, foi uma das obras mais rápidas que já criei. – Contei. – Mas depois de terminar, entrei em um novo debate se deveria entregar ou não. Por fim, acabei decidindo enviar, mas escolhi fazê-lo de modo anônimo. Não tinha ideia que descobriria que era meu e ainda mais, que tinha enviado, mas agora estou feliz em saber que as coisas aconteceram assim, que de algum modo, você compreendeu a mensagem por trás da obra.

— Sim. O quadro está pendurado na sala da minha casa. Sempre que chego depois de um dia cansativo e maçante, ao passar pela porta, o quadro é a primeira coisa que vejo e entendo que tudo vale a pena no final...

— Ah, Edward...

Nesse momento, foi inevitável que lágrimas inundassem meus olhos.

— Não Bella, não chore.

Ele quebrou a distância entre nós me puxando para um abraço.

Então o choro que ainda estava fraco, passou a ser profundo e dolorido.

Sentir esses braços ao meu redor depois de tantos anos, ainda mais nesse momento, quebrou algo dentro de mim, ao mesmo tempo em que colou todos os pedaços que estavam quebrados a eras...

— Eu sinto muito Edward, muito, muito mesmo. Você não sabe o quanto lamentei quando fiquei sabendo do seu acidente. A vida é tão injusta. Como alguém tão incrível como você pôde ter o sonho interrompido dessa forma?

Murmurei entre as lágrimas.

— São coisas da vida Bella. No início, também relutei muito em aceitar que tudo que sonhei por toda vida simplesmente não aconteceria mais, porém precisei me reerguer e começar a sonhar novos sonhos...

Mesmo a contragosto, separei nossos corpos para poder olhá-lo nos olhos.

— Você pode me contar como tudo aconteceu? – Pedi. – Se não quiser, não tem problema. É claro que soube dos fatos na época, mas nunca ouvi verdadeiramente como as coisas foram. Não de você...

— Está tudo bem. Hoje não dói mais falar. Até palestras já dei sobre o que houve. – Comentou e sorrimos. – E com o tempo, tudo ficou mais fácil. Então se quiser ouvir, posso te contar.

— Eu quero. – Pedi.

— Então vamos sentar um pouco.

— Dói?

Perguntei de repente apontando para o seu joelho.

— Não. Não foi por isso que sugeri sentarmos, não sinto dor ou qualquer incomodo se passo muito tempo de pé ou patinando.

— Que bom.

Sentei na cadeira que indicou, enquanto fez o mesmo na cadeira da frente.

— Sugeri apenas porque já que agora estamos conversando e não trabalhando, não há motivo para ficar de pé o tempo todo.

Sorriu e o acompanhei.

— Mas que Emmett não nos pegue conversando sem dar andamento ao trabalho.

Brinquei e consegui lhe despertar não apenas um novo sorriso, mas um riso alto e contagiante.

— Tem razão. Emmett pode ser um diretor tirano às vezes.

Retribuiu a brincadeira.

E assim, com o clima mais leve, Edward começou a falar...

Quando encerramos o high school rumo à faculdade, encerramos também nosso relacionamento de quase quatro anos...

Tivemos a sensatez e maturidade de entender que não podíamos abrir mão dos nossos maiores sonhos e esses não nos levariam a caminhos intercalados, pelo contrário.

No último ano do high school, ganhei bolsa para a School of the Art Institute of Chicago, uma das melhores instituições voltadas à arte do país.

Enquanto Edward já tinha bolsa garantida para a Seattle University desde que começou a se destacar no hóquei.

Como um atleta nato do hóquei no gelo, uma das melhores instituições do norte do país especializada em esportes voltados a temperatura fria, não perderia a oportunidade de trabalhar com um dos melhores atletas ativos na época.

Edward entrou com a bolsa do esporte, mas cursando também a matéria voltada ao mesmo. E quando poderíamos imaginar que no fim, seu curso acabaria sendo mais do que só um apoio para que realizasse o sonho de ser atleta profissional e integrar a seleção americana de hóquei no gelo?

Terminar nosso namoro não foi fácil, mas sabíamos que era o certo. Nenhum de nós podia perder a oportunidade estudantil de uma vida. E tínhamos ciência que se quiséssemos a melhor excelência em nossas áreas, não podíamos nos deixar abalar por um namoro a distância...

Mesmo com os corações partidos, nos mantivemos firmes na decisão tomada. E durante o primeiro ano tudo correu bem. Estava aprendendo muito na faculdade, enquanto Edward se destacava cada vez mais no hóquei universitário. Nos falávamos esporadicamente, mas sempre tendo em mente que nossa separação não era um fato remediável.

Então, no segundo ano da faculdade, nosso contato diminuiu drasticamente, já que Edward estava focado totalmente no hóquei e a oportunidade de integrar a equipe que disputaria os jogos olímpicos de inverno no ano seguinte.

Mas foi quando seu acidente aconteceu e mudou toda sua história...

Foi difícil ouvir Edward falar sobre como se sentiu após acordar no hospital e ouvir a notícia que tinha passado por três cirurgias para reparar os danos causados no gelo.

Em um dos jogos universitários que estava disputando na época, ele foi atingido em cheio no joelho, por um dos adversários da outra equipe.

O rapaz fez uma entrada brutal para tentar parar o passe de Edward e as laminas do patins entraram com tudo na musculatura de seu joelho.

Acabaram abrindo um inquérito para avaliar a atitude do outro competidor e no fim, ele foi declarado culpado por atitude antidesportiva e expulso da liga universitária, mas isso nunca pôde reparar o estrago feito na vida e carreira promissora de Edward...

Ele ouviu todas as informações passadas pelos médicos com firmeza, sabendo que teria um longo caminho de recuperação pela frente, mas tendo ciência que sua chance de entrar para a equipe americana de hóquei e disputar os jogos olímpicos de inverno de 2018 haviam acabado...

Edward passou seis meses se recuperando, adiou um semestre da faculdade por esse período e passou por dias e noites difíceis enfrentando muita dor e resignação para melhorar, mas como um verdadeiro guerreiro, venceu todos os obstáculos.

Ele não perdeu a bolsa por esporte, mas tão pouco voltou a disputar os jogos universitários. Seu joelho melhorou e seu rendimento esportivo também, mas ele sabia que tinha perdido a oportunidade a qual esperou por tantos anos.

Por fim, acordou um dia, já no período de volta as aulas e percebeu que podia se abater e desistir totalmente do hóquei ou entender que ainda podia vivê-lo, talvez não mais através apenas das próprias pernas, mas ensinando tudo que aprendeu e sempre amou a outras pessoas...

Assim, decidiu investir na especialização do curso voltado ao esporte e também conversou com os técnicos que teve durante a vida para saber se estaria apto a investir na nova profissão.

Com incentivo de todos, escolheu a nova carreira e depois de formado, quando voltou a Forks, teve a oportunidade de não só lecionar na escola, mas também assumir o time de hóquei e recebeu tudo como um grande presente da vida...

— E é isso. — Concluiu. – Estou aqui há três anos. Mas apenas um e meio desses realmente lidando diretamente com os alunos por conta de tudo que houve.

Compreendi a referência, diante do tempo em que o mundo inteiro parou.

— Entendo e que bom que todos estão bem e agora puderam voltar à escola como se deve. – Falei. – E é muito satisfatório ouvir que se encontrou novamente mesmo depois de tudo. Estou realmente muito feliz por você Edward.

— Obrigado Bella. Contando assim, parece que foi fácil, mas não foi. A recuperação e entender que precisava mudar, mas sinto que a vida seguiu como devia. – Esclareceu.

— Eu entendo e isso me deixa com ainda mais orgulho. – Declarei.

— Obrigado.

Sorriu em agradecimento.

— Escuta. Depois de ouvir finalmente sua história e entender como tudo aconteceu, começo a pensar que não fui tão inteligente em minhas decisões como você. – Admiti.

— Por que diz isso?

— Acredito que tenha notado o fato de que estava há anos sem voltar a Forks... – Comecei.

— Eu com certeza notei. E sinceramente não consigo entender a razão...

Fiquei em silêncio por um instante, pensando em como contar a verdade e nesse meio tempo, ele completou.

— Não foi por minha causa, foi?

— Tenho que dizer que sim?

Respondi meio em dúvida de como explicar.

— Mas Bella, por quê? Nosso término não foi conturbado e mesmo que tivesse sido. Nunca fiz nada que pudesse lhe dar a entender que não poderia voltar a Forks para ver sua família ou por qualquer outro motivo.

— Eu sei. Ouça, não foi por sua causa, mas foi por você. — Confessei.

— Continuo sem entender.

Falou parecendo realmente confuso.

— Vou tentar explicar. Quando você se acidentou, eu quis muito ir vê-lo, mas nos primeiros dias estava em meio a provas e um projeto inadiável na faculdade. Então decidi esperar a poeira abaixar, porque também não sabia se você ia querer me ver em meio a tudo que estava vivendo. Com o passar dos dias, percebi que o melhor era não me envolver, você já tinha muito com o que lidar e passar por uma reaproximação, para depois vivermos uma nova despedida, poderia não nos fazer bem. Assim, tive a ideia do quadro, não quis me revelar, ainda que você tenha descoberto sozinho, mas o ponto maior, é que entendi que não lhe faria bem voltar a ter contato comigo.

— Por que pensou isso? – Perguntou de pronto.

— Talvez tenha sido boba, ingênua ou até egoísta. Mas após seu acidente, comecei a pensar muito que seu sonho tinha acabado e desde antes de namoramos, nossos sonhos sempre foram tão importantes para nós. Então porque eu podia continuar vivendo o meu enquanto você estaria impossibilitado para sempre de viver o seu?

Ele fez menção de falar, mas o detive.

Eu estava errada e percebo isso agora. Mas foi o que pensei na época, não tive a capacidade de enxergar essa luz no fim do túnel que você recebeu. Com isso, conclui que não podia voltar a Forks, para o lugar onde estava em recuperação e simplesmente seguir como se nada tivesse acontecido. Talvez se tivesse voltado e visto como estava bem e seguindo em frente, teria mudado de opinião, mas não o fiz e com o tempo, mesmo quando regressou à faculdade, fui procurando me afastar das minhas raízes e a universidade também acabou consumindo muito da minha vida, ainda mais quando mudei para Nova York para fazer a especialização. E por fim, soube que tinha voltado definitivamente a Forks e conclui que essa era a sua casa e você merecia desfrutar do seu lar sem mais preocupações, ao menos esse era o meu pensamento...

— Bella, por Deus. Como pôde pensar que sua presença aqui me faria algum mal? Nós sempre sonhamos nossos sonhos juntos e eu adoraria saber que você prosseguiu com o seu, mesmo que eu de fato tivesse perdido o meu. – Explicou.

— Mas eu não queria que as coisas fossem assim. Eu queria que nós dois estivéssemos realizados. Mas parece que no fim das contas, à única perdida sou eu. – Acabei confessando.

— Por que diz isso? – Perguntou. — O que está acontecendo Bella? — Insistiu.

— Nada demais. É que sai daqui sonhando em virar uma grande pintora e até agora, isso não aconteceu e nem sei mais se acontecerá um dia... – Desabafei.

— Não fale assim. Você é muito talentosa, sempre foi. Se sua grande chance ainda não surgiu, é porque não era o momento. Mas vai acontecer, acredite. – Falou.

— Obrigada.

— Mas você não está mais trabalhando com arte?

— Não. Não é isso. Eu trabalho em uma galeria de arte em Nova York, ajudo na curadoria das peças. Mas não é isso o que verdadeiramente quero, entende? – Ele assentiu. – Eu vejo nos seus olhos e entendi com suas palavras que está realizado em treinar o time, que pode não estar diretamente no gelo, mas seu espírito e paixão permanecem através de cada atleta que treina. Porém, não consigo sentir isso só em trabalhar com obras de outras pessoas. Eu ainda sonho em trabalhar com a minha arte e ser reconhecida por ela. – Admiti.

— E você vai Bella. Acredite em mim, assim como eu acredito em você. – Sorri encantada com suas palavras. – Mas me diga, por que acha que ainda não atingiu o esperado? Você parou de pintar?

— Não. Mas sempre que mostro um quadro novo, ouço a mesma frase. Que é bom, bonito, mas nada de novo, nada especial, nada digno de ser levado ao mundo e isso acaba me desestimulando. Sem contar que nos últimos tempos, não tenho mais sentido muita inspiração...

— Ah Bella, todo artista passa por períodos de falta de inspiração, ao menos foi o que ouvi falar. – Sorrimos e ele pegou minhas mãos entre as suas. — Mas não desista. Você vai realizar seu sonho, eu sei.

— Eu quero acreditar em você... – Declarei.

— Então acredite. Alguma vez já menti para você? — Neguei com a cabeça. – Pois acredite em mim e nas minhas palavras.

— Está bem, eu acredito.

— Ótimo. E agora que já esclarecemos as coisas, posso acreditar que não fugirá mais de Forks?

— Talvez...

Admiti um pouco constrangida por perceber que me privei de algo, assim como meus familiares, antigos amigos e talvez até Edward, por conta de um pensamento totalmente infundado.

— É bom que não suma, pois agora que sei que não há motivos reais para o seu afastamento e também onde mora, então não tenha dúvidas que posso ir buscá-la se necessário. – Brincou.

— Não será. Chega de distância de Forks. — Prometi.

Edward sorriu e pegando-me desprevenida, nos uniu em um novo abraço.

— Seja bem-vinda novamente a Forks...

Sussurrou ao meu ouvido.

— É muito bom estar de volta.

Respondi contra o seu peito.

E é realmente muito bom estar de volta a Forks, mas especialmente a esse lugar mágico que são os braços de Edward...

CONTINUA.


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Notas finais do capítulo

N/A: Então meninas, o que acharam das revelações do capítulo? Muitas suspeitavam da ligação do Edward com o hóquei e da Bella com a arte. E estavam certas.
Nosso mocinho é um jogador de hóquei, que teve seu primeiro sonho frustrado, mas acabou descobrindo que podia continuar envolvido com o esporte como técnico, enquanto nossa menina é pintora, mas está passando por um tipo de crise...
Outra dúvida levantada, era sobre a relação dos dois. Descobrimos que eles foram namorados, porém não se distanciaram por conta de um término hostil, mas sim, pelas circunstâncias da vida.
A Bella ao saber que o Edward perdeu seu sonho, pensou que não faria bem voltar a ter contato, que talvez surgisse uma mágoa entre eles. Ela estava errada? Sim. Mas não podemos esquecer que ela era só uma jovem se descobrindo no mundo, com isso, errando e aprendendo. Mas talvez tenha chegado o momento das coisas mudarem...
Mas já falei muito, agora é com vocês. Comentem sobre tudo que descobriram, o que acharam das revelações e o que esperam acompanhar nos próximos capítulos. Estou amando ler as reviews. Um dos objetivos da short é espalhar bons sentimentos e vocês com seus comentários, o estão retribuindo, muito obrigada. Não deixem de seguir-me no twitter: @KNRobsten. E até domingo.
~Kiss K Nanda.



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