Em nossos Sonhos escrita por Keyla Cardoso


Capítulo 3
Capítulo 03


Notas iniciais do capítulo

'A leitura é o alimento da alma. Bom apetite'



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Jared colocou uma jaqueta de frio em sua mochila de viagem e voltou a se olhar no espelho. Ele tinha que admitir, o terno preto e a gravata borboleta o vestiram muito bem, obrigada. 

Finalmente o dia da formatura havia chegado; ele receberia o diploma, iria para a casa de Sam comemorar sua formatura e se despedir de seus amigos e então, na manhã seguinte ele partiria em busca da garota de seus sonhos. 

Por ele, ele partiria logo após receber o diploma, mas sua mãe e a matilha, o conveenceram a esperar até o próximo dia. 

—Está pronto, Jar? —Mia abriu a porta do quarto e colocou a cabeça para dentro. Jared observou o penteado delicado que a garota usava e sorriu. 

—Poderia me ajudar com as abotoaduras? —Ele perguntou mostrando os pulsos. 

—Claro seu banana, venha aqui. —Ela sorriu e entrou no quarto. O vestido azul que ela usava, caia delicadamente pelo corpo esguio e alto, parando delicadamente acima de seus joelhos. 

—Você está linda, Mia. —Jared elogiou a irmã quando ela se afastou e passou as mãos pelos ombros dele, alisando o paletó desnecessariamente. 

—É… você também não está nada mal. —Ela devolveu piscando pra ele com um sorriso. —Mamãe está te esperando para tirar centenas de fotos suas, vamos? 

—Claro, não podemos deixar uma mãe maluca esperando né? —Ele riu e ofereceu o braço para Mia, que o aceitou com uma reverência brincalhona. 

—Olha como meus bebês estão lindos… —A mulher sorriu e enxugou uma lágrima da bochecha. —Deixe-me tirar uma foto de vocês. 

Cerca de 30 minutos (e muitas fotos) depois, eles saíram para se juntar aos outros no caminho para a escola da reserva. A grande maioria havia decidido caminhar até lá, então as ruas estavam movimentadas e barulhentas. Sua mãe conversava com Sue enquanto eles caminhavam nas poucas ruas restantes; Leah e Seth caminhavam ao seu lado, ambos estavam vestidos elegantemente. 

—Leah Clearwater até penteou os cabelos hoje. —Ele provocou arrancando risadas de Seth e Mia. 

—Você é um idiota, Jared. —Leah revirou os olhos e socou o braço dele. 

—Não, é sério. Vocês até estão combinando as cores. —Ele apontou do vestido de Leah para a gravata de Seth. —Decidiram se vestir combinando como os bons gêmeos que são? 

—Jared, é sério. Eu vou socar sua cara; então você vai ir atrás de sua garota com um dente faltando. —Ela resmungou mal humorada. 

Preferindo ficar em silêncio, Jared terminou o percurso até a escola sem dizer mais nada sobre Leah ou suas roupas. O estacionamento da escola estava cheio de alunos e pais conversando e tirando fotos. Sam e os outros  já estavam esperando por eles, junto com Billy, Velho Quill, Denise (mãe de Quill Jr) e Marta (mãe de Embry).

—Eu vou com os mais velhos para pegarmos um bom lugar, vejo vocês depois. —Sua mãe se aproximou e beijou a bochecha dele e estendeu o braço para Mia. —Quer que guardamos lugar para vocês? —Ela dirigiu a pergunta a Sam, mas todos sabiam que ela servia para todos aqueles que não se formariam naquele dia ou que já haviam se formado. 

—Agradeceria, senhora Cameron. —Sam sorriu e todos precisaram segurar a risada. 

—Já disse para me chamar de Mary, querido. —Ela apertou a bochecha dele como uma mãe faria e se afastou empurrando a cadeira de rodas de Billy Black. 

—Ok, isso foi hilário. —Isaac disse enquanto ajeitava a gravata. —Eu já disse que odeio terno? 

—Você odeia qualquer roupa, cara. —Brady disse dando um tapinha no ombro dele. 

—Aqui, toma. Convenci meu pai a me dar um pouco do whisky dele, não faz o mesmo efeito em nós, mas acho que dá pra dar uma animada. —Jacob disse entregando um cantil de alumínio para Jared. —Ele me fez prometer que não deixaria as crianças de 15 anos beber, sabe como é né… ele pode ter problemas com a lei. 

—Pare de ser mentiroso, Jacob. Eu estava lá quando seu pai te deu o whisky, ele não disse nada. —Leah disse aceitando o cantil e dando um gole. 

—Você é sem graça né, Leah? Pelo amor de deus. —Jacob disse para ela com uma falsa raiva. Leah apenas sorriu e entregou o cantil para Seth. 

Depois que todos deram um gole da bebida de Jacob (que não foi o suficiente nem mesmo para fazer suas cabeças de lobo zumbir), eles começaram uma conversa animada sobre a viagem de Jared no dia seguinte. 

—Para onde você pretende ir? —Emily perguntou enquanto tirava uma mecha de cabelo dos olhos. 

—Não sei, talvez para o norte… meu lobo se anima quando eu penso no norte. —Ele respondeu colocando as mãos no bolso da calça social. 

—Imagina, Jared dirigindo com a cabeça pra fora da janela, a língua pra fora e farejando o ar… como um cachorrinho. —Colin fez uma imitação que arrancou risadas de todos. 

Naquele momento, todas as conversas no estacionamento pareceram morrer. Um grupo de garotos do time de basquete que passavam uma garrafa de refrigerante batizado entre eles pararam por um instante e trocaram olhares de descrença. 

—Aposto dez dólares de que a Kimberly está naquela limousine. —Paul disse quando o veículo se aproximou do estacionamento.

—Ela nem mesmo é formanda, mano. —Embry disse rindo sem acreditar que poderia ser ela. 

O motorista desceu do veículo, abriu a porta traseira e Kim saiu de lá com a cabeça erguida, como se tivesse com cocô embaixo do nariz; seu acompanhante (o garoto que iria se formar) saiu meio constrangido do veículo. 

—Sorte que você terminou com ela antes da formatura, se não, aquele mico seria seu. —Quill disse enquanto todos observavam os dois caminhar para longe do carro e o motorista bater a porta e ir se sentar na parte da frente novamente. 

—Eu nunca faria uma palhaçada dessas. No máximo teria buscado ela com meu carro. —Ele rebateu. 

Quando o "casal limousine" não pode mais ser visto, o burburinho foi geral. Todos no estacionamento pareciam concordar em uma coisa: aquilo havia sido um baita de um exagero. 

—Voltando ao nosso assunto, você sabe quando pretende voltar? —Collin questionou se encostando na caminhonete cinza de Sam. 

—Não, mas acho que vou ficar longe por um bom tempo. Nem mesmo sei para onde estou indo. 

—E se você não a encontrar? —Paul arqueou as sobrancelhas. 

—Então terei que viver com essa parte minha faltando. —Ele encolheu os ombros. —Mas eu sinto que vou encontrá-la, meu lobo sabe disso. 

—Você acha mesmo que é o imprinting chamando pelo Jared, Sam? —Emily perguntou ao namorado. 

A matilha já havia tido aquela conversa antes. Sam e o conselho tribal achavam que a garota dos sonhos de Jared era o imprinting dele; ele sonhava com ela desde pouco antes de se transformar pela primeira vez. Os livros e registros dos primeiros metamorfos diziam que os imprinting aconteceram com mulheres tribais, mas que quando eles passavam alguns dias longe caçando ou fazendo qualquer outra coisa, suas almas eram chamadas para elas, não importa a distância que eles estivessem. 

—Pode ser, Paul. Não sabemos nada da garota além daquilo que Jared nos disse, o que também não foi muita coisa. As antigas lendas dizem que o imprinting chama pelo lobo e é isso que está acontecendo com Jared, ele sonha com uma garota e seu lobo se sente atraído até ela. 

—Mas eu achei que o imprinting só acontecia com pessoas da tribo. —Leah disse franzindo as sobrancelhas. 

—Não necessariamente; os registros antigos, dizem que o tio avô de Jacob teve seu imprinting com uma mulher branca, de Forks. —Sam disse se lembrando da história que Billy havia contado. 

—Sim, eu me lembro dessa história. Meu pai diz que seu tio teve um imprinting com Mary Swan e que eles fugiram juntos para Seattle já que bem dificilmente os pais dela permitiriam que eles se casassem. Eles se casaram escondido e meu tio adotou o sobrenome dela e eles voltaram pra La Push. —Jacob franziu as sobrancelhas e tentou se lembrar de mais alguma coisa dessa história. —Eles tiveram alguns filhos, mas até onde sabemos, nenhum deles se tornou um metamorfo e todos acabaram saindo da reserva em algum momento… meu pai costumava falar de um neto de seu tio, mas eu não consigo lembrar seu nome agora, eles eram bem amigos no curto tempo em que o cara ficou por aqui.  

Todos ficaram em silêncio refletindo sobre a história. Era algo incrível para todos eles e nenhum sabia o que pensar direito. Principalmente Jared, que partiria no dia seguinte em uma viagem ao desconhecido, com nenhuma certeza além de sua intuição. 

Alguns minutos depois, um dos professores foi até o estacionamento para avisar aos formandos que estava na hora deles se sentarem para a cerimônia ser iniciada. Jared, Jacob, Leah, Seth, Embry e Quill seguiram os outros alunos até a parte destinada a eles e os outros seguiram para a plateia. 

Cerca de 1h30 e muitas lágrimas depois, todos estavam reunidos no estacionamento. A mãe de Jared tirava fotos de todos e não se cansava de dizer o quão orgulhosa dele ela estava. 

—Vocês estão indo para a casa do Sam, né? —A mãe do Embry perguntou ao filho. 

—Sim, vamos comemorar lá um pouco. Mas não vamos ficar até tarde, amanhã o Jared viaja. —Embry respondeu sorrindo. 

—Bom, nós vamos pra casa chorar o quão velho estamos ficando. —Billy riu enquanto se despedia. —Tenham juízo e não bebam muito, não vai ser legal o filho do chefe tribal ser visto caindo bêbado por aí.

—Papai, o senhor sabe que é preciso pelo menos duas garrafas de vodka para me deixar ao menos tonto; e acho que Sam não tem duas garrafas para cada um de nós. —Jacob tranquilizou o homem. 

—Abençoado seja o metabolismo dos lobos. —A mãe de Quill brincou enquanto eles se afastaram. 

Eles não demoraram muito por ali, decidiram ir para a casa de Sam, onde poderiam curtir o resto da noite e comemorar como eles mesmos. 

∆•∆•∆•∆

Jared olhou no relógio acima da lareira de Sam e se espantou, já eram quase três da manhã e eles ainda estavam na casa do alfa, bebendo cerveja e comendo as batatas que ele havia comprado naquela manhã. 

Jacob estava errado quando disse que Sam não teria bebida o suficiente para embebedar uma dúzia de lobos; Jared estava meio tonto, mas nada muito grave, já que o álcool queimava rapidamente em seu corpo. 

—Eu preciso dormir um pouco. —Jared disse interrompendo a conversa de Sam e Jacob sobre baseball. —Mas acho que ainda temos tempo para uma última corrida de matilha. 

Todos se animaram e correram para fora da casa já se desfazendo de suas camisetas e calças sociais (os sapatos e meias foram descartados no momento em que pisaram os pés na casa de Sam. Assim como as gravatas e paletós). 

As mentes se conectam e eles começam a correr sem rumo pela floresta, apenas brincando um com o outro e se divertindo. Jared sentiria falta de seus irmãos de matilha, mas ele não ficaria fora para sempre; ele voltaria e traria sua companheira com ele. 

Boa sorte amanhã, Jar. Estaremos aqui para nos despedir de você. —Leah disse enquanto eles se despediam na floresta aos fundos da casa de Jared. 

Obrigada pessoal, vocês são incríveis e eu amo vocês. —Ele disse e sentiu Sam bater contra seu lado de brincadeira. 

Voltando a forma humana, ele vestiu um dos shorts que sua mãe deixou por ali e saiu da floresta. Ele ouviu um coro de uivos antes de entrar pela porta dos fundos. 

Jared entrou na casa silenciosamente e caminhou até seu quarto; em seu travesseiro ele viu um papel branco dobrado ao meio e um post It rosa colado ao lado. Ele desgrudou o post It do travesseiro e o leu:

'Com base nas características que você me deu, 

Resolvi fazer esse desenho da garota dos seus sonhos. 

Espero que goste e esteja parecido. 

Com amor, Mia ♥️'

Sorrindo, Jared desdobrou o sulfite e sua respiração engatou. O desenho estava perfeito, era como se fosse realmente ela ali olhando para ele. 

Colocando o desenho por cima das roupas dentro da mala, Jared sorriu e se deitou. Ele agradeceria Mia antes de sair… 

∆•∆•∆•∆

Bella odiava o fato de ter insônia como sua mãe. Ele poderia ter herdado a beleza ou a inteligência de sua mãe, mas ela acabou com a insônia, a odiosa insônia. Jogando os cobertores para o lado, ela se levantou e se espreguiçou, talvez (mais) uma xícara de chocolate quente a ajudasse a dormir.

Ela cantarolou a música que tocava no rádio e sorriu enquanto caminhava até a cozinha. Bella colocou o leite para ferver e observou o céu do lado de fora da janela; apesar de já ser onze horas da noite, havia escurecido apenas algumas horas atrás, então o céu ainda ostentava um brilho alaranjado no horizonte. Ela preparou a bebida e saiu para a varanda dos fundos. 

Sua casa era a única em uma distância de cerca de 1km, então não tinha vizinhos ou outras pessoas por perto. Estava frio, com certeza não passava dos dez graus, mas ela não se importou; o vento gelado soprando em sua pele trazia uma sensação de vivacidade. Ela fechou os olhos e deu um gole em sua bebida quente. 

Charlie havia ligado na noite anterior, dizendo que havia tido um problema com o carro e que as peças necessárias chegariam apenas em três dias, o que havia adiado sua volta pra casa. Bella balançou a cabeça e riu um pouco; aquela caminhonete velha vivia dando dor de cabeça para Charlie, mas ele se recusava a se desfazer dela. Segundo ele, o veículo era importante e ele não iria se desfazer dele. 

Bella sentiu uma lambida em sua mão e ao olhar para baixo viu Luke sentado ao lado dela. Luke era um São Bernardo de quase noventa quilos, mas apesar de seu tamanho era um bebezão. 

—O que faz aqui, garoto? Está frio. —Ela sorriu, afagando a cabeça do cachorro. Ele colocou a língua pra fora e lambeu sua mão novamente. —Vamos entrar, sim? 

Bella entrou, colocou a xícara vazia na pia e voltou para o sofá. Luke esperou ela se cobrir e saltou para o espaço vazio ao seu lado, a enorme cabeça peluda colocada em sua coxa. Ela fechou os olhos e pensou em seu pai, a música que estava tocando era a preferida do homem…

Ela adormeceu, apenas para sonhar com um enorme lobo cinza correndo pela floresta. Esse sonho, lhe trouxe a paz e a tranquilidade que ela precisava para ter uma boa noite de sono. 


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Notas finais do capítulo

Alterei algumas coisas no capítulo anterior pra história poder fazer mais sentido. (No Alasca não neva no verão, apesar de ser bem frio. Então não tem como usar um treno)

Bom, no mais é isso. Espero que gostem



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