The Revolution escrita por lipemorais


Capítulo 53
Capítulo 53


Notas iniciais do capítulo

Desculpa por não atualizar
Tive que fazer CFC
Andei doente
Mas aqui está :)



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BAEKHYUN

 

Mesmo me sentindo exaurido daquela máquina de tortura eu não consigo me sentar ou me acalmar para dormir, um replay eterno fica rodando em minha mente do que eu vi, tudo parecia tão real até que de repente...não.

Mas eu não estou preocupado com o que eu vi ou porque eu consegui sobreviver com facilidade a tortura, a imagem de Tao desmaiado está queimada nos meus olhos todas as vezes que os fecho.

Não vamos aguentar continuar com essas sessões.

Em menos de dois dias, ou algo próximo, Kyungsoo está fraco e Tao quase morre, algo precisa ser feito, eu não sei se aguentaria ver Chanyeol e Lay passando pelo mesmo, Heechul está tão irritado que poderia ir com a mesma intensidade que foi em Tao e...

Não quero nem pensar nisso.

Tem que haver um jeito de impedirmos isso tudo, que eu possa fazer, será que passar pela máquina de tortura ileso não quer dizer alguma coisa?

Fico andando de um lado para o outro dentro do cubículo no qual estou preso, não ficaria admirado se em algum momento eu acabar quebrando ou afundando o chão, eu preciso pensar em algum jeito de sairmos daqui, mas quem poderia dizer que é o melhor?

Cada vez que penso no mundo lá fora, só me lembro como era caótico e como tudo estava horrível e complicado para todos, quem garantirá que não está até mesmo pior? Não teríamos casa, comida, nada, nenhum lugar para fugir ou ficar.

Será que minha casa ainda existe? Se pelo menos tivéssemos um lugar para nos escondermos por um tempo até...até...nem eu mesmo sei. Quanto mais eu tento pensar em alguma maneira, alguma possibilidade de escaparmos daqui, mais eu me dou conta que estamos afundados na merda.

Eu nunca imaginei que pensaria isso, mas o que eu não daria para que Luhan ainda estivesse vivo, será que estaríamos nessa mesma situação? Será que ele tinha algum plano para nós? Será que nos dividirmos foi uma má escolha?

Será que eles estão bem?

Eu pensei que o tal Clan X estivesse de olho nos passos do Heechul e estava disposto a ajudar o Luhan e todos nós, onde eles estão? Fazendo o que?

Me dou por vencido e me jogo na cama, minha cabeça fixa em achar um jeito de sairmos daqui, mas nada que eu pense é promissor, afinal, como poderia? Estou preso em uma instalação subterrânea e não sei nem por onde começar a tentar escapar.

Acordo sobressaltado e confuso com batidas na porta, nem mesmo havia me dado conta do sono chegando e que havia adormecido, demoro alguns segundos para entender o que os soldados estão berrando do outro lado da porta.

— Qualquer tentativa de resistência é inútil! – É a única frase que entendo antes da porta ser aberta e dois rifles apontarem para minha cabeça e meu peito. – Levante-se, devagar.

Eu obedeço, tomando cuidado para não irritar nenhum deles, a última coisa que quero é levar um tiro.

— Nos acompanhe. – Um dos soldados fala de maneira ríspida e direta e gesticula com a ponta do rifle para que eu saia.

Outros dois soldados estão me esperando do lado de fora, se viram de costas para mim e começam a andar, os dois que estavam na cela saem e me mandam seguir os outros dois e eu fico preso no meio dos quatro.

Minhas mãos começam a suar frio, engulo seco não sei quantas vezes, me sinto nervoso, porque não me prenderam como das outras vezes?

Seguimos pelo mesmo corredor de cubículos ladeados, subimos uma rampa e deixamos o local de paredes de pedra marrom, seguimos pelo corredor e entramos no elevador, mas algo me chama a atenção.

Dessa vez nós ficamos mais tempo dentro dele, vejo os números diminuírem, se estamos no subsolo, quer dizer que estamos subindo, muito mais do que subíamos quando íamos para a sessão de tortura.

Quando as portas se abrem, eu quase sinto minhas pernas falharem.

Não estamos em corredores escuros e mal iluminados como os que estou acostumado, estamos em um corredor largo, paredes cor de creme, chão de mesmo tom com um tapete cinza largo bem no meio.

Várias salas com paredes de vidro, em cada uma, várias pessoas de jalecos brancos indo de lá para cá, digitando muito ocupados em suas telas ou analisando folhas e mais folhas.

Isso me faz lembrar do que eu fazia antes de ser sequestrado, eu já fui uma dessas pessoas de jalecos brancos analisando dados, mal sabia o que estava fazendo, será que essas pessoas aqui sabem o que estão fazendo e para quem estão trabalhando?

Quase consigo me ver sentado atrás de um monitor, digitando freneticamente.

Esse momento de lembrança foi o suficiente para que eu ganhasse um cutucão nas costas por um dos rifles para que começasse a andar.

Ando devagar, tanto por estar tendo um momento indescritível, finalmente tendo contato com o mundo exterior novamente, quanto para tentar absorver algum detalhe, por menor que seja, mas levo outro cutucão nas costas – Apenas ande.

Viramos à esquerda no corredor e no final dele está uma parede normal, com uma porta de madeira bem no meio.

Quando os soldados a abrem eu sinto meu estomago pular dentro de mim, embora eu já esperasse o que encontraria ali.

Vestido com um terno azul escuro quase preto, Heechul me esperava, cotovelos apoiados na mesa no centro da sala, dedos entrelaçados escondendo seu rosto, deixando de fora apenas os olhos negros e redondos que me encaravam por baixo.

— Estive à sua espera.

KYUNGSOO

 

Se o Clan X não nos ajudar logo, não sei se vamos durar muito tempo, ainda sinto meus músculos doloridos, meus pulsos estão vermelhos e machucados de ficar algemado naquela cadeira.

Ainda me sinto esgotado como nunca pensei que fosse possível, tenho dificuldades em ficar acordado, mas todas as vezes que fecho os olhos vejo robôs gigantes nos atacando, tentáculos de metal vindo em minha direção e partindo ao meio quem estivesse em seu caminho.

Como acabamos nessa situação, nessa loucura? Eu era apenas um ajudante de cozinheiro, nada mais que isso, como me acharam e me levaram para aquele labirinto, como vim parar aqui?

Minha vida voltou para mim, minhas memórias, mas tudo parece tão distante, tão falso, como se fosse apenas um filme que vi há muito tempo atrás.

Ainda me sinto devagar, minha cabeça não funciona na mesma velocidade, por vezes me assusto olhando para o vazio e flashes voltam a minha visão, vi tantas coisas naquela máquina que fica quase impossível conseguir me lembrar direito.

Eu lembro de uma em específico.

Estava em uma escuridão estranha, como se fosse mais densa, nenhuma luz poderia penetrar aquele breu, dois olhos roxos começaram a brilhar no meio do nada, um rosto começou a se formar ao seu redor, machucado, um corte sangrava na ponta do nariz.

Era eu.

Eu estava me encarando, estava vestido de couro preto, um sorriso maníaco no rosto, sua mão direita começou a levantar e para minha surpresa, a minha também, por mais que eu tentasse impedir e me controlar, eu havia perdido o controle do meu próprio corpo.

Só quando levantei meu braço até a altura do ombro vi que empunhava um revolver lustroso, brilhante e pesado, apontando diretamente para a testa do meu outro eu, em terror eu sinto meu dedo começando a se fechar em volta do gatilho enquanto minha contraparte sorri com a cena, como se fosse exatamente aquilo que ele queria.

Ouço o estampido do tiro e a bala parece voar em câmera lenta até a testa do outro Kyungsoo, mas quando sua cabeça pende para trás com o impacto eu também sinto, minha cabeça começa a doer como se estivesse sendo cortada ao meio com um golpe bem na testa.

Sinto o sangue quente e espesso descendo pela minha cabeça, porque eu estou sentindo, não deveria estar morto?

Eu tento gritar, mas nenhum som sai da minha boca, minha garganta parece bloqueada, meu corpo fica fraco e eu caio de joelhos, só então, minha contraparte move a cabeça rápido demais e me fita, agora com dos olhos brancos e um olhar ainda mais maníaco.

Quando tento gritar novamente é ele que emite o som.

Depois disso tudo fica bagunçado, lembro de ter visto algumas outras coisas, mas essa foi a que mais me assustou e que mais marcou, mesmo agora, sinto como se aquela outra parte de mim continuasse a me encarar, com aqueles olhos brancos e aterrorizantes.

Mesmo deitado na minha cama e uma luz branca diretamente em cima do meu rosto, o cansaço pesa em mim e começo a fechar os olhos de maneira involuntária.

Eu levanto com um sobressalto quando poderia jurar ver o nariz cortado e os olhos brancos me observando de perto. Levo muito tempo até meu coração voltar a bater em um ritmo normal e minha respiração se acalmar.

Tem sido assim desde que fui colocado naquela máquina, ela me deixou drenado e não conseguir dormir em paz tem apenas piorado isso, me sinto pesado, mole, sem forças para absolutamente nada.

Mas uma coisa está me chamando atenção.

Os soldados do Heechul estão demorando para vir me buscar hoje, ou estou exagerando?

Não que esteja sentindo falta deles ou de ser torturado, mas parece até que estou há muito tempo aqui, será que isso faz sentido?

Está difícil de confiar em minha mente, estou tão cansado e pensando tão devagar, eu posso estar apenas tão assustado com a ideia de ser levado de volta para aquela sala que o tempo está passando diferente para mim.

Tantas coisas passam por minha cabeça, tanta preocupação, Tao, o que será que aconteceu com ele? Os outros, será que conseguiram ajuda? Será que estão bem?

Fico preso nesse looping de pensamentos e sustos, olhos brancos, armas apontadas para mim, gritos de Tao, meus gritos, perco a noção do tempo, ele simplesmente passa por mim e eu não dou conta.

Em algum momento eu consegui dormir, quando abro os olhos me sinto um pouco mais esperto, minha mente está funcionando mais rápido, talvez por isso eu me sinta desconfiado.

Algo está errado.

Não ouço passos do lado de fora, ninguém me tirou daqui para ser levado a uma sala escura, eu realmente consegui descansar e me recarregar e eu duvido que seja isso que Heechul quer.

Me sento em minha cama, apenas fitando um canto em específico, Tao é a única pessoa em minha mente, como ele está? O que fizeram com ele?

Quando as batidas na porta e a voz irritada me avisando que serei levado finalmente chegam, eu me sinto frio por dentro, assustado, não, apavorado.

Cerro meu maxilar para me controlar, não vou dar o gostinho para eles, ando até a maca e sou amarrado, as amarras apertam com tanta força que sinto doer onde elas pressionam.

Quando chego a sala escura com a cadeira de metal estranha, fico inquieto, Tao ainda não está lá, será que ele não conseguiu se recuperar do que houve ontem? Mas falta mais um, Baekhyun não está aqui.

Sou colocado ao lado de Chanyeol, Lay está na outra ponta, um soldado em frente de cada um de nós com um rifle apontado para nosso coração, apenas isso.

Segundos viram minutos e nada acontece, Heechul não entra aqui, Seungri tampouco, mas o que me preocupa é que nem Baekhyun, nem Tao são trazidos.

— O que está havendo? – Eu pergunto com a voz falhando.

— Silêncio! – O soldado me repreende.

Ouço um chiado e um dos soldados leva a mão ao ouvido, dá um sinal para outro e fala – Prepara o sedativo para o indivíduo Lay, os doutores da Red Force acabaram de solicitar - e os dois levam Lay e Chanyeol para algum lugar, me deixando sozinho com o soldado.

Fico ofegante, meu coração dispara novamente e tenho que cerrar meu maxilar com toda a força que consigo para não ter um ataque de pânico ou chorar, eu me recuso a mostrar como estou desesperado, vou me manter forte, mesmo que seja apenas por fora, mas não consigo evitar o pavor que ameaça me dominar, não bastasse Baekhyun e Tao, agora querem fazer alguma coisa com o Lay também.

O que será que querem com ele?

A porta se abre e eu não consigo ver quem vem lá por estar amarrado com tanta força a maca, mas eu conheço o barulho das rodas e sei que alguém foi trazido para cá.

Quando a maca passa por mim toda a força que eu tentava mostrar pelo lado de fora desmoronou, é Tao que está na maca, mas eu não o reconheço.

Os olhos estão sem foco, o rosto parece cansado, a boca está aberta de um jeito estranho, o cabelo vermelho foi raspado e ele tem vários pontos na cabeça, como se tivesse sido operado.

Não colocam ele ao meu lado, mas colocam de frente para mim, quando mudam a posição de sua maca, sua cabeça pende para frente e sua boca começa a babar.

— Eu sinto que tenha chegado a esse ponto. – Ouço seus passos antes de ouvir sua voz, Heechul adentra a sala andando de maneira casual como se tudo estivesse bem e estivesse falando de algo que foi quebrado – Eu realmente não queria ser o causador de mais dor em vocês aqui fora, eu nunca quis fazer isso com ele.

Ele para ao lado de Tao observando seu rosto com uma pena ensaiada, tão bem ensaiada que eu quase acredito – Ontem ele ficou o dia todo em cirurgia... a tortura teve efeitos...inesperados nele, por isso nenhum de vocês foi trazido até aqui, o foco era a cirurgia dele.

Tanto cinismo, tanta falsidade, como ele consegue ser tão dissimulado? Me sinto encher de ódio e fúria por dentro, quando percebo, lágrimas descem pelo meu rosto, mas são lágrimas de pura fúria.

— Veja bem, Kyungsoo, eu sei que vocês sabem qual o planinho que Luhan tinha, eu não sou burro, vocês se dividiram por algum motivo, eu sei muito bem disso, existe alguma instrução aí e eu quero saber qual foi, simples assim. – Ele se coloca a minha frente e fala com calma e tranquilidade.

A cusparada que dou nele o pega de surpresa, ele se afasta bradando xingamentos, pega um lenço no paletó, limpa o rosto e depois me dá um tapa com as costas da mão. – Ótimo, faremos do seu jeito, esse aqui pode ter ficado louco, mas ainda consegue sentir dor e consegue gritar! Mas lembre-se, cada grito de dor e desespero que ele der vai ser por sua.... MAS QUE PORRA É ESSA AGORA?!

A luz simplesmente apagou no meio da ameaça dele.

— EU JURO QUE EU MATO O TÉCNICO QUE ESTAVA ENCARREGADO DISSO AQUI! – Ele brada e ouço passos nervosos em direção a porta, quando ele sai, ouço uma bagunça e pessoas gritando, está acontecendo algo?

Não sei quanto tempo fico no escuro, tento falar com Tao, mas é inútil, ele só resmunga coisas inteligíveis, a única coisa que entendo é meu nome, dito lentamente e com dificuldade, meu peito dói de pensar no que fizeram com meu amigo.

A porta se abre novamente a distância, vejo alguém se mover pela luz que vaza para dentro da sala, ouço passos apressados e então uma mão pegando na minha – Kyungsoo, ainda bem que você está bem.

— Baekhyun? Como...como...como...? – Eu gaguejo sem entender o que está acontecendo.

— Sim, sou eu, sou eu, os rebeldes que o Luhan havia falado, eles vieram ajudar, Kyungsoo, eles nos acharam e estão tentando nos ajudar a fugir. – Baekhyun suspira aliviado e eufórico. – Eu preciso tirar vocês dois daqui. Chanyeol e Lay já foram libertados, só faltam vocês. – Ele conclui apressado e urgente.

— Mas como... como...

— Não temos tempo para isso, depois eu explico, eles invadiram e estão fazendo um alvoroço lá fora, não temos muito tempo.

— Ok, ok, mas vamos precisar tomar cuidado extra com o Tao, fizeram alguma coisa com ele.

— Uma coisa de cada vez, primeiro, nós saímos daqui em segurança, vamos procurar os outros cinco e vamos para o esconderijo rebelde – Baekhyun me acalma – Onde eles estavam mesmo? Eu não lembro do que o Luhan disse.

— Metrô, trilhos do metrô que tinham perto daquele lugar que saímos, devem estar por lá ainda, ou sei lá, por perto. – Me sinto eufórico, de repente, estamos realmente recebendo ajuda?

Levo um segundo para perceber que Baekhyun se afastou de mim, parou de falar ou fazer qualquer coisa. – Aí está a prova. – Ele fala de repente.

As luzes se acendem me cegando por um segundo, Baekhyun está parado, afastado de mim, suas roupas não são mais as roupas brancas que estou usando, ele está de calça jeans e um casaco de lã branco, cabelo penteado, expressão dura, demoro para entender o que está acontecendo, olho mais para longe e Heechul está à porta, recostado na parede, de braços cruzados, quando eu o vejo, ele se afasta da parede e começa a bater palmas vagarosamente ao se aproximar.

— Meus parabéns, Baekhyun, você estava mesmo falando a verdade e conseguiu fazer ele provar.

O que?

— Trilhos do metrô, já sei onde procurar os cinco fugitivos. Viu, eu disse que seria melhor se você me ajudasse – Ele se coloca ao lado de Baekhyun com um sorriso, enquanto o menor apenas me fita com uma expressão dura – Venha, os guardas vão te levar ao seu quarto enquanto eu vou ordenar as equipes.

Eu me limito a observar as costas dos dois, sem ter ação.

Baekhyun acabou de nos trair.

Quando os guardas adentram a sala e começam a levar eu e Tao para nossas celas, a realidade ainda parece não ter me atingido de verdade, ainda parece mentira, ainda...aquilo tudo foi um truque para ele confirmar...eu não consigo nem mesmo formar uma linha de raciocínio.

O que eu acabei de ver?


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