The Revolution escrita por lipemorais


Capítulo 35
Capítulo 35




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LUHAN

 

Minha cabeça ainda dói e sinto desconforto no estomago onde alguém me socou, meu olho direito já está inchando e não consigo ficar com ele aberto direito, mas aconteceu justamente o que eu temia e não queria que acontecesse, eles sabem que eu criei tudo isso e agora todos os onze estão me encarando querendo me matar.

— Como você sabe quem foi essa pessoa?! – Suho me pressiona mais uma vez e vejo que ele já tem várias partículas de água ao redor dele, com todo o controle que ele desenvolveu durante os anos aqui dentro, quando ele perdia esse controle suas habilidades iam junto e ele ficava com esse espectro em volta dele.

Um nome, eles me descobriram por que eu me recusei a ser comparado a um nome, tudo por puro orgulho em não querer ser comparado com aquele desequilibrado que tanto deu problema nas primeiras fases do projeto. Eu poderia ter ficado calado e fingir não saber do que ele estava falando como já vinha fazendo? Poderia, aliás, deveria, mas meu orgulho teve que falar mais alto.

Agora cá estou eu, jogado no chão com onze pessoas com habilidades sobre-humanas me encarando com ódio, e o pior é que não posso nem mesmo dizer que não os entendo, se eu pudesse, mataria Heechul por me colocar aqui dentro também, pior ainda, por ter colocado meu irmão aqui dentro.

Começo a me levantar, devagar, tentando organizar meus pensamentos e ideias, procurando uma maneira de explicar, de tentar não fazê-los me odiarem mais ainda e acabarem me matando.

Eles precisam de mim para poder sair daqui, afinal de contas, eu que projetei isso e eu que sei como fugir e evitar boa parte de todas as armadilhas, não só isso, eu preciso do HD de backup aqui dentro para poder continuar estudando a cura.

Quando fico de pé, todo mundo arma sua guarda contra mim, meu ouvido ainda está apitando e percebo que os socos de Kai, ou talvez de Tao, não sei ao certo, prejudicaram meu sentido de equilíbrio de algum jeito.

Chamas acesas, estacas de gelo prontas para serem arremessadas, todos estão prontos para me matar sem hesitar um único segundo, preciso medir minhas palavras, eu preciso deles e eles precisam de mim também.

— Primeiro de tudo, - eu trago minhas mãos para cima para tentar mostrar que não estou em posição de luta – por favor, não me matem, eu juro que posso explicar tudo.

— Comece com o que eles disseram, - Suho manda – é verdade? Você criou esse labirinto e nos jogou aqui?

Eu fecho os olhos em derrota e exalo minha respiração de maneira ruidosa, não tem como isso acabar bem para mim.

— Sim, é verdade.

Eu nem mesmo percebo quando Kyungsoo se mexe ou como ele o fez, tudo que ouço é o barulho que o chão faz quando vários blocos de pedra se levantam e se amontoam em cima de mim me prendendo e ficando cada vez mais apertado, não se passa um único segundo antes de eu sentir meus braços serem machucados com a pressão das pedras e respirar fica difícil, não consigo expandir meus pulmões para puxar o ar.

Ouço uma comoção de vozes, algumas animadas outras parecem estar confusas, mas a que me chama atenção primeiro é a de Kyungsoo, ele veio para perto de mim, está bem na minha frente, vejo rostos sorridentes atrás dele, Chen e Xiumin. – Me dê um motivo para não te esmagar agora.

— Ficaria feliz em dar dois – eu ofego com dificuldade – mas está um pouco difícil de respirar com essas pedras me esmagando.

— Faça um esforço. – Ele me provoca com uma frieza controlada na voz que esconde uma chama de ódio.

— Que seja.

Eu preciso da ajuda deles, mas não estou disposto a ser ainda mais espancado do que já fui por nenhum deles, então afasto as pedras de Kyungsoo com minha telecinésia e as deixo suspensas ao meu redor.

— O primeiro é que já que eu sou o criador de tudo, eu sou a pessoa perfeita para ajudá-los a sair daqui, concordam? – Não sei se estão me ouvindo pelo jeito que me encaram com ódio nos olhos – E o segundo é que sem mim, vocês não conseguirão destruir esse labirinto como eu planejo e poder estudar e realizar o meu verdadeiro objetivo.

— Por que você nos ajudaria a sair daqui e destruir o que você mesmo criou? – Chen pergunta cético.

— De novo, dois motivos. Inicialmente, eu que controlava tudo aqui, sim, era eu que estava no controle e direcionava as pesquisas com um objetivo. Achar um jeito de curar as pessoas de uma doença, como Chanyeol disse que me viu falando no video, esses poderes são um efeito colateral do meu verdadeiro objetivo. O primeiro motivo é que eu não controlo mais e minha pesquisa está sendo usada para um objetivo nefasto, o segundo é, se esse labirinto não for destruído, podemos fugir, mas outras pessoas passarão pelo mesmo que vocês passam agora, vocês querem isso?

Esquadrinho os rostos a minha frente e fico levemente aliviado em ver que consegui a atenção e o efeito que queria, quase suspiro, mas não o faço porque ainda sou o alvo e tenho muita coisa para falar antes de me tranquilizar.

— A única coisa que peço a vocês é que me deixem explicar o que aconteceu e porque acabei aqui dentro com vocês também. Eu sei que pode parecer que eu sou o sádico louco que gosta de ver pessoas sofrendo nessa história toda, mas eu tinha, sim, um objetivo bom, mas eu fui impedido de fazer o que eu queria. Eu preciso da ajuda de vocês para acabar com toda essa loucura e continuar a minha busca por uma cura para a doença que assola a população fora daqui.

— Não foi o que nós vimos naquele vídeo, eu vi alguém louco e frio mandando o Baekhyun para cá sem hesitar! - Chanyeol me acusa com sua voz de trovão.

— Eu entendo que possa ter sido essa a impressão e admito que ao longo do caminho posso ter feito decisões de maneira quase automática sem usar tanto meu lado humano, mas minhas intenções são boas, sim. Eu juro que posso explicar, tudo que eu peço é uma oportunidade.

Mais uma vez, vejo como Suho representa a autoridade maior aqui dentro, ninguém mexe um músculo ou fala uma única palavra, apenas o observam esperando uma resposta ou ação dele.

A tensão que sinto é tão alta que nem mesmo percebi que estava segurando minha respiração, só quando Suho dá um passo em minha direção e eu puxo o ar em surpresa, vejo que não consigo respirar, eu puxo o ar, mas me sinto como se estivesse me afogando, caio de joelhos tossindo e puxando o ar, desesperado, mas não consigo, meus olhos começam a lacrimejar com a intensidade da minha tosse e meu desespero por oxigênio até que, finalmente, depois de uma tosse mais forte e violenta, eu cuspo e me engasgo com uma grande quantidade de água.

Estou de joelhos no chão segurando meu pescoço, sentindo minha garganta ardendo e inchada, ainda tossindo e lacrimejando, tentando entender como eu quase me afoguei, isso havia sido obra do Suho, obviamente, mas como ele o fez?

Ele se abaixou a minha frente, puxou meu queixo para cima e me encarou no fundo dos meus olhos – Você tem uma chance de falar o que quer que seja que você tem para nos dizer. Se não nos convencer ou sentirmos que é mentira, eu te faço se afogar até morrer.

Eu tusso e soluço tentando falar e perguntar como ele fez isso, mas não consigo ainda, minha garganta está inchada e ardendo.

— Como você deve bem saber, nós tivemos muitos problemas com o Namjoon no passado e eu aprendi alguns truques para neutralizar ameaças de maneira silenciosa. – Ele solta meu queixo e se levanta – Eu fiz várias gotículas de água entrarem em seu pulmão e lá dentro as multipliquei até que você tivesse a sensação de se afogar. Pode recuperar o folego por um momento, nós o ouviremos. Todos estão de acordo? – Ele pergunta para os outros.

— Se eu não acreditar nele, eu o torro pessoalmente. – Kris avisa com os olhos brilhando vermelho.

— Daremos um jeito. – Suho o assegura.

Meus pulmões ainda doem e eu tusso ao respirar, nesse momento, a liderança de Suho nunca ficou clara e evidente, ele é o mais antigo aqui dentro, logo, ele tem mais controle sobre suas habilidades, mas em todos os logs e arquivos e pesquisas sobre ele, eu nunca tive conhecimento desse nível de controle a ponto de conseguir fazer milhares de gotas minúsculas ao meu redor para que eu as inalasse e me fazer afogar.

Isso me assusta.

Ele poderia, facilmente, aprender a extrair a água do corpo das criaturas, das pessoas, ou até mesmo as controlar usando suas habilidades, afinal, o corpo humano é feito de 60% de água e o sangue percorre o corpo todo.

Ao mesmo tempo em que isso me assusta, também me fascina e me deixa até mesmo um pouco orgulhoso, nunca foi minha intenção focar nesse aspecto, nunca me preocupei com as habilidades desenvolvidas junto com a ativação do gene, meu foco sempre foi a cura.

Foi para isso que eu criei o projeto EXO, para isso que eu fiz todas as atrocidades que eu fiz, meu único consolo e minha única motivação quando eu mesmo me surpreendia em como tudo estava caminhando para algo tão desumano.

De todos, o que parecia mais abalado e chocado com o que havia acabado de descobrir, era Baekhyun, Sehun, Kai e Lay conversavam com ele, conversando e o abraçando, mas o pequeno estava calado, em um choro silencioso e controlado até demais.

Me sento, ainda estou ofegante, minha garganta arranha um pouco, mas está menos inchada e dolorida, o que me incomoda agora é meu olho inchado e as dores no corpo onde fui golpeado, não sabia que Kai tinha tanta força assim ou que o soco de Tao tinha tanta força quando ele corria em um bolso temporal diferente.

— Já se recuperou? – Suho me pergunta se aproximando e me encarando de cima, quase me sinto intimidado com a figura dele tão imponente.

Quase.

Eu preciso da ajuda deles sim, mas também posso fazer sozinho, conseguir o HD de backup e destruir esse labirinto, eu conseguiria, eu sei como ele funciona e sei como quebrá-lo também.

— Sim, se eu puder explicar...

— Uma única vez e... – Ele olha para Kyungsoo por cima do ombro e mais uma vez sou esmagado por pedras – Nós sabemos que você pode se livrar disso, mas por segurança, é uma das condições de deixarmos você falar.

— Isso é ridículo. – Eu protesto – Eu posso desfazer isso em areia e vocês sabem.

— Sim, sabemos, - ele confirma e se aproxima um pouco mais de mim – mas acho que você vai entender que toda a complicação que pudermos lhe oferecer ainda é pouco.

Eu respiro fundo, mesmo com dificuldade causada pela imobilização de pedra, resolvo não me opor, pelo menos por agora, preciso me manter calmo e mostrar que não quero conflito algum.

— Certo, que seja.

— Ótimo, - ele me oferece um sorriso satisfeito e metido, mas ao mesmo tempo perigoso e de aviso – pode começar...

— Por que você me mandou para cá? O que foi que eu descobri? – Baekhyun o corta e faz seu caminho através de todos até mim.

Todos se surpreendem um pouco, até mesmo Suho o olha perplexo, mas não o afasta ou algo semelhante, apenas me olha erguendo as sobrancelhas – Bem, responda a sua primeira pergunta.

— Antes disso eu preciso avisar uma coisa... antes de vocês serem enviados para cá, suas memórias são bloqueadas e se mantem desse jeito devido condições específicas controladas, mas ao falar de eventos passados de suas vidas, a memória pode voltar ao...

— Fala logo! – Baekhyun se irrita e ralha, sua voz rouca ao ponto de quebrar, maxilar tensionado e punhos cerrados.

— Bem, como foi dito, - aponto para os que estão mais atrás com meu queixo – você trabalhava em um dos laboratórios do conjunto de empresas de fachada e estudava as amostras de sangue enviadas, mas não sabia que eram de possíveis cobaias. – Ao começar a explicar os motivos, eu quase consigo ver as engrenagens em sua mente começarem a rodar e trabalhar, não vai demorar e ele, provavelmente, vai se lembrar de nomes e situações de sua vida fora daqui. – Um dia, seu chefe no laboratório, que estava ciente do real objetivo daqueles exames de sangue, acabou por ficar doente e pediu para você enviar alguns arquivos daquela instalação para o meu laboratório principal, mas sua curiosidade foi maior e você leu e-mails que não deveria. Seu chefe descobriu por que você não soube esconder seus rastros e nos informou. A única solução foi essa.

— Como você sabe de tudo isso? – Ele perguntou com sua voz quase quebrando e olhos brilhando, lágrimas se acumulavam.

— Todos os laboratórios tinham um sistema de comunicação integrado e ele imaginava esse risco e checou a atividade no computador dele e soube que você tinha visto o que não devia. Ele informou os superiores dele e nós decidimos por usá-lo como cobaia de teste.

Em todo o tempo que estive à frente do projeto e das pesquisas, eu nunca havia me conectado com nenhum deles, nunca havia conversado com nenhum, mas agora, aqui na minha frente, está um rapaz que eu arranquei do mundo real e mandei para cá. Não consigo evitar de sentir meu peito se apertar e doer.

Ele leva as mãos à cabeça e começa a ofegar, os olhos se movendo de maneira frenética, imagino que suas memórias estejam voltando para ele agora, pelo menos algumas, as relacionadas a esses eventos próximos a ele ser enviado.

— Você foi pego saindo da casa...

— Da minha namorada... – ele sussurra e olha para mim com lágrimas lhe escorrendo pelas bochechas – Eu tinha ido à casa dela... dizer justamente sobre o que eu li e... – Ele hesita por um momento conforme o fluxo de pensamentos se intensifica e suas memórias se organizam – Ela disse que me amava e... – Ele quase não consegue falar de tão ofegante que está – Foi a minha primeira vez com uma mulher. Quando eu estava indo para minha casa... um carro com três homens...

Por que eu não consigo olhá-lo nos olhos? Por que me sinto tão envergonhado de repente? Ele não foi o primeiro nem o último que eu fiz isso, todos estão aqui porque eu fiz o mesmo com eles, porque essa vergonha repentina, então?

— Depois você acordou aqui.

— Desgraçado! – Ele ralhou comigo, suas mãos acenderam e quando ele as apontou para mim um feche de luz voou na minha direção e eu meu rosto não foi partido ao meio porque eu consegui fazer um escudo telecinético no último segundo. O projétil de luz se desfez em volta do meu rosto se desmanchando em uma cascata de luz ao meu redor.

Preciso piscar meus olhos várias vezes para parar de ver pontos brancos tamanha a intensidade e força da luz que me foi arremessada. Eu não sabia que ele já havia se desenvolvido a tal ponto.

Todos os arquivos e logs de pesquisa dele apontavam para um poder de destruição realmente grande, mas ele nunca havia desenvolvido e evoluído para esse lado, pelo menos não enquanto eu o estudei.

— Baek, - Suho se colocou na frente dele e falava o olhando nos olhos – eu sei que dói, eu sei, mas nós concordamos em ouvir o que ele tem a dizer, lembra? Depois nós tomaremos nossas decisões, tudo bem?

— Me larga! – Ele se desvencilhou de Suho com violência. – Você não sabe como dói coisa nenhuma, você se lembrou de alguém? – Ele perguntou agora entregue ao choro – Você lembrou de algum sentimento por alguém fora daqui? Se lembrou de algo? Não? Então você não sabe! Nem eu sei, isso é que é o pior, eu não lembro o nome dela, não lembro do rosto dela, nada! Mas eu lembro dela existir, dela dizer que me amava... como isso é possível?! Eu lembro de amar alguém, mas não lembro do rosto ou do nome dela! Como isso é possível?! – A última pergunta é direcionada para mim e sou pego de surpresa.

— Como eu disse, falar de eventos ou estar em lugares que de alguma forma foram importantes para você no passado irá desencadear fluxos de memórias, mas podem estar incompletas, pode se lembrar de sentimentos ou sensações, talvez se você ver uma foto dela você possa se lembrar dela.

— E você ainda tem a coragem de dizer que seu objetivo era bom? – Ele me pergunta agora em um tom sério e mais contido – Você trata pessoas como números e estatísticas, objetos, e diz que seu objetivo era bom?

— Eu tenho muito mais coisas a dizer, isso é só uma ponta do iceberg.

— Do que? – Baekhyun ecoa confuso.

— É uma expressão. – Eu explico.

— Ah claro, uma expressão que eu não conheço porque eu não me lembro de nenhuma delas! – Ele se irrita e dá um tapa estralado na pedra que me prende. – Vai pro inferno seu desgraçado, espero que o Kyungsoo esmague cada um dos seus ossos! – Ele se irrita uma última vez e sai empurrando quem estava perto dele, Lay se aproxima dele e começa a conversar com ele, algo que não ouço até que ele cruza os braços e fica parado no lugar olhando para todo lugar, menos para mim.

— Eu espero que você realmente tenha um ponto com tudo isso. – Suho me adverte, sobrancelhas franzidas, punhos fechados, maxilar travado e uma veia no pescoço saltando, seu rosto pálido está até mesmo vermelho de raiva.

— Eu vou começar do começo, ok?

— Sua vida depende disso, fale bem. – Ele me adverte mais uma vez me olhando de canto de olho.

— Acredite, eu fui traído. A pessoa que financiava tudo e era meu superior enviou primeiro meu irmão para cá e depois a mim.

— Irmão? – Ele ecoa confuso. – Quem é seu irmão?


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