Kiss me, Weasley escrita por Anna Carolina00


Capítulo 2
E depois do primeiro...




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Hogwarts, assim como vários lugares de Londres, ficou completamente destruída com a última batalha. Mas Hogwarts precisa de mais ajuda que os demais, certo? Afinal, a maior parte das salas, dos corredores, até mesmo a ponte e o lago negro foram parcialmente ou completamente destruídos.

Infelizmente, Rony não concordava com  isso e aproveitava toda oportunidade para reclamar do fato de eu ter me voluntariado para ajudar na reconstrução de Hogwarts.

—Por que não ajuda na reconstrução do Beco Diagonal? Eles também precisam de ajuda, sabia? Fred e Jorge podem ser jovens, mas a maior parte dos logistas são velhos gagás e tão precisando de bruxos para ajudar na construção… 

Estávamos nos arredores da Toca, eu estava sentada com a cabeça de Rony em meu colo. O plano original era dar uns amassos sem ninguém por perto, mas como eu disse, ele não perdia nenhuma oportunidade para reclamar.

—Ron, Hogwarts é minha casa! Eu sei que o Beco, até mesmo Gringotes precisa de ajuda, mas eu quero reconstruir Hogwarts! Várias das minhas melhores memórias aconteceram naquele lugar… Ele é importante para mim. Pensei que você entenderia isso. 

 Rony me olhou com certo remorso e por um segundo pensei que ele cederia…

—Já tem muita gente do ministério lá, tem os professores e o pessoal de Hogsmeade. Se quer mesmo fazer isso, pode continuar aqui na Toca e ajudar outros locais mais… perto.

Perto. Eu sabia que no fundo o motivo dessa pirraça era porque eu me mudaria pro acampamento provisório montado em Hogsmeade. Seriam pelo menos dois meses sem nossas escapadas noturnas.

—Por que não vem comigo? Você também poderia ajudar! Eu quero restaurar a biblioteca, mas você pode ajudar no campo de quadribol ou…

— Não. Você sabe que estou me preparando pro teste para Auror… Tem que entender meu lado, você pode querer voltar a estudar lá, mas EU já superei a escola, preciso pensar no futuro!

 Sabia muito bem onde essa discussão ia chegar.

— Você nem liga pro que eu quero, mas eu tenho que compreender teu lado?!Caramba, Rony! É uma pena que EU NÃO SUPEREI Hogwarts, né? Eu devia fazer como você e conseguir uma vaga usando fama, é isso?!

—É isso que você pensa de mim e Harry? Kingsley ofereceu para fazermos os testes porque já provamos sermos capazes! Você sabe disso, Hermione! Você estava lá e viu como aguentamos um inferno!

—A gente quase morreu lá, Rony! Tivemos muita sorte a maior parte do tempo! Talvez mais ano em Hogwarts e fazer o curso para Aurores… Vocês estariam mais preparados para fazer isso… Sozinhos.

Rony se levantou e me olhou com mágoa.

— Sozinhos? Quer dizer sem você?! É claro que sem a grande Hermione, Harry e eu vamos morrer na primeira missão… É isso que você pensa? Caso não se lembre, eu fiquei um bom tempo sozinho, fui sequestrado, mas sobrevivi, ok? Agora eu me lembro porque nunca tive coragem de te chamar para sair, você nunca acreditou que eu fosse capaz de fazer algo sozinho. Nem no quadribol, nem em Hogwarts, nem em nada.

— Rony!

O bruxo virou as costas e só pude ouvir “preciso de um tempo” antes do som de aparatação.

Para variar, nossas discussões acabavam com algo pesado dito no calor do momento e com pelo menos um de nós cheio de raiva ou em lágrimas. Nesse caso, eu fui a “sortuda” de sair chorando da discussão.

 

* * *

Rony passou a me evitar nos próximos dias. Até seria algo saudável, se eu não tivesse recebido uma coruja do Ministro requisitando minha presença. Segundo ele, o que foi possível aproveitar dos destroços da estrutura da escola  foi separado e agora era preciso restaurá-los. Era minha parte do trabalho.

 

Senhora Weasley fez um grande almoço como se fosse uma despedida irremediável para mim e Percy, que já havia saído pro trabalho logo pela manhã.

—A senhora sabe que não precisava disso tudo…

Comentei enquanto ajudava Molly a recolher os pratos da sobremesa, uma deliciosa torta de maçã.

—Querida, Gui já voltou para casa com Fleur, Charlie não ficou nem uma semana e já voltou pro trabalho na Romênia, Fred e Jorge sempre voltam nos fim de semanas, mas é diferente de ter meus filhos debaixo da minha asa... Agora estou perdendo mais filhos! O que vou fazer?

Gina está pensando em fazer um treino intensivo de quadribol enquanto as aulas não voltam… Não quero nem imaginar como Molly vai reagir.

—Venha nos visitar! Podemos almoçar no Três Vassouras.

Me arrependi do que falei no mesmo instante. Pior do que sugerir que Molly Weasley fosse ver alguém ao invés de recebê-la em casa, era só sugerir comer em um lugar ao invés de sua comida.

Depois de despedidas e alguns abraços calorosos, exceto com Rony que insistia em me tratar com frieza, saímos.  Pouco antes de entrar na lareira, dei uma última olhada naquele passei as últimas semanas namorando em segredo… Não sei se foi um delírio da minha cabeça, mas tive a impressão que  enfim caiu sua ficha de que realmente não nos veríamos mais por um bom tempo e nenhum de nós conseguiu abrir mão do orgulho para iniciar uma conversa e resolver nossos problemas. 

Talvez isso seja um sinal de que não daríamos certo mesmo. Foi melhor que ninguém soubesse o que aconteceu ou o clima de separação teria sido infinitamente pior.

Me iludindo com a ideia de que essa briga teve um lado bom, senti as chamas esverdeadas tomando conta de mim e no instante seguinte cheguei ao Cabeça de Javali.

 

***

 

Kingsley conversou com os funcionários do Ministério, em particular com os de terno azul marinho do Departamento de Manutenção Mágica. Depois, designou os voluntários para onde devíamos ir. Quando pedi para ajudar na biblioteca, o Ministro riu e comentou que já imaginava o pedido. 

Recebi alguns pergaminhos para preencher com informações dos livros e estantes e fui para a biblioteca.

Chegando lá, vi uma miragem do passado. A estantes gigantescas recheadas de livros até o teto, alguns deles flutuando pelos corredores até as mesas, muitos alunos fazendo dever de casa com vários metros de relatórios! Mais a frente, a mesa que eu habitualmente sentava. Harry e Rony sentavam à minha frente e, na maior parte das vezes o ruivo, davam espiadas em meus pergaminhos para saber se estavam fazendo corretamente.

Às vezes íamos para um corredor menos movimentado para conversar sobre assuntos sérios, lembro da época que procuramos sobre a câmara secreta ou feitiços para o Torneio Tribruxo. A seção reservada ficavam mais ao fundo…

—Hermione?

Naquele momento, a miragem se desfez, mostrando os escombros e restos de madeiras. Haviam pilhas de livros parcialmente recuperados, alguns poucos pareciam intactos. Ao lado deles estava Percy Weasley. 

O bruxo parecia muito bem vestido para quem vai mexer com livros empoeirados num salão aos pedaços. Vi-o ajustar o colarinho e depois os óculos. 

—Fico feliz de ver um rosto conhecido em nossa equipe. Fui designado especialmente para essa seção devido à minha experiência com análises detalhadas de objetos frágeis… 

Me veio à memória seu trabalho com espessuras de caldeirões. Não era exatamente um trabalho muito complexo, mas lembro de Percy ser o irmão mais orgulhoso dos Weasley, então em qualquer circunstância ele vai achar um jeito de exibir seu trabalho.

—... Podemos começar antes dos demais chegarem e depois designamos outras funções...

Dei uma olhada ao redor e fiquei imaginando o que mais faríamos além de separar livros.

—... Vamos começar a separar os livros. O que acha? Ordem alfabética ou dividimos por assunto?

Percy Weasley estava pedindo minha opinião? Até onde me lembro, o ruivo sempre foi o ser perfeito que não precisava da opinião de ninguém!

—Não seria melhor separar pelo estado do livro? Temos livros molhados, mofados, chamuscados, alguns sem capas e outros parecem que foram cortados ao meio!

Literalmente, levantei um livro para lhe mostrar que a capa ia até as primeiras palavras do título e a parte de baixo parece que foi perdida com algum feitiço cortante.

—Bem… Sim… Também é uma boa ideia, é claro. Eu… - eu podia jurar que Percy estava vermelho - vou separar esta pilha e você fica com a outra, combinado?

—Combinado.

 

Foi um trabalho silencioso e ninguém mais apareceu. O que faz sentido, imagino que outros bruxos voluntários devem preferir lugares mais marcantes de sua época em Hogwarts, como suas salas de aulas ou o grande salão comunal.

Bem... Eu gosto daqui.

Depois de um tempo, ouvi a voz empolgada de Percy:

—Hermione, veja! O primeiro livro intacto!

Era uma edição antiga de Hogwarts, uma História.

—Se tiver uma mancha de café na página 7, é a edição que lia quando estava aqui.

Brinquei. Olhei para Percy esperando alguma piada sobre ser um rato de biblioteca, quando me respondeu:

—Se tiver uma marcação de uma pena na última página, é a que eu lia.

Aquilo soou como um desafio, então abri rapidamente na página que indiquei.

Nada. Percy pareceu comemorar, quando apontei minha varinha para o livro:

—Revele seus segredos!

Uma pequena mancha  apareceu na ponta da folha.

—É claro que eu não deixaria a mancha à vista, Weasley, foi um acidente noturno.

O bruxo tomou o livro de minha mão e colocou na última página, também sem marcas até que sua varinha usou o mesmo feitiço.

—Este livro pertence a Percy Weasley! - Li a pequena mensagem logo ao final do texto -Percival, você rasurou um livro intencionalmente! Como Madame Pince não te azarou?

— Não me condene, Hermione. Era meu livro preferido desde meu primeiro ano. Marquei essa edição  quando o levei para meu quarto para lembrar de pegar sempre a mesma, virou algo pessoal para mim…Bobeira, eu sei.

Percy me olhou esperando alguma piada. Acho que ficamos mal acostumados com os demais Weasley, tudo era motivo para tirar sarro.

 O dia seguiu com mais leveza, separamos livros suficientes para encher duas estantes inteiras, o que era irrisório ante a biblioteca em si, mas foi um bom começo.

Percy e eu mostramos um ao outro algumas pérolas literárias, como o Livro dos Monstros  mordendo uma barra de metal ou Como não explodir seu caldeirão coma a capa chamuscada.

 

—Hey, senhor supervisor Weasley, não é melhor pararmos por hoje?

O “supervisor” talvez pensasse em reclamar da falta de efetividade, mas seu estômago logo protestou. Um Weasley é sempre um Weasley quando se trata de uma boa refeição.

Percy se levantou e seguiu em minha direção.

—Acho que a cozinha foi restaurada e irá servir comida para todos no salão. Podemos jantar lá se quiser.

— Na verdade… Como já vamos voltar para Hogsmeade, pensei se… Bem… Você não gostaria de jantar comigo no Cabeça de Javali.

Naquele momento, é claro, eu não senti segundas intenções.

Consenti e fomos para a saída para Hogsmeade. Não podíamos aparatar e as carruagens disponibilizadas pelo Ministério só devem sair mais tarde, então imaginei que faríamos uma boa caminhada.

Quando olhei para Percy, ele havia sacado sua vassoura de um bolso do casaco. Ele me fitou por alguns segundos esperando alguma reação até que percebeu.

—Você não… Claro que não. Desculpe, acho que já ouvi alguma história do Rony sobre você não ter costume de voar em vassouras.

Rony. Tive sucesso em não pensar nele durante essa tarde, me esforcei para continuar assim naquele momento.

—Vassouras não são muito confortáveis ou... Seguras, teoricamente falando.

Percy arrumou o colarinho e ajeitou os óculos:

—Segundo as estatísticas, vassouras são um dos transportes bruxo mais seguros criados, perdendo apenas para rede de flu e chaves portais.

—...E andar?

—E andar, é claro, mas a senhorita não deve querer gastar um hora andando se pode percorrer o trajeto em alguns minutos comigo. - Percy se posicionou na vassoura e indicou que eu o acompanhasse - Não seria uma atitude lógica, concorda? 

Ponderei por segundos. É Percy, não um dos gêmeos pregando uma peça ou Gina que acelera até me fazer lacrimejar por diversão. Percy é uma companhia segura.

—Concordo.

Montei na vassoura com o Wesley. Eu não sabia qual era o modelo, mas não parecia ter a mesma aerodinâmica para corrida como a série Nimbus. A vassoura parecia ser menos turbulenta, enfeitiçada para ser confortável.

A noite estava bonita, sobrevoamos o Lago Negro e o brilho da lua criava um reflexo pitoresco sobre as águas. Percy olhava com seriedade para o caminho, é uma pena que não possa ter aproveitado a vista.

Hogsmeade logo chegou a vista.

—Preparada?

—Preparada para quEEEEE!!

Percy desceu rapidamente, me obrigando a abraçá-lo na descida. Assim que pude colocar os pés no chão, comecei uma série de soquinhos em seu ombro enquanto reclamava:

—Você! Disse! Que não! CORRERIA!

E desde o episódio prévio ao que Fred quase morreria na batalha de Hogwarts, nunca o havia visto rir desse jeito.

—Desculpe, desculpe… Não resisti, Hermione…-Parei se socá-lo e deixei terminar de falar- Bem, quando eu ensinei Gina a voar de vassoura, ela sempre pedia para descer assim.

—Você  ensinou Gina?

—Os outros  estavam sempre jogando quadribol, certo? Eu preferia hobbies menos agressivos. Mas quando Gina pediu minha vassoura emprestado, sabia que tinha que ensinar ela antes de acontecer algum acidente. Mas ela aprendeu muito rápido, já voava melhor que eu quando tinha 9 anos.

Sorri, era fofo imaginar um Percy mais novo dando uma de irmão mais velho, ao invés de orgulhoso e potencialmente desagradável dos últimos anos.

O bruxo ao meu lado me estendeu o braço  e eu aceitei, fomos, enfim, andando para o Cabeça de Javali.

 

—Percy! 

—Alberfhord! É bom revê-lo. Precisamos terminar aquela partida de xadrez.

—Temos sim!… Sem apostas dessa vez, filho.

 -O quarto está arrumado?

—Intacto desde sua última estadia, mesma chave.

Percy virou para mim e perguntou: 

—Que tal um banho antes de jantarmos? O lugar não é dos melhores, mas pelo menos tem água quente e toalhas limpas.

—Pensei que fosse ficar no acampamento do Ministério. 

—Conheço Aberfhord desde meu terceiro ano em Hogwarts, prefiro ficar aqui e aproveitar a companhia dele. Tem mais vagas se quiser... Ou pelo menos aproveite para tomar um banho quente… 

Olhei para a estalagem, não era, nem de perto, o local que imaginaria ser de preferência de Percy Weasley, não parecia chique nem sofisticado, na verdade o local era conhecido por ter cabeças de animais espalhados e brigas ilegais entre criaturas selvagens de pequeno porte.

—Eu só preciso buscar algumas coisas no acampamento e volto.

Percy confirmou e eu aparatei na minha parte do alojamento, eu ia dividir o beliche com outra voluntária, uma senhora de 60 anos que fora da casa da Lufa-Lufa.

Olhei  para minhas coisas e tomei a decisão que mudaria esse período de tempo em Hogsmeade, juntei todos meu objetos na sacola e voltei para a Cabeça do Javali.

—Boa noite, senhor Dumbledore. O Percy…

—Já subiu, minha cara. Pode encontrá-lo, no andar de cima, segunda porta à esquerda.

Segui as coordenadas e bati na porta. Nenhuma resposta. Vi um rato andando num furo no forro da parede e não quis esperar resposta, apenas abri a porta e entrei no quarto rezando para parecer mais limpo… E de fato era. Quase uma cópia dos quartos da Toca.

As paredes não pareciam ter camadas de cerveja amanteigada ou restos de garrafas de vidro. Limpo e organizado, até mesmo com livros na estante. Era de fato, um quarto a ser ocupado por Percy Weasley.

Enquanto me distraía observando os detalhes do quarto, a porta do banheiro se abriu revelando um Weasley com a cabeleira molhada com gotículas escorrendo pelo rosto. O corpo envolto em uma toalha mostrava como Percy se difere dos irmãos, não havia músculos avantajados, nem curvas definidas… Era um corpo magro com sardas espalhadas e uma pelugem ruiva que começava no umbigo até…

—Hermione! 

Percy reagiu com espanto, segurando a toalha como se sua vida dependesse disso e logo fechou a porta novamente fazendo um estrondo.

Apesar de ter levado apenas segundos, seria difícil esquecer aquelas imagens, o rosto corado como se tivesse cometido algum pecado… E os olhos... Sem os óculos, seus olhos revelavam uma beleza diferente, como se tentasse me decifrar, menos rebelde, mais...Madura.

—Desculpe, eu não devia ter entrado sem…

—Tudo bem, foi uma brincadeira daquele velho cervejeiro. Eu pedi para ele te servir uma cerveja amanteigada e dizer para me esperar lá embaixo - Percy respondeu de dentro do banheiro- Será que pode… Entregar minha roupa? Deixei sobre a cama.

Como esperado de um perfeccionista, a roupa estava dobrada com sofisticação.

Eu deveria ter entregue a roupa pela fresta da porta semi-aberta sem espiar, mas confesso que aproveitei a chance para olhar mais uma vez para o rosto do Weasley encabulado com a situação, ele ficava indiscutivelmente fofo envergonhado. Logo o mesmo saiu do banheiro e já estava vestido com a mesma sofisticação. Evitando trocar olhares, Percy foi direto para a beira da cama e pegou um cachecol nas cores da Grifinória.

—Sua vez.

Segui para o banheiro, o local estava mais limpo que todo o resto do Cabeça de Javali. Banhei rapidamente e também coloquei meu cachecol vermelho e amarelo.

 

***

Descemos e sentamos junto ao balcão do bar. O barman trouxe uma garrafa de Hidromel e disse que seria por conta da casa, Percy pediu porção de peixe batata frita e me recomendou o mesmo. Segundo ele, o que Aberforth não sabia dos princípios básicos de limpeza, ele compensava na comida.

—O segredo é o rum de framboesa, só precisa conhecer os duendes certos.

Se gabou o velho quando nos trouxe as porções.

Enquanto comíamos, o ruivo comentou que alugou o quarto do Cabeça de Javali pouco depois de sair da Toca, depois sobre seu trabalho burocrático no Ministério e, como eu imaginava, era bem menos entediante do que as pessoas supunham. Eu falei sobre minha busca pelas horcrux com Harry e Rony e sobre ter planos de também seguir carreira no Ministério.

Se me perguntassem há algumas semanas atrás sobre o que eu poderia conversar com Percy Weasley, eu diria que livros, Hogwarts ou algum assunto acadêmico, mas a verdade é que nós dois tínhamos curiosidade em conhecer um pouco mais sobre o que passamos nos últimos anos… Foi uma experiência curiosa eu saber mais sobre acontecimentos envolvendo a família Weasley que Percy, tive a impressão que ele teria vergonha de tocar no assunto com algum dos irmãos, comigo ele pode saber mais sobre a família.

Depois de alguns copos, meu companheiro com quem eu dividia uma garrafa de Whisky  acabou revelando que conhecer Aberforth e o outro lado da história de Albus fez ele duvidar da confiança inabalável do pai no Diretor de Hogwarts, o que acabou virando uma bola de neve de discussões que culminou nele perdendo todo o contato com a família.

—Não tente se defender, Weasley… - eu também já estava tonta com a bebida - Você foi um completo imbecil com sua mãe… A Molly… Molly é como uma mãe para mim, não merecia o jeito que você a tratou!

Eu apontava o dedo para sua cara sem ter muito equilíbrio do que fazia.

—Acha que eu não sei...?Eu já tinha estragado tudo, o que mais eu podia fazer? Quando me dei conta das merdas que tinha falado, era tarde demais...O pior de tudo, é que eu sabia que mamãe me aceitaria se eu voltasse pedindo desculpas, mas eu não merecia, né? Acabei me afundando mais no trabalho e virando de vez esse boçal! - Percy reparou no cachecol que usava e travou uma batalha tentando desenrolá-lo do pescoço - Fique para você, um covarde como eu não merece ter as cores da Grifinória...

Aberforth estava recolhendo copos espalhados nas mesas do bar quando cochichou para mim.

—Esse papo de autopiedade é sinal que o garoto logo vai apagar. Pode levá-lo pro quarto? Preciso ficar aqui até o bar fechar, coloquei uma segunda cama no quarto caso a senhorita precise…

Eu não estava consciente o suficiente para saber o que ele estava insinuando, apenas ajudei Percy a se apoiar em meu ombros enquanto subíamos as escadas.

O ruivo já não conseguia manter os dois olhos abertos quando o ajudei a deitar na cama. Eu não estava em condição de usar feitiços, então tirei seus sapatos eu mesma e depois os óculos, porém, assim que tirei seu cachecol, Percy me puxou com para que deitasse ao seu lado. Para alguém magro como ele, conseguiu me segurar com força.

—...Percy, você precisa… Me soltar…

— ...Só mais 5 minutos, mamãe, fica só mais um pouquinho…

Ele definitivamente não tinha noção do que estava acontecendo, confesso que eu também não. Eu sabia que deveria achar um jeito de sair daquela situação, mas parte de mim preferia ficar. Aquela era a primeira noite em meses que eu não estava junto dos meus amigos nem na segurança da Toca e sabia que teria pesadelos… Aos poucos, fui me convencendo que aquilo não era um absurdo completo e acabei dormindo em seus braços.

 


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Notas finais do capítulo

Já temos um segundo casal... Sim?



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