Scorose - Quase sem querer escrita por Aline Lupin


Capítulo 17
Natal na Toca - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Aviso: esse capítulo tem cenas um pouco HOT. Não recomendo para menores de 16 anos, apesar que não mostra nada explicito.



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O jantar desta noite foi servido às 19 horas. A mesa estava abarrotada de pessoas. Toda a família estava aqui e Scorpius, que também era parte da família, é claro. Vovô Arthur parecia abatido. E não era somente ele, meu tio Harry e meus pais também. Pareciam guardar um segredo que só eles tinham conhecimento e não iria compartilhar na mesa de jantar, até porque vovó Molly não permitiria. Como ela sempre diz, somos apenas crianças e não devemos nos preocupar com assuntos dos adultos. Reviro os olhos mentalmente, pois não somos mais crianças. Podemos aguentar a notícia que for preciso. Scorpius está sentado ao meu lado esquerdo e Teddy ao meu lado direito. Alvo e Lily estão a minha frente. Os dois não param de cochichar, como se tivessem um segredo muito importante. Meus tios Jorge e Angelina vieram nos visitar também, com meus primos Roxanne e Fred. Os dois já terminaram Hogwarts e Roxanne está trabalhando no ministério da magia e Fred está trabalhando da Gemialidades Weasley, pois ele é tão peste com o pai era. Seu nome não foi por acaso, é uma homenagem ao meu tio Fred, que morreu na Segunda Guerra Bruxa. Fred e Jorge eram os dois terrores da escola. Eram umas pestes e meu primo também é igual. Ainda é um traquinas, mas apesar disso, está mais maduro.  Meu primo Tiago Potter ainda não chegou para o jantar, disse que viria em breve, por uma carta. Ele está morando sozinhos com alguns amigos bruxos em Londres e está estudando para ser professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, em Hogwarts. Estou ansiosa para vê-lo, pois ele é meu primo favorito. Meus tios Fleur e Gui não vieram, mas em breve, no Natal eles estarão aqui. 

                - Como está à situação do seu pai, Scorp? – pergunto para ele, em um sussurro.

                Não tivemos um minuto de privacidade, todos queriam conversar comigo e estou ansiosa para falar com ele.

                - Ainda não há um veredito – ele responde de volta – O Sr. Potter intercedeu por ele. Mas meu pai não está sendo muito grato.

                Franzo o cenho.

                - Mas por quê?

                - Ele não quer a ajuda de ninguém e muito menos do seu tio – responde, amargurado – Não consigo entender. Meu pai diz que não fez nada, que estava lá por acaso, em Londres, mas não quer ajuda. Isso não tem lógica.

                É claro que tem uma, mas não quero deixar Scorpius mais nervoso. Seu pai é orgulhoso e não quer a ajuda de um homem que sempre odiou na escola.

                - Vai ficar tudo bem – eu digo, segurando sua mão de baixo da mesa.

                Ele aperta de volta, mas não me olha. O jantar terminou, depois de uma longa conversa. Todo mundo tinha uma novidade para contar. Meus tios Jorge e Angelina iriam viajar de férias para Austrália, depois do Natal. Roxanne tinham um namorado, o qual não trouxe, pois meu tio não estava aceitando isso. Fred estava desenvolvendo novos produtos para as Gemialidades e aumentava as vendas cada vez mais. Era o orgulho de tio Jorge, não que Roxanne não fosse, mas ele tinha um especial carinho pelo filho devido à semelhança com seu irmão falecido. Tio Harry perguntou como foi à escola esse ano e contamos por cima, sem mencionar o tema David, pois isso nos colocaria em apuros. Era um acordo tácito, entre mim, Lily, Alvo, Ted e Scorpius.

                - Querida, está se preparando bem para os NIEMS do ano que vem? – minha mãe pergunta, da ponta da mesa.

                Vou responder, mas meu pai intervém:

                - Meu amor, para que pressionar sobre esse assunto? As provas são somente no ano que vem.

                Quero rir, mas fico quieta. Meu pai sempre diz que minha mãe é neurótica demais com os estudos. Ela o fuzila com seus olhos castanhos e meu pai fica mais vermelho que seus cabelos.

                - Não se intrometa, Ron. É a educação da minha filha que estamos falando.

                - A filha também é minha, você sabe – ele diz, irônico.

                - Ela é sua, mas puxou a minha inteligência. Quero que ela tenha muitas oportunidades, não é querida? – ela olha para mim. Ela quer meu apoio, fico indecisa. Olho para meu pai, que parece tenso.

                - Ela pode ter puxado a você, mas não precisa ser neurótica também – ele deixa escapar.

                Ele não devia ter dito isso, pois minha mãe está vermelha de raiva. Ela bate a mão da mesa e sai.

                - Ron Weasley, mas que besteira foi dizer para sua esposa? – minha avó ralha com ele.

                Meu pai está com as orelhas vermelhas, irritado. Ele sai da mesa também, provavelmente consertar o que disse. O que está havendo entre eles? Não quero que eles briguem, mas ultimamente presencio isso. Eles já brigavam quase sempre, mas sempre acabavam rindo no final. Mas de um ano para cá algo mudou. Eu sinto isso. Eles estão nervosos demais. E meu tio Harry também parece compartilhar dessa tensão.

                - Eu vou atrás de Mione – diz tia Gina, levantando.

                - Querida, deixe eles se resolverem – pede tio Harry, segurando sua mão.

                - Não acho que vai ser uma boa ideia – ela diz, soltando sua mão e beijando o topo da sua cabeça.

                Ele assente, sorrindo para ela com carinho. Os dois são tão lindos juntos. Queria que meus pais se olhassem assim novamente. Sou cutucada por Teddy, que está ao meu lado.

                - Ei, não fique assim – ele diz, segurando minha mão.

                Scorpius me fita preocupado.

                - Assim como?

                - Com essa cara de cão que caiu da mudança – responde Alvo, me provocando.

                Eu dou risada, chutando ele por baixo da mesa. Ele faz uma careta e diz que vou ter o que mereço, mas sei que não esta falando sério. Scorpius faz carinho na minha mão com seus dedos longes, me passando segurança. Engatamos em uma conversa de como aproveitar essas férias. Planejamos ir a Londres amanhã e conseguimos a permissão de nossos pais. Meu tio Harry vai nos deixar por lá às duas da tarde, mas devemos voltar até às 19 horas, o que pode ser um empecilho para aproveitarmos mais a cidade. Quero ver a cidade do lado trouxa, pois quero ver o cinema deles. Deve ser tão legal. Ainda melhor, pois terei a companhia de Scorpius.

***

P.O.V Narrador

                - Você precisa relaxar Mione – ele pede com voz alterada – Vai dar tudo certo, vamos conseguir resolver esse caso.

                Hermione o olha com irritação.

                - Isso está fora de controle, Ron. Não está nem perto de ser resolvido – ela se senta na cama, tirando os sapatos – E ainda estou irritada com você por tirar minha autoridade na frente da nossa filha.

                Ron suspira, passando a mão pelos cabelos ruivos. Há alguns fios brancos já e seu rosto está mais marcado. O trabalho de auror não é algo fácil de lidar para ele, mas é o que faz de melhor.

                - Desculpe, meu amor – ele pede, se ajoelhando diante dela. Ele segura suas mãos e as beija. Ela sorri, mas ainda assim não parece disposta a perdoa-lo – Sabe que precisa pegar leve com Rose. Ela é uma menina muito aplicada, eu vejo isso. Mas criar expectativas quanto ao que fará daqui dois anos é muito pesado. Nós já passamos por tanta coisa antes, lembra? Tantas decisões que tivemos de tomar muito jovens. Quero que nossos filhos tenham uma vida mais tranquila.

                Ela suspira, cedendo. Ron senta ao seu lado, abraçando-a.

                - Ron, estou preocupada o que vai acontecer daqui para frente – ela sussurra.

                - Eu também, querida. Mas vamos resolver isso, está bem? Harry disse que não é como antes. São apenas ex-comensais e seguidores de Voldemort. Não é como antes. E já passamos por coisas piores? Anos de problemas no mundo mágico devido ao que Voldemort deixou para trás, quando morreu. Os estragos foram grandes, mas consertamos. Iremos fazer isso novamente, eu juro.

                Os dois permanecem abraçados, unidos pelo amor sincero que tem um pelo outro. Escutam batidas na porta e Harry entra.

                - Tudo bem com vocês? – ele pergunta, em tom humorado – Mione não tentou estupora-lo, Ron?

                Ron ri e Hermione fuzila o amigo, com o olhar.

                - Não, mas vou fazer com você, se continuar de gracinhas – ela diz, estressada, soltando do abraço do marido.

                Ron e Harry caem na gargalhada.

                - Ótimo, podem rir – ela diz – Mas vão ver só o que vou fazer com vocês quando estiverem dormindo.

                Eles param, em respeito. Mas duvidam que Hermione possa fazer alguma coisa.

                - Conseguiu falar com o Malfoy? – indaga Ron, voltando ao seu semblante sério.

                Harry massageia a nuca.

                - Sim, mas ele parece muito instável – ele responde, frustrado – Eu sinto que não foi culpa dele, mas Malfoy não quer colaborar. Está negando nossa ajuda, quer outro auror no caso. Ele não esquece no passado. Eu já esqueci, apesar de tudo que fez para nós.

                Ron retesa o maxilar.

                - Você pode ter esquecido, mas para mim é bem difícil – ele diz, soturno – E se ele quer negar ajuda, é muito melhor para nós. Já temos problemas demais, como por exemplo, seguidores de Voldemort que não parecem esquecer seu mestre e continuam praticando crimes contra os nascidos trouxas e mestiços.

                Harry suspira. Ele sabia que seu amigo não esqueceria e não facilitaria as coisas. Mas ele sentia que precisava continuar com o caso do Malfoy, precisava convencê-lo disso, que estava apenas tentando ajudar. Ele estava quase perto de pegar um dos chefes dos Dragões, um grupo que apoia e segue os pensamentos de Voldemort, por uma sociedade pura e livre de sangues ruins. Ele descobriu o nome na semana passada do mandante. Adrian. Sabia que Malfoy o virá àquela noite, em que uma trouxa morreu, mas ele se recusa a cooperar.  Precisava de seu parceiro, Ron trabalhava com ele por anos e os dois se entendiam muito bem juntos. Teria que convencê-lo a continuar no caso.

***

P.O.V Scorpius

                Acordo com o barulho de uma porta de abrindo. Pego minha varinha na cabeceira, pronto para atacar. Meu coração está acelerado e se acalma ao ver longos cabelos ruivos. Rose.

                - O que está fazendo aqui? – pergunto, em voz baixa.

                Ela me fita, com inocência. Quer dizer, ela tenta, mas acaba sorrindo, maliciosa.

                - Não conseguimos conversar a noite inteira – ela diz – Quero ficar um tempo com você.

                Suspiro, me sentando na cama. Alvo está dormindo profundamente na cama ao lado e Hugo, por milagre, não acordou.

                - Rose, você está louca? – eu deixo escapar. Ela me olha com magoa, se afastando. Retenho-a em meus braços – Desculpe, é que será impossível ficarmos as sós aqui – aponto com a cabeça para os dois, ao lado – E se sairmos, podemos ser pegos.

                - Eu tenho um esconderijo – ela pisca seus olhos azuis para mim.

                Por Merlin, eu vou enlouquecer com essa garota, do jeito bom e do jeito ruim. Com certeza.

***

                Caminhamos por um trecho de campo, com a grama alta. Rose disse que o esconderijo e perto da Toca. E estou torcendo para que sim, pois estou congelando. Paramos em uma clareira de árvores e ela usa sua varinha para tocar o ar. O que vejo é algo surpreendente. É uma casa na árvore.

                - Você nunca me trouxe aqui – eu digo.

                - É claro que não, isso aqui é só meu – ela diz, subindo as escadas que estão grudadas na árvore – Você e Alvo juntos eram meu inferno. Não podia ler um livro em paz que vocês estavam fazendo traquinagens. Lembra-se dos explosivos? Eu fiquei surda por dias.

                Eu sorrio, lembrando que havia usado explosivos para catapultar um boneco até o lago. Alvo me ajudou, é claro, mas esqueci de que Rose estava do lado do lago, lendo um livro. Ela se assustou e caiu mergulhando na água. Ficamos de castigo o verão todo e Rose cortou nossos cabelos, por vingança. Dou um riso involuntário ao lembrar. Ela me fita, com seus olhos azuis e parece lembrar também do que aconteceu, pois caímos na gargalhada.

                - Deixei seus cabelos horríveis, não é mesmo? – ela diz, sentando em um pufe.

                Vou até ela, deitando do tapete e apoiando minha cabeça em suas pernas. Ela brinca com meus fios prateados.

                - Sim, mas eu consegui fazer pior, grudando um chiclete em seus cabelos – eu lembro.

                - Você foi cruel, sabia?  Tive que cortar metade do cabelo, depois – ela diz, tocando minha bochecha com suas mãos delicadas. Seu carinho me relaxa – E mamãe não quis me dar um poção para fazer os cabelos crescerem, por castigo ao ter cortado o cabelo de vocês. Fiquei parecendo um menino por quase um ano inteiro.

                Dou risada, até saírem lágrimas dos meus olhos. Ela sorri para mim, beijando minha testa. Quando vejo, me sento e estou beijando-a com ternura. Sinto seus lábios buscarem os meus com sofreguidão, pois faz dias que não a toco. Puxo-a para meu colo e ela geme em minha boca, de prazer. Aprofundo meu beijo, tentando saciar minha vontade dela, mas parece impossível. Sua boca é viciante e quanto mais a beijo, mais a desejo. Ela toca meus cabelos com suas mãos, meu pescoço, meio peito. Faço o mesmo com ela. Toco seus seios, com cuidado, para não assusta-la. Ela se retesa, em cima de mim e paro. Procuro seu olhar e ela está vermelha, olhando para baixo.

                - Desculpe, Rose – digo, erguendo seu queixo. Quero ver seus olhos, ela parece envergonhada – Não farei mais isso, tudo bem?

                - Não, não quero que pare – ela sussurra, desviando o olhar – É que nunca ninguém me tocou dessa maneira.

                Suspiro aliviado.

                - Espero que ninguém nunca toque – digo, em tom possessivo.

                Ela suspira, voltando a me beijar, dessa vez mais desinibida. Deito-a no chão e coloco minha mão de baixo da sua blusa, tocando sua cintura, sua barriga depois seus seios. Ela arfa e beijo profundamente, aproximando meu corpo do dela, até estarmos colados. Estamos nesse ritmo frenético por muito tempo que sinto que vou enlouquecer de desejo. Preciso parar, é o que penso, preciso respirar. Solto-a, devagar. Ela me olha sem entender, seus lábios estão rosados por beija-la tanto.

                - Rose, precisamos parar – sussurro, agoniado.

                - Não, não pare – ela implora, buscando minha boca.

                Suspiro, beijando-a, mas me afasto, me colocando de pé.

                - Esse não é o momento ideal – tento explicar. Ela parece magoada – Eu te desejo muito, mas não assim. Quero que tudo seja perfeito para você.

                Seus olhos reluzem. Ela sorri para mim.

                - Muito bem, o que faremos então? – ela pergunta, sentando no pufe.

                Penso um pouco.

                - Eu já volto – eu digo – Você me espera aqui?

                Ela assente. Dou um selinho em seus lábios e saio da casa na árvore. Volto para a Toca, entrando pelos fundos. Pegos um cobertor, meu relógio e vou à cozinha e pego um pedaço de bolo enorme, além de suco de laranja. Volto para o esconderijo o mais rápido que posso.

                - Isso é um piquenique? – ela pergunta sorridente.

                - É sim – respondo, cobrindo-a.

                Puxo uma mesa pequena que está em um canto e coloco a comida em cima. Divido o pufe com Rose, me cobrindo com ela. Coloco meu relógio para despertar as 6 horas.

                - Vamos passar a noite aqui? – ela pergunta esperançosa.

                - Sim, vamos ficar juntos – eu assinto – Quero ter mais tempo com você, pois sei que amanhã estaremos separados de novo.

                Ela suspira frustrada. Aperto-a em meus braços, beijando seus lábios.

                - Mas mesmo assim vamos aproveitar cada segundo que temos juntos – eu digo.

                E aproveitamos, comemos, eu mais que ela, é claro. Ela me bateu no braço algumas vezes, porque eu não queria dividir nada. Mas sempre me roubava um beijo. Acho que se existisse o paraíso, seria ao lado de Rose.


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