A New Smile - A Nova Visão de uma História Antiga escrita por Jay Frances


Capítulo 9
Happy Birthday, Purple


Notas iniciais do capítulo

Eu não me lembro de onde veio a ideia pra esse capítulo, porque eu me lembro que ele não estava no meu plano original de postagem e ainda assim, se tornou meu favorito. Talvez ele simplesmente precisasse estar na história e eu resolvi mantê-lo.



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Alguns dias depois...

Pov. Kara:

           Minha cabeça estava estourando de tal maneira quando acordei, que nem me dei ao trabalho de me levantar, apesar de estar com fome, sentia que se colocasse algo na boca, provavelmente vomitaria na mesma hora, meu nariz estava congestionado também, então eu estava mesmo, uma merda. Por isso apenas joguei as cobertas sobre minha cabeça e fiquei ali por um bom tempo, sem nem ao menos me dar ao trabalho de me levantar ou olhar a hora. 

             Provavelmente eu havia dormido novamente, pois não me lembrava de muito antes do som da porta do meu quarto se abrindo e os passos um tanto arrastados que eu conhecia muito bem se aproximarem. - O que você tem Kara? - Ouvi minha "mãe" perguntar carinhosamente, puxando a coberta com toda a sutileza que conseguia, o que sinceramente não era muita devido a sua força sobre-humana, por fim, apesar da sensação latejante em minha cabeça, empurrei o tecido macio para longe do meu rosto e a olhei, eu odiava ficar doente. Ela colocou a mão na minha testa com cuidado.  - Que belo dia pra se ficar doente, é nisso que dá ficar saindo sem casaco

             Mesmo com dor, consegui sorrir ao perceber a maneira que Jessica estava me tratando, mas quando uma pontada de dor se espalhou pela minha nuca para o resto de minha cabeça e eu não pude conter uma careta de dor, ela suspirou, eu sabia que ela nunca havia feito algo assim. - Eu vou dar um jeito de cuidar de você, garota - Ela passou a mão pelo meu cabelo, o desarrumando mais do que já estava e se levantou, seguindo até a porta. - Valeu, mãe...

†‡†

           –Olá aniversariante - Trish cumprimentou entrando no quarto horas mais tarde, em sua mão havia um embrulho que ela ergueu, fui capaz de deixar um sorriso transparecer, eu havia aberto somente outros dois presentes naquele dia, um de Jessica, uma arma de tazer, se de acordo com ela "o lance de ninja não der certo" e um suéter de casimira colorido enviado por meus avós, me sentei lentamente na cama e sinalizei para que a loira se aproximasse, o que ela logo o fez, colocando o embrulho azul escuro sobre minhas pernas.

            Abri o pacote e soltei uma sonora risada ao desdobrar o traje que ela havia me dado, era praticamente uma versão um tanto menor e mais justa de um traje que ela havia dado para Jessica e havia me mostrado pouco tempo antes, sendo que uma das únicas diferenças eram os detalhes em púrpura no lugar do azul turquesa, ela sabia muito bem que eu jamais usaria aquilo, mas eu havia brincado que se precisasse de uma fantasia de Halloween aquela seria um sucesso. - Você realmente tem um ótimo senso de como Jessica e eu devemos nos vestir - Brinquei ainda rindo com a moça me acompanhando, mas logo minha risada fora interrompida por uma crise de tosse - me desculpa, ah, eu tenho algo pra você

           Ela me olhou curiosa, dei um sorriso leve e me virei para a mesa de cabeceira ao lado de minha cama, abri a primeira gaveta e peguei a pasta que havia dentro dela. - Antes que eu te entregue, por favor, eu peço, tome cuidado. -Pedi e ela apenas assentiu, em silêncio, claramente ansiosa. - Onde você conseguiu isso? - Ela perguntou abrindo a pasta com as letras IGH gravadas nela. - Eu tenho meus contatos - Respondi simplesmente, ninguém precisava saber que nem todos os meus amigos estão do lado certo da lei, observei ela fechar a pasta novamente, e por um instante senti uma diferença em sua linha de pensamento antes de seus olhos claros se concentrarem em mim. - Obrigada Kara, muito obrigada mesmo - ela falou e eu apenas acenei com a cabeça

        Respirei fundo, sentindo minha costela doer, talvez eu ainda estivesse sofrendo as consequências de alguns treinos individuais de luta que havia feito durante aqueles dias. - Eu faço questão de lhe ajudar a achar o tal do Simpson, sei que ele é importante pra você - Ofereci, era o mínimo que eu podia fazer, eu havia chegado repentinamente quando todos eles acharam que um capítulo da vida de todos eles havia acabado e simplesmente havia monopolizado a maior parte do tempo de todos com meus problemas. 

           Walker pareceu querer falar algo, mas no mesmo instante em que abriu a boca, Jessica apareceu na porta, provavelmente havia ouvido minha crise de tosse, sorri para ela e ela entrou calmamente. - Tô vendo que ela já te arranjou uma fantasia para o Halloween do ano que vem - Brincou com um tom um tanto debochado, assenti, sabendo que ela me mandaria descansar, já que era exatamente o que ela estava pensando. - Só precisamos de outras duas e estamos prontas pra qualquer coisa. - Afirmei lhe entregando ambos os objetos em minhas mãos, Trish deu um jeito de guardar tudo e se levantou, Jess revirou os olhos. - Okay, criança, descansa agora, você precisa

                Sem refutar sua ordem, me deitei com um sorriso leve nos lábios, minha "mãe" me cobriu até o pescoço enquanto a outra mulher a esperava na porta. Quem visse aquele momento imaginaria que éramos uma família normal, duas mães e uma filha adolescente, sem todos os traumas, os problemas e loucuras que existiam a nossa volta. Em silêncio eu as observei deixar o cômodo, me perguntando se algum dia aquela imagem que as pessoas poderiam ver de nós poderia se tornar real.

†‡†

Pov. Trish:

                   Fechei a porta atrás de mim em silêncio e olhei para a pasta que Charlie havia me dado, pensando bem sobre aquilo, se era realmente tão importante saber daquilo, saber onde estava Will, talvez fosse, apenas para fechar de vez aquele capítulo, aquele momento perigoso, Jess já havia seguido na frente enquanto eu me perguntava isso e se virou, me olhando. Era o mesmo olhar que eu conheci na primeira vez que ela testemunhou as agressões de minha mãe, cuidadoso, preocupado. 

            –Você vêm? - Indagou e por um instante eu vi uma inversão de papéis. Por quantas vezes nossa dinâmica havia mudado, quantas vezes eu havia salvado ela e quantas vezes ela havia feito o mesmo por mim, não fui capaz de refrear um sorriso com sua pergunta e assenti. Porque apesar de não poder ter certeza do que faria com aqueles arquivos, eu tinha certeza que teria Jessica, e talvez também Kara, ao meu lado. - Você precisa de ajuda, não é?

Pov. Kara:

               Novamente eu não sabia quanto tempo havia passado quando acordei ao ouvir uma cantoria desafinada, abri os olhos e me sentei apressadamente na cama, observando os sete adultos entrarem no quarto com um bolo com uma decoração um tanto rústica, dei risada enquanto eles se aproximavam. - Faça um pedido gnominha de jardim - Mandou Wade, usando um chapéu de cone na cabeça, o único que o usava, um palhaço, olhei para o bolo que Jessica segurava e então para eles mais uma vez e finalmente assoprei as dezesseis velas os ouvindo celebrar. 

        Não havia realmente pedido nada, tudo que eu havia desejado algum dia estava ali, com aquelas sete pessoas que haviam passado por infernos e se permitido a ter um pouco de positividade e estavam me ensinando a fazer o mesmo.

†‡†

Pov. Jessica:

                O silêncio estava espalhado pela casa quando eu me levantei na manhã do dia seguinte, como sempre, vesti minha calça jeans rapidamente e peguei a pequena caixinha que havia recebido no correio alguns dias antes, eu sabia exatamente de quem era e havia realmente ponderado se daria aquilo nas mãos de Kara e no quanto a abalaria. Deixei o meu quarto e segui para o andar debaixo e para a sala de jantar, onde ela estava comendo, normalmente o café da manhã seria do lado de fora, mas depois do dia anterior, era melhor que nos abstivéssemos desse costume por algum tempo. - Bom dia, mãe - Falou erguendo o olhar até mim.

           A sinceridade em sua voz era um tanto desconcertante, talvez o tom um tanto carinhoso com que ela falava me lembrasse do que havia acontecido, da dor que eu havia passado, e me foi necessário alguns instantes para falar algo, recitando mentalmente a nossa rua e as outras próximas. - Você tem mais um presente. - Expliquei me sentando ao seu lado. Sua expressão se tornou confusa quando eu entreguei a caixinha, já que eu havia lhe dado um presente no dia anterior. 

         A morena sorriu e decidiu abrir o presente, lentamente, como se também já soubesse de quem poderia ter sido, ela me olhou, com lágrimas nos olhos e a mão trêmula, como se não tivesse outra maneira de reagir, suspirei e tomei a caixa em minhas mãos, ali havia um chaveiro em formato de uma guitarra e uma chave que eu não sabia na hora se era de um carro ou de uma moto e um bilhete, na letra um tanto garranchada de Kilgrave:

Feliz Aniversário Purple, esse é o meu presente para a minha garotinha que agora tem 16...

Com Amor, Papai

 


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