Scorose - Quase sem querer escrita por Aline Lupin


Capítulo 16
Natal na Toca


Notas iniciais do capítulo

Bom dia pessoal, tenham uma boa leitura. Posso o próximo cap em seguida.



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                Respiro fundo. Em breve estarei em casa. Estou tão contente que quero gritar de alegria. Caminho pelo chão de pedra, ao lado de Lily, Hugo e Alvo. Scorpius já havia partido, pois iria visitar sua mãe antes. A situação com Sr. Malfoy não estava sendo fácil. Todos os jornais do mundo bruxo estavam noticiando sobre o assassinato que ele cometera contra uma trouxa. Não consigo acreditar que ele faria isso. Contudo, não o conheci pessoalmente para conhecer seu caráter. Não julgarei sem provas, apesar disso. Quero acreditar que tudo vai ficar bem no final, que Scorpius não sofrerá por causa disso e que seu pai possa ser inocentado. Caso ele não seja, provavelmente receberá o beijo do dementador. Sacudo a cabeça, para não pensar mais sobre o assunto.

                Entramos no trem e partimos para. Serão duas semanas longe da nossa amada Hogwarts. Apesar de estar tanto tempo longe da minha família, sentirei falta do castelo escocês. Procuramos uma cabine para que nós quatro possamos ficar a sós.

                - E como está seu namoro com o loiro aguado? – brinca Alvo. Dou um tapa no ombro dele – Ai, isso dói.

                Lily e Hugo caem na gargalhada.

                - Vai doer mais se chamar Scorpius assim – digo, tentando parecer indignada.

Realmente não estou, mas Alvo está espelhando para todo mundo que estou em um relacionamento com Scorpius. Quero que fique entre nós, por um tempo. Não quero que nem minha família saiba, pois precisamos de um tempo só para nós dois. Além do fato de o pai dele estar preso. Não quero meu pai em cima de mim por causa disso.

 - Ok, não vou falar nada do seu namoradinho. Mas então, como será quando ele for para a Toca? – Alvo pergunta.

— Eu realmente não sei, só quero que meus pais não saibam disso agora – respondo.

— Não vai contar para tia Mione e o tio Rony? – Lily pergunta, surpresa – Vai ser bem difícil vocês dois disfarçarem o que sente.

Ela riu, acompanhada de Alvo. Hugo parecia um pouco enciumado.

— Por favor, só peço que não fale para ninguém, isso fica entre nós – peço.

— Claro, desde que ele não seja um idiota com você – diz Hugo, demonstrando sua insatisfação.

Encaro-o, surpresa.

— Por que está agindo assim? – pergunto, irritada para ele.

— Porque eu não confio nele – responde, com a cara amarrada. Ele se vira para janela, demonstrando não querer discutir o assunto.

Suspiro e recosto no banco. Lily aperta minha mão, ao meu lado, com compreensão.

— Não liga para ele, Rose – sussurra ela – Hugo somente quer protege-la. É a primeira vez que você tem um namorado. O que eu acho um máximo.

Sorriu para ela, contente. Pelo menos ela me apoia, além de Alvo.

— E você e Lorcan? – pergunto.

Ela fecha a cara, contudo não solta minha mão.

— Eu sinceramente não sei – diz ela, com irritação – Ele não parece decidir se gosta de mim. Acredita que eu me declarei e ele simplesmente disse: obrigada?

                Fico pasma. Não imaginava que ele fosse esse tipo de garoto.

                - Ele não teve a capacidade de olhar nos meus olhos quando me declarei – ela continua, com voz chorosa – Achei que estávamos na mesma pagina, mas não parece isso.

                - Lily, você também está o pressionando demais – diz Alvo, que estava escutando nossa conversa o tempo todo, a nossa frente – Ele é muito tímido.

                Minha prima parece soltar faíscas pelos olhos.

                - Não se meta nessa conversa, Alvo – ela vocifera – Você não entende nada de relações. Nunca teve uma namorada de verdade.

                Ele dá de ombros. Está acostumado com os ataques da irmã.

                - E nem você, caríssima irmã – ele revida.

                Lily tenta se erguer para lhe dar um soco, mas eu seguro.

                - Chega, vamos parar com isso, por favor – peço.

                Alvo apenas ri, provocando-a.

                - Aposto que seu soco nem dói – ele diz.

                - Quero ver você dizer isso quando eu acertar essa sua cara de idiota – ela fala, espumando de raiva.

                - Chega, pelo amor de Merlin – peço, segurando-a pelo braço. Ela aperta tenta se desvencilhar, mas eu a seguro com força.

                - Solta, Rose. Ele precisa de uma lição.

                Não faço isso. De repente o trem da um solavanco e nós duas caímos juntas no chão, aos pés de Alvo. Ele está gargalhando e Hugo o acompanha. Também estou rindo, mas bem mais baixo, pois Lily está com uma expressão ferina. Ela se solta, mirando seus olhos castanhos em nós três e sai batendo a porta. Esbarra com Lorcan que vem em direção a nossa cabine. Ela não faz questão de cumprimenta-los. Aproveito para me levantar e sentar no banco a frente de Alvo.

                - Oi, vocês viram o Jim? – ele pergunta, com tranquilidade. Ele não olha para nós quando pergunta, está fixando seu olhar em um ponto fixo. O que acho muito curioso.

                - Não vimos, Lorcan – responde Alvo, por nós – Perdeu ele de novo?

                - Sim, ele conseguiu escapar. Poderiam me ajudar? – ele pede.

                Assentimos e nós quatro vamos de cabine em cabine buscando pela criatura mágica dele. Claro que estamos sendo sigilosos. Não seria permitido ele levar aquela maleta com criaturas mágicas. Perder Jim o colocará em uma enrascada. Voltamos à cabine, sem sucesso para encontrar o pelúcio.  Lily está sentada perto da janela, com Jim em seu colo. Ela acaricia seu pelo e ele parece tentar roubar seu anel de pedras rubis do seu indicador.

                - Jim – chama Lorcan, com aparente alivio.

                O pelúcio o encara, com certo interesse. Lorcan vai até ele e retira Jim do colo de Lily. Ela não faz questão de encara-lo, está vermelha com um tomate. Sinto pena desses dois. Se Lorcan não tivesse esse problema de se relacionar com as pessoas, os dois já estarão juntos há muito tempo. Lorcan abre a maleta e coloca sua criatura mágica com certa dificuldade. Tento auxilia-lo e ele me agradece. Ele senta ao meu lado, e Alvo vendo que não terá mais espaço na janela, pois sua irmã tomou seu lugar, me empurra para me afastar da janela. Empurro-o de volta e não paramos. Lorcan intervém, me empurrando para o lado e sentando no meio de nós dois. Sorrio para meu primo e ele pisca para mim.

                - Eu iria vencer essa disputa, com certeza – eu provoco.

                - Você nunca iria me vencer, eu sempre sento na janela e não será diferente hoje – ele revida, mostrando a língua para mim.

                Lorcan solta uma risada baixa, contudo continua quieto entre nós dois.

***

                O resto da viagem foi tranquilo. Fizemos várias perguntas a Lorcan sobre as criaturas mágicas e implorando para que ele deixasse a gente entrar em sua maleta, pois ela tem um feitiço de extensão. Contudo, ele não permite. Alega que em uma próxima ocasião poderá atender aos nossos pedidos. Lily continua de cara fechada e arranjou um livro, para se distrair. Ela não interage. Lorcan lança alguns olhares para ela e quando ele não está olhando, ela também o fita com certa magoa. Queria conversar com Lorcan em particular e tentar o entender e ajudar os dois com essa situação, mas hoje será impossível. Quem sabe se eu organizasse um encontro para os dois? Era isso que faria. Planejaria um encontro em Londres. Convidaria Alvo, Scorpius, Meredith, que mora naquela região e Lily. Daria certo, eu faria com que isso acontecesse. Aproveito que Lily está dormindo para propor o encontro para Lorcan e ele aceita. Alvo me olha com curiosidade e pergunta se ele está convidado. Apenas aceno. Hugo nos olha com certa magoa e digo que ele também pode ir. Ele diz que irá pensar no assunto. Reviro os olhos. Que garoto irritante. Amo meu irmão, mas ele às vezes é impossível. Saio da cabine e vou à procura de Meredith. Ela está em um vagão com outras garotas da Grifinória. Bato na porta e abro.

                - Meri, que tal um encontro em Londres, daqui alguns dias? – pergunto, esperançosa.

                As garotas me encaram com surpresa.

                - Depende – ela diz com voz rouca – Quem vai?

                - Meus primos e Scorpius – respondo.

                Ela parece pensar. As quatro garotas me olham com interesse. Provavelmente é devido ao Alvo estar no meio disso.

                - Vou por sua causa, Rose. Gosto de você – ela diz, entediada. Não se ela gosta, mas é sempre simpática comigo. Contudo, quando Alvo está envolvido, ela parece se irritar – Posso levar as garotas comigo? – ela olha para suas amigas.

                Todas estão ansiosas para poder participar. O que complica todo meu plano. Mas tudo bem.

                - Claro, estão convidadas.

                Elas se apresentam. Mary, Alicia, Chloe e Sophia. Elas parecem simpáticas e gentis. Meredith faz um trança em sua mecha verde, parece cansada.

                - Então nos vemos? – eu digo a ela.

                - Sim, me envie uma coruja – ela passa um papel com o endereço dela – Não uso celular. Meus pais detestam essa tecnologia trouxa.

                Guardo o papel no casaco e me despeço das garotas.

***

                Sorrio ao ver meus pais na plataforma. Como estou contente por vê-los. Corro para abraçá-los. Meu pai me gira no ar. Seus cabelos ruivos estão levemente grisalhos. Mamãe planta um beijo em cada bochecha. Ela me olha com ternura e saudades.

                - Como foi o começo do seu ano letivo?- ela pergunta.

                Estou abraçada aos dois e conto todas as novidades, menos uma. Que Scorpius é meu namorado. Eles apenas perguntam onde ele está se virá passar o natal conosco. Minha mãe parece não acreditar no que estão falando do Sr. Malfoy. Meu pai se abstém de comentários. Apesar de serem águas passadas, ainda há uma tensão entre eles. Até mesmo minha mãe e o meu tio haviam esquecido, mas meu pai não. Hugo finalmente sai do trem, acompanhados de Lily, Lorcan e Alvo. Lorcan acena e parte para o outro lado. O sr. Scamandar está aguardando e acena para nós. Devolvemos o aceno e ele parte com seu filho.

                Alvo e Lily cumprimentam meus pais. Hugo está abraçado à mamãe e parece não querer mais soltar. Hoje meus pais vão nos levar para casa e iremos encontrar meus tios na Toca. Estou tão animada. Duas semanas de férias inteiras, para poder aproveitar. Saímos da estação e aparatamos todos juntos. Minha mãe fez questão que aprendêssemos o quanto antes, para não ter problema com estrunchamento quando fosse à hora. Então somos todos aptos, apenas não podemos fazer isso sozinha até os 17 anos. Chegamos ao terreno da Toca e posso ver que houve melhoras na casa. Está mais bonita e com um jardim de rosas. Saio em disparada, sem esperar ninguém. Quero ver meus avôs e abraça-los. Avisto vovó Molly na cozinha. Ela está cozinhando alguma coisa, distraída. Abraço-a pelas costas e ela se assusta.

                - Por Merlin! – ela exclama.

                - Sou eu, vovô – digo, rindo, soltando-a.

                Ela se vira para mim, me avaliando de cima abaixo.

                - Como você cresceu, Rose – ela diz, sorrindo.

                Seu rosto é bondoso, cheio de sulcos, marcado pelo tempo. Seus cabelos estão um pouco mais esbranquiçados do que eu me recordava.

                - Vovó, nem faz tanto tempo que nos vimos – eu digo.

Pego um pão doce em uma cesta em cima do balcão e enfio na boca. O sabor é simplesmente divino.

                - Para mim, você está maior e mais magra – ela diz, com olhar avaliativo – Precisa comer mais, é isso. Onde está seu irmão e seus primos?

                 Eles entram pela cozinha e cumprimentaram vovó Molly. Cada um deu abraço apertado.

                - O que é isso, meus netos estão todos crescidos? – ela pergunta, emocionada – Vamos, vamos, já pra cima. Vão se trocar e lavar as mãos. O almoço já vai ser servido.

                Saímos em disparada, escada a cima. Irei dividir um quarto com Lily e Alvo irá dividir seu quarto com Hugo. Trocamos rapidamente de roupa e descemos as escadas. As nossas malas estão na sala de estar. Mamãe diz que devemos subi-las, por isso não é seu trabalho. Resmungo e subo a minha mala, com cara amarrada.

                - Rose – chama alguém de um dos quartos.

                Procuro a porta e vejo Ted, sentando em sua cama, lendo um livro. Seu cabelo está azul turquesa. Ele sorri para mim.

                - Uau, quanto tempo – eu digo, me aproximando. Sento na cama.

                Ele larga o livro na cabeceira e me fita com seus olhos esverdeados.

                - Você está crescida – ele constata.

                Reviro os olhos. Era como se fosse criança quando fui para Hogwarts esse ano e me tornasse uma adulta.

                - E continua irritadiça – ele brinca.

                Pego um travesseiro e bato na sua cabeça.

                - Ei, isso dói – ele reclama, puxando-o da minha mão e revidando.

                - Ai, você é mais forte, seu idiota – resmungo, massageando minha cabeça.

                Ele sorri para mim, com alegria.

                - O que posso fazer, eu sou maior que você – ele zomba.

                - Se não parar, vou esgana-lo – ameaço.

                Ele dá de ombros.

                - Pode vir.

                Dou risada, dando um soquinho no seu ombro.

                - Como foi na França? – pergunto.

                - Interessante – ele responde enigmático – E seu período escolar?

                - O mesmo – respondo, no mesmo tom.

                Ele me fita, com a mão no queixo.

                - Não vai me deixar nada? – ele insiste.

                - Um segredo para compartilhar outro – desafio.

                Ele pensa, coça o queixo.

                - Vejamos: encontrei um meio vampiro e salvei sua vida. Aposto que você já conhece.

                - Isso não é um segredo, eu já conheço David.

                - Ah, mas não é novidade, você e Alvo gostam de bisbilhotar em tudo – ele zomba.

                Mostro a língua.

                - Enfim, também conheci um rapaz – ele diz, com a voz doce. Apesar de transparecer certa tristeza – Contudo, parece que não vai dar certo.

                Seguro sua mão, tentando conforta-lo.

                - Ei, está tudo bem. Nem sempre dá certo as nossas relações, não é? – ele diz, contudo, continua segurando minha mão.

                Medito sobre isso. Tenho medo que isso aconteça comigo, que minha relação com Scorpius seja interrompida prematuramente. Que talvez ele não sinta algo por mim, de verdade.

                - Ei, soube que Scorpius vai estar aqui – Ted diz, me tirando dos meus devaneios – Resolveu dar uma chance para ele, dessa vez?

                Franzo o cenho. Do que ele está falando?

                - Dar uma chance, dessa vez? – indago.

                Ele fica vermelho. Seu cabelo altera de cor para um tom de rosa claro.

                - Ops, eu acredito que tenha falado demais – Ted se levanta para que eu não o alcance. Quero tirar a limpa essa história.

                - Volte aqui, seu metamorfo meia tigela – digo, tentando alcança-lo.

                Estamos correndo, escada a baixo e não vejo os degraus e acabo escorregando. A queda deveria ser feia, mas algo, ou alguém me segura. Olho para frente e vejo um par de olhos azuis claros.

                - Scorpius – sussurro.

                Ele sorri.

                - Oi, Rose – ele diz – Você continua desastrada.

                Dou risada. Meu coração está acelerado por vê-lo. Quero conversar e saber como foi tudo, como está sua mãe, contudo não tenha essa chance. Ele me solta, pois meu tio Harry está na base da escada. Droga!

                - Tio Harry – murmuro.

                Ele sorri para mim. Parece uma versão mais velha de Alvo. Desço as escadas com a perna bamba. Sinto seus braços fortes me envolverem e um abraço de saudades. Ele está usando um suéter costurado pela vovó, com a letra H.

                - Não acredito que você está usando isso – digo, rindo.

                Ele me olha, com um olhar brincalhão.

                - Molly é como uma mãe para mim, Rose. Preciso honrar nossa relação.

                Damos risadas juntos e vamos abraçados para a sala de estar. Sinto a presença de Scorpius atrás de nós. Ele está cauteloso. E eu entendo. Também me sinto assim. Não sei como vamos contar para nossas famílias o que está acontecendo entre nós. Esse vai ser um longo Natal, com certeza.


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